Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 9
Mechas


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas lindas ♥
Como vão? Eu estou muito bem ^^
Bom, acho que dessa vez demorei um pouco, e aproveito para explicar o sumiço junto com outro aviso, mas para não super lotar aqui, deixo o aviso nas notas finais, leiam se possivel.
Por ora, apenas, aproveitem mais um capitulo ^^
Boa leitura!



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Katie entrou novamente em casa com um sorriso, pela primeira vez em muito tempo. Havia feito uma amiga, uma amiga, finalmente. Porém, seu sorriso não se sustentou por muito tempo, assim que fechou a porta seu olhar recaiu sobre o seu pai, estatelado inconsciente no sofá.

Ele parecia um cadáver, e Katie desejou que ele fosse exatamente isso, mas se arrependeu um segundo depois, pelos deuses, ele era seu pai, um bêbado agressivo, mas ainda pai, Katie não podia simplesmente desejar que ele morresse. Suspirou e ajoelhou-se ao lado do homem, tocou sua testa e chegou mais uma vez sua pulsação, continuava vivo.

Levantou-se e seguiu para a cozinha, puxou um kit de primeiro socorros da última prateleira, voltou a sala afim de cuidar do olho roxo do pai mas no momento que iria fazer isso lembrou-se da vez que possuía exatamente o mesmo machucado, causado pelo homem em sua frente. Em um acesso de raiva seu pai a havia socado e deixado um dos olhos da menina completamente roxo, ela teve que faltar uma semana inteira no colégio, alegando estar com conjuntivite.

Sentou-se e ponderou, deveria mesmo ajudar aquele monstro? Que batia nela? Que a machucava não só física mas como emocionalmente? Deveria ter piedade de um homem desprovido de quaisquer sentimentos do tipo?

Katie estava confusa, não sabia o que fazer. Ajuda-lo ou deixar a mercê de si próprio? Deveria ter compaixão dele ou apenas imitar seu comportamento de ignorância para com o próximo? Katie meditou alguns segundos sobre as possibilidades e começou a limpar o ferimento do pai.

Se ela o ignorasse estaria fazendo exatamente o mesmo que ele, seria igual a ele e isso era algo que Katie não queria, queria ser o exato oposto do pai. Fez o melhor que pode em relação ao ferimento de seu pai e seguiu para seu quarto, trocou de roupa e deitou, dormiu na mesma velocidade que deitou.

Acordou alguns segundos antes de seus despertador tocar, rumou ao banheiro e fez sua higiene matinal, colocou uma calça simples, uma blusa branca rendada com ramos verdes, uma sandália aberta, fez uma trança no cabelo e colocou uma coroa de flores. Pegou os materiais e foi até a cozinha, pegou uma fruta aleatória e seguiu para a sala, não havia nenhum sinal do pai, foi até o quarto dele e viu que estava intacto, o que significava que ele havia saído novamente. Revirou os olhos e seguiu para a escola, evitando pensar no pai.

Já dentro do colégio seguiu direto para sua sala, mas uma mão a parou antes.

—Não cumprimenta mais os amigos? –Thalia estava em sua frente, usando suas típicas roupas pesadas, um sorriso divertido estampava o seu rosto fortemente maquiado.

—Não te vi, desculpe. –Respondeu abrindo um sorriso tímido.

—Eu sou um ponto preto no meio de um mar cor de rosa, acho que é impossível não me ver. –Thalia disse divertida. –Precisa arranjar uma desculpa melhor na próxima.

—Eu estava muito distraída, me desculpe. –Katie murmurou.

—Eu estou brincando, não precisa se desculpar por tudo. –Thalia respondeu. –Está tudo bem?

—Sim, quer dizer, mais ou menos. –Katie disse, confusa. –Meu pai não estava em casa quando acordei hoje de manhã.

—Faz alguma ideia de onde ele pode estar?                       

—Não, mas isso não importa, não quero falar sobre ele tão cedo. –Katie cortou o assunto que tanto a incomodava.

—Ok. –Thalia respondeu e sorriu. –Qual sua primeira aula?

—Álgebra e a sua? –Perguntou sorrindo.

—Também, sorte. –Thalia abraçou Katie pelos ombros e seguiram para a sala. Katie pode sentir alguns olhares sobre si e a amiga, murmúrios também eram ouvidos, francamente, essas pessoas não tinha vida própria para cuidar?

Sentaram-se uma ao lado da outra e falaram sobre amenidades enquanto o professor não chegava. A aula foi tranquila, o resto do dia também, na saída Thalia e Katie conversavam.

—O que vai fazer hoje? –Katie perguntou, andando lado a lado com a garota.

—Provavelmente cortar meu cabelo e retocar as mechas. –Thalia deu de ombros, mas Katie não, arregalou os olhos e encarou a garota.

—Você mesma corta seu cabelo? –Perguntou, surpresa.

—Sim. –Thalia falou, dando uma risada em seguida. –Por que o espanto?

—É que eu nunca vi alguém que cortasse o próprio cabelo. –Katie respondeu envergonhada.

—Não gosto de cabelereiros. –Deu de ombros mais uma vez.

—Isso é legal. –Katie confessou, sorrindo. –Seu cabelo é lindo e as mechas são incríveis.

—Você acha? –Thalia perguntou, envergonhada. –É a primeira pessoa que acha isso. –Confessou.

—Jura? –Katie perguntou.

—Sim, Hera acha meu cabelo horrível, meu pai acha que é mal cortado e em geral todos acham que é feio, mas eu gosto.

—Sua opinião é a única que importa nesse quesito. –Katie confortou-a, sorrindo. –Afinal, o cabelo está na sua cabeça, não?

—A cada segundo você faz eu gostar ainda mais de você. –Thalia soltou uma risada anasalada. –Não perguntei antes, mas e você? Vai fazer o que hoje à tarde?

—Nada, talvez limpar a casa e cuidar da horta, mas nada em especial. –Katie deu de ombros, suspirando. –Minha vida é bem pacata.

—Não precisa ser. –Thalia disse abrindo um sorriso.

—O que quer dizer? –Katie perguntou, curiosa.

—Tem tantas coisas que você pode fazer, ficar só em casa limpando não é exatamente um conceito de aproveitamento da vida. –Thalia disse.

—Tem alguma ideia? –Katie perguntou sorrindo.

—Várias. –Respondeu, sorrindo de volta.

—O que sugere?

—Primeiro vamos mudar seu visual. –Thalia disse, analisando Katie.

—O que tem de errado com meu visual? –Katie perguntou, confusa, olhando para a sua blusa.

—Me expressei mal, não o visual, o cabelo. –Thalia disse. –O que acha de umas mechas? –Perguntou, maliciosamente.

—Mechas? –Katie perguntou surpresa. –Acho que meu pai, não ia gostar.

—Você gosta do fato dele beber? –Thalia rebateu.

—Não.

—E ele não vai gostar das suas mechas, estão quites.

—Não sei não, Thalia... –Katie começou, preparada para listar todos os motivos pelos quais não era uma boa ideia.

—Ah, qual é, Katie? –Thalia a cortou. –Se você viver sempre se preocupando com as consequências nunca será feliz.

Katie parou, pensando por alguns segundos, seu pai sempre fazia coisas que ela não gostava, estava na hora dela retribuir, sem contar que Katie sempre achou cabelos coloridos lindos.

—Tudo bem, mas eu não quero azul. –Katie concordou, sorrindo, o que fez Thalia fazer uma dancinha da vitória.

Seguiram juntas para uma lojinha aleatória, compraram água oxigenada, alguns produtos que Thalia explicou como importantes e tinta para cabelo verde, em um tom que contrastava com os olhos de Katie. Aproveitaram e almoçaram em um restaurante ali perto, já que Thalia disse que não seria legal almoçar com Hera e Zeus, eles encheriam Katie de perguntas já que ela seria a primeira amiga que Thalia levava em casa.

Chegaram à casa de Thalia e conseguiram chegar até o quarto da garota sem encontrar com ninguém, o que aliviou muito Thalia.

—Senta aqui. –Thalia pediu para Katie, apontando uma cadeira.

—Ok. –Katie concordou e sentou-se. Thalia parou em frente a ela e analisou-a um pouco.

—Se importa se eu cortar um pouco as pontas? –Perguntou, segurando uma tesoura.

—Contanto que corte só as pontas, não. –Katie sorriu e Thalia retribuiu, cortou apenas as pontas, como prometido e preparou uma mistura.

—O que acha de invés de fazer mechas você visse um californiano? –Thalia pediu, analisando o rosto da amiga.

—O que é isso? –Katie perguntou, envergonhada por ser tão leiga no quesito cabelo, não podiam culpa-la, a única coisa que Katie fazia era lavar os cabelos e corta-los quando necessário, era leiga no assunto.

—Eu vou descolorir as pontas do seu cabelo e depois pinta-las, o que acha? –Perguntou.

—Não sei, o que você acha, a expert aqui é você? –Katie disse sorrindo.

—Acho que vai ficar lindo. –Respondeu, sorrindo também.

—Ok, confio em você. –Katie respondeu e começou a folear uma revista que havia ali.

Thalia começou o seu “trabalho” ali e fez tudo corretamente, enquanto fazia os processos dava algumas explicações sobre os cuidados que Katie deveria ter, hidratação, nutrição e restauração, explicava sobre alguns cremes e ria da confusão da garota.

—Pronto. –Thalia respondeu após terminar de secar o cabelo dela. Já havia passado quase duas horas desde que ela havia começado, descoloriu, esperou, pintou, esperou, enxaguou, secou e finalmente estava pronto.

Katie ficou parada alguns segundos, estática, encarando o seu reflexo. Não havia colocado muita fé em relação aos resultados, não esperava que ficasse bonito, queria apenas irritar seu pai, na verdade, Katie achava que ficaria estranho, mas o reflexo a sua frente dizia o contrário. A cor havia combinado, tudo combinava, estava perfeito.

—O que achou? –Thalia perguntou, nervosa, após o longo silencio da garota.

—Eu... eu amei. –Katie exclamou e abraçou Thalia. –Obrigado, obrigado, obrigado...

Thalia soltou uma risada e retribuiu o abraço.

—Ah, eu não fiz muita coisa. –Respondeu, modestamente.

—Não seja assim, você fez praticamente um milagre aqui. –Katie disse, divertida. –Você é muito talentosa.

—Isso é fruto de horas de tutorias do youtube. –Thalia disse rindo. –Agora eu vou retocar o meu, pode ficar e ver, se quiser.

—Eu quero. –Respondeu e sentou-se, prestando atenção em cada movimento da amiga.

—Quando o seu desbotar eu retoco para você. –Thalia disse sorrindo.

—Obrigado, Thalia. –Katie disse, verdadeiramente alegre.

 

 

Silena já não aguentava mais o eco irritante que seu salto produzia, pensou seriamente em joga-lo na parede e só não fez por haver mais pessoas no corredor, pessoas que a achariam completamente louca se o fizesse. Ignorou o ódio que dirigia aos sapatos e seguiu para a sala de aula, tinha química, azar.

Sentou-se próxima a janela, ficou olhando para fora enquanto o professor não chegava, pensando em qualquer coisa que pudesse a distrair da leve dor que sentia no estomago, dor que já era familiar a garota.

Ouviu a voz do professor e deu graças aos céus, mas não durou muito.

—Hoje faremos um trabalho em dupla, vou deixá-los livres para escolherem os seus pares, só não causem tumultos. –O professor mal terminou e a sala virou uma verdadeira zona, alunos berrava e corriam para seus pares.

Silena ficou com olhar perdido por alguns segundos, do que adiantava ser popular se ninguém queria ser seu par? Passou o olhar discretamente pela sala e de longe viu uma cabeleira loira familiar, sozinha; não perdeu tempo e correu até ela.

—Annie. –Silena disse, realmente feliz, era a primeira vez que via a garota desde o incidente com Ethan.

—Oi, Si. –Annie levantou o olhar, sorriu e baixou novamente o olhar.

—Já tem par? –Perguntou, torcendo para que ela negasse.

—Não. –Annie murmurou.

—Posso ser o seu? –Perguntou, sorrindo.

—Claro. –Ela respondeu.

Silena sentou-se ao lado de Annabeth e ouviu a explicação dela, ela era muito inteligente, Silena ficou admirada, ela explicava de uma forma muito clara e até mesmo Silena conseguiu compreender completamente e realizar quase metade do trabalho sozinha.

—Você é tão inteligente, mas não é de falar muito né? –Silena perguntou, um pouco decepcionada por não conseguir puxar assunto com a loira.

—Não é isso, eu apenas estou concentrada no estudo. –Respondeu, sem desviar o olhar do livro.

—Mas já terminamos o trabalho? –Silena murmurou, um tanto confusa.

—Eu sei, apenas não posso desviar meu foco, preciso estudar mais. –Annabeth respondeu, quase automaticamente.

—Por que? –Silena perguntou, em um misto de confusão e curiosidade.

—Nem todos são bonitos e ricos como você, alguns precisão batalhar para conseguir alguma coisa nesse mundo. –Annabeth disse, com a voz cortante.

—O que? –Silena perguntou, espantada.

—Deixa eu explicar de uma forma pausada, o único jeito de você entender, pelo jeito. –Annabeth murmurou. –Nem todos ganham tudo de mão beijada, beleza, dinheiro e coisas do tipo, algumas pessoas precisam batalhar por essas coisas.

—Está tentando insinuar o que? –Silena perguntou, magoada.

—Que você é uma patricinha burra que consegue tudo que quer de mão beijada, tem a vida perfeita e não consegue entender os outros que não fazem parte do seu mundinho cor de rosa perfeito.

Silena encarou a colega, pequenas lágrimas se acumularam no canto de seus olhos, mas Silena não choraria.

—Por que está fazendo isso? Eu só queria ser sua amiga. –Silena murmurou, quase sussurrando.

—Não preciso de uma amiga, não uma como você, pelo menos. –Annabeth respondeu.

Silena não conseguiu se controlar e estalou o rosto de Annie com sua mão, um tapa forte o suficiente para marcar seus cinco dedos na face da loira que estava estática.

—Você é desprezível. –Silena sussurrou, com nojo.

Levantou-se sentindo as lágrimas escorrendo, e correu para fora, sem se importar, com a aula, com o sinal ou com os colegas.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Pode não parecer mas esse trechinho da Thalia com a Katie vai ter muita importancia e por favor, não crucifiquem a Annie, eu juro que no próximo capitulo vocês vão entender o ponto de vista dela e os motivos dela, okay?
Bom, quanto ao aviso, as postagens podem começar a demorar um pouco, nada maior que uma semana, eu juro, mas não será tão frequente quanto antes. A volta aulas, volta aos cursos e a rotina normal me complicaram um pouco, mas não se preocupem, não vou abandonar a fic, juro.
Era só isso, espero que tenham gostado, se puderem deixem seu comentário e nos vemos no próximo capitulo