Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 7
Conselho


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente linda, tenho algumas coisas a dizer.
Em primeiro lugar, chegamos a marca de 40 acompanhamentos, minha nossa senhora, eu to muito feliz, obrigado a todos que ajudaram a isso, eu sou muito grata a vocês.
Em segundo lugar, você viram que a história está de capa nova? linda, aliás. Agradeço a Bird, essa maravilhosa, por ter feito ela, ficou fantástica.
Em terceiro lugar, mais uma recomendação, nossa sinhora, cês querem que eu morra mesmo né? Obrigado, Ruiva, amei demais, fiquei emocionada, de coração ♥

É isso, boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/675222/chapter/7

Katie levantou-se sentindo a cabeça latejar e os pulsos arderem, demorou alguns segundos para a garota perceber que estava deitada no chão do banheiro, os pulsos já não sangravam mais, uma fina camada de sangue seco impedia o sague de escorrer. A menina sentou-se e massageou as têmporas, suas costas doíam pelo tempo que ficaram sobre o chão duro e ela sentia calafrios pelo piso frio.

Não pensou muito apenas entrou no chuveiro, ligou-o no quente e deixou-se curtir a sensação da água quente em seu corpo. Seus pulsos ardiam muito, mas a menina ignorou a dor. Ficou quase dez minutos embaixo da água quente e saiu do banheiro, enrolada na toalha. Foi até o armário, pegou uma blusa branca com flores rendadas, uma saia longa colorida e um par de sandálias, vestiu-se e seguiu até a sua escrivaninha, agachou-se e pegou a caixa de primeiro socorros que guardava ali, abriu ela e usou álcool para limpar seus pulsos, fez uma careta pela ardência mas não parou, usou antisséptico e por fim fez um curativo simples.

Seguiu para o banheiro e fez um coque baixo, com alguns fios soltos, usou uma tiara com pequenas flores e analisou seu rosto, estava um pouco inchado pelo choro e o lado que havia levado o tapa ainda estava avermelhado. Suspirou e passou um pouco de água gelada, ela não usava maquiagem, nem mesmo possuía produtos para isso, o máximo que tinha era uma manteiga de cacau.

Escovou os dentes e voltou ao quarto, pegando suas pulseiras, ajeitou-as e pegou alguns anéis que adorava. Pegou a mochila e antes de sair conferiu suas plantas, não precisavam ser regadas, mas Katie as adubaria assim que voltasse da escola.

Chegou até a maçaneta do quarto, respirou fundo e contou até 10, abriu a porta vagarosamente e andou até a sala, tudo silencioso, o que significava que o pai de Katie estava fora, provavelmente bêbado em algum bar. A menina suspirou aliviada e seguiu para a cozinha, pegou um mamão o cortou e comeu lentamente. Conferiu o relógio e seguiu para o colégio.

Andou pelos corredores e foi até seu armário, pegou os livros que seriam necessários e no momento que fechou a porta, amaldiçoou todos os deuses que conhecia, já que ali em sua frente estavam Drew e suas escravas pessoais.

—Oi, Katie. –Drew disse com um sorriso maldoso. Katie nem mesmo respondeu, sabia que nada bom resultaria disso. –Adorei sua roupa. A mendiga acordou quando você roubou?

A menina nem respondeu, apenas abaixou a cabeça, não valia a pena discutir com seres acéfalas como elas, sem contar que Katie não havia se recuperado da briga anterior que teve com o pai, queria evitar conflitos desnecessários.

Drew e suas escravas começaram a falar algumas coisas que Katie não dava a mínima como o quanto o cabelo dela precisava de uma hidratação ou o quanto as unhas de Katie eram horríveis. A menina ouviu duas ou três palavras, mas ignorou o resto, ajeitou os livros na mão e saiu andando, como se Drew e suas amigas não estivesse sequer ali.

Ela conseguiu ouvir uma risada de longe, mas não se virou para conferir, apenas seguiu para a sua sala. Sentou-se em uma cadeira um pouco mais ao fundo e próxima a janela, de onde estava conseguia ver a entrada da escola e as árvores que balançavam conforme o vento passava. Ficou tão concentrada em admirar as árvores que só notou o professor na sala quando todo o barulho ao redor sessou. Katie voltou os olhos para frente e viu o professor de história, Quíron, já passando a matéria no quadro.

A aula passou sem mais problemas para Katie, ao fim de todas suas aulas, dirigiu-se para seu armário, evitando encontra-se com Drew ou com Febe e Lacy. Guardou o necessário e foi até a saída, indo direto para sua casa.

Abriu a porta e viu que tudo estava exatamente do jeito que havia deixado, o que significava que seu pai não havia voltado, por um momento Katie preocupou-se, afinal ele estava há mais de 12 horas fora de casa, mas logo o sentimento de preocupação deu lugar ao alívio.

A menina encaminhou-se para o quarto e trocou de roupa, colocando uma jardineira verde com um blusa branca, ficou descalça e prendeu o cabelo em um coque mais firme, retirou a tiara, os anéis e as pulseiras, refez apenas um curativo cujo o sangue havia vazado e manchado e saiu do quarto, indo diretamente para sua horta, atrás da casa.

Adubou os vegetais variados que haviam ali, regou e colheu os maduros, colocando em uma cesta, replantou o necessário, adubou novamente e entrou novamente em casa, indo para a cozinha. Lavou suas mãos e colocou a cesta em cima da mesma, pegando os vegetais que havia colhido, guardou o excesso e deixou apenas o necessário para fazer seu almoço

Lavou, descascou e preparou uma salada com seus vegetais, preparou também um suco de laranja e almoço enquanto lia um livro de botânica. Terminou de comer e lavou toda a louça suja, limpou a pia e organizou levemente a pouca bagunça que havia ali.

Seguiu para o jardim da frente, mais uma vez adubou tudo, regou e cuidou com extremo zelo de todas as plantas ali. Finalizou e seguiu para o seu quarto, adubando com cuidado as flores que haviam ali. Sorriu ao ver o resultado do seu trabalho e foi guardar os materiais que usou.

Voltou e seguiu para o banheiro, tomou um banho e lavou os cabelos, saiu ainda enrolada na toalha e vestiu-se com um vestido verde, leve e simples, deixou os cabelos secando naturalmente e foi fazer seus deveres. Após terminar os mesmo envolvesse na leitura de um livro e perdeu a noção do tempo.

Só deu-se conta de quanto tempo havia passado ao desviar o olhar do livro e ver que o lado de fora da janela estava quase complemente escuro. Arregalou os olhos e passado o susto bocejou, guardou o livro e foi até a sala, mais uma vez estava silenciosa, estranhou. Seu pai já deveria ter voltado. Katie andou de um lado para o outro, ponderando sobre o que podia fazer a respeito do “sumiço” do pai.

Ela tinha duas opção visíveis, ir atrás dele, procurar nos bares que ele costumava ir, ou ignorar ele e rezar para que ele estivesse na cadeia ou morto. A última opção era realmente tentadora para Katie, afinal ele era um maldito bêbado agressivo estuprador, não tinha como ficar pior do que isso, mas no fim, ele ainda era seu pai.

Katie suspirou e pegou um casaco.

—Sinto que vou me arrepender disso. –Murmurou enquanto abria a porta e seguia ao bar preferido de seu pai.

 

Silena Beauregard quase ajoelhou-se no chão, dando graças a todos os deuses que conhecia, no momento em que o sinal anunciou o fim da aula. Arrumou todos seus materiais em uma velocidade absurda para alguém com unhas enormes e correu para a saída, desajeitadamente, antes que seu professor resolvesse passar alguma tarefa para casa.

Enquanto ia em direção ao seu armário algumas pessoas a cumprimentaram, acenando e mandou beijos aéreos, Silena respondia todos sorrindo amigavelmente, apesar de não ser amiga propriamente dita deles. Colocou a combinação correta em seu armário e guardou seus livros, aproveitou para retocar seu batom; fechou a porta de seu armário e surpreendeu-se ao ver alguém parada atrás da porta, encarando Silena.

—Oi. –A pessoa murmurou, Silena logo reconheceu, era Clarisse La Rue, ela fazia educação física com a garota. Clarisse era alta e corpulenta, várias pessoas chamavam a menina de assustadora, apenas porque ela costumava se meter em brigas regularmente, mas Silena não compartilhava essa ideia da colega, na verdade, no ver de Silena, Clarisse era uma boa pessoa, apenas mal compreendida.

—Olá. –Respondeu, sorrindo gentilmente para a garota, que parecia envergonhada. –Precisa de algo, Clarisse?

—Sim. –A garota respondeu, ainda meio envergonhada, por algum motivo. –Um favor, para ser exata, poderia me ajudar?

—Se for algo do meu alcance, sim. –Silena respondeu, mantendo o tom gentil para a colega.

—Podemos ir para algum lugar mais reservado? –Clarisse perguntou. –Eu sei que não deve ser bom para sua imagem ficar perto de alguém como eu...

—O que? –Silena perguntou confusa. –Eu não me importo com esse tipo de coisa.

—Mas... eu pensei quê... –Clarisse começou mas Silena a cortou, sorrindo docemente.

—Pensou errado. –Disse tentando não soar grossa. –As pessoas costumam olhar para mim e tirar esse tipo de conclusão, você deveria entender isso melhor que ninguém.

—Você tem razão. –Clarisse concordou, aparentemente, engolindo o orgulho. –Me desculpe.

—Sem problemas. –Respondeu, gentilmente.

—Mas ainda podemos ir a um lugar reservado? –Clarisse perguntou. –Não gosto de falar sobre esse tipo de coisa com pessoas por perto.

—Ok. –Silena respondeu e seguiu a garota que já estava a alguns passos de distância.

Durante o caminho, Silena pode sentir os olhares de seus colegas pesando sobre si, tentou ignorar mas era difícil, os olhares eram espantados, estavam agindo como Silena estivesse cometendo um crime por estar junto de Clarisse.

—Eles não estão acreditando que a Bela está andando com a Fera. –Clarisse comentou, soltando uma risada ácida.

—Não refira a si mesma como Fera, é pejorativo. –Silena cortou, usando o mesmo tom que uma mãe usa para reprender os filhos.

Clarisse olhou torto para a garota, que soltou uma risada baixa. O resto do caminho foi em total silêncio, Silena queria puxar algum assunto mas não sabia exatamente como e Clarisse parecia perdida demais em seus próprios pensamentos para sequer perceber o silêncio instalado ali.

Antes que Silena se desse conta as duas já estavam entrando em um restaurante, sentaram-se em uma mesa mais afastada, quase totalmente isolada. O garçom as atendeu, Clarisse pediu um combo variado com algumas combinações de comida e Silena pediu apenas um suco natural.

—Sério que não vai comer nada? –Clarisse perguntou após o garçom trazer os pedidos.

—Eu comi demais no café da manhã. –Silena deu de ombros e tomou um gole de seu suco. –Bom, agora pode me contar do que precisa.

Clarisse mastigou uma batatinha lentamente enquanto encarava a mesa, totalmente perdida em pensamentos. Levantou o olhar e suspirou, Silena estranhou as atitudes da colega mas não disse nada.

—Bom... Eu preciso de um conselho. –Clarisse, constrangida.

—Que tipo de conselho? –Silena perguntou, gentilmente.

—Do tipo... –Clarisse começou, respirou fundo e completou, corada. –Amoroso.

—Amoroso? –A garota perguntou surpresa, Clarisse não era exatamente o tipo de pessoa que Silena imaginava pedindo um conselho desse tipo.

—Sim. –Respondeu, sentindo o rosto rubro. –Me falaram que você era boa com essa coisa de amor e tal.

—Bom, digamos que nem tanto. –Silena disse sorrindo, tentando fazer a vergonha da garota passar. –No momento estou totalmente “encalhada”.

Clarisse soltou uma risada e mordiscou uma batatinha.

—Olha, para te ajudar eu preciso saber toda a situação, detalhadamente. –Silena disse, calmamente. –Não se preocupe, nada do que me disser aqui sairá daqui, eu prometo.

Clarisse concordou e começou a contar sua história, ela não tinha nenhuma experiência com garotos, nem nunca se interessou pelo assunto, mas ultimamente algumas coisas haviam mudados para ela, estava começando a reparar mais em um colega em especial e toda a vez que o via sentia as famosas “borboletas no estomago”, que nas palavras de Clarisse eram “uma sensação parecida de quando eu levo um soco muito forte e minha barriga fica formigando depois”. Explicou que estava perdendo o sono, não treinava direito (a garota era boxeadora) e estava completamente perdida com relação a si mesma.

—Bom, Clarisse, acho que tanto eu como você sabemos do que se trata isso, certo? –Silena perguntou, mantendo um tom gentil. –Você está apaixonada por este garoto.

Clarisse tentou contestar, mas era algo inegável. Estava estampado na face da La Rue.

—O que eu faço? –Perguntou frustrada.

—Isso depende muito. –Silena respondeu docemente. –O que você quer fazer?

—Como assim? –A garota perguntou franzindo o cenho.

—O amor é diferente para cada pessoa. Existem pessoas que sentem mais, tem mais pressa, existem pessoas que sentem menos, tem mais calma. –Silena disse. –Você em primeiro lugar precisa ver o que quer fazer, se quer se declarar, se quer esperar, se quer fugir disso ou se quer aceitar.

—Esse é o problema, Silena. –Clarisse respondeu, enraivecida. –Eu não sei o que eu quero.

—Eu não posso descobrir por você, querida. –Silena disse, doce e suavemente. –É uma decisão sua, são seus sentimentos.

—Eu nem mesmo sabia que eu possuía essa coisa de menininha. –Respondeu mau humorada.

—O amor não é algo de “menininha” –Silena respondeu fazendo aspas com os dedos. –É um dos sentimentos mais bonitos que existe, você deveria sentir-se privilegiada por ter encontrado ele.

—O amor é cruel. –Retrucou, abaixando o olhar.

—O amor não é cruel, o ser humano é que. –Silena respondeu, com um suspiro.

—O que eu faço, Silena? –Clarisse perguntou, desesperada.

—Como eu disse antes, eu não posso decidir por você é algo que precisa vir de dentro, é sua vida, não deixe que ninguém a decida para você. –Silena respondeu, sorrindo. –Mas posso te dar um conselho, não fuja de seus sentimentos, aceite eles, não aja como se fosse de ferro, todos possuem sentimentos, mesmo que alguns não demonstrem.

Clarisse não respondeu. Silena prosseguiu.

—Pense com cuidado, se você acha melhor esperar para descobrir o que ele sente, se você acha melhor se declarar logo, tudo isso depende de você. –Silena disse, após tomar o último gole de seu suco. –Te darei minha opinião, não peça conselho a mais ninguém, o amor é diferente para cada pessoa, todo o ser humano sente algo diferente. Descubra como você se sente e depois tome uma atitude, ok?

Silena levantou-se e lançou um último sorriso para a colega.

—Só não pense demais, pode acabar estragando tudo. –E ainda sorrindo completou. –Após pensar e agir me diga como foi, vou adorar saber. Não se esqueça que estou aqui, caso precise desabafar, estarei sempre aqui quando precisar.

—Obrigado, Silena. –Clarisse respondeu, verdadeiramente agradecida.

—Não tem de quê, pense com carinho, hein?! –Silena respondeu. –Lembre-se de ouvir seu coração.

Dizendo isso saiu, com um pequeno sorriso em seu rosto. Seria tudo mais fácil se ela seguisse os próprios conselhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu falei que ia colocar casais secundarios, e eu sou apaixonada pela Clarisse então não resisti, sem contar que esse pedacinho lindo será fundamental para a história futuramente ^^
Bom, aproveito para agradecer os comentário do capitulo anterior, você são incriveis, pessoal!
Não se esqueçam de deixar o seu comentário, nos vemos no próximo capitulo, um grande beijo e até lá!