Perturba-me escrita por Laila Gouveia


Capítulo 17
não fale se estiver bêbada


Notas iniciais do capítulo

Gente eu juro que ia postar na madrugada entre sábado e domingo, mas, a pessoa jovem e "super baladeira" aqui, simplesmente dormiu, em pleno sabado!!!!! Eu não consigo nem me defender. Ja basta as dores nas costas, agora não consigo ficar acordada. Até onde vou chegar? Só falta os cabelos brancos.
Enfim... Era pra mim ter postado no domingo a tarde tbm,porém, eu sai e voltei tarde. Dai cá estou eu, revisando o texto rapidão e postando na segunda já.



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Tive que segurar a mão de Jasper antes que ele prosseguisse com as buzinas incessantes.

—Será que dá pra parar de ser ansioso?

—Ele sabe que eu não gosto de esperar.

—Ele já percebeu que você chegou. Acho que o bairro inteiro percebeu.

Precisamente, os vizinhos já estariam ligando para a polícia por perturbação da paz. O bairro de Monty sempre fora muito calmo, só não mais que o meu. Obviamente.

—Que tal assim... Enquanto ele não aparece você me conta um pouco sobre seu namoro.

—Não estou namorando.

—Estão ficando?

—Estamos nos conhecendo.

—Quem diria, hein... —Levantei as sobrancelhas brincando.

Jasper não resistiu o sorriso contente.

—Não conversei sobre isso com o Monty ainda. Não me sinto confortável. —Ele olhou para a casa que estávamos estacionados em frente.

—Deveria conversar. Ele pensa que você está se afastando.

—Não estou me afastando. Não mais que você.

—Pare de dizer que estou me afastando. Eu só estava indisposta nessas duas semanas.

—A gente observa você, Clarke. Ultimamente teve mais contato com a Lexa do que com nós.

—Eu não posso fazer amigos que já é um problema.

—Não gosto muito dela. —Ele revelou sem importância.

 Jasper sempre pensara diferente. Já estava claro que ele não gostava de Lexa. “Irritante, Irritante, Irritante...” A voz da consciência manifestava-se outra vez.

—Por que chegamos nesse assunto, mesmo?... —Ajeitei-me no banco do motorista. —Queria falar sobre você. —Insisti.

Ele olhou para mim e depois soltou um longo suspiro. Aparentemente decepcionado por eu não querer ir adiante com a discussão que possivelmente se iniciaria.

—Quando foi que esse romance começou? —Sorri de canto.

—Naquela festa.

—Vocês ficaram naquela noite?

—Maya é tímida demais pra simplesmente chegar e beijar alguém numa festa lotada. A gente acabou ficando outro dia. —Seus olhos brilharam apenas por falar dela. —Não sei o que esta acontecendo comigo... Eu não paro de pensar nela um segundo que seja. É como se nós estivéssemos destinados. —Ele me encarou, envergonhado. —Sei que parece bobagem o que estou dizendo, mas, foi necessária uma noite pra eu ter certeza. Nunca me senti assim com nenhuma outra garota.

Eu sabia o que ele estava dizendo. Sabia exatamente sobre esse sentimento.

—Não é bobagem.

—É muito pouco tempo pra isso, mas eu vou pedi-la em namoro. —Ele olhou esperando alguma reação de surpresa vinda de mim. Entretanto eu não conseguia imaginar outra atitude dele, senão pedir Maya em namoro.  —Acha que ela vai me chamar de louco?

—Acho que ela vai ficar igual um pimentão assim que você fazer o pedido. Depois vai abrir o maior sorriso do mundo e dizer um sonoro sim. É possível até chorar.

Ele riu.

—Não tenho ideia de onde posso leva-la. Queria um primeiro encontro perfeito.

—Você tá romântico, Jasper. O que o amor não faz com a gente.

—E você continua do mesmo jeito, Clarke. É por isso que vou pedir conselhos para uma garota.

—Esta querendo dizer que eu não sou garota?

—Estou querendo dizer que você não tem bagagem amorosa. Sempre andou com homens.

Encarei-o com os olhos semicerrados. Estava pronta para respondê-lo com os melhores argumentos de contra-ataque, mas fomos interrompidos pela batida da porta, assim que o pequeno Green entrou apressado.

—Desculpa a demora. Meus pais estavam pegando no meu pé por causa das provas finais. —Monty colocou o cinto. —Devia estar estudando, não saindo a esta hora da noite. —Ele forçou uma voz grossa e rebuscada tentado imitar o Sr.Green.

Você fica saindo com estes seus amigos baderneiros, que te levam para o mau caminho. —Afinei a voz tentando imitar o que possivelmente a Sr(a).Green diria.

—É por isso que eu amo ter nascido em minha desestruturada família de classe baixa. —Jasper falou orgulhoso.

—Ah claro. Sua família é tão de classe baixa que você foi o único de nós três que ganhou um carro novinho. —Monty questionou irritado.

—Seus pais não lhe dão um carro porque as expectativas da sua família é muito alta. Qualquer coisa já é decepção! No meu caso, meus pais compraram este carro, parcelado se quer saber, simplesmente porque disse a eles que iria para Stanford.

—Você nem recebeu sua carta de aprovação ainda.

—Está querendo dizer que eu não tenho capacidade para entrar?

—Estou querendo dizer que as probabilidades não são estáveis até que a carta chegue com a resposta.

—Não tenho culpa se os seus pais são uns caretas e tratam você como um robô.

—Meninos parem! —Gritei. —Será que dá pra ligar o maldito carro e ir até o Veneno logo.

—Eu não avisei vocês?

—Avisou o quê?

—Não vamos para o Veneno hoje. —O magrelo ligou o motor, seguindo pelo caminho contrário ao da lanchonete. Com um sorrisinho esquisito.

—Como assim? —Nós dois dissemos em uníssono.

—Esta noite vamos fazer algo diferente. Algo melhor do que comer.

—O que pode ser melhor do que comer? —Monty perguntou curioso.

•••

—Street Fighter, meu amigo. —Jasper exclamou assim que entrou, 30 minutos depois, numa quadra de prédios pichados, onde um letreiro familiar piscava escandalosamente.

—Caraca! —Monty gritou entusiasmado. —Não sabia que isso ainda existia.

—O tio da Maya é dono daqui. Ela falou que é pura nostalgia. —Gabava-se para o amigo.

Os dois abriram a porta e saltaram do carro.

—Acho melhor irmos a outro lugar. —Falei encarando o letreiro escrito: FLIPERAMA DO BO E SALÃO DE SINUCA DO LINCOLN.

—Qual o problema Clarke? Aqui eles têm comida.

—Vejam só este lugar. Não parece ser muito seguro. —Respirei fundo, apenas por pensar que possivelmente Bellamy estaria lá dentro. E eu não queria ter que vê-lo outra vez. Pelo menos não enquanto aquelas informações encontradas na internet ainda inundavam minha mente.

—Você falou igual uma patricinha. —Jasper soou provocativo.

—Não tem outro Fliperama?

—Qual parte de: O tio da Maya é dono deste Fliperama e ela falou que é legal, você não entendeu?

—O combinado era que íamos ao Veneno, como sempre.

—Tem que parar de se acomodar minha flor.

—Vai ser legal, Clarke. —Monty se aproximou estendendo a mão para que eu saísse do carro. —Vamos entrar e ver. Se você não gostar a gente volta, ok?

—Ok. —Tentei me expressar o mais natural possível. Eu nunca tinha contado que vim aqui, e não seria agora que contaria.

Caminhamos até a entrada, onde uma pequena fila estava formada. Depois de alguns minutos, finalmente chegou nossa vez.

—Acho que ele é o Bo. —Sussurrei, tentando desviar o olhar do homem tatuado que cobrava os preços.

—Sério? —Jasper animou-se e então deu um passo a frente, estendendo a mão para cumprimenta-lo. —Muito prazer. Eu sou Jasper. Nós conhecemos sua sobrinha.

—Sobrinha? —A voz de tabaco dele era facilmente reconhecível.

—Sim. Maya.

O homem olhou em minha direção e eu encarei o chão, com medo de ser reconhecida.

—Isso não significa que irei deixar que passem sem pagar.

Eu percebi que aquela indireta tinha sido pra mim e isso fez com que eu abaixasse ainda mais minha cabeça.

—De jeito nenhum. Não íamos pedir isto. —Jasper falou constrangido.

—Mulheres são 15. Homens são 20. —Ele apontou para a mesma tabela de preços no qual eu fui apresentada aquela noite.

—Por que pra homens é mais caro? —Monty questionou.

—Por nada, cara. —Jordan falou entredentes. Ele parecia ter adquirido um repentino medo do então parente de sua amada. —Só peguem o dinheiro, logo.

Tirei do meu bolso algumas notas e entreguei-o. Monty fez o mesmo, e Jasper contabilizou o que tínhamos, deixando em cima do mini balcão a quantidade exata. Bo, apenas abriu os cordões dando passagem.

Fui a primeira a entrar, caminhando até o fim do corredor de luzes estridentes.

—Vejam! Aquilo ali é Double Dragon. —Jasper saiu correndo entre as poucas pessoas no local, seguido pelo Green.

Olhei ao redor procurando algum indício da presença do moreno, e, para minha infelicidade, acabei encontrando Raven entretida numa máquina.

—Não gostei daqui. —Direcionei-me subitamente até os dois. —Vamos!

—Ainda não. Acabamos de chegar. —O pequeno reclamou.

—Vocês falaram que se eu não gostasse, nós iriamos embora. —Puxei o braço dos meninos na tentativa de sumir dali antes que...

—E aí, loira!!! —Mal tive tempo de concluir meus pensamentos. Todos ali olharam para a morena exaltada que infelizmente tinha me notado.

Jasper e Monty abandonaram o jogo e ficaram ao meu lado. Vidrados na aproximação dela.

—Você sumiu. —Raven fez um gesto cumprimentativo com a mão. —Me diz ao menos que utilizou meu Jeep com sabedoria.

Por que ela estava me tratando normalmente? Ah, claro! Foi necessário apenas um contato maior para que eu sentisse o cheiro facilmente reconhecível de álcool.

“Essa garota só sabe beber, por acaso?”

—O quê? —Perguntei sem reação.

—Meu Jeep, lembra? Bellamy pegou emprestado aquele dia pra lhe buscar.

—Sério? —Monty não parecia acreditar.

—Sério. Sua amiga ficou no meio de uma tempestade. E adivinha quem foi chamado para salva-la? —Ela sorriu identicamente a Jasper quando desejava provocar.

Não precisei olha-los para saber que ambos também possuíam um sorriso formulado. Respirei fundo apenas idealizando as inúmeras perguntas que seriam feitas depois.

—Não sabia que frequentava estes lugares. Muito menos eles. —Raven nos analisou com certo deboche.

—Jogos de fliperama são definitivamente, a nossa praia. —Jasper defendeu-se.

—Double Dragon? —Ela riu. —Finjo que acredito.

—Sugira, então. —Jasper desafiou.

—Sugere você. Posso ganhar em qualquer um.

Fiquei em silêncio, agradecida por seus orgulhos ter tirado o foco do assunto anterior.

—Street Fighter. —Ele respondeu convencido. —Meu amigo bateu todos os recordes. Aposto dez dólares que você não consegue vencê-lo.

Monty encarou ele, tentando entender o desafio que acabara de entrar sem consentimento.

—Aposta feita. —Ela sorriu.

Os três caminharam até a máquina e Raven colocou uma de suas fichas, dando inicio a um show de sangue e explosões na tela; e dedos esmagando os botões, enquanto Jasper torcia loucamente ao lado.

Aproveitei o caminho livre e segui até o bar vazio. Sentei em uma das banquetas apoiando o cotovelo no balcão.

Quase cai quando um homem agachado, aparentemente pegando alguns itens de drinks, levantou-se rapidamente me assustando sem intenção.

—Desculpa. Não percebi que havia alguém aqui. —Olhei para ele e reconheci seu gentil rosto com facilidade.

—Lincoln? —Perguntei.

—Salão de sinuca do Lincoln. —O homem respondeu automaticamente.

—É! Eu me lembro.

Lincoln me olhou formando um v com as sobrancelhas. Demorou alguns minutos até que ele percebesse que eu não estava falando do fato de ele ser um dos donos.

—Eu te vi uma vez, não é? —Perguntou sugestivo.

—Sim. Meu nome é Clarke. Vim aqui uma noite procurando um colega de escola.

—Ah, claro. Você estava fugindo do Bo.

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorri envergonhada com minha infantil atitude.

—E então, o que te trouxe aqui dessa vez?

—Meus amigos e suas fascinações por jogos antigos. —Apontei para os três que permaneciam concentrados na disputa.

Lincoln sorriu, se divertindo com as cenas e dancinhas que Jasper estava fazendo. Então, seu olhar foi desviado para frente, onde terminava o corredor da entrada.

—Acho que seu outro amigo também veio participar.

Consegui girar com a banqueta tentando enxergar o que ele estava vendo. Meu estômago embrulhou no momento que vi Bellamy atravessar o salão.

—Que merda. —Falei baixinho para mim mesma.

Girei minha banqueta novamente, e fiquei analisando as garrafas de bebida expostas atrás do balcão.

—Como está, Blake? —Lincoln perguntou animado, enquanto eu pude farejar o perfume dele se aproximando mais e mais.

—Melhor agora. —Bellamy respondeu com sua voz grossa. Sentou-se na banqueta ao meu lado e sorriu de forma sedutora. —Não sabia que tinha gostado daqui, princesa.

Ruborizar-se não estava em meu controle. Toda vez que eu sentia sua presença algo brotava em mim, fazendo minhas bochechas esquentarem.

—Era justamente disso que estávamos falando. —Lincoln disse. —Ela veio com os amigos.

Bellamy direcionou sua visão para os três jogando. E subitamente uma ideia formou-se em minha mente e eu aproveitei o momento para prosseguir com minha nova realidade de provocadora.

—Engraçado. Lembro de você me dizendo no parque que Raven nunca jogaria com os meninos. —Ele voltou sua atenção para mim. —Ironia do destino, não é?

Lincoln deu uma leve risada, enquanto esfregava um pano na superfície do balcão.

—Ironia do destino é ver você em plena quinta-feira à noite sentada em um bar.

—Estou apenas descansando.

—Ela esta descansando. —Debochou. —E eu quero uma garrafa de vodka.

Lincoln retirou uma garrafa com um liquido transparente e sem demora colocou dois copos virados em nossa frente.

—Também vai beber, Clarke? —O homem perguntou inocente.

—Ela não pode. Ainda é menor de idade. —Bellamy falou antes mesmo que eu abrisse a boca.

—Já você... Nem da pra contar. Quantos anos têm mesmo? Uns 100, 200... —Perguntei com gosto. Pois, aparentemente, nós tínhamos começado nosso próprio jogo. De novo.

Pelo canto dos olhos percebi que Lincoln não tinha entendido o que eu estava insinuando.

De repente um grito chamativo ecoou pelo salão. Era Bo o chamando para ir ao escritório resolver algum problema. Ele se despediu com um aceno de cabeça e se afastou entrando em uma sala do outro lado.

—Não contou para os amigos seu passado, ainda? —Falei em meio a um sorriso vitorioso.

—Você é diferente de como eu imaginava. —Bellamy disse com uma expressão incomodada.

—O que quer dizer com diferente?

—Quando eu te vi, pensei que fosse melhor. Conhecer-te foi um pouco decepcionante. —Soltou.

Aquelas palavras me atingiram de forma profunda. Meu sorriso foi perdido e eu fiquei sem reação.

Ele virou o liquido da garrafa no pequeno copo e bebeu num gole só. Fiquei observando aquele movimento sentindo pontadas em meu coração.

“Não vai deixar essa afronta idiota, abalar você. Não é?” A consciência questionava.

Peguei o outro copo e rapidamente virei o líquido também. Ainda encarando suas órbitas negras, eu tive que me conter para não chorar bem ali. DECEPCIONANTE. DECEPCIONANTE. DECEPCIONANTE. Deixei que a bebida descesse por minha garganta queimando tudo por onde passava. Aquela sensação foi reconfortante por um momento. Até eu sentir o gosto ruim da Vodka pura.

—Você não está acostumada. —O moreno constatou.

Olhei-o com tanta raiva, que podia jurar que ele hesitou com medo de mim.

Novamente enchi o copo e virei com tudo o líquido. O gosto não melhorou na segunda vez. E nem na terceira. Precisei segurar a garrafa e entornar com vontade até que meus órgãos se acostumassem com a queimação. Repeti isso por alguns longos minutos.

—Por que esta fazendo isso? —O Blake tirou a garrafa da minha mão.

—Acho que eu sou diferente? Não tem ideia do quanto você é decepcionante pra mim. Você não vale nada! É só mais um que cheira a problemas! Eu odeio problemas... Odeio o fato de você ser canalha, e odeio mais ainda não conseguir fugir de você. —Passei a mão na boca, limpando o pouco da bebida que caiu com minha afobação. —Não sei por que tive a estupida curiosidade em te conhecer. Não me admira que não te queiram no céu!

Não percebi se as palavras podiam tê-lo atingido. O espaço começou a girar e eu tive que apoiar no balcão para não despencar da banqueta. O efeito do álcool já havia começado e minha visão começou a ficar turva.

—Está tudo bem? —O calor de sua voz fez meu corpo arrepiar. Senti suas mãos apoiadas em meu corpo impedindo que eu tombasse.

—Não quero que me ajude! —Lhe empurrei com a única força que possuía e sai cambaleando a procura de Jasper e Monty.

Sem noção alguma de espaço e direção, tropecei em meu próprio pé e cai sentindo o impulso da minha cabeça batendo no chão.

—Moça, você está bem? —Um garoto parecendo ter 14 anos se agachou ao meu lado, olhando-me assustado.

—Estou... Estou bem! —Minha voz saiu alta demais. —Estou ótim... —Não consegui impedir que meu estômago se vingasse mandando tudo que comi naquele dia com certa maestria. Virei minha cabeça e vomitei até minha garganta começar a doer.

O menino se afastou, dando espaço para o Blake se agachar.

—Olha só... Você tem um irmão gêmeo. —Exclamei assim que vi dois dele em minha frente. —Um pra mim. Outro pra mim também. —Ri descontroladamente sem aparente motivo. Minha cabeça estava zunindo e eu só conseguia rir com o fato de ter dois Bellamy’s comigo.

Ele passou a mão por baixo da minha cabeça e me tirou do chão, colocando-me em seus braços quentes e acolhedores. O teto girava, enquanto eu o sentia caminhar. Carregando-me.

—Raven! —O ouvi chamá-la. —Empresta o Jeep.

—Clarke. —Agora ouvia a voz conjunta de Jasper e Monty. Meus melhores amigos!! Há Há. —O que aconteceu?

—Ela bebeu demais. Não se preocupem, vou leva-la para casa.

•••

Não consegui ter muita percepção depois. Lembro-me de ver as casas passarem rápido pelo vidro do carro. E lembro-me de ouvir ele me chamando.

O Blake me carregava agora pelo jardim da minha casa. Ele falou alguma coisa sem nexo e então estávamos passando pela porta e seguindo adentro. Meu corpo mexia conforme ele subia os degraus da escada.

—Sabe qual é o problema? —Soltei sem perceber.

—Qual?

Eu podia ver os olhos negros inexpressíveis.

—Você tem o dom de me fazer sentir horrível. Você consegue despertar em mim uma raiva mortífera. Mas, por mais suicida que pareça, sempre acabamos nos encontrando... Não sei se isso é destino, ou, seja apenas você mesmo, perseguindo... Talvez fosse mais fácil se eu te deixasse saber que no fundo, no fundo, eu lhe perdoei por ter sido imbecil todas às vezes. Não faz mais diferença.

Os morenos, -de minha visão-, seguiu entrando em meu quarto. Percebi que eles analisavam interessados toda a decoração. Mesmo sua feição indicar um leve abalo por todo o meu desabafo.

—Gosta? —Meu cérebro ainda estava embebedado.

—Nunca vi por esse ângulo. —Seus olhos percorriam cada detalhe, admirando principalmente as fotos na parede. Que na maioria era composta por: Eu, Jasper, Monty, Papai, Mamãe e meu avô.

Eles calmamente me colocaram na cama. Ajeitando meu corpo de forma confortável.

—Você tem que dormir. —Colocou a coberta sob mim.

—Não quero. —Chutei o cobertor em cima deles e fiquei rindo da cena. —Minha barriga. Ai. Faz parar. Ai. Tá doendo. —Não conseguia deixar de rir. —Acho que dois Bellamy’s é muito... Um Bellamy só consegue machucar o suficiente.

Ele tocou em meu rosto e meus olhos ficaram presos nos dele. O único Blake. O verdadeiro, agora. Sem mais distorção. Porém, meus quadros logo atrás começaram a girar, e um vidro de perfume começou a dançar e rebolar pra mim.

—Acho que ele quer me seduzir. —Apontei para o frasco. Bellamy abriu seu sorriso. A cama começou a rodar também e eu fiquei zonza. —Essa cama está iguais aquelas de motel que giram. Gira. Gira. Gira. —Fiz o movimento com o dedo indicador, imitando a rotação da cama.

—Sua mãe pode chegar.

—Foi uma vez só. —Falei do nada observando seu sorriso perfeito.

—Foi uma vez só o quê?

—Que eu beijei Lexa... A verdade é que gostei. —A postura dele ficou irritadiça e meus olhos começaram a se fechar. —Eu não devia.

—Não devia ter beijado essa Lexa?

—Não devia ter ligado pra você em Portla... —Minha voz não saiu e eu não conseguia mais abrir os olhos.

◘◘◘◘

▬▬▬▬▬▬▬

 Um som, que mais parecia batidas na janela, atrapalhou meu sono. Abri os olhos e percebi que ainda era de noite e eu estava sozinha no quarto. Suspirei cansada e voltei a dormir convencida de que depois do meu estomago, estava na hora da minha mente se vingar por todo o álcool que ingeri. Entretanto, o som se repetiu.

Eram pedras pequenas batendo no vidro da janela.

Teria sido mais fácil olhar apenas quem era o infrator, mas o meu corpo ainda cambaleante direcionou-se até a escada. Desci apoiando-me no corrimão. Acabei fazendo umas vinte tentativas até conseguir segurar a maçaneta, e girá-la sem deixar minha mão mole deslizar.

—Lexa! —Gritei, deparando-me com sua figura parada na varanda.

—Clarke, desculpa. Não quis acorda-la. Você não apareceu no treino hoje, e eu vim saber se estava doente. Sei que não devia ficar jogando pedrinhas em sua janela, mas é que...

—Shiiu. —Coloquei o dedo em seus lábios, bobamente. —Não podemos fazer barulho. Temos que correr para ver meu perfume dançar.

—O quê?

Ela arregalou os olhos no segundo em que agarrei seu braço e tentei iniciar uma corrida para cima. Mas eu tropecei, -novamente-, em meus próprios pés e cai. Rindo.

—Você bebeu? —Ela perguntou retoricamente. E agachou-se até mim, ajudando a levantar.

Pela segunda vez na noite, fui colocada na cama como um bebê. Não conseguia lembrar quantas doses de vodka tomei, mas é engraçado o que muitas ou poucas podem fazer com você quando menos espera.

—Vou fechar a porta principal, quando eu sair. Ok? —Ela fez menção a se afastar.

—Não, por favor. Deite comigo. Só desta vez! —Supliquei, segurando a lapela do casaco que Lexa vestia.

Ela suspirou e acariciou meu rosto com seus polegares. Fechei os olhos com o gesto carinhoso, e nada mais vi depois.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Estou aguardando reviews.
Espero que dessa vez, até os leitores fantasmas por ai apareçam pra me assustar haha
Mil beijos



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