Perturba-me escrita por Laila Gouveia


Capítulo 10
cúmplices de uma mentira


Notas iniciais do capítulo

Prometi e voltei
Esse cap tbm não está grande. (não comparem com o do parque de diversões pq fica dificil kk)
Espero que gostem. Aproveitem!



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Não consegui processar qualquer movimento seguinte. Tudo funcionava em câmera lenta. Fui levada para a diretoria. Os sons abafados dos curiosos funcionários falando ao meu redor ecoavam em minha mente. Logo minha mãe chegou. Ela pediu algo ao diretor e ele concordou. Então descemos a escada e passamos pelo pátio.

 Alguns alunos riam, enquanto outros estavam vidrados em minha roupa. Pude ver Lexa se aproximando e dizendo alguma coisa que não entendi. Eu senti vontade de abraça-la, mas sequer deu tempo para o ato. Ela logo percebeu minha incompreensão dos fatos, e se afastou, dando a mim e minha mãe espaço para seguir.

Nos portões encontramos Jasper e Monty. Eles me olharam com piedade, e isso me abalou de tal forma, que comecei a chorar naquele momento. Em meio a soluços, minha mãe continuou me encaminhando até o estacionamento. Ela me deixou dentro do seu carro, e fechou a porta, voltando para a escola.

Olhei para meus pés descalços, que estava cheio de terra. Forcei minha mente, mas era um desencadeamento de memórias inúteis. Tudo girava. Tudo estava sem nexo.

De repente fui colocada em realidade, com um barulho no vidro. Virei-me assustada.

 Não era o homem de minhas alucinações, como eu rapidamente imaginei. Ao contrario, era o homem real dos meus pesadelos. Abri o vidro, sem expectativas do que ele queria.

—Por acaso esta tentando criar uma nova moda? —Bellamy me analisou de cima até embaixo.

—É capaz das garotas na escola começarem a vir assim amanhã. —Falei espontaneamente.

—Não duvido. ­—Ele riu pelo nariz. Soltei uma leve risada também, mas imediatamente parei, ao notar que estava iniciando uma divertida conversa com ele.

—O que você está fazendo aqui no estacionamento? —Ele perguntou aparentemente inocente, sem realmente entender.

—Pediram que eu ficasse aqui.

—Não quer ter aula de biologia? —Arqueou a sobrancelha. —Esta fugindo de mim?

—Você não é tão especial assim. —Facilmente ele conseguiu fazer com que eu esquecesse o meu atual problema, e me estressasse com sua normalidade irritante.

—Talvez esteja fugindo do que sente por mim. —Sugeriu debochado.

Encarei-o nervosa.

—Não sinto nada por você que não seja ódio.

—Não foi o que pareceu ontem à noite. —Ele abriu um sorriso malicioso.

—O que aconteceu ontem, foi um erro.

—Um erro que eu repetiria várias e várias vezes. —Disse provocativo.

—É melhor ir tirando essa ideia da cabeça. Por que não vai se repetir. Nunca mais.

—Nunca diga nunca, Clarke.

—Você não me engana. Sei que esconde alguma coisa que ninguém sabe. Sei que não é o que diz ser.

—Do que está falando? —Ele pareceu surpreso.

—Estou dizendo sobre seu passado. Eu vi sua ficha hoje, e adivinha o tinha lá? Nada. Completamente vazio. Como alguém pode ter uma ficha escolar vazia?

—Você mexeu em minha ficha? —Ele riu. —Acho que agora posso acrescentar na lista de biologia que você fez algo ilegal.

—Não mude de assunto. —Lhe olhei inquisitiva. —Eu senti alguma coisa estranha no momento em que te vi. Soube que algo estava errado assim que você ficou me adivinhando.

—Eu avisei que nunca tinha frequentado a escola.

—Marcus disse que você foi transferido.

—O professor não conhece meu passado. E você não está pronta para descobrir. Ninguém esta.

—Eu odeio isso sabia? Você sempre fica me provocando ou tentando me deixar curiosa.

—Você facilita. —Disse colocando meu cabelo atrás da orelha.

—Quer saber? Não interessa. —Expulsei a mão dele do meu cabelo, como alguém expulsa um mosquito. —Não pense que esta ganhando.

—Enquanto eu puder te ver... Linda desse jeito. Sempre estarei ganhando.

—Está faltando um mês para as aulas acabarem e a formatura acontecer. O que significa que em breve não me verá mais.

—Até lá você vai estar completamente apaixonada por mim.

Não resisti e soltei uma alta gargalhada.

—Não vai subir para as salas? —O Blake mudou o assunto.

—Não! —Disse seca.

—Fica tranquila, princesa. Não vou contar para ninguém sobre nós. Vai ser nosso segredo.

—Não existe, nós!! —Me irritei.

Ele se aproximou e deu um beijo em minha bochecha. 

—Por que veio assim pra escola, Clarke? —Seu olhar foi sincero.

—Não vou dar motivos para você me provocar. —Falei recuperando o ar, que não notei ter perdido.

—Então é verdade o que estão dizendo? Você dormiu na escola?

—Sabia que você tinha vindo aqui pra isso. Manda ver! Pode me chamar de louca!

—Eu não te acho louca, princesa. E não vim aqui pra isso. Não dou a mínima para o que aqueles idiotas falam dentro dessa escola.

—É claro que liga. Você é que nem todos os caras que estudaram comigo, um metido e babaca.

—Eu só me importo com você, aqui.

Ele me encarou de forma tão protetora, que meu coração chegou a bater rápido por instantes.

—É mentira. —Soltei.

—Não minto pra você.

—Eu... —Não conseguia dizer nada coerente.

—Amanhã vou estar de folga. O que acha de esquecer todos esses dramas e ir comigo numa festa?

—Festa?

—Festa, princesa... Música, bebida, gente.

—Não acho uma boa ideia.

—Por que esta encrencada?

—Não! —Em parte sabia que era por isso. Minha mãe me internaria assim que terminasse sua conversa com o diretor. —Não é uma boa ideia, estar em qualquer lugar onde você esteja.

—Você quer ir! Não consegue esconder isso.

—Não quero não! —Exclamei.

—Eu te vejo lá, então.

—Para com isso! Eu falei que não vou. Por que tem tanta certeza assim?

—Por que eu sei.

Antes que eu pudesse responder, Bellamy desencostou da janela do carro e se afastou.

—E você? Não vai pras aulas? —Por fim falei.

—Não tem graça se você não estiver lá.

Ele começou a andar em direção a moto que estava do outro lado do estacionamento. Fiquei tão concentrada em seus movimentos, que só fui perceber que minha mãe havia chegado, quando ela bateu a porta do carro ao fechar.

—Quem é aquele rapaz de capacete? —Ela apontou para Bellamy.

—Não sei. —Disse desconcertada.

—Não quero ver você se envolvendo com rapazes assim.

—Assim como?

Ela parou um pouco tentando achar uma resposta.

—Esses motoqueiros. —Concluiu seus pensamentos. —Meu coração gela só de pensar em você andando de moto por ai, em alta velocidade.

O peso da culpa me fez olhar para o volante.

Quando voltei a encarar seus olhos, percebi que ela tinha voltado. Isso significava que tinha acabado de falar sobre meus atos imprudentes na escola, e que eu receberia o veredito.

—Clarke! —Sua expressão era de preocupação. —Sem desculpas, e mentiras. Pode me contar o que deu em você pra fazer isso?

Pensei em explicar. Mas nada do que inventasse me faria sair dessa situação sem acabar na sala do meu psicólogo.

—Não acredito que aceitou fazer isso, filha! —Exasperou antes que eu dissesse algo. —Jasper e Monty foram até a diretoria e contaram tudo.

Meu corpo ficou imóvel.

—Sorte a de vocês o diretor ser um homem compreensível.

—Como? —Definitivamente não estava entendendo.

—Eles disseram que você aceitou fazer o trote de dormir na escola com pijama.

Ela percebeu que eu não conseguia falar nada e continuou.

— Essas maluquices de fim de ano têm limites, sabiam? Eu quase enforquei aqueles dois quando interromperam minha conversa com o diretor, pra dizerem que tudo não passou de um trote. Que vocês três tinham combinado tudo isso. —Passou a mão em seus fios indomáveis, levando para trás e amarrando o cabelo.

—Eles disseram isso? —Eu estava surpresa demais.

—Tem ideia do susto que levei quando a secretaria ligou ao hospital avisando que minha filha estava dormindo no chão da escola? Meu Deus!

—Mãe... eu... eles...

—Só não vou deixar você de castigo, porque eles confessaram. E por que... —Ela sorriu estranhamente. —Eu também gostava desses desafios na época do colégio. Confesso.

Suspirei aliviada, tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer. Eu não recebi o famoso olhar da minha mãe quando tinha surtos tempos atrás, diferente disso, estava recebendo um olhar divertido.

•••

Jasper e Monty sabiam que estavam correndo riscos. Eles sabiam... E mesmo assim mentiram. Inventaram a desculpa mais idiota do mundo, mas mentiram. Não por interesse, ou por pena, foi por mim!

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Quero bastante reviews, hein!!!
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