Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 29
Fugir


Notas iniciais do capítulo

Eu nem sei por onde começar. Essa vai ser a maior nota de capitulo de todos os tempos, mas ela é necessária.
Em primeiro lugar eu devo um pedido de desculpas, um colossal pedido de desculpas. Eu tive motivos para abandonar a fic e eu juro que explicarei eles, mas agora eu apenas peço perdão.
Eu gostaria de dizer, para maior compreensão de vocês, o motivo de desajustadas existir. Ela nasceu como meu grito de socorro, aquele grito que sai da alma. Eu tenho sindrome do pânico (por favor, se não sabe sobre ela, leia um pouco pelo google) e ansiedade, diagnosticada, tomei remédio por muito tempo e no ultimo ano tive uma recaída feroz. O motivo sincero é pessoal de mais para ser exposto aqui, mas podemos dizer que uma pessoa, uma que eu amava e confiava, me quebrou por dentro e por fora e eu perdi a vontade de viver. Tive crises pesadas e duradoras, quase não saia de casa e só sabia chorar, abandonei tudo, inclusive a escrita, algo que sempre foi o meu refugio, meu prazer.
Durante esse ano eu pensei muito nessa história mas simplesmente não conseguia escrever, tudo que eu esboçava, para mim, parecia horrivel e eu desistia.
Porém, eu finalmente estou superando, aprendendo novamente a andar e por isso decidi voltar. Desajustadas é meu grito e eu quero que ele seja ouvido, eu sinto que ela é uma história necessária e por isso quero que ela exista.
Eu não sei se algum dos antigos leitores ainda está por aqui, não posso julga-los caso não estejam, afinal, faz um ano, porém dessa vez eu vim para ficar e concluir essa fic tão importante.

Um beijo e obrigada por me apoiarem, mesmo sem saberem... ♥



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Annabeth estava sentada em uma das mesas mais afastadas da biblioteca, em sua frente vários livros sobre arquitetura e matemática se encontravam abertos. A cabeça da garota fervia em pensamentos, mas nenhum deles se voltava ao conteúdo impresso nos livros e isso a irritava profundamente.

Estudar sempre foi o refugio de Annabeth, cada um ocupa sua mente de um jeito e aquele era o seu. Sempre que as coisas iam mal, sempre que ficava triste, abria um livro e ali nas letras encontrava um abraço. Quando mais nova adorava livros de ficção, livros onde o personagem principal vivia inúmeras aventuras, tinha uma família adorável e encontrava o amor. Mas a medida que foi crescendo percebeu que as histórias eram uma ilusão. Annabeth percebeu que lia esses livros para tentar se imaginar na pele do protagonista, e percebeu também, que por mais que desejasse, jamais seria uma dessas mocinhas. Era uma menina sem graça, não tinha uma família estruturada, sua mãe a odiava e jamais viveria um amor...

Não conseguiu conter um suspiro, pensar em amor deveria ser pensar em coisas vermelhas, cor de rosa e corações, mas tudo que vinha a cabeça de Annie era azul, verde e agua. Não conseguia mais mentir para si mesma, Percy vinha em sua cabeça sempre que pensava em amor.

E isso a assustava mais do que tudo. Cresceu vendo que a amor era cruel, afinal, foi ele que destruiu a vida de seu pai; sempre pensou que o evitaria ao máximo e foi o que fez, mas aquele garoto havia simplesmente quebrado toda a barreira que Annie custou a levantar.

Sentiu seus olhos marejarem e abaixou a cabeça, ela não queria se sentir assim. Não queria abrir espaço para ser magoada, nunca quis isso, nunca quis se tornar uma segunda versão de seu pai. Sua mãe uma vez disse que o amor era para fracassados e Annie não queria ser uma.

Annabeth sentia vontade de fugir, correr de Percy e de todo o efeito que ele causava em si mas fazer isso seria copiar sua mãe, abandonar o menino seria para Annie reviver seu passado, quando sua mãe abandonou seu pai e, pelos deuses, a menina jamais queria ser como sua mãe.

A loira estava em conflito, não estava acostumada a isso, não saber o que fazer. Sempre fora um prodígio, orgulhosa de ser a melhor aluna todos os anos, gabava-se por saber tudo, ou pelo menos achar que sabia. E ali estava ela, pateticamente se questionando o que faria em relação a um garoto lerdo e idiota. E incrivelmente lindo e gentil, teve de acrescentar.

Annie não tinha experiência com meninos, pra ser sincera nunca teve experiência com nenhum tipo de pessoa, suas amizades eram exclusivamente literárias e ela queria continuar assim. Livros te entendem sem te julgar, te confortam; pessoas te abandonam e te apunhalam, era isso que pensava.

Mas, custava admitir, Percy podia ser o que fosse, lerdo, burro e meio tapado, mas ele não era mau, era simplesmente a pessoa mais maravilhosa que conhecia e isso lhe dava calafrios. Era claro o tanto de meninas atrás dele, que chance ela, a nerd sem graça e tida como arrogante teria?

Percy podia passar um tempo com ela, sim, mas era claro as intenções dele, passar nas matérias, ele apenas a ensinava a nadar por pura retribuição, ele não sentia nada por ela. Annie sempre foi sua maior inimiga, sempre se sabotou e se colocou para baixo e dessa vez não seria diferente.

Deitou a cabeça em cima do livro e sentiu os olhos marejarem, por que seu peito tinha de doer tanto?

Queria voltar a sua vida antiga, onde conseguia se concentrar nos estudos e não se preocupava com meninos.

E falando neles, ainda tinha Ethan. Annie não guardava rancor mas essa aproximação dele era esquisita e dava arrepios na menina, ela queria ser amiga, apenas amiga, dele, mas ele não parecia interessado em entender isso.

Suspirou e olhou para o relógio, Percy estava atrasado para a sessão de estudos, mas Annie não se chateou precisava desse momento para colocar os pensamentos em ordem, precisava, enfim, decidir o que fazer.

Aceitar seus sentimentos por Percy ou guarda-los dentro de si?

Sentia o coração acelerado, era uma dúvida cruel e a Annie não tinha reação, não sabia o que pensar.

Tentou imaginar uma vida sem Percy, tentou se imaginar de volta a sua vida antiga, sem amigas, sem estudo extra e sem aulas de natação e o aperto que sentiu no peito foi suficiente para que as lagrimas enfim descessem. Annie queria amar Percy, ama-lo fez ela querer viver, realmente viver e não só se esconder atrás de livros.

Quando estava com ele, ela não sentia aquela vontade absurda de correr para seu quarto e estudar até cair no sono, ela simplesmente se divertia e essa era uma sensação preciosa a ela.

Porém conseguia ouvir ao fundo de sua cabeça, aquela vozinha irritante de sua mãe, a chamando de fracassada. E além da voz de sua mãe ouvia a sua própria voz dizendo que ela não tinha chance alguma com Percy.

Mordeu os lábios e limpou as lagrimas, levantou a cabeça e olhou para a porta da biblioteca, nenhum sinal dele.

—Viu, Annie, sua burra, ele nem lembra de você, acha mesmo que ele possa gostar de você? Você é ridícula. –Sussurrou para si mesma, sentindo os olhos marejarem novamente. –Como eu pude cogitar me confessar? Seria patético... Bem, de volta aos estudos. –Suspirou e tentou ao máximo focar em álgebra.

Sua mente porém foi longe, longe das piscinas e dos garoto com cheiro de maresia, seus pensamentos foram até sua amiga Silena. Riu um pouco ao pensar que tinha uma amiga, quase duas, não esqueceu de Thalia e seu jeito único, gostaria de se aproximar dela...

Pensou no que Silena faria em seu lugar, aquela garota parecia tão perfeita, inabalável e experiente no amor, mas Annie sabia que as aparências enganavam e assim como Thalia, com toda aquela aparência hostil, não passavam de meninas assustadas e com medo de machucar-se mais. Annie sabia disso pois era exatamente assim. Fugia de tudo.

Esse pensamento lhe fez cair o queixo, pelos deuses, Annie estava mais uma vez fugindo. Fugindo de Percy, de seus desejos, de seus sentimentos, de sua felicidade... Annabeth estava fugindo exatamente como Atena, aquela que a menina sempre tentou, ao máximo, ser diferente.

Abraçou o próprio corpo, estava cansada de fugir. Não queria ser como Atena. Levantou-se, pegou sua bolsa. Era hora de encarar seus sentimentos. Jamais seria como sua mãe.

Decidiu que procuraria Percy, enquanto a coragem borbulhava em seu intimo, e colocaria para fora tudo que sentia. Pela primeira vez Annie não seguia um roteiro, não planejou o que faria, simplesmente se deixou levar.

Mentalmente agradeceu a Silena, sabia que só tomou essa coragem por causa da amiga, a convivência com ela realmente fez bem a Annie. Sorriu e saiu a procura de Percy.

O primeiro lugar que tentou foi o clube de natação, aquilo era praticamente o habitat natural do garoto, mas ele não estava lá. Tentou não perder as esperanças, mas depois de procurar na casa dele, em toda a escola, em varias sorveterias e cafés estava difícil.

Parou de andar próxima a uma pracinha com aspecto mal cuidado e velho, sentou-se e suspirou. Talvez fosse um sinal dos deuses, um alerta de que a ideia de se declarar não era boa... Balançou a cabeça e levantou, não era hora de culpar os deuses, era hora de assumir as rédeas de sua vida.

Rodou mais um pouco e finalmente achou o garoto que lhe dominava os pensamentos. Percy estava em frente a uma lanchonete simples, sentado tomando um suco, junto com uma menina, Annie prendeu a respiração e deu alguns passos em direção e ele e pode ver que a menina era Febe.

Mordeu os lábios e sentiu o corpo fraquejar, sentiu-se idiota, era claro que Percy tinha outra, que menina resistiria aos encantos dele? Se nem Annabeth, que se julgava acima de todos, resistiu imagine as outras. Porém a dor foi maior ao ver que era Febe, Percy sabia o quão má a garota era com Annie e ainda assim estava ali, com ela.

Seu coração foi quebrado, podia quase sentir. No fim, Percy nem mesmo seu amigo era. Mais uma vez se sentiu estupida, deveria ter seguido seus instintos, afinal, o que tinha de atrativo nela? Estava apenas perdendo tempo ali.

Queria fugir, mas seu corpo simplesmente não se movia, estava estática, encarado Percy e Febe. Até ser encarada de volta, Percy a viu e diferente de sempre, quando ele lhe lançava sorrisos acolhedores, ele simplesmente contorceu o rosto, em uma expressão de dor e cerrou o olhar, desviando de Annie.

Sentiu seus olhos marejarem e desejos desaparecer, o que havia acontecido? Em um momento estavam bem, amigos, e agora ele simplesmente saia com uma garota que era terrível com si e ainda a ignorava? Sentiu-se ainda mais idiota.

Nesse momento Febe se levantou e despediu-se de Percy, com um beijo estalado na bochecha e saiu, deixando para trás um garoto com expressão seria e uma garota com o peito quebrado.

Ignorou seu bom senso e andou até ele, ao menos uma explicação ele devia a ela.

—Foi para sair com a Febe que me deixou esperando por mais de uma hora na biblioteca? –Annabeth tentou soar firme mas sua voz vacilou, estava completamente magoada.

Percy olhou para ela e abaixou a cabeça.

—Eu tenho que ir. –E levantou-se, como se quisesse fugir de Annie, mas isso ela não permitiria. Segurou o pulso dele e olhou fundo nos olhos.

—Você podia pelo menos ter remarcado nosso estudo, meu tempo é precioso... –Conseguiu soar tão arrogante quanto desejou.

—Me esquece, Annabeth. –Percy soou cortante e se livrou de Annie. –Sei bem o quão precioso seu tempo é, tanto que prefere passar ele com o idiota do Ethan ao invés de mim, não sei de onde tira coragem de reclamar da Febe... –Percy soltou de uma vez, rangendo os dentes.

—Ethan? –Annie soou verdadeiramente confusa. –Do que está falando?

—Sabe... –Percy sorriu triste e colocou uma mecha de cabelo de Annie atrás de sua orelha. –Para alguém tão inteligente, você é muito burra.

E saiu, deixando Annie sozinha em seus pensamentos. Olhou para seus pés e pela primeira vez na vida entendeu o porque de Atena ter a abandonado. Fugir dos sentimentos é menos doloroso.


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Notas finais do capítulo

E as intrigas começam.

Eu não sei o que dizer, apenas reforço meu pedido de desculpas e faço um novo apelo, não desistam de mim, eu preciso que desajustadas exista e mesmo que não haja leitores eu continuarei.

Esse capitulo foi focado na Annie e eu adorei escreve-lo, espero que tenham gostado de ler!

Até a proxima, que vira logo, dessas vez eu prometo ♥