Perturba-me escrita por Laila Gouveia


Capítulo 1
O.L.H.O.S ○ N.E.G.R.O.S


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Pensei em criar uma história sobre Bellarke, baseado no livro Sussurro – Hush, Hush da autora Becca Fitzpatrick.
Nem todos os personagens de The 100 estarão presente.
Somente um nome do livro será citado.

Essa é a minha primeira fic, espero que gostem.



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...DEUS NÃO PERDOOU OS ANJOS QUE PECARAM

MAS OS LANÇOU AO INFERNO

E OS ENTREGOU ÁS CADEIAS DA ESCURIDÃO,

FICANDO RESERVADOS PARA O JUÍZO ...

                                                                                                                 --2 PEDRO 2:4

 

 

Entrei no laboratório de biologia e o meu queixo caiu. Lá estava, misteriosamente grudada no quadro-negro, uma boneca Barbie. Devidamente acompanhada por Ken. Os dois tinham sido postos de braços dados e estariam completamente nus, não fossem as pequenas folhas artificiais colocadas em alguns lugares estratégicos. Rabiscado de giz, sobre as cabeças dos dois, lia-se: BEM VINDOS À REPRODUÇÃO HUMANA (SEXO).

—É por esta e outras que a escola proíbe celulares com câmeras em sala de aula. —Disse Jasper ao meu lado. —Se eu tirasse fotos disso, conseguiria que o conselho de educação eliminasse a biologia do currículo.  Aí a gente poderia ocupar o nosso tempo com algo realmente útil, como...

—Como jogos de videogame! —Interrompeu Monty Green, que se espreitava ao nosso meio.

—Estamos falando de aulas escolares. Não poderíamos ocupar nosso tempo jogando aqui. —Falei contestando.

—Então poderíamos ter aulas de robótica. —Monty argumentou convencido, e o magrelo alto ao seu lado, sorriu divertido e levantou a mão para ambos fazer um toque.

—Como assim, meninos? Podia jurar que tivessem passado o semestre inteiro, ansiosos por essa matéria.

Eles abriram um sorriso perverso.

—Aqui ninguém vai ensinar nada do que a gente não saiba. —Jasper indagou.

—Mas o nome de vocês não começa com V... de virgem?

—Como se você também não fosse. ­—Ele rebateu, satisfeito.

Fiquei alguns segundos fingindo seriedade enquanto encarava-os, até soltar uma risada baixa, os fazendo rirem também.

 Quando o sinal tocou, Green saiu correndo para a sala ao lado, deixando-nos com um aceno. Jasper e eu fomos para nossos lugares, que ficavam lado a lado em uma carteira dupla.

O professor Marcus entrou na sala quando todos já haviam sentado, e parou de costas para a lousa.

—Silêncio! —Exclamou sonoro.

Para Marcus Kane, ensinar biologia à turma do ensino médio era uma arte. Seu cabelo bagunçado e sua roupa mal passada significava por fato, que o mesmo tinha ficado a noite inteira elaborando aulas novamente. E isso deveria ser avaliado como decepcionante a um homem de meia-idade.

—Talvez não tenha passado pela cabeça de vocês que o sexo é mais do que um passeio de 15 minutos no banco de trás de um carro. É uma ciência. E o que é uma ciência?

—Uma chatice! —Gritou um garoto no fundo da sala.

Os olhos do professor percorreram a primeira fileira, e pararam em mim.

—Clarke?

—É o estudo de alguma coisa. —Falei

Ele se aproximou e bateu com o indicador na mesa à minha frente.

—O que mais?

—É o conhecimento adquirido pela experimentação e pela observação.

Que beleza! Agora parecia que eu estava fazendo um teste para a versão em áudio do nosso livro escolar.

—Nas suas palavras.

Toquei meu lábio superior com a ponta da língua e tentei encontrar outras palavras.

—Ciência é uma investigação... —Acabou soando como uma pergunta.

—Ciência é uma investigação. —Disse Marcus, esfregando as mãos. —A ciência exige que a gente se transforme em espiões. É necessário muita pratica para se realizar um bom trabalho de detetive.

—O sexo também exige muita prática. —Comentou outra pessoa no fundo da sala.

Todos tentamos conter o riso enquanto o professor apontava um dedo de advertência na direção do malfeitor.

—Esse não vai ser o dever de casa hoje. —Ele voltou-se novamente para mim. —Clarke, você se senta com Jasper desde o início do ano.

Assenti com um gesto de cabeça, mas tinha um palpite ruim sobre o rumo que o assunto tomaria.

—Aposto que vocês dois sabem muito sobre o outro.

O magrelo alto chutou-me levemente embaixo da mesa. Sabia o que ele estava pensando: que o professor não tinha a mínima ideia de quanto nos conhecíamos. E não estou falando apenas de segredos que enterramos. Jasper e Monty eram meus melhores amigos desde o fundamental. Existe um fio invisível que nos une. Desde o dia em que os vi sentados no refeitório discutindo sobre a necessidade de se assistir Star Wars, de alguma forma, eu senti que seriamos amigos até o fim. E no momento em que sentei no banco da frente e respondi sobre a necessidade de se ler os livros de Harry Potter também, seus olhares me comprovaram isso. Nós três podemos jurar que esse elo começou antes mesmo de nascermos. E podemos jurar que vai existir até o fim da vida.

Marcus Kane contemplou a turma.

—Na verdade, aposto que cada um de vocês conhece bem demais a pessoa sentada ao seu lado. Vocês escolheram esses lugares por alguma razão, certo? Foi pela familiaridade. Que pena, pois os melhores detetives evitam a familiaridade. Ela embaça o instinto investigativo. E é por esse motivo que hoje vamos reorganizar seus lugares.

Abri a boca para protestar, mas Jasper foi mais rápido.

—Como assim? Já estamos quase no fim do período letivo. Você não pode inventar esse tipo de coisa agora.

O professor esboçou um sorriso.

—Posso decidir onde vocês vão sentar até o ultimo dia de aula. E se for reprovado na matéria, vai voltar para esse mesmo lugar e aguentar minhas novidades mais uma vez.

Jasper olhou feio para ele. Meu melhor amigo é famoso por esse olhar. É um olhar que já diz tudo, ele nem precisa abrir a boca. Sem se importar, Marcus andou para sua cadeira e sentou. –e nós entendemos a mensagem.

—Quem estiver sentado ao lado esquerdo da mesa, isto é, à sua esquerda, deve avançar um lugar. Aqueles que estão na primeira fila, e isso inclui você, Jordan, vão para o fundo da sala.

Jasper jogou o caderno dentro da mochila e fechou o zíper com raiva. Dei um tchauzinho triste, mas ele já estava de costas, marchando para o fim da sala. Virei-me discretamente, observando o restante dos alunos. Sabia o nome de todos... menos o de um. O aluno novo. O professor nunca se dirigia a ele, e o rapaz parecia preferir que fosse assim. Estava jogado em uma carteira atrás de mim, os olhos negros e frios fixados num ponto adiante. Como sempre. Nunca acreditei que ele simplesmente passasse o tempo todo sentado ali, dia após dia, fitando o vazio. Tinha de estar pensando em algo, mas o instinto me dizia que eu não ia querer saber.

Ele colocou o livro de biologia na mesa e deslizou para a antiga cadeira de Jasper. Sua blusa preta contrastava com sua pele morena.

Queria ser educada, então sorri.

—Oi. Sou Clarke.

Num ímpeto seus olhos me atravessaram e os cantos de sua boca se ergueram. Meu coração parou por um segundo e, naquela pausa, um sentimento sinistro e desesperador pareceu me envolver como uma sombra. O sorriso dele não era amistoso, era um sorriso que queria dizer problema.

Problema garantido.

 


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Notas finais do capítulo

Digam o que acharam.
xoxo :3



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