Perturba-me escrita por Laila Gouveia


Capítulo 13
pedir socorro não vai ajudar


Notas iniciais do capítulo

Olááá!!!! Voltei!!!!!
Quero agradecer pelos elogios. Pelos favoritos. E pelo pessoal novo que ta aparecendo pra comentar. Muito obrigada. Esse cap é dedicado a todo(a)s vcs leitores ♥
O cap não está grande.
Nos vemos lá embaixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/675337/chapter/13

 

Bellamy me olhava com fúria, apertando meus pulsos fortemente. Pela primeira vez não vi uma faísca de divertimento ou provocação em seu ser. Ele estava completamente envolto de sua sombra.

—Não deveria ter feito isso, princesa. —Sua voz soou como ameaça.

Não consegui pensar em outra atitude, senão chutar suas pernas. Mas ele sequer se moveu.

—O que você viu? —Seu questionamento fez meu coração disparar.

—Não sei... —Minha voz saiu falha.

—O que você viu, Clarke? —Ele apertou ainda mais meus pulsos, fazendo uma lágrima involuntária escorrer pelo meu rosto.

—Eu vi um cemitério. —Me esforcei para não gaguejar.

—E...?

—Você e Raven estavam lá.

—O que você descobriu?

—Nada.

—Fala!!!! —Seu grito me assustou. Tive que conter o choro.

—Raven disse que se arrepende. Ela se arrepende de alguma coisa que fez. E você também.

Seus olhos negros transmitiram tristeza. Bellamy observou nossa posição e lentamente me soltou. Assim que se levantou, me encolhi na cama, encostando-me à cabeceira.

—Não queria ter te machucado. —Falou incomodado, enquanto eu segurava meus pulsos com dor.

Ele agachou-se, sentando no chão.

Ficamos nos encarando. Ele aparentava estar conflitante por dentro e eu tentava manter o movimento do corpo, ignorando a vontade de tremer. Meu coração batia tão rápido, quanto às asas de um beija-flor.

Descontrolada pelo desconhecido medo, aproveitei sua breve distração para disparar em direção à porta. Assim que abri, ele me agarrou por trás impedindo minha fuga.

—SOCORRO!!! —Gritei em desespero.

O moreno arrastou meu corpo para dentro, fechando a porta novamente. Sem que eu pudesse responder aos meus próprios pensamentos, Bellamy prensou-me contra a parede e tampou com a mão minha boca.

—Não adianta gritar. Isto é um motel, ninguém se importará.

Minha fragilidade no momento estava maior do que qualquer atitude de confronto no qual éramos habituados a encenar.

—Eu sei que quer perguntar, Clarke. —Sua voz acendeu uma chama em meu amago.

 —Quem é você? —Essa pergunta foi a que eu mais desejava fazer-lhe desde o dia que o conheci.

—Acho que agora você já sabe.

Bellamy tocou em minha bochecha, secando a lágrima que insistia em escorrer. Calmamente ele segurou minha mão esquerda, levando ela até seu peito nu.

—Ouve meu coração? —Perguntou serenamente.

Balancei minha cabeça em negação.

—É porque não tenho um.

Quando ele revelou isso, senti uma leve pontada no meu. Como se um pequeno buraco se formasse no mesmo instante.

—Também não posso sentir. —Ele completou com a postura irritadiça. —Não sinto o seu toque. Não sinto o que você sente quando acaricio seu rosto.

—Não acredito. —Disse tentando negar sua resposta.

—Não é minha escolha e não é sua também. —Salientou.

Meu peito subia e descia com a respiração acelerada, e minha mente fervilhava ainda tentando se adaptar as várias informações que receberá.

—Raven? —Perguntei melancólica.

—Raven é igual a mim. —Bellamy esclareceu rapidamente.

—O que vocês são?

—Pecadores.

—Pecadores?

—Nossos motivos foram distintos. Mas mesmo assim é irrevogável.

—Não faz sentido.

—Não faz sentido para muitos. Talvez seja por isso que ninguém saiba.

—Mentira! —Falei num tom alto, tentando-me autoconvencer.

Bellamy era somente para mim, o homem que aparecera com o intuito de perturbar-me. Mas no fundo eu sempre me senti atraída por seu mistério. Gostava de como ele surgia em todos os lugares, mostrando que conhecia absolutamente cada detalhe de minha vida.

—O Jeep não quebrou de verdade, não é? Você mentiu só pra me trazer aqui. —Eu me contorcia. Tentei virar para a direita, depois para a esquerda. Finalmente percebi que estava desperdiçando muita energia e parei. —Aposto que está gostando disso. —Falei contragosto.

—É tentador. —Bellamy disse depositando seus olhos em meu corpo. Obviamente analisando minha calcinha exposta.

—Digo que deve estar gostando do quão idiota eu sou. Eu fui burra o suficiente para ligar e entrar no mesmo carro que você.

—Você não foi burra, princesa. Talvez o próprio destino estivesse conspirando para que isso acontecesse.

—Você é só o aluno novo. —Afirmei convicta.  —Nada que eu tenha vindo fazer em Portland se concretizaria, sabe por quê? —Ele não respondeu, então continuei. —Porque nada do que minha mente idealizou transformaria você em alguém além do comum.

—Eu não tenho histórico escolar. Nunca sequer frequentei qualquer âmbito educacional e mesmo assim convenci o diretor da escola a fazer minha matricula para ter aulas com a classe do ultimo ano. Sabe como consegui isso? —Seu sorriso petulante surgiu.

—Como? —Não resisti.

—Eu induzi a mente dele. Do mesmo jeito que induzi Marcus em mudar todos os alunos de lugar.

—Não acredito em você. —Mas meu coração parecia discordar disso.

—Minha única intenção era sentar ao seu lado, princesa.

—Eu? —Engoli em seco, tentando não transparecer meu desespero.

—Estava cansado de admirar suas lindas pernas de longe. —Ele terminara de comprovar o quão realmente estava se divertindo com isto.

—Para!!! —Gritei. —Estou cansada desses seus joguinhos. Estou cansada de tudo... —Minha voz transparecia exaustão. Vacilei em olhar nas orbitas negras dele, que juntamente com minha mente, possuía desgasto.

Um espelho estava pendurado na parede atrás dele e olhando sobre seu ombro, eu vi as cicatrizes representando a resposta que busquei quando vim para Portland.

Mas isso não significava que eu havia gostado de descobrir.

—Você me enoja. —Cuspi as palavras com raiva.

Minha mente e meu coração estavam em guerra.

—Não quero mais saber a verdade. Não quero. —Supliquei depois de um longo suspiro.

—Eu não queria que descobrisse.

—Estou com medo. —Confessei sem notar e uma vozinha dentro de mim, pareceu xingar-me pela covardia.

Bellamy foi me soltando gradativamente, até o calor de seu corpo me abandonar. Ele encarou brevemente minha marca de nascença no pulso, que agora permanecia com uma cor roxeada.

—Talvez devesse ter medo de mim. —Afirmou.

Minha cabeça girava cada vez mais rápido. Podia sentir uma pulsação nas têmporas. Estalos suaves ecoavam em meus ouvidos, e manchas negras apareceram diante dos meus olhos.

Logo soube o que estava prestes a começar.

Tentei encher os pulmões, mas era como se o ar tivesse sumido. Quanto mais eu tentava inspirar, mais apertada ficava minha garganta.

Bellamy avançou na minha direção.

—Afaste-se.

Ele não respeitou minha ordem. Ao invés disso, puxou meu corpo jogado no chão e me colocou em seu ombro esquerdo. Contra minha vontade, abriu a porta do quarto e saiu pelo corredor.

Passamos pelo saguão e o homem da recepção nos olhou surpreso. Bellamy seguiu, carregando meu corpo mole com a maior facilidade.

Lá fora a chuva estava amena. Minha visão começou a ficar turva, mas eu ainda conseguia enxergar seus pés afundando nas poças.

—Não deixe que suas memórias lhe atormentem. —Suas palavras fizeram que um pouco do oxigênio voltasse.

Sem esforço, fui colocada no banco do motorista. Ele passou para o outro lado e trancou as duas portas.

Bellamy ligou o motor e deu partida no veiculo, dirigindo numa velocidade maior. Não demorou muito para que meu subconsciente raciocinasse e que minha especulação tivesse sua comprovação. O Jeep realmente não havia parado de funcionar. Tudo aquilo tinha sido mais uma das inúmeras mentiras e interpretações do Blake.

•••

Ele encostou o carro em frente da minha casa. Ainda ofegante, apoiei minha mão no pino e encarei os pingos que escorriam pelo vidro.

Já não conseguia esconder o tremor dos meus músculos e sequer me importava. Eu não queria continuar perto dele.

—Está cedo. Sua mãe não vai perceber que saiu.

Não respondi.

Ainda fazia o esforço para absorver cada detalhe da conversa que eu presenciara no cemitério. Isso era definitivamente o que me assombraria de agora em diante.

Raven dizia naturalmente sobre algo que nunca, em hipótese alguma, eu teria sequer imaginado. E meu corpo arrepiava apenas por lembrar aquelas informações.

—Clarke... —Seu tom indicava receio, como se ele não soubesse o que dizer.

—Fique longe de mim.

Seu silencio me antecedeu e ultrapassou minha alma. Abri a porta e sai antes que ele decidisse impedir-me. Caminhei até a varanda me obrigando a não olhar para trás.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Algumas pessoas me perguntaram por mensagem como é a casa da Clarke. Então respondendo a pergunta de vcs, peço que vão até o cap 3, pq lá tem um aesthetic q mostra como eu imaginei.
Falando sobre o cap anterior... Queria avisar que eu estava ansiosa para chegar nesse ponto. Não pensem que descobriram tudo (risada maléfica). Eu só acredito que a partir desse cap, todo o desenrolar que eu criei e adaptei vai começar. Agora as coisas vão fluir, se preparem haha
Então é isso! Beijos pra todo(a)s
Mandem reviews. Eu aguardo por seus julgamentos e opiniões :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perturba-me" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.