Desajustadas escrita por KitKatie


Capítulo 17
Sorvete


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaaa, amiguinhos! Como vão? Espero que estejam bem, porque eu estou ótima e adoro ver as pessoas felizes quando eu estou feliz (do mesmo jeito que amo quando geral se fode quando eu to fodida e-e qqqqq)
Enfim, só digo espero que gostem.
Boa leitura ♥



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—... E no fim você eleva esse número aqui... –Annie ia terminando sua explicação, circulando o que citava. –E soma com esse... –Sorriu ao terminar. –E pronto, esta aqui o resultado.

—Uau. –Percy estava admirado com a facilidade com a qual Annie explicava-lhe o conteúdo. –Com você falando desse jeito parece tão simples... –Comentou sorrindo, encantado.

—Mas é simples, Percy. –Annie respondeu de modo simplório.

—Não é não. –Percy balançou a cabeça em negativo. –Pelo menos não para seres humanos como eu.

—Está dizendo que eu não sou um ser humano, Perseu Jackson? –Annie arqueou as sobrancelhas e colocou as mãos na cintura.

—Estou dizendo que seu cérebro não é o de um. –Respondeu soltando uma risada. –Acho em vez de um cérebro você tem aí um daqueles mega computadores super potentes e caros. –Percy respondeu pensativo.

Annie soltou uma risada e se espreguiçou e olhou seu relógio de pulso, conferindo que já estava ali, junto com Percy, a umas 2 horas e meia. Fechou o livro e guardou o resto de seus materiais.

—Já? –Percy comentou surpreso. –Terminamos? –Questionou feliz e levemente desconfiado.

—Sim. –Annie não resistiu e lançou um sorriso de volta.

—Ótimo. –Percy levantou em um pulo, puxando sua mochila para suas costas.  –O que você vai fazer agora? –Questionou, fingindo-se de desinteressado.

—Hum...? –Annie soltou, ajeitando seus materiais na mochila e colocando nos ombros. –Acho que irei para casa, terminar de ler algumas apostilas pendentes, por quê?

—Essas apostilas são importantes? –Percy questionou, olhando para seus pés e chutando uma sujeirinha imaginaria.

—Nem tanto, são só alguns conteúdos que eu li por vontade. –Annabeth respondeu e conteve um bocejo. –Repito novamente, por quê?

—Ótimo. –Percy comemorou e puxou Annie pelo braço pela saída da biblioteca causando um espanto em Annie.

—O que você está fazendo, Perseu? –Annie perguntou, confusa, tentando puxar o braço.

—Te puxando. –Percy respondeu sorrindo e mostrando a língua para a loira.

—Isso eu percebi. –Ela rebateu revirando os olhos.

—Então por que perguntou? –Percy franziu a testa.

—Nem sei porque eu ainda tento. –Annie bateu a mão em sua própria testa. Annie apenas aceitou seu destino e parou de questionar.

—Estamos indo a uma sorveteria. –Percy anunciou do nada.

—Oi? –Annie que nem estava prestando atenção questionou.

—Oi. –Percy respondeu.

—Onde vamos? –Annie ignorou.

—A uma sorveteria. –Repetiu e parou bruscamente, fazendo Annie trombar em si. –Chegamos. –Respondeu abrindo os braços e sorrindo imensamente.

—Ah, Percy, acho melhor deixar isso para outro momento... –Annie tentou uma desculpa, não que não quisesse tomar um sorvete com Percy, queria sim, mas não tinha dinheiro no momento, estava em uma situação extremamente complicada naquele momento, e não queria admitir isso.

—Nem vem com desculpas, todo o momento é momento de tomar sorvete. –Percy disse com uma voz grossa. –Frase de efeito. –Completou.

—An? –Annie franziu a testa.

—Nada. –Percy soltou uma risada, como se aquilo fosse uma grande piada interna e logo pegou na mão de Annabeth, com a intenção de puxa-la para dentro da sorveteria, mas Annie foi mais rápida e conseguiu se desvencilhar.

—Percy, eu tenho que fazer algumas coisas e eu preciso... –Annie ia tentando enumerar mas Percy logo a cortou.

—Nananinanão, Annie. –Percy colocou sua mão sobre a boca da menina. –Eu sinto que devo isso a você. –Percy admitiu, com certa vergonha e receio na voz.

—Como assim? –Annie soltou uma risadinha nervosa. –Você não me deve nada, Percy, esqueceu que você está me ensinando a nadar?

—Não é a mesma coisa. –Percy respondeu fitando seus pés. –Nadar é simples, estudar não.

—Nadar só é simples para você, Percy. –Annie respondeu com um sorriso.

—Espera... –Percy disse e logo levantou a cabeça com um sorriso, como se tivesse tido a melhor ideia possível. –Você se dá bem nos estudos e eu na natação, somos o casal perfeito.

—O... que? –Annie questionou sentindo o rosto esquentar.

Percy percebeu o que disse e sentiu a boca se abrir e o rosto ficar tão vermelho quanto o de Annabeth. Logo levantou as mãos e tentou fazer os sinais em negação.

—Eu disse dupla, sim, quis dizer dupla. –Percy tentou consertar.

—Ah, sim, dupla, com certeza. –Annie encarava seus tênis all stars surrados com a maior atenção possível.

Percy aproveitou o momento de distração de Annie e a puxou para dentro da sorveteria.

—Ei... –Annie tentou mas logo desistiu, seria impossível argumentar com Percy.

Percy soltou uma risadinha contida e escolheu uma mesa bem ao centro, e isso causou certo desconforto em Annie, ela odiava ser o centro das intenções e esse parecia ser a função de vida de Percy já que durante o caminho até a mesa, que nem era longo, ele cumprimentou praticamente todos lá dentro e parecia conhecer todos.

—O que vão querer? –Uma menina de cabelos pretos em um rabo de cavalo, mascando chiclete e com uma maquiagem excessivamente forte, os atendeu, ou melhor atendeu Percy já que ela mal desgrudou os olhos de Percy, que parecia alheio.

—Vocês tem algum sorvete azul? –Percy questionou com o olhos brilhando. Annie sentiu vontade de rir, a atendente olhou para o teto por alguns segundos, pensativa, antes de responder.

—Temos framboesa e mirtilo. –Respondeu com a voz arrastada, em um ato que parecia uma tentativa de sensualização. Francamente, Annie achou a atitude um tanto patética e nem sabia o porque.

—Vou querer uma taça desse ai. –Percy disse abrindo um sorriso e logo voltando seu olhar para Annabeth. –Você vai querer o que, Annie?

Annie não respondeu, na verdade estava ocupada tentando não rir da cara da garçonete que só reparou que Percy não estava sozinho naquele momento. A loira remexeu as mãos, envergonhada, sobre o colo.

—Eu não... –Annie tentou dizer mas foi cortada por Percy, francamente, quanta falta de educação.

—Ela vai querer uma taça de baunilha, certo? –Percy encarou Annie que negou com a cabeça. –Certo.

—Mais alguma coisa? –A menina voltou a encarar Percy como se o resto do mundo não existisse.

—Não, obrigado. –Percy sorriu e a garota praticamente se derreteu. Annie estava a ponto de chutar aquela menina e ela nem sabia o motivo do ódio involuntário e inconsciente.

—Percy... –Annie chamou o garoto que estava encarando um quadro na parede, extremamente concentrado.

—Oi? –Comentando voltando o olhar para Annie e voltando a sorrir.

—Eu acho melhor eu ir embora. –Comentou desconfortável.

—Por que? Os sorvetes ainda nem chegaram... –Percy respondeu, um pouco confuso.

—Eu não tenho dinheiro aqui comigo. –Annie admitiu.

Dinheiro sempre foi um assunto complicado para ela, afinal é difícil lidar com o fato de que sua mãe é uma arquiteta milionária e seu pai um professor de ensino médio que precisa racionar refeições. Sim, essa era a realidade de Annabeth, nem pensão sua mãe pagava porquê, legalmente falando, seus pais nunca estiveram de fatos casados e não houve separação, e mesmo Annie sendo de menor, Atena Chase tinha acesso aos melhores advogados do mundo e conseguiu burlar as leis e não precisar pagar as pensões. “Não vou gastar o dinheiro que demorei, sob muito esforço e estudo, para juntas com uma filha que eu nunca quis.” Essas foram as exatas palavras que Atena disse na primeira e última vez que Annie tentou pedir sobre a pensão. De alguma forma aquelas palavras a machucaram mais do que se a sua mãe lhe tivesse lhe dado um soco.

—E daí? –Percy não entendeu. –Eu pago, sério, eu te convidei, seria estranho se você pagasse.

—Não acho justo, Percy. –Annie comentou, remexendo as mãos e as encarando. –Sério, eu não sou a melhor companhia, eu vou indo...

—Se você ousar levantar essa bunda daí eu te trago de volta como se fosse um saco de batatas e te colo com super bonder, entendeu? –Percy tentou ameaçar mas o sorriso divertido quebrava qualquer aura de ameaça que pudesse surgir.

—Está me ameaçando, Jackson? –Annie perguntou entrando na brincadeira, quase inconscientemente.

—Me teste e verá, Chase. –Percy tentou ficar sério mas logo começou a rir, acompanhado de Annie.

Teriam continuado a rir caso a atendente não tivesse chegado, com grande estilo, diga-se de passagem, já que chegou e escorregou (engraçado era que Annie podia jurar que não havia nada, nem mesmo uma sujeirinha no chão) derrubando os dois sorvetes sobre Annie e apenas em Annie, nem uma gotinha de sorvete foi em direção a Percy. (A garçonete era uma sonsa, mas que ela tinha uma mira excelente temos que concordar).

—Ah, meu deus. –A menina comentou com um falso arrependimento, até uma criança perceberia o sorriso discreto que ela deu.

—Tudo bem... –Annie quase sussurrou vendo o estrago em sua roupa. Seu suéter bordado a mão de coruja estava completamente melado, sua calça jeans custaria a limpar, seu cabelo estava cheirando a framboesa e ela conseguia sentir os fios grudados, nem mesmo seu all-star escapou.

—Annie. –Percy arregalou os olhos e ficou sem reação tentou ajudar a limpar mas foi pior.

—Percy... Percy, deixa, ok? Eu limpo. –Annie respondeu já se levantando e quase escorregando no sorvete no chão.

Nesse momento todos ali dentro encaravam Annie, alguns rindo discretamente outros fazendo comentários nada discretos. Sentiu o sangue ferver e os olhos marejarem disfarçadamente, odiava ser alvo de chacotas, já foi zoada demais pela vida, não precisava de mais.

—Eu vou trazer umas toalhas. –A garçonete disse com um sorriso inocente, tentando ajudar Annie.

—Não precisa. –Annie respondeu de imediato. –Só me diz onde é o banheiro.

—Segue reto, primeira porta, a rosa. –Rebateu e soltou uma risada quando Annie escorregou novamente no sorvete.

—Você precisa de ajuda, Annie? –Percy, que já estava em pé ao lado de Annie, pediu se sentindo um tanto culpado, afinal ele que havia insistindo, se não fosse por ele Annie nesse momento, provavelmente, estaria em casa lendo tranquilamente, não cheia de sorvete no corpo e sendo alvo de piadas.

—Não. –Respondeu, não tinha intenção de ser grossa mas soou ríspida.

Não deu importância a esse fato apenas seguiu ao banheiro e ao se ver no espelho, conferindo o estrago, sentiu vontade de rir, ela era de fato patética. Suspirou e tentou se limpar, falhando, obviamente.

Bom, o grosso ela havia conseguido tirar, limpou o máximo que pode seu suéter, que era seu favorito, tentou reduzir o estrago na calça, aceitou o fato que o tênis não teria salvação, limpou o rosto e tentou ajeitar o máximo que pode da juba doce que estava seu cabelo.

Enquanto fazia esses reparos ia lendo as pichações das paredes e no espelho, nem mesmo o banheiro de uma sorveteria, um estabelecimento privado, estava limpo, bem decepcionante. Ia lendo as frases sem nexo, os xingamentos e localizou um “filha da puta” em letras garrafais e sentiu vontade de concordar. Nunca um xingamento fizera tanto sentindo para Annabeth.

Conferiu-se uma ultima vez antes de sair, apenas para ter certeza que estava tão patética quanto imaginava estar. Saiu do banheiro e logo que chegou percebeu que definitivamente ela era patética.

Percy estava conversando, de costas para Annie, com a garçonete e mesmo que não pudesse ver o rosto dele sabia que eles estava sorrindo, engajado em alguma conversa boa com a atendente, mesmo ela tendo feito o que fez. Annie não entendia mas queria que Percy a defende-se, era um sentimento bobo, mas agora vendo o Percy conversando como se nada estivesse errado fez Annie sentir-se traída, magoada.

Xingou-se mentalmente, ela era patética demais. Sentiu vontade de rir e só não o fez porquê estava ocupada saído de lá, não aguentaria voltar lá, fingir que estava tudo ótimo, estava cansada de sempre fingir. Mesmo sem motivos aparentes estava chateada com  Percy.

Sentia-se humilhada, o que de fato estava, ridicularizada, o que também estava, e trocada, o que fazia sentindo. E andar pela rua, toda melecada de sorvete azul e branco, não ajudava. Annie sentia os olhares e as risadinhas nas suas costas e se encolhia mais a cada passo que dava.

Mesmo involuntariamente, se perguntava o que sua mãe pensaria se a visse nessa situação tão deplorável, provavelmente isso só serviria de argumento para Atena, para explicar o porquê achar sua primogênita o seu grande fracasso.

E como bela ironia, ao levantar o olhar, Annie pode perceber no lado oposto em que se encontrava uma mulher loira, vestida de uma saia plissada e um casaquinho social juntamente com um par de saltos imponentes, que lhe encarava com seus olhos cinzas tempestuosos julgadores.

Annie percebeu que Atena balançou a cabeça em negativo e andou sem nem mesmo olhar para trás, como se a pessoas ali, sozinha e humilhada, não fosse sangue do seu sangue.

Annie rangeu os dentes e sentiu as lágrimas descendo-lhes quente, ótimo, mais um argumento que Atena teria, Annabeth definitivamente era o projeto fracassado da grande Atena Chase. Mordeu seus lábios e tentou conter as lágrimas, sem sucesso.

Apenas apressou o passo, torcendo internamente para que todo o sorvete que lhe cobria o corpo, misturado com a brisa que passava lhe rendesse no mínimo uma pneumonia.


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Notas finais do capítulo

Quem aí concorda em queimarmos essa garçonete em praça pública? EU O
E aí, amorecos? O que acharam? Espero ver a opinião de vocês, que é muito imporante alias, nos comentário ^^
Espero mesmo que tenham gostado, eu sei que demorei um tanto para postar, mas é por alguns motivos bem reais, acredito que grande parte dos meus leitores cheirosos e lindos seja estudante e entenda essa rotina complicada.
Enfim, desculpe.
Espero ver vocês nos comentários.
Um grande beijo e até a próxima ♥