Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 24
Hematomas


Notas iniciais do capítulo

Olá ♥ Como vão? Espero que esteja tudo bem com vocês ^^
Olha só pequenos milagres acontecendo, eu postei na data certa, ihuuuul shaushauhs
Eu particularmente acho esse capítulo muito bom, ele será bem importante no futuro, para o desenrolar da história, por isso leiam com carinho, ok? *-*
Espero que gostem ^^
Boa leitura ♥



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Katie enfaixou novamente os pulsos, já era a terceira vez que trocava os curativos naquele dia. Os pulsos ardiam, mas não eram nada comparados a dor que sentia no resto do corpo. Seus braços estavam completamente preenchidos por hematomas, as pernas se encontravam na mesma situação, totalmente manchados por vergões, cortes superficiais, machas roxas e vermelhas.

Em sua barriga havia uma marca enorme em vermelho, um vergão que tomava praticamente toda a barriga da garota; em sua cintura havia tantas manchas roxas que a garota mal podia contar. Em seu pescoço duas grandes marcas roxas se destacavam, dedos estampados ali, estava mais do que claro que ela quase havia sido sufocada.

Em seu rosto uma grande mancha roxa ocupava o lado direito de seu rosto e no esquerdo uma marca de cinta manchava sua pele. Seu nariz estava machucado e na boca vários pequenos cortes circulavam.

Suspirou e não permitiu que mais lágrimas descessem por seu rosto, aprendera da pior forma naquele dia que chorar quando se está tão machucada não ajuda. Mirou por alguns segundos seu reflexo e foi quase impossível conter que as pequenas lágrimas caíssem, estava horrível.

Tudo isso, toda essa fúria descontada sem piedade em sua pele, era fruto de um atraso. Tudo por que Katie não estava em casa quando seu pai chegou do serviço. Ainda sentia os açoites da cinta dele contra sua pele, queimando e principalmente dos xingamentos que ouvira, aquilo sim lhe destruirá muito mais do que os cortes.

Foram tantos palavrões direcionados a si, tantos insultos e acusações, Katie não entendia porque seu pai lhe odiava tanto, que erro ela havia cometido? Katie só queria ser a filha perfeita, se esforçava ao máximo para faze-lo, então porque não podia ter um pai perfeito?

E o mais doloroso de tudo é que não conseguia odiar seu pai, sabia os motivos que o levaram a ser o que era. Ele não era um cara que bebia, que xingava ou que era violento, ele simplesmente não era nada do que é agora antes.

Katie lembrava-se de que seu pai nunca sequer havia levantado a voz no passado, não bebia, sempre estava em casa nos horários certos, era gentil, ajudava as filhas e era tão amoroso e caloroso. Se o homem que seu pai foi no passado o visse agora sentiria vergonha.

Katie não o culpava, apesar de tudo, e isso era o pior. Ela queria odia-lo, denunciar ele a policia, mas algo no fundo dela a impedia, ela o amava, mesmo sem motivos não conseguia quebrar o elo entre eles. E isso estava claro para, quando ela soubesse da denuncia do suposto estupro seu mundo caiu com a possibilidade dele ser preso, mesmo sendo um ser hediondo ele era a única família que possuía, a única pessoa que amava e não podia perde-lo.

Ele não era uma pessoa amável, tampouco fácil de conviver, porém Katie o perdoava, mesmo que ele nunca tivesse se desculpado, a menina nunca guardou rancor dele, sabia o porque dele ter se tornado isso. Ela também não havia se tornado algo bom, ela era apenas uma garota patética que se cortava e fugia de qualquer menção de laços.

Saiu do banheiro e deitou-se em sua cama, encarando o teto e por algum motivo lembrou-se de Thalia, se sua boca não estivesse tão machucada com certeza sorriria, Thalia era uma das poucas coisas boas que haviam acontecido na vida de Katie. Era tão bom estar com a Punk, adorava a garota profundamente e se culpava por isso, sentia que era um atraso na vida dela, afinal, Thalia era uma garota incrível, inteligente, forte, independente e autossuficiente, que não aceitava desaforo e era totalmente impenetrável, e Katie? O que ela era?

Uma estupida, que não conseguia fazer nada direito e que apenas fugia. Olhou para si mesma, estava fugindo mais uma vez, fazia quanto tempo que não ia a escola? Desde a festa, tempo demais.

Logo lembrou-se também de Silena, e mais uma vez poderia ter sorrido, ser amiga daquela garota foi um acontecimento inesperadamente fantástico, Silena era uma pessoa tão boa, tão linda e incrível, toda a vez que Katie a via sentia-se tão inferior, Silena era tão... Silena. Toda linda, olhos lindo, um corpo de dar inveja a qualquer um e uma habilidade de maquiagem e conselhos gigante. Mais uma vez sentiu-se inferior, Silena era tão perfeita comparada a si.

Tentou virar-se na cama e sentiu uma dor lasciva, péssima ideia. Devia ir a um hospital, Katie sabia disso, mas o que diria lá? Que caiu da escada? Que foi atropelada? Qualquer uma das desculpas que pudesse arranjar não seria convincente o suficiente, por isso era melhor ficar ali, sofrendo em silencio.

Obrigou-se a levantar do quente de sua cama, tinha que preparar o almoço do seu pai, não queria dar a ele mais um motivo para descontar em si, já estava machucada o bastante. Já na cozinha enquanto preparava a comida lembrou-se por um vago momento de Travis e soltou um suspiro, ela era tão patética, um garoto lindo como aquele havia ido falar com si e tudo que ela havia feito era fugir, nunca mais receberia uma chance daquela, parabéns Katie.

Porém sentia-se feliz, não queria criar laços, arrumar um namorado de fato não estava em seus planos. Seus planos eram terminar o colégio e se mudar para a faculdade de botânica mais longe o possível, arrumar alguém que a fizesse ficar definitivamente era impensável.

Ouviu batidas na porta e automaticamente sentiu todo o corpo travar e os músculos quase congelarem, o almoço ainda não estava pronto, se fosse seu pai ali definitivamente Katie teria problemas. Queria ignorar porem sabia que se não o atendesse seria duplamente pior, por isso, desligou o fogão, limpou as mãos em uma tolha, fazendo uma careta ao sentir uma ardência pelo atrito com os machucados e seguiu a porta.

Por sorte ali havia um olho mágico, ficou nas pontas dos pés para poder ver com clareza que era e surpreendeu-se ainda mais ao ver que ali na porta não era seu pai e sim Thalia junto com Silena. Arregalou os olhos e deu um passo para trás, a sua mente entrando em um colapso, não sabia o que fazer.

Se atendesse a porta as garotas veriam os machucados e Katie sabia que as coisas desandariam a partir dali, Thalia já tinha suspeitas relacionadas ao pai de Katie, se visse os machucados teria a comprovação e Katie não queria que Thalia ficasse contra seu pai. Silena ali também não era boa coisa, ela sabia dos antigos machucados de Katie se visse os novos não precisaria de muito para chegar a uma conclusão obvia.

Pensou em ignorar mas isso faria a sentir pior, não conseguia simplesmente ignorar duas pessoas tão importantes para si, ficou presa no dilema, abrir ou ignorar? Não queria ter de dar explicações mas não queria deixa-las no escuro com relação ao seu paradeiro, estava faltando na aula a tanto tempo.

Parte de si sentia-se aquecida com a visita das garotas, isso mostrava que elas se preocupavam com Katie, e Katie nunca teve ninguém que preocupasse com si depois do acontecimento, por isso sentia-se grata aquelas meninas, tinha por elas um amor fraterno gigante.

E era por ter esse sentimento que não poderia simplesmente abrir a porta, como explicaria os hematomas? Mentiria? Não, Katie jamais conseguiria mentir para suas amigas... Sim, amigas, era isso que essas meninas eram, era o que elas significavam para Katie.

Essa simples palavra tinha um peso gigante sob os ombros de Katie, ela nunca teve amigas antes, não queria perder as que conquistou, por isso em um breve momento de coragem insana, abriu a porta e viu as feições das garotas ali mudarem drasticamente. Passaram de entediadas a preocupadas no instante que seus olhares focaram em Katie, que logo baixou o olhar, envergonhada.

—Oh meus deuses... –Silena foi a única que conseguiu proferir alguma coisa, as mãos delicadas da garota estavam em frente a sua boca, que estava marcada em uma expressão de horror. Katie apenas se encolheu sob o olhar pesado.

—Katie... –Thalia murmurou e abraçou, do jeito mais delicado possível. Katie sentiu os hematomas arderem mas não teve coragem de soltar-se de Thalia, não foi corajosa o bastante para dizer qualquer coisa que pudesse.

Tudo que Katie conseguiu fazer foi deitar sua cabeça sob os ombros de Thalia e chorar, lavar sua alma, chorou como não se permitia fazer a tempos. O abraço de Thalia tinha um toque materno, um aconchego que Katie mal lembrava a última vez que experimentou. Levantou seus braços e circulou Thalia, não conseguia conter as lágrimas, sentia-se protegida e então continuou chorando.

Por sorte a Punk sequer parecia importar-se com o fato de que Katie estava encharcando a sua blusa com lágrimas, ela apenas abraçava Katie e a confortava em silencio. A garota logo sentiu outro corpo lhe abraçar, dessa vez por trás, e mais uma vez os machucados berraram, porem Katie apenas sorriu pelo carinho recebido de Silena.

Estava envolta por duas pessoas e sentindo-se protegida como nunca se sentira, não sabia definir o que sentia naquele momento, mas, se pudesse comparar, compararia a vez que furou o dedo em uma roseira e sua mãe a fez um curativo, dando um leve beijo sob o machucado em seguida e lhe garantindo que ficaria tudo bem.

Katie não sabia com exatidão quanto tempo ficou ali apenas abraçada aquelas duas garotas, sentindo os doces aromas contrastantes entre elas e chorando, porém, após sentir que não havia mais agua dentro de si, soltou-se delicadamente e abaixou a cabeça.

—Me desculpem. –Foi tudo que Katie pode murmurar.

—Por que esta se desculpando? –Silena questionou com uma voz doce, enquanto ajeitava uma mecha de cabelo de Katie atrás de sua orelha.

—Eu estraguei a camiseta da Thalia com minhas lágrimas. –Murmurou envergonhada e ouviu Thalia soltar uma risada.

—Sério que você ‘tá preocupada com isso? –Questionou a Punk e em seguida fez um sinal em negativo com a cabeça. –Não esquenta com isso, eu tenho umas 5 blusas iguais a essa. –Deu de ombros e suspirou. –Quer conversar sobre isso?

Katie mordeu os lábios, a coisa que ela mais queria naquele momento era desabafar, por para fora tudo que sentia, contar tudo que tinha acontecido com si, todos os momentos ruins que passou, tudo que seu pai já fizera, o que aconteceu com sua mãe, com sua irmã... Mas ela não podia.

Não que não confiasse em Silena ou em Thalia, ela confiava cegamente nelas, porém ela não queria arriscar, e se perdesse a amizade delas? Katie sabia que se contasse tudo que havia acontecido em sua vida, se botasse para fora todos os seus motivos, aquelas duas se afastariam de si e Katie simplesmente não podia mais suportar dor. Se algo assim acontecesse seria o fim para si.

—Pode ser em outro momento? –A voz de Katie saiu mais fragilizada do que gostaria.

—Pode sim. –Thalia disse da forma mais doce que pode. Era fato que a Punk estava remoendo-se de curiosidade, queria descobrir o que acontecerá, quem era o desgraçado que machucou Kat daquele jeito, apesar de já ter uma suspeita não podia simplesmente ir acusando, porém Thalia respeitaria o espaço pessoal de Katie, não queria a pressionar, conhecia a garota o suficiente para saber que quando estivesse confortável ela abriria seu coração. Thalia tinha a consciência de que naquele momento Katie estava fragilizada demais para expor o que quer que tenha acontecido.

—Não vamos te pressionar nem nada do tipo, querida. –Silena, que apesar de não conhecer Katie tão bem já podia perceber o quanto ela estava profundamente machucada, e Silena não falava dos machucados físicos, disse de forma suave, para acalmar a garota, que havia se encolhido.

—Obrigado. –Murmurou abrindo o primeiro sorriso em dias, obviamente sentindo uma dor nos cortes labiais, porem a ignorando.

—Você já foi a algum médico? –Thalia questionou após alguns segundo em silencio e ao ver Katie negar levemente tentou novamente. –Hospital? –Mais uma vez Katie negou e Thalia arregalou os olhos. –Katie você precisa ir ao médico! –Foi quase uma ordem.

Katie negou veemente, não podia ir ao médico, porém Thalia era firme e tinha total razão, aqueles hematomas podias sim serem muito mais graves do que aparentavam, ela podia estar pior por dentro do que por fora, mas ela não podia ir ao hospital.

Silena estreitou o olhar, ela conhecia bem aquele desespero que Katie sentia naquele momento, o medo que que alguém visse o que ela tentava esconder. Silena sentia aquele medo, não ia a hospitais pois tinha medo que descobrissem, que vissem seu corpo, entendia o sentimento de Katie, talvez a garota tivesse cicatrizes como si, cicatrizes dentro de sua alma.

—Thalia. –Chamou a garota, entrevendo-se na “briga”. –É uma decisão da Katie, se ela não quer ir ao hospital você não pode simplesmente a obrigar.

—Mas... –Thalia tentou argumentar, ela tinha a plena razão naquela briga, porém ao voltar seu olhar para Katie e ver em seus olhos o mais puro medo estampado não pode continuar a discutir. –Ok, tudo bem. –Levantou seus braços em rendimento, engolindo seu orgulho.

—Obrigado. –Katie sussurrou. –Eu juro que irei ao médico caso piore.

—É bom mesmo. –Thalia cruzou os braços e tentou manter sua postura intimidadora, porém não deu certo, sua preocupação era tão evidente que estragava totalmente a armadura que tanto tentava levantar.

—Por que vieram aqui? –Katie questionou.

—Isso não é obvio? –Thalia devolveu o questionamento com uma pergunta e logo completou, revirando os olhos. –Estávamos preocupadas com você.

—Estavam? –Os olhos de Katie brilharam com aquela sensação, a sensação de ter alguém preocupado com si.

—Estávamos e ainda estamos. –Silena foi quem respondeu, sorrindo.

—Desculpe preocupar vocês. –Katie disse e forçou um sorriso. –Eu estou bem!

—Não você não está. –Thalia suspirou. –Somos suas amigas, por favor não minta para nós. Você não consegue nos enganar.

Katie arregalou os olhos diante da afirmação, sentindo o peso da culpa lhe esmagar, ela de fato estava mentido, mas não podia evitar, ela era assim, sempre mentia, sempre fingido estar tudo bem quando na verdade estava desmoronando por dentro.

—Me desculpem... –Murmurou, sentindo novamente os olhos marejarem. –Por favor, eu não quero falar sobre isso, não agora...

—Não queremos te pressionar. –Silena acariciou lhe os cabelos e sorriu de modo tranquilizador. –Apenas não queremos que você minta para nós, ok?

—Ok. –Katie afirmou e logo lembrou-se que seu pai poderia chegar a qualquer momento e as coisas definitivamente ficariam horríveis. –Olha, eu realmente estou agradecida por vocês terem vindo aqui, se preocupado comigo, porém, eu preciso que vocês saiam, eu sei que isso é horrível da minha parte, mas por hora, eu não posso explicar, apenas preciso que você saiam. –O olhar de Katie exibia culpa e seu tom era suplicante.

Thalia e Silena se entreolhar e trocaram uma confidencia, uma afirmação que passou despercebida por Katie.

—Tudo bem. –Thalia deu de ombros porem sorriu para Katie. –Mas nós vamos voltar, hein?

—Espero que sim. –Katie não evitou sorrir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^ Por favor, perdoem os eventuais erros ♥
Vou aproveitar e pegar um espacinho para agradecer imensamente o carinho de todos vocês, em especial da Mymi, essa linda, que fez uma recomendação tão fofa ♥ Agradeço imensamente pela sua fofura que me inspirou e agradeço por apoiar a fic ^^
Espero ver os lindos nominhos de vocês nos comentários, okay? *0*
Até a próxima, pessoal ♥