Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 19
Vestido


Notas iniciais do capítulo

Oin, olha só quem veio adiantada para compensar o atraso anterior? Euuuu ~~~
Não vou dar spoilers, mas preparem-se e-e
Espero de coração que gostem ♥
Boa leitchura ♥



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—Já está terminado? –Silena não pode evitar perguntar, pela milésima vez, transparecendo claramente a ansiedade e empolgação em sua voz.

—Estou quase. –Katie respondeu, dando um sorriso terno a garota.

Ambas as garotas estavam na casa de Silena, mais precisamente no seu quarto. Katie estava sentada em uma mesa, colocada as pressas ali, com uma maquina de costura, um pequeno kit com agulhas, linhas e retalhos, alguns botões e alfinetes, junto com uma fita métrica, uma tesoura e por fim os vários tecidos. Silena estava sentada na cama, segurando uma revista de moda, enquanto ia tagarelando.

—Ei, as medidas estão certas, né? –Silena questionou.

—Sim, conferimos três vezes, lembra? –Katie respondeu dando uma risadinha do constrangimento de Silena.

—Desculpa. –Silena murmurou. –É que eu quero que fique perfeito. –Completou com ares sonhadores.

—Vai ficar. –Katie assegurou. –Eu prometo.

—Confio em você. –Silena disse com um sorriso.

O quarto ficou em silêncio por alguns segundos, e logo o telefone de Silena começou a vibrar, indicando a chegada de uma mensagem. Silena desculpou-se e logo abriu a mensagem, enquanto Katie continuava costurando, calmamente dando os últimos toques ao vestido. Porém tomou um susto ao ouvir um gritinho empolgado vindo da garota ao seu lado.

—Desculpa, desculpa... –Silena murmurou dando uma risada. –Me exaltei.

—Sem problemas. –Katie soltou uma risada e voltou a se concentrar. –Estou dando os últimos detalhes. –Expos, para a alegria da amiga.

—Ah, que maravilha. –Comentou, alegre, e manteve-se em silêncio  por algum tempo, o que era um pouco suspeito e preocupante. –Ei, Katie?

—Sim? –Murmurou, sem prestar muita atenção, concentrando exclusivamente no bordado que realizava.

—Você tem hora para voltar? –Perguntou, tentando não soar suspeita.

—Hora? –Katie arqueou a sobrancelha e manteve-se pensativa por alguns segundos. –Não. –Respondeu por fim, sabendo que seu pai estaria fora naquela noite.

—Legal... –Silena murmurou, de modo que preocupou Silena.

O quarto manteve-se quieto, por algum milagre, até que a maquina de costura fosse desligada e Katie levantasse, com sua obra prima em mãos, fazendo Silena abrir a boca em espanto.

—O que achou? –Katie perguntou, meio incerta e um tanto insegura, afinal, não sabia se a reação de Silena havia sido boa ou não.

—Meus deuses... –Silena murmurou e chegou perto do vestido. –É de verdade? –Perguntou abodamente, fazendo Katie soltar um riso.

—Sim. –Disse, percebendo o enorme sorriso que ia surgindo no rosto de Silena.

—Katie... É lindo. –Silena disse, sem palavras.

E a reação não era exagerada, o vestido era simplesmente divino. Era tcor de rosa, em um tom pastel lindo, era bem trabalho e extremamente bem acabado; era tomara que caia, a parte superior era bordada com pequenas e delicadas flores feitas a mão, e tinha o caimento em uma saia rodada e de um tecido leve. Tinha uma barra, vários pequenos detalhes discretos e um acabamento profissional.

—Se eu não tivesse te visto costurando eu diria que você o comprou. –Silena comentou, ainda impressionada. –Ele é simplesmente fantástico, Katie, você é muito talentosa, eu quero que seja minha costureira particular, isso está maravilhoso. –Silena estava totalmente encantada.

—Calma. –Katie disse, dando uma risada nervosa, ela estava envergonhada pela saraiva de elogios. –É melhor provar, pode ser que ele fique feio... –Comentou, expondo sua insegurança.

—Tá brincando, né? –Silena estava incrédula. –Não há maneiras possíveis desse vestido ficar feio. –Disse maravilhada e logo correndo para o banheiro para provar a peça.

Voltou logo em seguida, parando em frente ao gigante espelho na parede, onde ficou admirando-se por longos minutos, quase em transe.

—Meus deuses, Katie. –Disse quebrando o silêncio. –Ficou fantástico.

—A modelo ajuda. –Katie disse, com modéstia. –E aí, já sabe onde estreara ele? –Perguntou, para manter uma conversa.

—Sim. –Disse com os olhinhos brilhantes, fazendo Katie dar uma risada.

A Gardner virou-se e começou a ajeitar a mesa que usava antes, ajeitando os tecidos, guardando as linhas e os retalhos.

—Katie? –Silena a chamou.

—Sim? –Respondeu.

—A gente usa quase o mesmo número, né? –Silena perguntou, tentando parecer desinteressada.

—Acredito que seu busto seja maior. –Respondeu, pensativa. –Meu quadril e minha cintura são menores.

—Mas, num geral, é quase o mesmo, né? –Silena perguntou, tentando ignorar o gosto amargo que lhe invadiu ao ouvir que o quadril e a cintura de Katie eram menores que os seus.

—Sim. –Katie respondeu, sem entender onde Silena queria chegar com aquelas perguntas.

—Ótimo... –Silena murmurou, de um jeito maquiavélico, fazendo Katie assustar-se um pouco.

Katie tentou não pensar sobre e terminou se arrumar sua pequena bagunça.

—Adorei suas mechas. –Silena comentou após alguns segundos de silêncio.

—Obrigado. –Katie respondeu com um sorriso sincero.

—As adorei muito, elas são rebeldes, descontraídas, como uma brisa de verão. –Silena ia dizendo, com os braços abertos, como se apresentasse um monólogo. –Elas destacam seus olhos, que são lindos, alias, e valorizam seus olhos, lhe dão um ar jovial, majestoso... –Silena ia recitando com emoção, fazendo Katie arquear as sobrancelhas, desconfiada.

—Desculpe, mas você está bem? –Katie questionou.

—Eu claro, claro. –Fez um sinal com as mãos como se aquilo não tivesse importância. –Então, você não tem hora para voltar, não é?

—Tecnicamente, não. –Katie respondeu, pensativa.

—E usamos quase o mesmo número em roupas, não é? –Silena continuava, com um tom sinuoso.

—Sim... –Katie não compreendia a linha de raciocínio da amiga.

—Hum... Ei, lembra que eu recebi uma mensagem antes? –Questionou e prosseguiu ao ver ela assentir positivamente. –E lembra que eu disse que já tinha um lugar para estrear o vestido?

—Sim. –Katie assentiu, inocentemente, sem perceber as intenções de Silena.

—Ótimo. –Silena sorriu e seguiu para o seu closet, voltando alguns segundos com um vestido rendado verde em suas mãos. –Pode se trocar no banheiro ali. –Disse enquanto estendia o vestido a uma Katie confusa.

—Como? –Perguntou, sem entender.

—Ah, eu adoro suas roupas, mas não dá para ir a uma festa com elas. –Silena disse fazendo Katie pegar o vestido de suas mãos.

—Festa? –Katie estava confusa e foi arrastada ao banheiro.

—Sim. –Silena sorriu. –A mensagem era um colega avisando de uma festa na casa dele, e nós vamos.

—Vamos? –A pobre Katie não estava mais entendendo nada.

—Sim, você vai adorar, vai ter música, comida, gente legal... –Silena ia enumerando.

—Olha... –Katie a cortou, delicadamente. –Eu não quero parecer rude, mas eu não quero ir.

—Por que? –Silena parecia decepcionada.

—Não me dou muito bem com festas e pessoas. –Katie foi sincera.

—Ah, por favor, Katie. –Silena estava quase implorando. -Eu quero muito ir, quero exibir essa belezura aqui para o mundo. –A menina balançou o vestido e fez uma cara pidona.

—Não tem problema, você pode ir. –Katie disse, sorrindo.

—Ai não tem graça. –Silena disse. –Odeio ir sozinha.

—Mas você tem várias amigas... –Katie comentou.

—E você é uma delas. –A cortou, fazendo Katie parar por um segundo. –Ah, vamos lá, por favor... –Silena implorava, com uma cara digna de o gato de botas.

Katie soltou um suspiro.

—Tudo bem. –Murmurou frustrada e ouviu um grito de alegria vindo de Silena, sendo seguida por um abraço esmagador.

—Obrigado, obrigado, obrigado. Você não vai se arrepender, eu garanto. –Silena disse, com um sorriso incontrolável.

—Espero que não. –Soltou um suspiro e pegou o vestido, se trocando o mais rápido que pode e logo saindo do banheiro.

Silena, que estava em frente ao espelho se maquiando, parou alguns segundos apenas para encarar Katie, que estava envergonhada.

—Não ficou muito bom. –Katie disse, a parte superior ficou muito solta a cintura muito colada.

—Ficou sim. –Silena revirou os olhos. –Fala sério, você vai roubar a cena. Pode ficar com esse vestido.

—Oi? –Katie perguntou.

—Pode ficar com ele, de qualquer forma, ele ficou mil vezes melhor me você. Verde é definitivamente sua cor. –Disse com um sorriso. –Vem aqui, vou te deixar maravilhosa.

Katie soltou uma risada e sentou-se em frente a Silena, que começou limpando a base do rosto de Katie e logo soltando uma careta ao ver os pequenos machucados, ainda não cicatrizados.

—Acho que não é o melhor momento para pedir como isso aconteceu, certo? –Silena questionou enquanto já começava uma nova maquiagem.

—Eu prometo que um dia te contarei tudo. –Katie suspirou, não estava pronta para falar sobre o ocorrido, ainda.

—Não tenha pressa, dê um tempo a si mesma. –Silena disse de forma doce.

Fez uma maquiagem leve, sabia que Katie não gostava de coisas carregadas. Passou uma sombra branca, apenas para realçar o olhar, um pouco de lápis, delineador, rímel e blush, contornou as maçãs do rosto e por fim passou um batom rosa claro, destacando. Sorriu com o resultado.

—Uau, sinto até vergonha de estar ao seu lado, madame. –Silena disse divertida.

—Isso é o que o resto do mundo sente perto de você. –Katie disse dando uma risada.

—Como assim? –Silena questionou, sem entender, enquanto soltava o cabelo de Katie a o arrumava, penteado e logo preparando um baby liss.

—Ah, você sabe. –Katie disse, vendo Silena cachear seus cabelos com capricho. –Você é simplesmente linda demais.

—Você acha? –Silena abriu um sorriso, quase amargurado, provavelmente era a única achar.

—Sim, e eu não sou a única. –Katie disse, quase como se lesse os pensamentos de Silena. –Não o conheço, mas aposto que o Charles acha a mesma coisa. –Katie completou, com um leve tom malicioso.

Silena instantaneamente sentiu o rosto corar e se embaralhou toda.

—Para. –Disse envergonhada, fazendo Katie dar uma risada.

Finalizou o cabelo de Katie e terminou de se arrumar, passando o resto da maquiagem e ajeitando os cabelos. Em seguida pegou os sapatos.

—An... –Katie murmurou vendo o salto que Silena lhe estendia. –Eu não sei andar nisso.

—O que? –Silena espantou-se. –Meu deus, se nós tivéssemos mais tempo eu te ensinaria. Eu dia eu faço isso. –Prometeu enquanto procurava por outro sapato, para Katie e lhe entregou, após muito procurar, uma sapatilha bege, simples, com apenas um laço.

Analisou Katie, o look completou, e decidiu que estava simples demais, pegou um cinto, da mesma cor da sapatilha e colocou-o na amiga, colocou também uma pulseira simples de coração, um colar de flor (que ela achou simplesmente a cara de Katie) e um par de brincos combinando com o colar. Não passou perfume em Katie, pois a menina tinha um cheiro de flores natural, era surreal.

Depois desse longo ritual de arrumação as duas finalmente seguiram para a festa, Silena totalmente empolgada e Katie totalmente nervosa, o que não era estranho, era a primeira festa que iria, afinal. Tentou não pensar muito sobre, apenas se deixou levar por Silena, que ia puxando conversa. Internamente Katie apenas rezava para que Silena não a abandonasse no meio da festa.

Ainda há duas quadras de chegar a festa, já era possível ouvir a música alta, e alguns adolescentes. Ao chegar na rua da festa era perceptível ver os adolescente bêbados, os carros e a música exageradamente alta. Katie sentiu-se extremamente tentada a fugir, o que não seria difícil, comparando a sapatilha que usava e o salto extravagante de Silena.

Porém já era tarde, já passava pela porta, com Silena engatada em seu braço. Assim que entraram quase todos os olhares se voltaram para as duas, mais precisamente para Silena, o que não era surpresa, Silena era simplesmente linda demais, não havia nem como discutir.

Katie sentia-se desconfortável, alguns olhares era direcionados a si, e alguns sussurros era perceptíveis, como “quem é aquela ali?” ou “Nossa...”. Katie arrependia-se amargamente de não ter fugido enquanto era tempo.

E o arrependimento só aumentou, quando em determinado momento algumas meninas puxaram Silena, deixando Katie sozinha em um canto da casa (que estava em completo caos). A menina suspirou frustrada e escorou-se  na parede, definitivamente odiava festas. Toda aquela aura, adolescente bêbados se agarrando, destruindo coisas e rindo iguais a retardados lhe dava repulsa. Ela definitivamente queria correr.

Procurou Silena com o olhar e a viu conversando, cheia de sorrisos e empolgações, próxima a um grupo de garotas lindíssimas, exatamente como Silena. Katie não pode evitar de sentir-se rejeitada e um pouco frustrada, aquelas garotas sim era a imagem perfeita das amigas que Silena merecia, lindas igual a ela.

Soltou um suspirou e desencorpou-se da parede, com a intenção de ir embora, Silena não notaria sua falta, de qualquer forma. Porém não chegou a completar seu objetivo, já que no exato momento em que deu um passou a frente sentiu seu corpo colidir com outro e um copo de bebida ser derramado em seu vestido.

—Oh... –Foi tudo que saiu da boca de Katie, seus olhos arregalados pelo susto. Sentiu um calafrio ao sentir o cheiro da bebida, cerveja.

—Puta que pariu. –A pessoa que havia esbarrado em Katie, praguejou. –Me desculpa.

—Tudo bem... –Katie murmurou, mesmo não estando. O cheiro de bebida era provavelmente um dos cheiros que Katie mais detestava, haviam más lembranças ligadas a esse cheiro, e elas envolviam socos, xingamentos e humilhações.

—Não, não ‘tá nada bem, sério, eu não te vi. –O garoto não estava bêbado e aquilo era um alivio, ela não sabia lidar com gente bêbada.

—A culpa foi minha. –Katie afirmou e finalmente levantou o olhar do vestido e quase prendeu a respiração, puta que pariu, ele era muito lindo.

—Claro que não. –O garoto viu Katie abrir a boca e franziu o cenho. –Tudo bem?

—Aham... –Katie estava meio sem palavras, ele era lindo demais.

—Vem, tem um banheiro limpo nos fundos. –Ele disse e sem mais nem menos puxou Katie.

—Limpo? –Katie questionou, meio confusa, olhando para as mãos entrelaçadas.

—Vai por mim, o banheiro aqui de dentro está uma zona. –Ele soltou uma gargalhada e mais uma vez Katie quase prendeu a respiração.

Não disse mais nada, apenas chegou ao banheiro e tentou limpar por cima, mas obviamente não deu certo, apenas tirou o mais grosso e conseguiu diminuir o cheiro insuportável, o que já era um enorme avanço.

—Aliás... –O garoto ainda estava ali, ajudando Katie. –Meu nome é Stoll, Travis Stoll. –Disse dando um sorriso galanteador e fazendo Katie sorrir, quase gargalhar.

—Gardner, Katie Gardner. –Disse e balançou os cabelos, como uma diva.

—Eu sei. –Ele disse de prontidão.

—Sabe? –Katie arqueou as sobrancelhas.

—Você é a queridinha da professora de Biologia. –Ele disse e revirou os olhos.

—Ah, fazemos essa aula juntos? –Katie particularmente não se lembrava do garoto, e achava aquilo estranho, quem, por Hades, esqueceria um rosto como aquele?

—Ai, assim você me ofendo, florzinha. –Ele disse em um falso tom magoado e logo soltando uma gargalhada. –Sabe, você não parece o tipo festeira.

—E não sou. –Katie afirmou, continuando o dialogo.

—Foi arrastada por uma amiga? –Perguntou em tom divertido, se escorrando na parede.

—Mais ou menos isso. –Katie soltou uma gargalhada e olhou o relógio atrás do garoto, já era passado da meia noite. Não pode deixar de arregalar os olhos, por mais que soubesse que o pai passaria a noite fora não podia deixar de se arrepiar ao imaginar a hipótese dele chegar em casa e não a ver, ela estaria muito ferrada. –Eu preciso ir. –Disse quase engolindo em seco.

—O que? –Travis parecia confuso ao ver a garota sair quase afobada dela, empurrando as pessoas em sua frente. –Aconteceu alguma coisa?

—Não, eu... –Katie começou e olhou em volta, pensando em Silena, a viu no canto, alegre com as outras meninas e não pode disfarçar o olhar magoado. –Eu preciso ir, só isso.

—Ah, qual é? –Travis revirou os olhos. –Bora curtir. –E tentou puxar Katie, mas a menina se afastou.

—Não, eu realmente preciso ir. –Disse e saiu dela quase correndo, impedindo Travis de tentar chama-la.

Não se importou com Silena, estava um tanto magoada, apenas seguiu o rumo de sua casa. Não estava brava com Silena, ela era popular, afinal, estava brava com si mesma e com tudo aquilo, principalmente o fato de ter mais medo de seu pai do que de continuar sendo uma desajustada para sempre. Fala sério, quando que um menino lindo como aquele voltaria a falar com si? A hippie rejeitada? Nunca.

Ah, Katie, você é definitivamente uma imbecil covarde.


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Notas finais do capítulo

Ficou grande. TRAVIS, APENAS TRAVIS.
Pronto, meninas, agora podem acalmar os coraçõeszinhos, travinho chegou e para ficar ♥
Espero a opinião de vocês nos comentários ^^
Um grande beijo e até a próxima ♥