Perturba-me escrita por Laila Gouveia


Capítulo 22
não deixe os surtos definirem você


Notas iniciais do capítulo

OIEEEE
Lembram que eu achei melhor dividir o cap pq ia ficar mto grande?
Essa é a outra parte, que chamaremos de cap 22 rs
Por favor, entendam... este cap é uma Confusão mexxmoooo
Esta meio apressado pq eu tenho um planejamento com a história, e tinha que conter tudo isto neste, então, é como aquele ditado né: Vamo fazer oq? kkk

Espero que gostem.
Acho q vão sofrer mais (risada maléfica)



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Queria ocupar minha mente com algo que envolvesse momentos parecidos com meus hábitos de anos no colégio. Então Jasper, Monty  e eu nos dedicamos em concluir uma matéria no jornal da escola sobre o baile de formatura que aconteceria na próxima semana.

Na quinta-feira obriguei-me a caminhar por todos os lados com o intuito de memorizar os detalhes daquele local que fora parte da minha vida. Eu havia feito um combinado comigo mesma que incluía três itens de soluções:

1-Prestar atenção nas ultimas aulas.

2-Focar nas provas.

3-Fugir de distrações.

E meu plano funcionou com sucesso. Terça e Quarta passaram despercebidas, já que todos os alunos também estavam desgastados e compenetrados com a as avaliações. Entretanto, tudo desmoronou no segundo que me deparei com Bellamy na quadra de basquete.

Automaticamente as palavras dela, ecoaram em minha mente:

◄SEGUNDA-FEIRA►

•NOITE•

Raven estava agitada. Qualquer desinformado acreditaria estar diante de uma mãe na caça da filha.

—Octavia não está aqui. —Afirmei.

—Olha bem pra mim, loira... Acha mesmo que vou acreditar?

—Não nos vimos hoje. Juro!

—Ei. —Ela segurou a maçaneta da porta e encarou-me desafiadoramente. —A Blake contou que vocês duas têm se encontrado.

—Ela veio até mim umas duas vezes. Nós conversamos, e nada mais.

—Você só pode estar de brincadeira... —A morena respirou fundo, tentando se acalmar. —Desde que ela apareceu, não há sequer um dia que não tenha fugido.

—É sério! Foram apenas dois dias que nos encontramos.

Aguardei sua reação estressada com minha afirmação, mas ao invés disso, Raven soltou da maçaneta e levantou as sobrancelhas. E inesperadamente eu entendi sua expressão... era como se uma luz acendesse acima de nossas cabeças.

—Sabe pra onde ela pode estar indo? —A morena cedeu todo o seu orgulho e perguntou derrotada.

Eu deveria ter noção de possíveis lugares que Octavia estaria optando por ir, porém, nenhuma opção passou em minha mente naquele momento.

—Não sei. —Respondi sincera.

—Aquela espertinha! —Raven cerrou o punho. —Ela me fez de trouxa todo esse tempo.

—Tem certeza? Às vezes ela saiu um pouco pra respirar um ar. Octavia me disse que não gosta de ficar dentro do apartamento.

—Eu me distraí uns minutos, e ela já havia sumido.

—E onde fica o Bellamy nessa equação? —Relutei um pouco antes de perguntar, mas as palavras saíram por vontade própria.

—Ele está resolvendo algumas coisas.

—Que seria?

—Coisas importantes que não são do seu interesse.

—Por que ele sempre abandona você, vigiando ela? Parece até guarda de prisão.

—Eu não sou guarda de porcaria nenhuma! E não venha falar do Bellamy como se conhecesse nossas vidas.

—Sei o quê vocês são.

—Isso não significa que nos conheça. —Era explicito ali que Raven possuía um mau humor imutável.

—Ele contratou você como advogada?

—Eu sou amiga dele, entendeu? Bellamy passou por muita coisa, e se arrepende da maioria. Então não venha falar como se tivesse um pingo de conhecimento sobre nós. —A morena parecia ter percebido minha intenção de irritá-la. —Aliás, Octavia tagarelou ontem sobre o encontro de vocês dois. Ela conseguiu tirar algumas coisas do irmão. Fiquei sabendo que conheceu os cinco idiotas.

—Eu não os definiria assim.

—Sou amiga deles! Posso chamá-los de idiotas a hora que eu desejar. Mas quer saber... Não sei o porquê fico perdendo meu tempo. Você é só uma garota mimada.

—Acha que só o Bellamy têm problemas? —Lhe encarei com a mesma intensidade.

—Sabe o quê é ser obrigado a existir durante a eternidade... Desejando apenas morrer?

—Você não está falando dele, não é? —Minha ficha tinha caído naquele segundo.

Os olhos dela estavam agora vagos. Pela primeira vez, Raven não parecia imponente.

—É por isso que bebe tanto? —Perguntei hesitante.

—O quê?

—Na maioria das vezes que lhe vi...

—Eu estava bêbada. —Ela completou magoada.

—Não foi isso que quis dizer... —Tentei encontrar palavras que amenizassem o efeito.

—Por que não cuida da sua vida! —Ela finalizou explosiva.

Ficou de costas e começou a caminhar até os degraus da varanda.

—Raven!!! —Chamei.

Mesmo contra a vontade, ela virou e olhou-me.

—Se você fosse eu, o quê faria?

—Se eu fosse você... Afastaria!

—De quem?

—De todos nós.

►•( :: )•◄ 

Não saberia dizer se Raven sugeriu isto como solução para seu desafeto comigo, mas, não consegui deixar de questionar minhas escolhas.

Nunca foi minha intenção entrar em um relacionamento, ou pior, trazer mais problemas pra minha vida. No entanto, lá estava eu observando Bellamy correr pela quadra com uma facilidade de causar inveja.

Pressentindo que eu estava por perto, seus olhos vasculharam os arredores e me encontraram. Um sorriso esplêndido curvou sua boca. Aproveitei para admirar seu porte atlético; os cabelos negros como a noite sacudidos pelos movimentos e esbarrões do esporte. O rosto anguloso de projeções perfeitas, os lábios que, eu tinha certeza, haviam sido moldados para beijar os meus.

De repente, as risadas irritantes de três garotas do primeiro ano do ensino médio, fizeram com que eu prestasse atenção em sua conversa.

—Não acredito que nunca reparamos nele. —Uma delas falou.

—É medonho! Não ficou sabendo que ele vendeu o próprio rim em troca de drogas. —A outra soltou.

—Deixa de ser idiota. Ele não parece que faz este tipo de coisas.

—Fiquei sabendo que ele foi preso. —A terceira participou.

—Acho que esse jeito malvado, deixa ele tão sexy.

Um suspiro estúpido foi a seguinte reação delas, enquanto admiravam o Blake tirar sua camiseta, expondo seus definidos músculos.

—Amanhã é o ultimo dia de aula, e a gente perdeu todo o ano sem nota-lo.

—Eu me odeio por isto.

—Por que você não vai falar com ele? —Uma delas sugeriu.

—Ah, eu tenho vergonha. Só se vocês vierem comigo.

Elas continuariam naquele lengalenga chato, se uma cabeleira loira, -que eu conhecia bem-, não tivesse se colocado diante da novatas, -numa pose ridícula, devo acrescentar-.

—Podem esquecendo suas despeitadas. Aquele macho já é meu!

Pronto! Ali estava minha surpresa... Cassandra havia me ameaçado porque ela estava com raivinha da minha constante relação com Bellamy.

—Você num está namorando! —A garota dos suspiros questionou.

—Taylor e eu não somos mais um casal.

“O melhor jogador do time de futebol americano, e a capitã das líderes de torcida estavam namorando... Há Há Que clichê!”

Meu objetivo era apenas assistir os alunos no basquete. Não sabia que o Blake estaria ali. Na verdade, eu tenho conseguido agir com a maior indiferença. Ele havia faltado na terça e na quarta, consequentemente imaginei que sua intenção era apenas ter aula de biologia comigo, e pronto. Não achei que voltaria justo no penúltimo dia de aula, e muito menos que estaria agindo como um aluno qualquer.

“Acorda Clarke, ele é muito mais astuto que você. Ciúmes, não. Ciúmes, não.”

Minhas bochechas obviamente já estariam coradas. Se eu estivesse dentro de um filme, um anjinho e um diabinho apareceriam em meu ombro. Mas neste caso, eu estava vendo um bem na minha frente.

“Lembra do que Raven disse. Lembre-se do item três da sua listinha calculada, acima.”

—Mas... —A novata ainda tentava argumentar.

—Sem M-A-S!!! —Cassandra praticamente enfiou a mão na cara da outra, fazendo-a parar de falar. —Garotas como eu, precisa de garotos com personalidade. E o fator natural da beleza, claro! Coisas que vocês não têm. —Ela abriu um sorriso. —Preciso de um novo namorado, alguém perfeito para ‘causar’ na faculdade.

“Ah, quer saber? Vai lá e faz essa garota se calar de uma vez!”

Meus pés prosseguiram em uma rápida caminhada involuntária. Quando percebi, a distancia entre Bellamy e eu já era mínima. O moreno fez questão de aproximar-se também, arremessando uma ultima vez a bola no meio certo do aro. E sem motivo algum, segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos.

—Pensei que não fosse mais vir. —Falei.

—Preciso de notas boas. Sua mãe vai querer saber... quando formos ter aquela conversa.

—Quando ela disse aquilo, foi apenas pra intimidar você.

—Pode ter certeza que ela intimidou. —Seu tom brincalhão me fez refletir sobre todo o amadurecimento de nossa convivência. Certamente, há um mês, estaríamos trocando farpas ou até mesmo tapas.

Olhei de soslaio, em direção da arquibancada. As três garotas estavam decepcionadas, e Cassandra esboçava a maior expressão de raiva. Um sorriso vitorioso quis surgir, mas eu controlei.

—Está procurando algo? —Bellamy perguntou, fazendo com que eu me dispersasse.

—Não! —Exclamei.

Ele abriu um sorriso dissimulado, cheio de algo que eu não aguentei a ousadia de perguntar.

—O que foi? —Questionei um tanto incomodada.

—Eu disse que até o final do ano você estaria completamente apaixonada por mim.

—Meu Deus, como você é convencido. —Soltei sua mão, irritada.

“Certo, acho que já deu! O troco naquela piranha foi bem dado. Agora pode cancelar e sair.”

—Se eu pudesse, diria que seu coração está acelerado. —Ele segurou minha cintura, deixando nossos corpos grudados.

Fechei os olhos tentando decifrar seu cheiro, era uma mistura de suor e hortelã. Poderia facilmente deixar que nossos lábios se encontrassem ali mesmo, sem me importar com aquele publico de alunos presente na quadra.

—Errado. —Defendi-me empurrando seu corpo.

—O quê acha de matarmos essa ultima aula? —Ele não parecia ter se importado com minha relutância. —Posso te dar uma carona.

—Estou com meu carro.

—Eu quero leva-la em um lugar.

—Onde?

—Ao Delphic.

—Ao parque de diversões? —Meu estomago tão repentinamente embrulhou-se. —Muito obrigada, mas não!

—Quero lhe mostrar algo.

—E o que seria?

—Você vai ver se for.

—Bellamy... Acha mesmo que a gente deve prosseguir nisto?

—Nisto? —Ele sorriu torto, em dúvida.

—A gente... Nós...

—Somos alguma coisa? —Ele parecia estar brincando.

—Nada! —Ofeguei. —Só não sei se quero ir ao parque agora.

—Isto que eu vou mostrar. —Bellamy pensou nas palavras. —Talvez não poderei leva-la em outro momento.

—Como assim?

—As aulas estão no fim. E eu, talvez, possa estar fora da cidade mês que vem.

—Você vai se mudar? —Perguntei mordendo o lábio inferior. Desejando que sua resposta fosse...

—Não.

Espero que ele não tenha percebido o quão aliviada eu fiquei assim que negou sua ida permanente.

—Está mais para... um tempo longe. —Continuou, explicando.

—Bem, se você prometer que não vamos andar na montanha-russa.

—Vou tomar uma ducha rápida, no vestiário. Quem sabe você não mude de ideia quanto à carona. —Ele piscou.

Aguardei-o se afastar. E deixei que toda vergonha de nosso contato promíscuo e dos olhares fixados em mim sumissem do meu rosto vermelho, até eu conseguir caminhar em direção do pátio. Ignorando ao máximo o olhar fuzilante de Cassandra.

Era perceptível que Bellamy estava convencido sobre eu me jogar em seus braços. Mas, ele não sabia do receio que ainda sugava minha entrega de emoções. Eu deveria manter-me centrada no plano inicial. Entretanto, assim que visualizei o estacionamento, encontrei a esmeraldina parada próxima do meu carro.

“Lexa!”

Não hesitei. Rapidamente comecei a correr, tentando chegar até ela, antes de perder a chance novamente.

—Ei!! —Gritei assim que fui aproximando-me.

—Clarke. —Sua voz saiu baixa.

“Vai... Explique-se.”

—Você sumiu. Eu fui aquele dia no café, juro que fui. Tentei ligar, mas não tenho seu número, nem seu endereço. —Despejei tudo, recuperando o ar da minha breve corrida.

—Vim falar contigo. —A castanha encarava o chão. —Preciso muito falar com você.

—Aconteceu alguma coisa? —Toquei em seu rosto, preocupada.

—Queria que me olhasse do mesmo jeito que olha pra ele. Mas sei que isso não vai acontecer. 

“Já está acontecendo.”

Ela mexeu em seu cabelo solto, e fechou os olhos deixando uma lágrima escorrer. Não entendia o motivo de Lexa ter aparecido assim, simplesmente. Sua atitude revelava desespero

—Não pude permanecer lá. Também não pude vir pra escola. —Continuou com a voz chorosa.

—Por quê? —Eu tentava olhar em seus olhos.

—Preciso que me ouça...

“Estou escutando.”

—Diga. —Nunca enxerguei insegurança nela. Nunca enxerguei tristeza. Porém, agora era claramente visível. Já estava ficando com medo de algo ter-lhe acontecido.

—Não queria ter feito isso. Me desculpa! —Lexa enfim teve a coragem de me encarar. Seus olhos verdes estavam umedecidos.

—O quê aconteceu? —Meu coração começou a bater rápido. A angústia em sua voz causou-me temores.

—Cometi um erro. Só agora eu sei que foi um erro! Não tem como voltar atrás.

—Me diga o quê você fez? —Segurei seu braço tentando acalma-la. —Tenho certeza que a gente pode consertar.

—Tenho que contar uma coisa. E preciso que acredite em mim.

“Acredito, sempre.”

—Eu acredito.

—Quero que esteja segura. Estou cansada de fingir...

Imediatamente percebi que sua frase havia sido interrompida. Ela desviou sua atenção para o pátio.

Segui seu olhar e notei Bellamy. Ele caminhava em nossa direção com o cabelo molhado, aparentemente depois da rápida ducha. Assim como da ultima vez que presenciei esta cena, enquanto o Blake aproximava-se, Lexa forçou sua mão tentando desvencilhar. Mas ao invés de solta-la, dessa vez, segurei seu braço e impedi sua saída.

—Tenho que ir. Eu realmente tenho que ir.

“Quero conversar com você. Não com ele. Com você.”

—Você disse que quer me contar algo importante.

—Não dá. Agora não dá. —Ela forçou mais uma vez seu braço.

—Lexa, por favor.

Um milésimo de segundo. Foi o suficiente.

Ela conseguiu soltar-se da minha mão. E ele conseguiu parar atrás de mim. Um milésimo de segundo. E ambos estavam frente a frente, paralisados.

A castanha encarava-o totalmente assustada. O moreno encarava-a totalmente surpreso. Demorou alguns ‘eternos’ minutos, e os dois não se moviam. Gradativamente Lexa trocou o susto por temor. E ele trocou a surpresa por uma expressão de ódio, amedrontadora.

—A culpa é sua. —Não soube decifrar se ela tinha dito isso pra mim ou pra ele. Apenas esperei longos minutos, até ela voltar a encarar o chão.

E então, -tão rápido quanto se esbarraram-, a castanha saiu apressada entre os carros. Como um rato foge de um gato.

Quando virei-me, Bellamy também tinha me abandonado. Ele sequer comentou sobre a tal da carona. Apenas caminhou continuamente em passos pesados, até sua moto... Os dois seguindo lados opostos, mas deixando uma tensão presa comigo.

O que houve ali, jamais poderia ser explicado. Fiquei sem ação, completamente em duvida, e com uma vontade imensa de gritar em frustação. Eu tinha sido intrusa de um momento inimaginável, na situação mais improvável. E nem mesmo minha consciência manifestou-se, somente um silêncio perturbador ficara instalado dentro de mim.

•••

—Se continuar com a boca aberta, vai entrar mosquito. —Monty cutucou-me.

Virei assustada. Quanto tempo tinha ficado ali, naquela posição?

—Eles se conhecem... —Praticamente arfei diante do rebuliço que minha mente estava.

—Quem se conhece? —O pequeno perguntou, tombando sua cabeça ao lado.

—Ela veio até mim. Achei que ela fosse tímida, mas... Eles se conhecem. —Meus olhos deveriam estar arregalados ainda.

—Não estou entendendo nada.

—Eu também não.

Inúmeras situações foram sequencialmente passando por minha mente, -que devia estar flutuando por qualquer dimensão-.

—Você pode me dar carona? —Monty perguntou avulso ao meu estado.

Nem precisei responder. Destravei a porta, e entrei. Abri a porta do passageiro por dentro, totalmente desatenta com ele. Assim que ouvi o barulho da porta sendo fechada, girei a chave e liguei o motor, -que surpreendentemente pegara sem necessidade de outras tentativas-.

—Podíamos passar na loja do Bart. —Ele balançou a mão na frente dos meus olhos, tentando ter certeza que eu realmente estava prestando atenção na estrada. —Preciso urgentemente de músicas novas. Acho que vou me trancar no quarto a tarde inteira, hoje.

—Tá. —Foi a única resposta que consegui.

Estacionei na esquina, de sequência com a rua do cemitério. Uma chuva fina caia, e eu fui obrigada a sair do carro com meu guarda-chuva, dividindo a cobertura com ele. Caminhamos até a loja do Bart, que fica um pouco mais distante, próximo às lojas do pequeno centro da cidade.

Green, ligeiramente, adentrou no estabelecimento.  Fechei o guarda-chuva, deixando encostado na parede. Um trovão fez com que eu entrasse correndo, logo atrás.

Ele mexia nas capas de discos com empolgação, procurando algum que compatibilizava com seu refinado gosto musical. Dei um aceno para Bart atrás do balcão e comecei a mexer nos discos expostos sem nenhuma concentração. Sequer via as capas.

—Sorte nossa amanhã ser o ultimo dia de aula. Se bem que, meus pais certamente vão me obrigar a ir semana que vem. Mesmo eu insistindo, que não vai ter ninguém.

—Você deveria ir pra casa. É só fingir que está indo pra escola. A gente pode fazer maratona de séries.

—Boa ideia. —Ele sorriu empolgado.

Aproveitei a distração dele, enquanto conversava com Bart sobre os novos discos de vinil que chegaram. Fiquei observando a grande janela de vidro. Os pingos de chuva escorriam parecendo minhocas transparentes deslizando.

Bellamy não parecia ter gostado de encontrar Lexa. Sua feição indicou um provável ódio, e isto havia deixado minha cabeça girando. Talvez tenha sido por isto que ela sempre fugia quando o via... Comecei a analisar alguns acontecimentos, e isto teve inicio no parque Delphic. Lexa havia ido ao banheiro assim que fui conversar com ele e Raven. Ela havia saído antes que ele descesse da moto quando estávamos conversando no pátio aquele outro dia. E por quê? Seu aparente medo por ser notada por ele nunca foi problema para mim. Nunca reparei e importei-me com esse detalhe crucial.

Mas agora... quantas coisas tinha deixado que passassem despercebidas? Quantas? Lexa e Bellamy se conheciam? Como? Por que? Ela teria sido alguma das varias mulheres da vida dele?

“Por favor, não diga isto.”

Eu precisaria saber. Não dormiria, não comeria. A ansiedade não deixaria que eu tivesse um segundo de paz.

—Clarke. —Virei-me prestando atenção em Monty. —Você está bem?

—Estou. —Se é que estou! —Desculpe, eu me distraí.

—Estava perguntando o quê você acha desse preço. —Ele apontou para o adesivo colado na contracapa do disco.

—Não é tão caro. —Disfarcei pegando outro disco, também. E fingi analisa-lo.

—Jasper e Maya foram ao fliperama, hoje. —Ele bufou.

—Você queria ter ido?

—Não. —Respondeu seco. —Só estou dizendo que é meio estranho. Está sendo difícil me acostumar com esse namoro. Nós três sempre fomos os esquisitos e...

—Posso te contar uma coisa? —Interrompi, sem sequer escutar o quê ele falava.

—Pode.

—Você tem que prometer que não irá contar pra ninguém. Principalmente o Jasper.

—Principalmente, ele? —Monty sorriu. —Agora fiquei curioso. Com toda certeza, prometo!

—Acho que sou louca. —Soltei depois de respirar fundo.

—O quê? –Ele ficou perto de mim. —Espera... Não vai começar com isso de novo, vai? Pelo amor de Deus, Clarke! Nós te defendemos aquele dia na escola, porque acreditamos que não precisa mais de remédios. A gente combinou que não se julgaria mais!

—Mas eu sou! —Exclamei. —Passei a vida inteira me considerando diferente. Depois que meu pai morreu vocês viram o que aconteceu... Eu fui fraca e surtei.

—Não foi sua culpa! Ninguém é de ferro. Não significa que é louca.

—Não aguento mais guardar isto dentro de mim... —Cheguei com meu rosto próximo ao seu, sussurrando. —Têm acontecido algumas coisas.

—Não, não, não. —Monty também sussurrava repetidas vezes, tentando me fazer parar de falar aquilo.

—Eu conheci ele. E quando descobri o que ele era, as coisas começaram a piorar. E depois melhorar, mas, agora acho que...

De repente senti uma presença familiar perto de mim. Era como se alguém tivesse deixado cair uma colher de sorvete em minhas costas. O mesmo estremecimento que senti quando estava em Portland atravessando a rua.

—Conheceu quem? —O pequeno insistiu na pergunta, um tanto curioso.

—Bellamy. —Respondi, olhando para todos os lados. Tendo certeza que ainda éramos os únicos clientes na loja.

—Bellamy Blake? —Ele quase gritou surpreso.

—Shhh. —Coloquei o dedo indicador na boca dele.

—Então o que a amiga dele falou, no fliperama, é verdade. Vocês estão juntos! —Monty não conseguiu esconder seu sorriso malicioso.

—Não! Quer dizer... Eu não sei.

—Qual o problema? Não precisa esconder de nós. Lembra quando tiveram que fazer o trabalho juntos? Eu avisei que é sempre melhor conhecer as pessoas, antes de sair bravejando e jurando ódio eterno.

—O problema é que quando estou com ele, meu coração não fica em ritmo normal. Minhas bochechas tendem a ficarem quentes. Minha respiração torna-se ofegante. E isso de certa forma é bom. Mas... Quando estamos longe um do outro, lá no fundo, eu sinto que estou segura assim. Estou segura longe dele!

—Foi mal, mas não sei te aconselhar sobre isto. Eu sou o pior pra dar conselhos amorosos. Nunca tive uma namorada.

—Um pouco antes de você aparecer, algo aconteceu. Estou confusa!

—O quê?

—Acho que Bellamy e Lexa se conhecem. E não só isso, acho que alguma coisa aconteceu entre eles.

—Você acha que ela e ele namoraram?

“Pare! Tudo, menos isso.”

—Eu pensei que Lexa fosse...

—Lésbica? —Ele perguntou com naturalidade.

—Sim.

—Também achava! Já viu o jeito que ela te olha? Acho que é por isto que o Jasper não gosta dela. Ele fica enciumado com o jeito meloso. É como se vocês duas fossem namorar, e nós fôssemos perdê-la. Se bem que... Jordan é um idiota! Só ele pode as coisas.

—Eu estou com medo.

—Por que, talvez Lexa seja bissexual?

—Não me importo com isso.

“Mas eu me importo.”

—Só sinto que algo não está certo. —Continuei.

Não saberia dizer se as coisas não estavam certas com relação aos meus problemas com Bellamy, ou porque meu estomago estava revirando novamente por sentir um calafrio percorrer minha espinha.

—O melhor a se fazer é conversar. Pergunta pra eles. Questiona-os.

Mal ouvi Monty. Um segundo trovão quase ensurdecedor me fez olhar para a vitrine, no momento exato de ver uma figura encapuzada esconder-se sob um toldo do outro lado da rua. Desorientada, fiquei imóvel remetendo todo o desespero que senti no carro do Jasper, naquela noite.

—Hora de irmos. —Disse.

—Espera um pouco. —Ele vasculhava algumas palhetas num pote.

Mantive o olhar grudado da vitrine. Seria assim? Meus surtos estavam voltando?

—Acho que tem alguém me seguindo. —As palavras saíram junto com o disparo do meu coração. Comecei a sentir meu pulmão se fechar outra vez.

A cabeça do Green levantou-se assim que terminei a frase.

—Alguém te seguindo?

—Olhe lá, do outro lado da rua.

Ele forçou a vista.

—Não vejo ninguém.

Nem eu via. Um carro havia passado interrompendo minha linha de visão.

—Acho que entrou numa loja.

—Como sabe que está sendo seguida?

—Tenho um pressentimento ruim.

—Tem certeza? —Seu tom era de desconfiança.

—Não é por que eu disse sobre alucinações, que estou tendo de novo. Eu realmente vi! —Tentava mentir a mim mesma.

—Não acho que está tendo alucinações. Às vezes é só uma paranoia. É normal.

—Acha que tenho paranoia por causa do assalto do meu pai? —Minha voz não estava querendo sair.

—É possível. —Monty acariciou meu braço.

Minha cabeça girava cada vez mais rápido. Podia sentir uma pulsação nas têmporas. Estalos suaves ecoavam em meus ouvidos, e manchas negras apareceram diante dos meus olhos. Tentei encher os pulmões, mas era como se o ar tivesse sumido. Quanto mais eu tentava inspirar, mais apertada ficava minha garganta.

—Está acontecendo. De novo. E-eu... —Sussurrei apoiando-me no expositor ao meu lado.

—Ah, meu Deus! —Monty começou a desesperar-se. —De novo? Faz tanto tempo que isso não acontece.

—Não tô conseguindo res... —Minha voz não queria sair mais.

—Fica aqui! —Ele segurou meu ombro. —Fica exatamente aqui. Vou buscar o carro.

Tentei impedi-lo de pegar a chave e sair correndo com meu guarda-chuva. Tentei... mas não houve tempo. Meu melhor amigo saiu disparado.

Lentamente caminhei até a vitrine e observei ele correr na calçada. Não queria ficar sozinha! Mesmo com Bart na loja, o pavor que sentia estava ultrapassando tudo que rondava minha mente até então. De repente, aquela figura encapuzada saiu debaixo da lona, e começou a atravessar a rua. Abaixei-me assustada com medo de ele vir até mim.

Porém, assim que voltei a olhar para fora, a figura encapuzada estava andando atrás de Monty. Não de mim, mas dele!

Endireitei-me com toda força que consegui. Meu pulmão parecia inexistente, mas, indiferente disso, naquele momento esqueci qualquer falha física. Abri a porta e sai desesperada, apertando os passos. Lá fora, a chuva havia se transformado em aguaceiro. Não era possível ver Monty, ele já tinha dobrado a esquina.

Atrás de mim, o cais dava lugar ao oceano cinza. À minha frente, a fileira de lojas terminava na base de uma encosta íngreme e coberta de grama. Fui na direção do cemitério, correndo o mais rápido que podia, dobrei a esquina, e visualizei o carro estacionado lá no alto da colina sinuosa. À medida que fui subindo, minha velocidade foi diminuindo. As roupas ensopadas não contribuíam com minha agilidade. As arvores do cemitério assomavam adiante, com galhos que, pareciam estar vivos.

O dia, desde manhã, estava nublado, e com a chuva, o ambiente permanecia dificultoso para a visão. Foi quando um objeto vermelho lançou-se em mim com o vento. Quase cai, e no súbito, olhei tentando decifrar o que tinha me atingido.

Houve um momento de confusão, até eu perceber ser meu guarda-chuva, que agora tinha ficado preso no mato perto do meu calhambeque. Ouvi um soluço abafado em meio à chuva inclemente.

—Monty? —Chamei.

Protegi os olhos para observar ao redor. Um corpo estava encolhido atrás do carro.

—Monty!

Cai de joelhos ao lado dele. O pequeno estava deitado de lado, com as pernas encolhidas junto ao peito. Gemia de dor.

—O quê houve? Você está bem? Consegue se mover?

Joguei minha cabeça para trás, piscando por causa chuva. Pense!, disse para mim mesma. O celular. No bolso dele. Eu precisava ligar para a emergência.

—Vou chamar socorro! —Falei.

Ele gemeu e agarrou minha mão. Abaixei-me para aproximar dele, segurando-o com força. Meus olhos ardiam com as lágrimas.

—O que ele fez com você?

Monty murmurou alguma palavra incompreensível.

—Você vai ficar bem. —Esforcei-me para manter a voz firme.

Um sentimento sombrio ameaçava por tomar conta de mim, e eu tentava mantê-lo sob controle. Tirei o celular do bolso dele, e disquei o número da emergência. Tentei manter a voz sem vestígios de histeria enquanto dizia:

—Preciso de uma ambulância. Meu amigo acaba de ser agredido.

 


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Notas finais do capítulo

Não estou dizendo que o prox cap será tranquilo (sorry), mas não será tão corrido como este,ok?
HEYYY!!! Estou ficando bastante chateada com a falta de comentários. Eu vejo os índices da fic, e sei q não é só um pouquinho q esta lendo. Vamos aparecer, eu não mordo não.
Como ja falei, amooo conversar com vcs. E amoooo as reviews do cap.
Bjooos
Até a próxima
Espero que eu consiga alcançar o coração desses fantasminhas aee

FAVORITEM tbm ^-^



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