Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 5
Desnecessária


Notas iniciais do capítulo

AAHHHHH, JESUSMARIAJOSE, VO TE UM TRECO, ME SEGURA, ROSANA.
Lá estou, sem nada para fazer e resolvo abri o Nyah, entro na minha conta e o que eu vejo? DUAS, FUNCKINGS, RECOMENDAÇÕES, DUAS!!!!!!111!!!!ONZE!!! CÊS QUEREM QUE EU MORRA? NOSSASSINHORA.
A história tem apenas quatro capitulos e saber que em quatro capitulos eu consegui agradar tanto a ponto de duas pessoas decidirem recomendar me faz tão feliz, que nem mesmo posso explicar. É uma sensação indescritivel.
Gabihunter e Sophiatotti, suas perfeitas, tem noção do quanto estou amando vocês? Não? Dá uma olhadinha do céu, é mais ou menos desse tamanho. Gente, quero casar com vocês. Eu lia a recomendação de vocês e sorria igual a uma boba, de tanto que amei, li, reli e vou ler todos os dias. Obrigado mesmo.
Saiba que vou tentar não decepcionar vocês, eu juro.
Bom, sem enrolar mais, boa leitura ^^



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Silena andava pelas ruas com um mínimo sorriso, sentia-se bem por ter ajudado Annabeth, sentia-se uma boa pessoa. Decidiu alongar o caminho até em casa, pegando um desvio, afinal, uma boa caminhada queimava várias calorias e Silena precisava disso.

Pegou seu Ipod e seus fones de ouvidos, colocou-os e selecionou uma playlist animada, ótima para exercícios, guardou o aparelho em seu bolso e seguiu caminho e cantarolando baixinho a melodia enérgica da música.

Silena passou por uma praça, por vários prédios, algumas casas e uma escolinha, viu de longe crianças brincando de pega-pega e sorriu, continuou seu caminho e passou por uma metalúrgica enorme, o nome era Hefestus ou algo assim.

Passou pela porta de um restaurante e o cheiro fresco de comida a atingiu em cheio, Silena sentiu o estomago, completamente vazio, se contorcer, como se implorasse por comida. A menina parou a caminha e respirou fundo, contando até dez, sentiu-se tentada a entrar lá e comer seja lá o que eles estivesse servindo, chegou até a dar alguns passos em direção a porta.

Porém, parou bruscamente, voltando a realidade; não, ela não podia, não podia ser fraca, não agora. Se ela comesse ficaria mais feia do que já era, e isso era tudo que Silena não queria, ela queria dar orgulho a sua mãe, mostrar que ela podia ser a filha que Afrodite sempre sonhou.

Mordeu a parte interna de sua boca com força, até sentir o gosto metálico do sangue preencher a sua boca, engoliu a mistura nojenta de sangue e saliva e voltou a andar, agora enjoada.

Chegou em casa e mais uma vez seu estomago se contorceu, um cheiro maravilhoso de lasanha exalava por quase todos os cômodos. Caminhou até a cozinha e viu seu pai, terminando de pôr a mesa.

—Oi, Silena. –Cumprimentou, indo até a filha e depositando um beijo em sua testa. –Está um pouco atrasada, sabia? –Perguntou, enquanto sentava-se.

—Sabia, desculpa. –Silena murmurou, encarando o prato que parecia tão apetitoso. –Uma amiga minha teve alguns problemas e eu fui ajudar ela.

—Amiga sua? –O pai dela perguntou, servindo-se da lasanha. –Que bom, filha. Aliás, já reparou no prato de hoje? Preparei especialmente para você, você parece mais magrinha ultimamente.

Silena sentiu vontade de rir, seu pai não podia estar falando sério. Magrinha? Silena? Provavelmente, ele estava sob os efeitos de algum remédio tarja preta.

—Vai ficar só encarando a comida ou vai se servir? –Perguntou, divertido, entre uma garfada e outra.

Silena cogitou as possibilidades, não poderia simplesmente desfazer a oferta do pai, ela sabia o quanto era importante para ele ter esse momentos com Silena, já que ele se sentia culpado pelo divorcio que teve com a mãe da menina. Silena soltou um meio sorriso e sentou-se em frente ao pai.

—Passa pra cá. –Falou divertida, o pai dela sorriu e passou o prato a menina, que serviu-se de um grande pedaço.

O almoço foi tranquilo e divertido, o pai de Silena e a menina conversaram sobre amenidades, contaram sobre o dia de cada um e o tempo todo o pai da menina a fez rir. Silena sabia o quanto era difícil para ele, ter uma filha adolescente para criar, uma ex-mulher que hora ou outra aparecia para causar dor de cabeça, um trabalho cheio e apurado e um processo judicial complicado. Afrodite, a mãe de Silena entrou na justiça para conseguir a guarda de Silena, alegando que Benjamin, o pai de Silena, não era apto para criar uma filha adolescente. Uma grande baboseira, na opinião de Silena.

Não que a menina não amasse a mãe, pelo contrário, amava demais e não queria que ela a visse assim, feia. Ela precisa ficar com o pai, não só pela sua estética, mas porque ela era a única coisa que o pai possuía, Afrodite tinha outras duas filhas mais novas, não precisa de Silena também.

—Quer que eu lave a louça, pai? –Silena perguntou após terminar de comer.

—Não, pode ir fazer sua lição de casa, eu me viro. –Respondeu, enquanto levantava e ia até a pia, carregando toda a louça

—Tem certeza? –Silena perguntou, incerta.

O homem concordou levemente e Silena seguiu para o quarto. Colocou a mochila sobre a cama, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo firme, seguiu até a penteadeira e retirou toda a maquiagem. Levantou-se e sentou sobre a cama, a fim de pegar os matérias para as tarefas, quando se deu conta do que havia feito.

—Oh, meus deuses...-Silena sussurrou horrorizada. Ela havia comido, muito. Devia haver pelo menos umas 1000 calorias naqueles pedaços.

Silena sentiu as lágrimas se formando no canto dos olhos. O que ela havia feito? Santos deuses, mas que merda ela havia feito?

Sentiu vontade de dar um tapa em si mesma, mas não o fez. Levantou apuradamente e correu para o banheiro, ajoelhando-se ao lado da privada. Abriu a tampa e colocou o dedo indicador dentro da própria garganta, sentiu o liquido subir e vomitou.

Repetiu o ato duas vezes, até sentir-se vazia novamente. Deu a descarga mas permaneceu ali, ajoelhada no chão, humilhada. “Por que?” Silena se perguntava, por que machucava a si mesma dessa forma? Sentia a garganta em chamas pela acidez, sentia um gosto terrível preencher toda a sua boca, sentia-se completamente vazia, era um sensação horrível.

Desistiu de ser forte, soltou as lágrimas que até então segurava. Sentiu, rapidamente, o rosto ser inundado, passou a mão pelo rosto tentando limpar, mas desistiu ao ver que era inútil. Ela era inútil, nem para resistir a comida ela servia, ela nunca seria bonita. Nunca seria o suficiente.

Silena deitou-se, ali mesmo no chão do banheiro, e pensou em todas as vezes que já havia feito isso, comido e vomitado, não eram poucas. Mas quem se importava? Silena, com certeza, não. Ela seria bonita, seria a filha que sua mãe sonhou.

 

Katie estava parada no mesmo lugar por pelo menos 10 minutos, seu corpo estava estático e não obedecia nenhum comando cerebral. A menina ainda estava em choque, o papel estava em sua mão e sua boca mantinha-se aberta, Katie não sabia como reagir.

Num momento seu pai era apenas o velho bêbado agressivo, no outro era um estuprador, era surreal demais para Katie conseguir lidar. A garota podia conviver com um bêbado mas como estuprador? Jamais.

Katie levantou os olhos do papel e olhou para o velho relógio na parede, já era tarde, provavelmente, seu pai chegaria a qualquer minuto, este pensamento fez Katie despertar completamente do choque. O que ela faria com ele?

Katie, respirou profundamente e avaliou todas as opção que tinha, ela podia guardar os papeis de volta, ir para o seu quarto, fazer seu dever e fingir que nada estava acontecendo, ou ela poderia fazer algo que nunca fez, uma hipótese que ela nunca cogitou, enfrentar seu pai. Era isso que ela faria.

A garota respirou profundamente três vezes e em seguida contou até 30 mentalmente, era uma espécie de mantra que havia visto em algum site aleatório pela internet. Pensou em coisas felizes e bonitas, como campos floridos e fazendas alegres, para acalmar o coração, que dava enormes saltos, pela ansiedade.

Katie nem mesmo teve tempo de ensaiar as palavras que diria a seu pai pois a porta se abriu bruscamente, com Franklin Gardner passando pela mesma. O homem olhou todo o cômodo e pousou seus olhos sobre Katie, estranhou a expressão no rosto dela e desceu o olhar até os papéis, franziu o cenho e andou até ela, puxando os papeis com uma força exagerada, olhou brevemente o conteúdo deles e subiu o olhar até o Katie.

—O que pensa que está fazendo? –Perguntou levantando o tom de voz. –Acha que pode sair lendo tudo que quiser, sua inútil?

—Como pode fazer isso? –Katie balbuciou, quase em um sussurro.

—O que eu faço ou deixo de fazer não interessa a você. –Respondeu na defensiva.

—Como não interessa? –Katie perguntou incrédula. –Você é meu pai.

—Nunca quis esse título. –Rebateu, usando toda a acidez que conseguiu reunir. Katie sentiu o peso da frase atingi-la em cheio, mas não se abateu.

—Mas o possui, acostume-se. –Reunindo toda a coragem que tinha, Katie soltou as palavras que a tempos estavam presas em sua garganta.

—O que disse? –O pai dela perguntou, surpreso.

—Exatamente o que você ouviu. –Katie respondeu, ignorando o bom senso.

—Perdeu a noção do perigo, garota? –Franklin perguntou em um tom ameaçador.

—Vai fazer o que comigo? Me estuprar? –Katie perguntou, usando sarcasmo. –ME ESTUPRAR COMO ESTUPROU ESSA GAROTA? –Não conseguiu se controlar e berrou a plenos pulmões, sentiu as lágrimas se formando nos olhos.

O que aconteceu a seguir foi rápido demais para Katie raciocinar, em um momento seu pai levantou o pulso e no momento seguinte todo o lado direito do rosto de Katie ardia profundamente, seu rosto levemente virado e os olhos arregalados pela surpresa denunciavam o acontecimento, havia levado um tapa.

—É melhor controlar o tom, se valoriza sua vidinha medíocre. –O homem respondeu irritado.

Katie nem mesmo conseguiu reagir, as lágrimas já desciam quentes pelo seu rosto, pingando sobre a roupa.

—Como...? –Katie perguntou quase sussurrando. –Como pode fazer essa monstruosidade? –A Gardner perguntou, sentindo nojo do homem em sua frente.

—Monstruosidade? –Franklin repetiu e soltou uma risada rouca, Katie pode sentir o cheiro de álcool que exalava. –O único monstro aqui é você Katie, querida.

—O que? –Katie perguntou incrédula.

—Não se finja de burra, você sabe tão bem como eu. –Começou sorrindo perversamente. –Ninguém gosta de você, você não tem amigos, não tem família e eu desejo todos os dias acordar e perceber que você foi só um pesadelo dentro da minha vida. Você é inútil e desnecessária para todos.

Katie ficou estática por alguns segundos e correu para o quarto, fechando a porta com mais força do que o necessário, deslizou pela mesma e já no chão Katie não conseguiu mais se controlar, as lágrimas já parecia pequenas vertentes de dor, os soluços era altos e Katie se contorcia.

Sentia vontade de berrar, mas não o fez, preferiu berrar em silêncio, e usaria seus pulsos para isso. Levantou-se, com a vista borrada pelas lágrimas que ainda desciam incontroláveis e correu o banheiro, pegou a fiel lâmina e esqueceu-se do resto do mundo ao fazer o primeiro corte.

Via as gotas escarlates pingando e desejou com todas forças que sua dor pingasse fora junto, sentia-se uma fracassada e sabia que era. A cada corte, mais profundo ia, mais dor sentia, e não era em seu pulso e sim no seu coração. Apertou a lamina com força, fez mais um corte.

O que mais doía não eram as laminas, os cortes ou as palavras, o que mais doía era saber que em momento nenhum seu pai mentiu, ela era exatamente o que o pai havia descrito.

Ela era desnecessária.


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Notas finais do capítulo

Acho que esse ficou um pouco menor, mas não tinha mais como incrementar ele mais, era só isso, sabe? Eu prometo que faço os outro maiores ^^
Ah, mais uma vez obrigado suas lindas