À sua espera escrita por Gaby Uchiha


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, se você nunca leu Re/Desconfigurado, ficará muito confuso, já que essa one se passa no espaço-tempo entre os capítulos 18 e 19.

Segundo, essa one é inteiramente dedicada à Milla Senpai! É um presente de aniversário muuuuito atrasado para essa autora linda que eu recomendo muito. Como agradecimento por todo o seu carinho e fofura com poucas doses de palavrões espontâneos nos comentários hahahaha eu quero presenteá-la com esse bônus da fic que eu tive a grande oportunidade de ter seu acompanhamento!
Espero que goste Milla-chan ^^ e para os outros provindos de Re/Desconfigurado! Sintam-se abraçados em acolhimento ^^ Sejam bem-vindos a essa pequena one para matar um pouquinho a saudade e para explicar algumas coisas não ditas!



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SASUKEEEEEEE...

O meu grito reverberava e nada parecia fazer sentido.

Minha voz continuava a ecoar em meus pensamentos...

Gritando por ele...

Clamando por ele...

Mas nada acontecia. Nada ocorria.

Sasuke continuava inerte e sem vida.

As lágrimas queimavam meus olhos, traçando linhas de líquido quente sobre minha pele que tremia de frio.

Outra explosão. Mais água caindo das fissuras do teto. Mais gritos vindos de um lugar qualquer. Mais uma desesperança.

Nada importava.

A única coisa que eu conseguia fazer era chorar e sacudir os ombros inertes de Sasuke, como se ele fosse um boneco sem vida.

Gritei. Gritei. Gritei até minha voz desaparecer, mas nada acontecia. Ele não voltava, ele não respirava e seus olhos continuavam fechados como se estivesse em um sono tranquilo.

Ele estava morto!

Sasuke estava morto!

Mas eu não queria aceitar. Não queria suportar!

Meu peito se apertava e o medo não me assolava mais. O frio não me incomodava, apesar de minhas extremidades cianóticas e claro aspecto de uma provável e próxima hipotermia.

Tudo o que eu queria e visualizava era Sasuke inerte na minha frente.

Eu me agarrei ao seu grande corpo, tentando sentir algum resquício de vida, mas a minha resposta era sempre o nada e a solidão.

Solucei e gritei tantas vezes que perdi as contas ou a noção do tempo, fazendo com que em certos momentos até mesmo desejasse que minha morte fosse mais rápida, já que não aguentava mais sofrer e esperar até que meu último suspiro finalmente chegasse.

Mas tudo mudou em certo momento.

Braços. Braços fortes agarraram-me e me arrastaram para longe de Sasuke.

Eu gritei em desespero, não enxergando nada em minha frente ou ao meu redor, enquanto era arrastada por aqueles pálidos corredores com luzes que piscavam de maneira incômoda, cortando a minha visão as vezes pela total escuridão, nessas horas eu pensava se tudo não já tinha acabado, mas a dor era a prova de que tudo aquilo era só o começo de tudo.

O cansaço me abraçou e a voz me faltou.

Como meu amado Sasuke, virei uma boneca sem vida, sendo arrastada por aqueles corredores, por homens que eu nem sabia quem eram e muito menos me importava.

A única coisa que eu visualizava, perdida em pensamentos, eram meus pés, agora sem os saltos e meu vestido destruído, tanto pelos ataques de Suigetsu, ao chegar naquele quarto, quanto pela água que o deixara totalmente molhado.

O frio se tornou intenso, fazendo com que eu desviasse meu olhar – que ainda derramava lágrimas silenciosamente, falando o que meus lábios já não eram capazes de dizer – para que eu finalmente pudesse ver o borrão caótico que estava a parte externa daquele lugar.

Consegui identificar o braço com roupas oficiais que me erguiam para me cobrir com um grande casaco azul marinho.

Só então percebi que havia sido resgatada pela polícia.

Eles haviam conseguido chegar até nós, mas...

Se eles tivessem chegado mais cedo...

Os soluços retornaram e as lágrimas saíram com mais força tendo aquele pensamento. Minhas pernas perderam forças assim que me puseram de pé.

Caí de joelhos e me encolhi em meu pequeno casulo, negando ajuda. Querendo derramar meu desespero naquele tapete alvo, sujo de terra e sangue.

Luzes piscavam e o som de helicóptero era alto.

Não consegui resistir e um corpo masculino e quente me abraçou, no mesmo momento em que eu vi jogarem o corpo de Sasuke para fora daquele lugar que se desmanchava em ruínas.

Um grito alto e feminino em completo desespero e lágrimas sobressaiu-se naquela multidão de curiosos, policiais e paramédicos.

Era a Senhora Uchiha gritando “Meu filho!”.

Tudo se tornou escuro e quando recobrei meus sentidos estava em uma superfície macia com um forte cheiro de éter no ar.

Abri lentamente meus olhos que ardiam com a claridade e quantidade de paredes e móveis brancos que pareciam quererem queimar meus olhos tão acostumados com a escuridão.

Demorei um tempo para me acostumar com a claridade que eu tentava me proteger com meus braços dormentes e presos à múltiplas agulhas e fios.

Os BIP’s monótonos e rítmicos me incomodavam, mas uma voz familiar clareou toda a confusão interna de amnésia temporária.

— Finalmente acordou – falou sem humor a ruiva que estava sentada e inexpressiva na poltrona sob a grande janela de vidro.

Sua mão repousava sobre abdome como forma de proteção e não pude deixar de me recordar da sua aparência e de seu ferimento, assim que chegou para nos salvar.

As lágrimas transbordaram meus olhos sem comando e mais uma vez eu me via fraca e inútil recordando-me de Sasuke.

— Tsc – ouvi um resmungo da mulher que andava com dificuldades, provavelmente sentindo dor em seu ferimento recente. – Pare de chorar! Está manchando o orgulho de ser de Boca e ser mais forte que os outros por causa de sua criação – zombou com o seu humor negro, tentando me acalmar, mas eu negava com a cabeça chorando cada vez mais alto.

Não sei o que os levou até ali, talvez o meu choro, eu não sei, mas a porta foi fortemente aberta e por ela passou uma mulher com a aparência pálida e doentia. Sua raiva era palpável e o ódio do seu olhar estava direcionado para mim:

— Você mentiu! – Gritou a Senhora Uchiha que era segurada com força pelo filho mais velho que lhe pedia calma. – Você disse que era da Segunda Zona, mas era apenas mais uma das mulheres da vida de Boca! Uma sanguessuga querendo crescer usando o meu filho! O MEU FILHO! – Gritou se debatendo, enquanto eu continuava a chorar. – Você o matou! Matou o meu menino! A culpa é sua! E agora quer roubar o meu neto também?

As palavras se misturavam na minha cabeça que negava. Uma dor surgia latejante, mas não pior que a dor que eu sentia no peito.

No fundo, eu concordava com tudo o que ela dizia, com tudo o que ela gritava e com tudo o que ela me acusava aos sete ventos.

Eu queria gritar que sim, que nós mentimos para eles, que nós nos amamos mesmo que soubéssemos que o mundo não nos aceitava, mesmo que os códigos de divisão de Zonas nos dissesse que não havia possibilidade de existência de um “nós dois” e que sim, era por minha culpa que o homem que eu amava havia morrido.

Meu maior medo se tornou realidade e a ignorância de meu instinto de sobrevivente de Boca estava certo.

Eu não deveria amar, porque o amor é o que mais nos destrói quando os perdemos...

Eu estava destruída. Meus cacos espalhados e sem possibilidade de remendo e mais uma vez eu me perguntei porquê Kami me mantinha naquela maldita vida, por que eu tinha que permanecer viva, enquanto quem eu mais amava perecia?

— CALE-SE! – Gritou Karin acima de todos, calando a mulher furiosa que me atacava com palavras grosseiras. – Juro que se você falar mais alguma coisa para a Sakura, que é uma mulher sensibilizada e está grávida, eu juro que esqueço quem você é e parto para cima de você e ai de quem se meter no meu caminho, vai apanhar também – ameaçou com um olhar perigoso que me assustou.

Por um segundo meus soluços pararam, por mais que as lágrimas continuassem a cair sem meu comando. Naquela hora eu vi a determinação de Karin apesar da dor que ela sentia após ter perdido o homem que ela amava e mesmo assim, ela não estava chorando pelos cantos como eu estava fazendo. Ela estava ao meu lado, esperando que eu acordasse para me proteger de todos que viessem apontar o dedo e me acusar de tudo que eu mesma me acusava em pensamentos.

Naquela hora, eu invejei Karin. Invejei sua força de vontade e sua determinação, mas também, agradeci por tê-la ao meu lado apesar de tudo e todos.

Tudo desapareceu como uma nuvem de fumaça. As imagens perderam sua nitidez misturando-se em desordem até que eu acordei suada e ofegante.

Pus minha mão sobre o meu coração descompassado e vi que ainda era noite, através da grande parede de vidro à minha direita.

Olhei ao redor, reconhecendo o grande quarto de casal a qual eu muito conhecia.

Era o quarto do apartamento pertencente à Sasuke no Edifício Uchiha.

Meus olhos caíram no grande espelho de corpo inteiro e bordas douradas e delicadas, no canto próximo à parede de visão para a cidade tecnológica.

Vi meu reflexo mostrando meus trinta anos apesar dos olhos medrosos.

Abracei meus joelhos respirando de maneira mais calma, lembrando que tudo não havia passado de um sonho retratando meu passado de seis anos atrás. Pensei em voltar a repousar na grande cama até que uma voz preocupada e baixa me chamou:

— Sakura?

Olhei rapidamente para a porta entreaberta onde Sasuke aparecia com um copo de vidro enchido com água até a sua metade.

Ele parecia preocupado e resolveu se aproximar, deixando o copo no criado-mudo.

Eu não conseguia me mexer, apenas continuava a olhar o homem que sentava na borda da cama e acariciava minha bochecha com os nós dos dedos, tendo a estranha sensação de que havia algo errado, mas o calor do toque era tentador, fazendo com que eu fechasse os olhos querendo sentir tudo o que ele poderia me oferecer apenas com o toque de seus dedos em minha pele.

— Por que está chorando, minha Bela? – Perguntou capturando uma lágrima traiçoeira com um deslizar singelo de seus dedos.

Abri meus olhos mirando meu olhar no rosto preocupado que se inclinava na minha direção.

— E-eu não sei – balbuciei sem saber o porquê daquela vontade de chorar ou o porquê do aperto que eu sentia em meu peito ao olhar Sasuke.

— Então vamos fazer você sorrir – sorriu debochadamente de canto empurrando-me contra a cama.

— Sasuke? – Perguntei confusa vendo o homem se inclinar sobre mim.

O moreno ficou entre minhas pernas dobradas, só então notando a camisola fina e curta que eu usava, deixando à mostra o contorno do meu corpo e, principalmente, de meus seios excitados com a aproximação do homem que vestia apenas um moletom negro, deixando livre para mim, a visão do tronco nu e bem trabalhado.

— Que foi amor? – Disse em um sussurro tão fraco, que sua voz perdia força e sumia naquele quarto pouco iluminado. – As crianças estão dormindo, ninguém vai nos atrapalhar – comentou enquanto deslizava suas mãos grandes e quentes pela minha pele exposta, desde meus joelhos até repousarem ao lado do meu quadril.

Senti um tremor pelo meu corpo e Sasuke riu deliciado com o meu pelo eriçado.

Dei um leve tapa em seu ombro esquerdo devido ao rubor que se alastrava pela minha face por perceber o quanto ele me afetava só com um toque.

Sua mão foi mais ousada. Depois de seus dedos brincarem com a barra da minha calcinha de renda branca – ora acariciando os detalhes dela, ora deslizando seus longos dedos para a pele das minhas laterais que se escondiam sobre as finas tiras, sempre evitando se aproximar da minha intimidade para me provocar –, Sasuke ousou e eu vi, enquanto ele mordia o lábio inferior, suas mãos subirem pelas laterais do meu corpo, formando um pequeno relevo sob o tecido azul marinho.

Arfei de ansiedade quando suas falanges desenharam delicadamente, quase como se não tocassem, a curva dos meus seios.

Sasuke riu um pouco mais, se deliciando com a visão de me ver ceder e me excitar com suas provocações, mas dessa vez eu não revidei com um tapa ou uma bronca, apenas deixei que meus braços caíssem acima de mim como um consenso para que ele continuasse.

Com um sorriso de canto, Sasuke continuou a subir com suas mãos, desenhando as laterais de meus seios, a curva da minha axila, o contorno de meu braço e antebraço, até encontrar minhas mãos e com elas, entrelaçar meus dedos, deixando a camisola em torno de nossos pulsos como se fosse uma algema nos prendendo um ao outro.

Sasuke permaneceu um momento em silêncio, evitando tocar em mim, enquanto admirava meu corpo agora exposto ao seu deleite.

Os negros pareciam querer gravar cada pequeno detalhe do meu corpo, tão menor e mais delicado que o seu.

Era estranha a sensação de estar sendo estudada tão minuciosamente, mas, ao mesmo tempo, aumentava a minha expectativa, sendo que tal desejo era demonstrado pelo meu peito que arfava, movimentando-se com grande amplitude como se tivesse o desejo de se encontrar com o seu calmo, que estava a tão poucos centímetros de mim.

— Você é linda. Eu já disse isso? – Comentou focalizando o negro de encontro aos meus olhos, enquanto encostava a minha testa na sua.

— Sim – minha resposta saiu como um suspiro sôfrego. Eu já sentia o calor me tomar e Sasuke me torturava em expectativa.

Eu queria que ele me tomasse para si como em muitas noites já fizera, mesmo que uma sensação incomoda permanecesse no fundo do meu subconsciente.

— Você sempre diz isso – peguei-me falando, fazendo com que um sorriso mínimo e tão característico dele, se desenhasse em seu rosto.

— Porque é a mais pura verdade – seus dedões acariciaram em movimentos circulares o meu pulso, enquanto seus lábios tocaram gentilmente minha testa, desenhando um percurso quente e tentador pelas minhas têmporas, bochecha, maxilar, pescoço, colo, até chegar de frente para o meu bico intumescido esquerdo.

Meu pescoço já estava inclinado para trás, enxergando nossas mãos que continuavam unidas.

Eu respirava um pouco mais rápido, mas não pude evitar gemer quando senti sua língua tocar sedutoramente minha região sensível e intumescida.

Voltei meu olhar rapidamente para ele e fiquei embaraçada com o sorriso de satisfação que ele tinha.

— Idiota – sussurrei, mas isso só o fez sorrir ainda mais, inclinando seu quadril de encontro ao meu, fazendo com que eu sentisse sua ereção escondida pelo folgado moletom.

Eu gemi baixo, sentindo-a contra a minha intimidade. Sasuke aproveitou para friccioná-la lentamente, me provocando e estimulando.

Tentei ver seus olhos, mas ele acomodou seu rosto na curva do meu pescoço, fazendo com que eu sentisse sua respiração de encontro a minha pele.

Senti um fervor crescer em minha face devido ao prazer que ele lentamente fazia nascer em mim, mesmo que soubesse que ele faria muito mais para que eu jorrasse meu prazer em sua boca enquanto seus olhos ficassem de encontro aos meus.

— Droga Sakura, por que você sempre me deixa louco? – Riu mordiscando levemente a minha pele sensível.

— Porque você me ama – provoquei entre risos.

— Convencida – brincou parando tudo o que ele fazia para me olhar nos olhos.

— Estou mentindo? – Provoquei erguendo uma sobrancelha.

— Não. Você está absolutamente certa. Eu te amo, Sakura – sorriu docemente.

— Eu também...

“Mama!”

Ouvi um grito baixo e parei de falar.

— O que foi Sakura? – Perguntou confuso o moreno.

— Você não escutou?

— O que?

“Mama!” A voz foi mais alta e nítida.

— Essa voz!

— Não estou escutando nada, meu amor. Isso deve ser estresse – falou com descaso antes de sorrir maliciosamente. – Eu sei muito bem como te desestressar!

Ele se inclinou para me beijar, mas desviei o rosto com a sensação de incomodo aumentando em meu peito.

Sasuke praguejou baixinho, claramente irritado por ter evitado seu beijo.

— Sakura! – Reclamou. – Qual é o seu problema?

“Mama! Acorde mama!”

Que voz é essa? Eu conheço essa voz!

Divaguei em pensamentos, olhando ao redor, até fixar em Sasuke, lembrando-me de seu corpo jogado na neve daquela noite maldita.

— Isso não é real! Você não é real! – Falei rapidamente deixando Sasuke preocupado.

O homem segurava meu rosto com delicadeza tentando fazer com que eu olhasse em seus olhos negros.

Olhos... negros... como os dela!

— Sarada! – Gritei, desfazendo o sonho em que ainda estava presa.

Sasuke desapareceu, misturando-se na nuvem de fumaça que o ambiente se tornou.

***

Levantei ofegante e suada.

Olhei ao redor e continuava no mesmo quarto, só que agora estava tudo iluminado pelo sol matinal.

— Mama! Finalmente você acordou! – Ouvi uma voz infantil e meus olhos verdes caíram sobre a menina de cabelos curtos e negros, olhos escuros como a noite e óculos vermelhos ganhados de sua madrinha, Karin. – Você se esqueceu que dia é hoje? – Falou com um bico de insatisfação.

Minha feição estava confusa pelo recente sonho, mas acabei rindo das bochechas coradas e infladas da minha filha de cinco anos.

— É claro que eu não me esqueci que dia é hoje – passei o indicador na bochecha com resquício de cobertura de chocolate. Provei e fiz uma expressão de surpresa pelo doce que estava muito bom – e pelo visto a minha princesinha já preparou tudo.

Puxei minha pequena para o meu colo, depositando inúmeros beijos molhados em seu rosto, enquanto ela gargalhava e se debatia no meu colo.

— Pa-para mama – pedia entre gargalhadas.

Mesmo que meu coração doesse com aqueles sonhos que me perseguiam todas as noites, ao acordar, só a presença de Sarada fazia meu coração se aquecer e se alegrar.

— Só se você me der o meu bom dia – disse fazendo cócegas.

— Bom... bom... dia mama – falou alto em meio às risadas.

Parei com as cócegas e fui presenteada com os bracinhos que contornaram o meu pescoço em um abraço apertado.

Inspirei profundamente o cheiro floral de Sarada e correspondi o seu abraço fechando meus olhos enquanto dizia:

— Bom dia, meu amor.

— Essas duas mulheres lindas vão continuar dormindo ou vão se arrumar para podermos sair? – A voz do Nisuke entrou alta e feliz no quarto.

Sarada inflou as bochechas para o irmão, enquanto eu sorria e abria os braços para o meu filho mais velho.

Nisuke havia crescido muito nos últimos anos. Hoje, já com seus dezesseis anos e uma certeza que seguiria os passos de Orochimaru, na invenção de novas tecnologias de robótica fina, ele parecia cada dia mais com o seu pai.

Seus cabelos negros azulados estavam eternamente rebeldes, apesar de todos os meus esforços para mantê-los no lugar. Os olhos negros, deixaram o brilho das eternas lágrimas de sua infância e aderiram o brilho mais sagaz da adolescência de descobertas e paixões que ele vivia atualmente.

— Para sua informação, nii-san, eu já estou arrumada – falou petulante minha menina que se encolhia sob o meu braço direito, enquanto Nisuke sorria para ela, aconchegando-se sob meu braço esquerdo.

Beijei o topo de sua cabeça que se apoiava em meu ombro como se fosse uma criança buscando colo.

— Mas a mamãe ainda não está arrumada e já faz uns quinze minutos que você subiu para acordá-la.

— Não tenho culpa se ela dormiu demais – murmurou envergonhada abraçando-me ainda mais.

Ri extasiada por ter aqueles dois ao meu lado, logo tão cedo, e os abracei com força sendo prontamente correspondida.

— Desçam e ajudem a arrumar tudo. Ficarei pronta em um instante – pisquei para os dois que assentiram em acordo.

Nisuke pegou Sarada no colo e saiu respondendo todas as perguntas infantis que a pequena fazia. Os dois irmãos eram muito próximos e desde que Sarada nasceu, Nisuke tinha uma áurea protetora e amável pela irmã mais nova.

— Nossos filhos já estão tão grandes, Sasuke – sussurrei com um leve sorriso nostálgico nos lábios, enquanto me levantava para ir ao meu closet.

Meu reflexo de trinta anos logo foi retratado pelo grande espelho de parede inteira no fundo do closet.

Meu corpo adquiriu novas curvas devido a gravidez e meu rosto se tornou mais adulto com um corte Chanel mais curto.

Minha pele estava bem hidratada e macia, mesmo que as cicatrizes do meu passado ainda continuassem escondidas pela minha longa camisola e robe cor de pérola.

Às vezes eu me perguntava o que Sasuke acharia de mim e de minha mudança. Já fazia tantos anos e nenhum outro homem havia me tocado.

Meus olhos caíram na Rosa Negra eternamente em meu pescoço e no anel de noivado em meu anelar direito.

— Pensando no senhor Uchiha mais novo outra vez, Sakura? – A voz mecânica de Ino chegou aos meus ouvidos e sorri fracamente vendo seu reflexo atrás de mim.

— É impossível não pensar – respondi e como ela muito me conhecia, apenas assentiu terminando aquele assunto.

— Vim preparar seu banho – comunicou indo para o banheiro.

Revirei os olhos para aquela sentença. Mesmo que Ino soubesse que eu não precisava de ajuda ou que eu não era como as outras mulheres de Pasárgada – meros parasitas que escravizavam os robôs serviçais – ela continuava a me tratar como sua dona apesar dos anos.

Como não adiantava discutir, encostei meu ombro na entrada do banheiro, vendo a loira preparar a banheira de hidromassagem com sais e pétalas de cerejeira.

Sorri sabendo o quanto ela me conhecia para saber que precisava relaxar.

Depois que tudo aconteceu, os pais de Sasuke demoraram para me aceitarem de volta.

Secretamente, Sasuke havia feito um documento oficial que dizia que caso ocorresse algo com ele, a guarda de Nisuke e de Ino eram inteiramente minha e nada eles poderiam fazer para mudar aquele veredito.

Eles tentaram entrar em uma briga judicial contra mim, mas Itachi e Naruto permaneceram ao meu lado e logo desacreditaram os Uchiha’s com a voz de um advogado renomado.

Logo que a guarda foi me dada, perguntei a Ino se ela não queria ser livre e voltar para as passarelas. A loira ficou pensativa com a oportunidade de escolha, mas no fim, ela disse que pelos seus cálculos, sua vida servindo à Sasuke e a mim era melhor do que sua anterior com diversos tipos de explorações.

Tive compaixão pela loira e mesmo sabendo que não tinha estruturas para sustentar uma criança, uma robô humanoide de alta tecnologia, uma amiga ruiva, que se mantinha próxima a mim com o intuito de balear qualquer um que tentasse fazer mal para mim, e uma gravidez que havia começado com complicações, decidi seguir em frente e tentar abraçar todas essas pessoas importantes para mim.

Por um tempo continuei na Segunda Zona trabalhando com Tsunade, tendo Nisuke e Ino em meu pequeno apartamento. Karin começou a trabalhar lá também, já que se negava a voltar a Boca e Tsunade precisava de ajuda já que ela não deixava que eu trabalhasse muito por causa da minha condição de saúde.

Eu agradecia toda a ajuda que eu recebia e as constantes visitas do loiro e do moreno que sempre me traziam novidades de Pasárgada e sobre como estava o encaminhar do Novo Projeto Falcão.

Eu ainda estava em cactos, tentando manter minha integridade física e mental com aquelas pequenas esperanças e carinho recebido.

Decidi ser forte por mim e pela minha família e com o tempo, os pais de Sasuke decidiram começar a me aceitar, pois, apesar de tudo, era um neto deles que eu carregava em meu ventre.

Depois de muitas conversas, eu decidi ceder aos pedidos de aceitar o apartamento que Sasuke estava preparando para que fossemos morar juntos e com nossos filhos no Edifício Uchiha.

Não consegui conter minhas lágrimas quando entrei no duplex pela primeira vez. A ideia de que tudo aquilo era um planejamento do Uchiha para nós dois era aterradora para o meu coração e pela primeira vez, em meses, eu e a Senhora Uchiha choramos nos braços da outra tendo aquele homem em nossos pensamentos.

Os anos foram se passando e a ideia de não deixar minha vida parada no tempo, esperando que o resquício de esperança se tornasse realidade, foram o meu gás para estudar e me formar em uma universidade de literatura.

Tornei-me professora da escola dos meus filhos, fazendo com que aqueles seres que passavam pelos meus atentos olhos, reaprendessem a valorizar aquela cultura tão esquecida nos tempos atuais...

— Sakura? – Despertei dos pensamentos com a voz de Ino.

— Sim?

— Seu banho já está pronto.

— Obrigada.

Agradeci enquanto ela descia para ajudar meus filhos com o que precisasse e me desse privacidade.

Relaxei em minha hidromassagem de maneira rápida. Ficaria mais tempo ali se pudesse, mas a data especial era mais importante que minhas horas de relaxamento e por isso, enrolada em um roupão felpudo e alvo, sair do banheiro, encontrando a roupa que Ino, com seu senso de moda apurado, havia separado para mim.

Sorri agradecida vestindo o vestido colado de alças grossas que se modelava em meu corpo. O cinto branco, de mesma cor do vestido, marcava ainda mais a minha cintura.

Vesti o sobretudo marrom e desci a escada encaracolada sobre meus saltos carmim que contrastavam com minha maquiagem nude que marcava meus olhos verdes.

Logo os três pares de olhos voltaram-se para mim com largos sorrisos, enquanto me aproximava da ampla mesa de jantar com o bolo de chocolate, descartáveis, duas caixas de pizza e refrigerantes.

— Você está linda, mãe – Nisuke me elogiou com um beijo estalado na minha bochecha.

— Mama sempre está linda, nii-san – falou feliz a pequena Uchiha que abraçava as minhas pernas. – Papa é muito sortudo por ter ela – falou convencida tirando risadas de todos.

— Já que estamos todos prontos vamos logo nos encontrar com o papa de vocês – falei conduzindo meus dois filhos para o elevador.

Ino nos seguiu segurando o bolo e dois outros robôs nos acompanharam carregando as outras comidas e bebidas.

Sarada estava animada. Era o dia do ano em que mais ficava agitada e como sempre, acordava cedo, se arrumava e ajudava Ino a preparar o bolo.

A viagem até o saguão do Edifício Uchiha não demorou, logo estávamos sendo bem recepcionados pelos robôs já prontificados com os dois carros para nos levar até a Companhia daquela nobre família.

Mesmo que eu não fosse oficialmente uma Uchiha, todos me tratavam como uma. Ter dois filhos, ser noiva, ter um apartamento, tudo isso advindo de um Uchiha herdeiro do principal ramo da família, era o status suficiente para que todos me considerassem um membro oficializado, por mais que ainda tentasse permanecer com o meu sobrenome de solteira estampado na descrição da minha sala na escola.

Sorri e dei bom dia para todos, acomodando-me no meio dos meus filhos no banco traseiro do carro. Ino entrou no carro que nos seguia com os outros dois robôs.

Sarada se colou na janela rindo por ver Kurama perseguir nosso carro e eu sabia que aquilo era invenção de Naruto, o atual Presidente das indústrias de cosméticos dos Uzumaki’s.

A viagem foi curta e logo meus olhos visualizaram a imponente empresa de robótica fina.

Um humanoide abriu a porta com uma mesura respeitável para nós três. Sarada correu para fora dando um aceno de despedida para a raposa que voltava a correr pelas vidraças da cidade.

— Você gosta mesmo do Kurama, não é? – Comentei pegando a mão da pequena criança de roupas de tons rosa e branco, conduzindo-a para dentro da empresa.

— Sim! Ele é fofinho. Por que os Uchiha’s não têm um sistema operacional igual ao Kurama, mama?

— Hn. Eu não sei. Vamos nos encontrar com o seu tio Itachi mais tarde. Você pode perguntar para ele – Sarada assentiu de acordo, antes de se perder no grande vai e vem de pessoas e robôs que transitavam pelo salão de maneira apressada, enquanto propagandas da própria empresa vinham e iam nas grandes vidraças.

Meus olhos caíram em um mapa-múndi acima do balcão dos recepcionistas. Era tonalizado de azul marinho e linhas brancas, mostrando-me as grandes metrópoles que dominavam o mundo com suas tecnologias e, as maiores delas, localizadas ao norte da linha do Equador, enquanto poucas ficavam ao sul, restando a essa parte do mundo, cidades menores e dependentes de outras maiores que elas.

Suspirei tentando não divagar sobre como a humanidade chegou àquele ponto.

Hoje era um dia feliz para a minha filha e decidir sorrir para ela que sempre alegrava o dia quando a desesperança nos assolava.

Nem ao menos percebi quando já estava sendo guiada por um dos andares mais altos e isolados da empresa.

Orochimaru e Kabuto já estavam de frente para uma grande porta dupla alva, cada uma com um pequeno observatório de vidro.

Sarada não esperou. Soltou da minha mão e saiu correndo para atravessar a porta dupla antes que os demais.

Os dois homens apenas sorriram para a menininha, a qual estavam tão acostumados a ver por ali, mesmo que ainda ficassem surpresos pelo fato de ter engravidado de Sasuke de maneira natural, resultando em uma criança em perfeito estado de saúde.

"Eles brincaram tanto de papai e mamãe que as chances de sucesso aumentaram", brincou certa vez Naruto, envergonhando-me em um jantar em família durante a minha gravidez avançada.

Fiz um leve cumprimento aos homens, entrando de mãos dadas com o meu filho que compreendia tudo o que havíamos passado até ali. Principalmente ele, que durante 16 anos de vida, só teve a possibilidade de conviver com seu pai por tão poucos meses, esperando por ele, por todo o restante do tempo.

Meu coração falhou ao atravessar a porta e por um momento eu parei o passo, decidindo deixar Nisuke continuar sem mim.

Ino e os robôs, que a ajudavam, deixaram as coisas sobre uma pequena mesa com rodas.

Senti a presença de Orochimaru e Kabuto se aproximarem de mim, mas a única coisa que eu conseguia enxergar, era o corpo de Sasuke, completamente imóvel, sobre uma cama metálica que parecia desconfortável, mas como sempre, ele nunca reclamava ou dava qualquer sinal de vida.

Sarada já tinha subido a cama e estava jogada sobre o pai em um abraço que não era correspondido por ele, enquanto Nisuke sorria para a irmã e cuidava para que ela não caísse dali.

— Alguma novidade? – Perguntei baixo para os homens ao meu lado. Com a minha visão periférica vi os robôs auxiliares saírem para nos darem privacidade.

— Não, senhorita Haruno – Orochimaru começou com a sua voz tão característica de si. – O senhor Sasuke apresentou avanços aplaudíveis e o Novo Projeto Falcão está muito mais rápido que o primeiro, mas... apesar de ainda termos conseguido recuperá-lo com sinais vitais inerentes à sua parte orgânica, muito de seu corpo foi danificado e toda a parte mecânica teve que ser reconstruída. Na primeira vez levou 12 anos para construí-lo, dessa vez já estamos com seis anos, um corpo completamente novo e mais tecnológico, seus sinais vitais estão semelhantes da última vez e seu sistema operacional pronto para operar mais uma vez, tudo exatamente como estava quando ele acordou pela primeira vez, mas o senhor Uchiha continua dormindo, ele não reage. Já estamos esperando há seis meses que ele acorde, mas...

— Não vou autorizar que desliguem o sistema dele – falei o que eu sempre dizia.

Até mesmo o comando do seu sistema operacional, Sasuke havia deixado para mim.

Às vezes eu me perguntava se previra poder ocorrer alguma situação daquele tipo.

— Talvez seja melhor seguir em frente. Não entendo como uma jovem como você insisti em alguém como ele. Tenho certeza que tem muitos pretendentes.

Orochimaru insistiu e eu me recordei de todos os dias que passei ali, vendo cada etapa da reconstrução de Sasuke, cada fio, ferramenta e órgão que eles usavam para reconstruí-lo.

Eu vi aquelas grandes máquinas trabalharem em um corpo como se fosse um mero produto daquela empresa e as pessoas não entendiam as minhas lágrimas ou porquê eu continuava ali. Tudo se resumia ao simples fato de que eu não via uma máquina apesar de todos aqueles fios e programas. Eu via um homem. Eu via o Sasuke. Eu via o pai dos meus filhos e o homem que um dia eu ainda iria me casar.

Apesar de todas as vozes e desesperanças, eu sempre continuaria ali, esperando que ele voltasse a abrir os olhos e pudesse ver a nossa filha. A filha que o amava tanto e contava sobre seu dia-a-dia como se ele pudesse escutar e compreender tudo que lhe era dito.

— Deixe-nos a sós, por favor – disse, sem ao menos me dar ao trabalho de olhá-los. Tudo o que eu era capaz de mirar, era os meus filhos e o moreno desacordado.

A pequena festa particular se transcorreu de maneira tranquila. Sarada não saia do lado do pai e batia palmas, durante a curta canção, com fervor e empolgação, de maneira tão diferente como ela se mantinha séria na maior parte do tempo, guardando para os seus familiares próximos, seus mais preciosos sorrisos.

Era o aniversário de 38 anos de Sasuke e como todos os anos estávamos nós quatro ali, ao seu lado, comemorando mais aquela data.

É engraçada a vida, pois quando tememos perder algo, valorizamos cada pequeno detalhe que aquilo possa nos oferecer.

Os pais de Sasuke não suportavam visitar seu filho e vê-lo naquela situação mais uma vez em sua vida. Itachi era o novo Presidente da empresa e sempre que podia o visitava para ficar alguns minutos contando tudo para o irmão que permanecia inerte ao mundo, esperando pelo dia que pudesse ver o mais novo voltar a abrir os olhos e tê-lo ao seu lado no comando da empresa. Naruto, mesmo com a rotina corrida, o visitava todos os dias com conversas animadas e até lembranças de seu passado, tudo aquilo terminava em um pequeno sorriso de saudade e um singelo pedido para que seu melhor amigo retornasse logo para todos nós.

Nesse ano, fomos só nós quatro para o seu quinto aniversário adormecido após aquela fatídica noite e como todos os dias em que o via, eu pedia silenciosamente para que ele acordasse.

O bolo de chocolate, o preferido de Sarada, logo foi partido e cada um de nós se deliciava com os dotes culinários de Ino.

Minha filha, permanecia alegre, balançando as suas curtas pernas infantis penduradas no ar, desviando seu olhar e sorriso, vez ou outra, para o seu pai como se fosse uma tentativa de flagrar seus olhos abrindo pela primeira vez para ela, mas todas as tentativas de flagra eram em vão e um pequeno brilho triste passava como uma sombra nos olhos de minha filha.

— Ok, agora é hora de deixarmos o pai de vocês descansar – sorri para os meus dois filhos que assentiram em acordo, enquanto eu ajudava a Ino a recolher o lixo antes que dois robôs aparecessem para a ajudar.

Aproximei-me dos dois que se mantinham ao lado do pai como se despedissem com um até logo.

— Mama, por que nós já temos que ir? – Perguntou a pequena comendo seu segundo pedaço de bolo. Alguns farelos permaneciam na boca suja de chocolate.

— Papai precisa ser avaliado agora, onee-san. Prometo que se você quiser, eu te trago amanhã para visitarmos o nosso pai – Nisuke respondeu por mim com um largo sorriso que foi correspondido pela irmã.

Dei um beijo no topo da cabeça do garoto como uma forma de agradecimento.

— Se despeçam do seu pai – avisei.

Nisuke pegou o prato da irmã sabendo que ela se jogaria sobre Sasuke em um abraço desajeitado.

— Tchau papa. Amanhã eu e o nii-san vamos vim te visitar. O senhor é muito dorminhoco – acabamos rindo da última sentença da menina enquanto ela apertava o enlaço no pescoço do moreno.

— Tchau pai – foi a vez de Nisuke depositar um beijo de despedida e respeito na testa do seu pai. – Voltaremos amanhã – prometeu ao homem, enquanto pegava a mais nova no colo. – Vamos esperar a senhora na sala de visitas – comunicou sabendo que eu ficaria ali por mais alguns instantes.

Dei um sorriso, vendo meus filhos passarem pelas portas duplas e serem seguidos por Ino, que me enviou um olhar compreensivo antes de seguir seu caminho.

Respirei fundo, sentindo uma lágrima escorrer pela minha bochecha direita. Sorri sem graça, enxugando-a rapidamente antes de me voltar com um largo sorriso para Sasuke, como se temesse que ele me visse chorando.

— Sua filha tem razão. Você anda muito dorminhoco, meu amor – ri levemente antes de selar nossos lábios longamente.

Afastei apenas um pouco nossos rostos, admirando as feições maduras que escolheram para o novo rosto de Sasuke.

Acariciei seus cabelos longos que agora chegavam na altura de seu ombro, parte de seu rosto ficava coberto pela longa franja.

Seu rosto ainda tinha o corte suave, porém, agora, apresentava ângulos mais duros e masculinos da aparência de trinta anos, apesar de sua idade cronológica ser oito anos à frente do que parecia.

Dedilhei cada contorno até suspirar e desenhar seus lábios lentamente.

— Você precisa acordar – pedi fracamente, sentindo as lágrimas retornarem aos meus olhos. – Você precisa conhecer a sua filha. Ela é uma garota tão linda e sentimental. Ela te ama sem nunca ao menos ter trocado um par de palavras com você. Ela te respeita mesmo que nunca tenha sido posta para dormir pelos seus braços – solucei segurando seu rosto entre minhas mãos trêmulas. – Nisuke precisa de seus conselhos já que eu soube que anda fazendo sucesso entre as garotas de várias idades – sorri com a lembrança do Uchiha ter chegado vermelho da escola e várias cartinhas de amor em sua mochila. – Ele é um garoto tão tímido que não sabe muito bem como reagi a esse assédio – meu sorriso era largo e permaneceu, lembrando de outra figura. – Até Karin fica entediada quando volta de viagem para nos visitar. Até ela precisa de você para jorrar suas piadas ácidas como sempre fazia – ri com aquela sentença, mas meu sorriso morreu, acariciando suas maçãs com delicadeza. – Eu preciso de você. Nós precisamos de você, Sasuke! Por isso, por favor, volte para nós.

Sussurrei o que todos os dias eu pedia.

Inclinei meu corpo sobre o seu e selei longamente nossos lábios, sentindo meus olhos queimarem pelas lágrimas que pediam passagem para deslizar sobre o meu rosto.

Afastei milimetricamente antes de sussurrar:

Eu te amo, Sasuke-kun.

Senti o tão conhecido caroço se formar em minha garganta antes de dar as costas para aquele homem.

Dei poucos passos enxugando as lágrimas, antes de ver feixes de luzes vermelhas nas paredes alvas e bem iluminadas.

Vi pelo reflexo do vidro, a pequena sirene que ficava na parede atrás de Sasuke, ligada.

Uma vez eu havia perguntado o porquê daquilo, recebendo como resposta de Orochimaru, que aquela luz brilharia caso estivesse algum problema com o Sasuke ou se...

Virei lentamente meu corpo esperando para ver algo.

Não conseguia me mexer ou raciocinar direito, apenas continuava encarando o corpo imóvel que parecia sem nenhuma alteração.

O peito de Sasuke continuava a subir e descer em um movimento calmo, quase imperceptível.

Meus olhos marejaram e meus dedos cobriram a minha boca, não acreditando no pequeno movimento que sua boca fez como se tentasse dizer algo, mas meu coração descompassou, quando os olhos de Sasuke abriram-se para o mundo.

Continuei petrificada, encarando os três leves piscares desorientados, antes de sua cabeça tombar para o meu lado, focalizando-me em poucos segundos.

Um brilho percorreu seus olhos e depois de tantos anos de espera, eu finalmente escutei sua voz sussurrar:

— Sakura...

FIM!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e que eu possa ler a opinião de todos!
Obrigada por tudo!
Com o sentimento de dever cumprido, eu digo "Adeus" à essa história que vai me deixar saudades de todos os personagens e problemas que eles viviam ^^
Ja ne pessoal! Nos encontramos futuramente em outras histórias!
Beijos. Tenham uma excelente noite!



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