Um beijo seu escrita por Hermione Granger


Capítulo 5
Passeio de garotas




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O jantar com a família Weasley ‘quase’ completa, foi barulhento, caótico e desorganizado tal como se era esperado. Fred e Jorge tentavam controlar as crianças, mas eram eles que de fato se comportavam pior. Assim seguiu e mais tarde mesmo sob os protestos da Sra. Weasley, iniciaram uma batalha com migalhas de pão. Hermione estava se sentindo extremamente bem entre tantos ruivos e mais de uma vez olhou para Ron com um sorriso sincero nos lábios. Talvez o fato dela ter aceitado ir à Londres, mesmo que sendo por uma mentira, tenha sido uma boa idéia. As crianças lhe enchiam com perguntas do tipo: Qual sua cor favorita e quantas pessoas ela já havia mandado para prisão. Ela respondia a todas que podia com o apoio de Ron que estava ao seu lado.

Ao terminarem todos de jantar, voltaram a se reunir na sala onde Hermione teve certeza de que o verdadeiro interrogatório começaria. Os pais colocaram seus respectivos filhos para dormir e Victorie e Dominique tiveram permissão para ficarem um pouco caminhando na rua junto às amigas. Os mais velhos foram se acomodando no sofá: A Sra. Weasley se sentou em uma das poltronas e e Sr. Weasley ficou de pé ao seu lado apoiado às costas da poltrona. Deixaram para o novo casal um pequeno sofá de dois lugares. Hermione ficou sem jeito, mas logo Ron lhe tomou a mão e levou-a a se sentar junto dele.

Os Weasley olhavam a cena com tanta euforia que estavam a ponto de satisfazer o desejo da curiosidade e deixar de lado as regras que impuseram antes da chegada do casal. Bem incomodada e tensa com os olhares, Hermione sentou-se bem encolhida e quase a beira do sofá, e Ron se permitiu passar os braços por sua cintura.

— Hermione querida, não sabe como é bom tê-la entre nós. – disse mais uma vez a Sra. Weasley. – Quando acabarmos os preparativos para o casamento de Gina, logo poderemos começar o de vocês. Há, afinal, muitas coisas para serem organizadas e decididas. Oh, meu pequeno Ronnie sempre me surpreendendo.

— Como ele fez o pedido Hermione? Foi romântico? Não consigo imaginar meu irmão tento qualquer tipo de atitude que cause algum encanto em uma mulher. Te comprou algum anel? – mas sem permitir Hermione de responder, Gina olhou das mãos da garota sem nenhum anel diretamente para o irmão olhando-o com censura. – Que tipo de pateta você é Ronald? Nunca faz nada direito?

— Ora não enche Ginevra, já é um grande passo ele ter encontrado alguém que o suporte mais de cinco minutos, além de nós é claro, que o fazemos apenas por obrigação. Bem vindo ao mundo dos amarrados Ron. – Disse Fred.

—... Onde somos constantes peixes tentando se libertar das redes. – completou Jorge. Ambos receberam um beliscão de suas esposas. Angelina e Alicia eram as únicas capazes de controlá-los.

— Mas conte-nos querida, meu pequeno Ronnie, – Ron fez uma careta a menção do apelido. – É mesmo tão reservado quanto sua vida particular? Às vezes sinto que perco tanto sobre ele. Ficou te mantendo em segredo todos esses anos.

— Eu ainda acho a falta de um anel um erro incomparável Ronald. – voltou a resmungar Gina. O Sr. Weasley mal prestava atenção à conversa, pois estava demasiado entretido com fotografias dos filhos e netos postos próximo a lareira. Os gêmeos tentavam agora agradar as esposas e Harry apenas olhava Gina. Esse assunto apenas parecia interessar as mulheres. – Voce tinha que ter me consultado primeiro: um anel e a primeira regra básica para um compromisso. Hermione, conte-nos como foi.

— Bom eu... Eu acho que estávamos no terraço de casa e... Era noite de lua cheia, é. – Hermione olhava para o chão, mas ao notar que ninguém ousaria interromper-lhe, seguiu com mais segurança, ignorando o olhar de Ron. – Estávamos os dois deitados em uma espreguiçadeira. Estávamos só olhando o céu e a lua aparecendo, desaparecendo e tornando a aparecer por entre as nuvens. Ron de repente apareceu diante de mim segurando um colar. – Ela apontou para um colar de ouro branco que sempre usava e que de fato fora realmente um presente de Ron, porém apenas um presente de aniversário. – Sei que não é um anel, mas...

Foi interrompida por Gina que se levantou em uma velocidade assustadora para olhar de perto o colar de Hermione.

— Oh Hermione, que bonito. E que linda história. Me custa acreditar que Ron pensaria em algo decente para lhe fazer o pedido tão perfeitamente, mas... Oh Harry querido, acho que alguém acaba de te superar. Que maneira mais original de simbolizar o amor. É realmente lindo Hermione. – Disse abraçando-a. – Bem vinda à família.

Hermione estava tremula entre os braços do amigo. Os gêmeos trocavam olhares entre si e em seguida para as suas esposas como quem lhes pedia autorização para que pudessem dizer algo a respeito do assunto, mas não tiveram sorte. Hermione havia dito palavras tão bonitas que os outros ficaram sem palavras. Miravam Ron com uma mistura de assombro e orgulho, mal sabiam que este último tremia mais do que vara verde. À meia noite e meia todos foram para cama e Ron junto de Hermione seguiu para o sótão.

Após um tempo pensando e discutindo, Ron decidiu que dormiria no sofá. Hermione tentou convencê-lo do contrario, mas ele não cedeu. A garota se deitou na cama e olhou o céu por um pedaço entreaberto da janela, o céu estava forrado de estrelas. “Será um lindo dia amanhã” pensou. Cobriu-se com o edredom até o topo da cabeça e respirou fundo. Sua cabeça já estava em extrema confusão e a essa altura já considerava a idéia de fingir ser namorada de Ron uma péssima idéia, e isso piorava sempre que olhava para o lado e via Ron dormindo ali tão perto.

No dia seguinte ao ouvir que alguém os chamava á porta, Hermione acordou num instante. Ainda assustada, saltou da cama com o coração nas mãos. Olhou para o lado do sofá onde Ron ainda roncava tranquilamente. Sacudiu Ron que nada fez, alem de virar de costas e continuar o sono quase interrompido. Chegou perto da porta e em voz baixa perguntou:

— Quem é?

— Gina. – disse cantarolando sua “cunhada”. Estava muito animada para aquele horário. – Posso entrar? Tenho que discutir os planos de hoje. Só teremos esse dia livre antes de irmos a Pembrokeshire na quinta-feira.

— Eu... Eh... Hum, u-um instante, por favor. – Hermione procurou uma roupa dentro da mala e mantinha o olhar a tento para a porta. Se Gina quisesse entrar, bastava apenas girar a maçaneta. Na pressa de não querer que Gina entrasse, pegou a primeira roupa que lhe apareceu, colocou-a e por uma miúda fresta que abriu da porta, saiu para o corredor. – É que... Ron ainda está dormindo. Não quis acordá-lo.

— Entendo. Sempre me preocupo e não acordar Harry a essa hora do dia. – disse Gina tranqüila. Em suas mãos segurava um papel e um pedaço de pano. Estendeu o pedaço de pano próximo ao rosto e Hermione e sorriu. – Perfeito. Direi a mamãe que já resolvemos a cor.

— Que cor? – perguntou confusa.

— Esta é a noite do jantar de ensaio com toda a família, aqui em casa. Seremos em muitos, mas não se assuste, não iremos devorá-la e você já conhece a maioria. Na quinta partiremos à Pembrokeshire, mas isso eu já lhe disse. Ah, e eu precisarei de sua ajuda hoje, praticamente o dia todo. Não se preocupe, direi ao meu irmão para não se esquecer de você. Sairemos em meia hora. Ultima prova do vestido de noiva.

— Oh, eu não sei se devo ir. Isso é coisa de família e eu, bom, veio me conhecer ontem. – Disse Hermione envergonhada. Mas gostava da forma em que a família de Ron a colocava como parte deles.

— Não seja tola, você é da família e tem que vir. – protestou Gina com drama. – Te esperamos na cozinha. Meia hora heim?! Se tiver algo que você e meu irmão queiram fazer, façam rápido.

— Gina! – repreendeu Hermione agora mais vermelha que os cabelos da amiga. Como poderia pensar que Ron ela... Que Ron e ela...? Bom, oficialmente eram um casal e esse era um tipo de coisa normal entre casais. Tentando fugir de Gina, pôs-se a girar novamente a maçaneta e entrar no quarto. Olhou para Ron que não se movera um centímetro e balançou a cabeça antes de se dirigir ao banheiro.

Dez minutos depois, ao sair do banhou, sentiu-se fresca e renovada. Vestiu uma roupa simples e refrescante, pois, como havia previsto na noite anterior, o dia estava uma maravilha. Colocou uma sandália baixa e deixou os cabelos soltos. Não se maquiou, tampouco era necessário. Caminhou novamente até Ron e sacudiu-o carinhosamente. Ele se virou ao sentir o cheiro que exalava dela. Ela lhe passou a mão nos cabelos e sorriu. Não entendia porque Ron parecia tão mais bonito agora, mesmo com cabelos emaranhados e olhos remelentos.

— Bom dia Mione. – disse Ron, sentando-se e esfregando os olhos para enxergar a amiga com mais clareza. – Está bonita. Aonde vamos?

— Você, a lugar nenhum. Eu vou a ultima prova de vestido de noiva da Gina e sabe-se La mais o que. Se quiser continuar dormindo, é melhor ir para cama. Gina quis entrar aqui uma vez, e pode ser que venha de novo.

— Está bem. E vai me deixar sozinho o dia todo? A mercê de todos? – disse de forma dramática fazendo-a rir.

— Nos veremos a noite. Gina disse que terá um jantar em família. Espero que dessa vez eu fique menos nervosa. – Hermione ia se levantar, mas foi impedida por Ron deixando-a repentinamente nervosa. – Me solta, Ron.

— Não sei o que faria sem você. – Ron estava sério mas no minuto seguinte, pôs se a sorrir novamente. – É melhor descer logo se não quer que Gina venha ver o que estamos fazendo.

Quando Hermione saiu do quarto murmurando um “Até logo”, Ron caminhou até a cama e se largou nela. Suas costas doíam horrores, o sofá era muito desconfortável. Entrou debaixo do edredom e suas narinas foram invadidas por uma deliciosa fragrância floral. “Hermione!” falou em um sussurro. Perguntou-se o que teria inspirado a amiga na noite anterior quando respondia à forma como foi pedida em namoro. Devia ter lhe perguntado, mas ao invés disso apenas a encarou com sorrisos bobos. Ron fechou os olhos e dormiu um pouco mais. Seu dia foi muito mais relaxado e foi obrigado a elaborar sozinho um discurso de padrinho.

O dia de Hermione, ao contrario, estava cheio de sobressaltos e corridas de um lado para o outro. Notou com surpresa e emoção que os Weasley haviam encomendado uma veste de dama de hora para ela. Já pensavam nela muito antes de conhecê-la e seus olhos se encheram de lagrimas. A Sra. Weasley a confortou em um abraço e deu-lhe palmadinhas nas costas.
Hermione nunca havia sentido esse amor e união familiar. No total estavam em: quatro mulheres, duas adolescentes histéricas e bebê de apenas um ano. Victorie e Dominique comentavam eufóricas sobre quem seriam seus acompanhantes no casamento. Fred II, filho de Alicia e Fred, olhava tudo com curiosidade o colo da mãe. Quando Hermione saiu do provador, todas se calaram e a olharam com brilho nos olhos.

— É um vestido encantador Gina, obrigado. – Hermione se aproximou da ruiva e lhe abraçou. Era um vestido verde pálido de decote assimétrico e uma única alça. O comprimento não lhe chegava aos joelhos e a saia era um tanto rodada – Como estou?

— Ron vai cair duro. Está Perfeito. – Gina observou orgulhosa com resultado de sua seleção. – Só não estará mais bela do que a noiva.

As mulheres sorriram e quando Hermione entrou no provador mais uma vez, não foi sozinha. Gina entrou de repente fazendo Hermione soltar um gritinho agudo. A outra apenas se sentou no pequeno banquinho que ali havia e cruzou as pernas. Tinha diversas perguntas para fazer a “cunhada”. Hermione a olhava temendo o que a cabecinha de Gina estava pensando. Era obvio que Gina não se contentaria apenas com as perguntas feitas na noite anterior, e Hermione se perguntou se não havia sido suficientemente convincente em sua história. O sorriso de Gina a acompanhou o tempo todo e Hermione se sentou a seu lado se fazendo de desentendida.

— Obrigada mesmo pelo vestido Gina. Ele é realmente lindo. – começou na esperança de que a amiga se esquecesse de suas perguntas.

— Sério? Quando o escolhi, pensei que seria perfeito. Claro, me baseado na descrição de Ron sobre você. – Gina brincava com um pedaço de tecido verde. – Eu tinha realmente muita vontade de te conhecer. Ron sempre falava de você de uma maneira muito fraterna, todas as vezes que conversávamos. Achei que tinha uma concorrente à irmã. – riu. – O único que não entendo é porque ficou tão nervoso quando eu disse a mamãe que vocês eram namorados, se o tempo todo era verdade.

— E que queríamos uma relação o mais discreta possível. Não queríamos principalmente influenciar em nosso trabalho, que é muito rígido quanto a isso. E... – Hermione olhava para o chão como sempre fazia quando mentia. Era uma sorte Gina não conhecê-la tão bem. Suas bochechas rosaram e ela já se sentia incapaz de inventar mais alguma coisa.

— Por um momento eu realmente me preocupei. Ronald é um cabeçudo. Mas é realmente bom saber que ele encontrou você. Sem contar que esta escrito na sua testa o quanto o ama.

— Que? O que? Digo, sério? Pois é. – Disse tentando disfarçar.

— Sério, é notável a quilômetros que estão apaixonados um pelo outro. Oh querida, vamos passar uma semana magnífica. Esta noite será a mais monótona com toda a família e essas coisas, mas amanhã tenho planejado uma noite só de garotas. Será genial, estou ansiosa pelo show. – Gina pôs se de pé animada.

— Que show? – perguntou Hermione olhando-a. Gina era acostumada a fazer tudo sempre as pressas.

— Consegui entradas para o show das Esquisitonas, reservei a alguns meses. Ah, temos tanto que fazer. – disse Gina saindo do provador.

Hermione ficou parada algum segundo e voltou a se sentar. Respirou fundo retirando quase todo o ar de seus pulmões e encostou a cabeça na parede. Definitivamente os Weasley eram uma família pouco convencional. Do lado de fora se ouvia o “Oh” e “Ah” de Victorie e Dominique que estavam fazendo um tour pela loja. Elas já tinham seus idênticos vestidos, mas duas adolescentes que se preze não sairiam da loja sem algo mais. Hermione resolveu sair do provador. Alicia lhe pediu para que segurasse o pequeno Fred. O garotinho ruivo tinha os mesmos olhos que o tio Ron, mas parecia bem mais calmo que este último. Parecia até mentira que fosse filho de um dos gêmeos (Hermione mal sabia dizer de qual, pois ainda não aprendera a diferenciá-los). Ela o segurava com cuidado e com toda a cautela de uma inexperiente no assunto, sem se dar conta dos olhares trocados entre Gina e sua mãe.

Quando por fim saíram da loja, já se passava do meio dia. Foram almoçar em um pequeno restaurante que havia perto dali. Conversaram sobre os preparativos para o casamento. Hermione começava a se questionar se aquilo seria mais agradável ou tedioso. Não estava acostumada a se relacionar com tantas pessoas, exceto em seu ambiente de trabalho. Já acabavam de almoçar quando Alicia e Gina foram até o banheiro trocar as fraldas de Fred, e a Sra. Weasley viu a oportunidade de falar com Hermione, que terminava sua comida devagar.

— Sinto muito, sou um pouco lenta para comer. – sorriu Hermione vendo que a mulher lhe olhava fixamente. Se havia uma palavra que realmente definiria Molly, essa era mãe. E isso era demonstrado a cada gesto e palavra. – Esta contente com o casamento?

— Oh sim querida, muitíssimo. Harry sempre foi como um filho para mim é um ótimo rapaz e me alegro por tem encontrado em Gina a sua outra metade. – respondeu brincando com seu guardanapo sobre a mesa. – Sabe a principio quando Gina nos falou sobre você e Ron, foi difícil para nós entendermos.

— É que... Trabalhamos juntos... Queríamos levar tudo de maneira discreta. – repetiu a mesma desculpa. – Oficialmente eu não poderia sair com um companheiro de trabalho e ...

— Ah, odeio essas regras, são ridículas. Mas eu te entendo querida. Não pense que não fico contente, pelo contrario. Alegra-me muito que esteja aqui e que meu Ronald enfim encontrou a garota perfeita para ele. Fazem um belíssimo casal. – Sra. Weasley segurou as mãos da garota e em seguida lhe beijou a face.

— O - obrigado. – disse já acostumada a gaguejar. Teve que soltar seu garfo pois as mãos começaram a tremer exageradamente. – Senhora Weasley, eu...

— Apenas Molly, anjo. Oh, olha aí vem Gina e Alicia. – a senhora ruiva saiu ao encontro da filha e da nora, apanhando o neto no colo.

Hermione, não sabendo o que fazer, decidiu-se por levantar e se juntar as moças. As palavras que tencionava dizer morreram em sua boca. Tinha que falar com Ron, não era certo tanta mentira com sua família. Saíram as quatro mulheres e o bebe do restaurante e seguiram para a loja onde comprariam o necessário para a despedida de solteira de Gina que fariam em Pembrokeshire. Hermione parecia um pouco deslocada e a Sra. Weasley ficou ao lado de fora caminhando com o pequeno Fred. Andava distraída olhando entre as prateleiras quando se chocou com alguém. Era uma mulher aparentemente com a sua idade, um pouco mais baixas e cabelos longos e louros. Olhava para Hermione através de seus óculos de coração cor de rosa. Poderia ser bonita, se não tivesse uma expressão tão desagradável.

— Deveria ter mais cuidado. Quase me fez engolir o chiclete, e isso seria imperdoável. Imagina se me engasgo? Não, não, não. – a garota falava com um sotaque muito estranho.

— Li-Lilá, o que faz aqui? – Gina perguntou por trás de Hermione. Esta se voltou para amiga. Então essa era a famosa Lilá.

Gina não se recuperara do susto e ainda olhava para a loura com a boca aberta. Nunca havia imaginado encontrar Lilá em um “sex shop”. Hermione estava tensa e não sabia o porquê. O fato de aquela garota ter tido uma aventura com Ron, não deveria afeta-la, Ron e ela não eram nada, apenas fingiam ser. Alicia se aproximou também, ficando um pouco atrás de Hermione. Lilá as olhava com um sorriso bobo no rosto, jogou os cabelos para trás com uma mão enquanto segurava os óculos extravagantes na outra. Era uma garota fora do normal. Tudo nela era cor de rosa, blusa, calças, sapatos, bolsa...

— Que coincidência não? – disse em tom falso e se inclinou para dar um beijo em Gina. Alicia apenas a saldou com um aceno de cabeça e Hermione a olhou. – Gina querida, será a noiva mais linda do ano. O que faz para ficar tão bem? Não, não me diga, tenho certeza de que Harry tem algo a ver com esse brilho. É uma pena que entre Ronald e eu não se possa dizer o mesmo... enfim, podemos ser um par perfeito, mas fazer o que.

— Hum, Lilá, gostaria de lhe apresentar a minha amiga Hermione. – Gina passou um braço pelos ombros de Hermione. – é a namorada de Ron, vieram juntos de New York para o casamento. Não é maravilhoso? Nunca vi Ron tão feliz, e bom, você sabe como é difícil fazê-lo feliz, não é Hermione?

— O que? Oh, sim, é eu acho. Prazer em conhecê-la Lilá. – o tom forçado na voz de Hermione era algo notado a quilômetros. Gina também estava tensa e mantinha um sorriso forçado. – Você também irá ao casamento?

— Ah sim, não perderia o espetáculo por nada no mundo. – Lilá olhava Hermione de cima a baixo e ao seu pensar, Ron havia caído em seu conceito por estar saindo com alguém feito Hermione. Para ela, Hermione nada tinha de atraente, elegante ou inteligente. Jogou novamente os cabelos para trás e olhou Gina. – Bom querida tenho que ir. Nos vemos no jantar hoje a noite na casa do seus pais não?

— Como? – Gina perguntou sem disfarçar o espanto e Alicia lhe deu suaves beliscos no braço. – O jantar de hoje é apenas para a família.

— Me considera parte da família? – Lilá tinha uma voz que expressava uma alegria forçada. – Oh fico muito honrada Gina. Sabia que você não esqueceria sua boa amiga, dividimos tantas coisas. Até poderíamos ser cunhadas, mas nunca se sabe. – encarou novamente Hermione. –Enfim, tenho que ir. Oh, nem lhe perguntei o que fazia aqui, certamente comprando coisas para a despedida de solteiro. Não esqueça de me enviar os planos da semana, Bye-Bye.

A loura lançou beijos no ar, colocou os óculos e deu a volta, chamando atenção por onde passava.

— Vocês viram isso? Ela se auto convidou para a minha festa. É inacreditável. E isso tudo é culpa do tapado do Ron. – Gina dava tanto chilique que varias vendedoras e clientes pararam para olhá-la. – E eu que tive de aturá-la enquanto o bonito estava fora.

— Se acalma Gina, vamos dar um jeito de nos livrarmos dela. – disse Alicia

— Assim espero, porque senão... Ou me mato ou Hermione fica sem namorado. – pegou sua sacola com produtos e se dirigiu até o caixa. Alicia e Hermione se olharam sem saber o que dizer e resolveram por ir atrás de Gina. – Que diabo ela fazia aqui? Não consigo entender.

Hermione ficou em silencio. Pensou em Lilá e no quão diferente a garota era dela.Lilá era o tipo de garota mimada que sempre se presenteava com roupas da ultima moda, enquanto ela sempre se vestia da forma mais simples. Não conseguia entender o que Ron veria num tipo de garota como Lilá, mas ao se apanhar nesse tipo de pensamento, balançou a cabeça e se recriminou por estar julgando. Ele era apenas seu amigo e isso não lhe dava direito de se meter na vida dele ou lhe dizer com que mulher deveria sair. Voltou sua atenção a sua companheiras e logo após Gina terminar o pagamento, saíram da loja.

— Ela realmente não me parece nada simpática. – opinou Hermione enquanto as três caminhavam em busca de Fred II e sua avó. – O que Ron viu nela?

— Não dê importância. Lilá é assim com todo mundo. Melhor não pensar nela e nem em nada do que ela disse. Agora você entende por que estamos tão orgulhosos e felizes por Ron escolher você? Foi à primeira coisa inteligente que ele fez em anos.

— Isso é verdade, você é mil vezes melhor. É parte da família, coisa que aquela lá nunca vai ser. – concordou Alicia. – Dentre todos os garotos, Ron é o mais especial. Você tirou a sorte grande garota. Só não diga isso ao meu marido. Você vai ver no que dá ter Lilá dividindo a mesa com Fred. Vai ser uma loucura.

Hermione sorriu e diminuiu o passo propositalmente. Ficou pensando sobre seu trato com Ron. Havia sido tão egoísta, não era justo enganar aquelas pessoas. Eles sempre a faziam se sentir parte da família, quando era certo que ela nunca seria.
Definitivamente tinha que falar com Ron esta mesma noite. Levantou a cabeça e viu que Alicia e Gina já estavam ao lado da sra. Weasley e falavam sem parar. Sem poder evitar, uma lagrima rolou em sua face quando se pôs a pensar em como seria duro despedir-se delas.

Durante o resto do dia, Hermione permaneceu calada e limitou-se a assentir com a cabeça quase tudo que lhe diziam. À tarde voltaram para A Toca, e a garota foi direto para seu quarto. Ron estava deitado na cama com uma expressão de dor. Hermione sentou no sofá, tirou os sapatos e olhou para o amigo. Este abriu um dos olhos e a olhou, o aroma floral se intensificou denunciando sua presença. Ela tinha uma expressão seria que não o agradou. Tentou se sentar porem a dor estava lhe matando.

— Você esta bem? – Perguntou Hermione se aproximando da cama e se sentando. Colocou a mão em suas costas o impedindo de se mover. – Ah, você não me parece nada bem.

— Não é nada. – disse jogando a cabeça novamente no travesseiro. – Foi o maldito sofá, não é muito confortável e bom... acho que travei as costas.

— Oh Ron, eu sinto muito, é tudo culpa minha. Eu disse que eu deveria dormir nele, eu sou menor e...

— Não vamos discutir sobre isso, sou eu quem lhe deve favor lembra? E agora me conte o que te preocupa. Não estava com uma aparência muito boa quando chegou.

— Você estava de olhos fechados quando entrei.
— Hermione...

— Está bem. – suspirou. – Ron, eu gosto muito da sua família, de todos, muito mesmo. São ótimas pessoas, não quero magoá-los. Eles estão tão iludidos com o fato de sermos namorados e...

— Mione, já sei aonde quer chegar e te prometo que vai dar tudo certo. – interrompeu-a.

— Tem certeza? Ron, eu me sinto tão... Suja mentindo pra sua irmã e para sua mãe. Elas me tratam como da família...

— Você sempre fez parte da minha família para mim Hermione. – voltou a olha-la sentindo novamente uma pontada de dor. – Au! Escuta-me, Mione, nada vai dar errado. Dentro de uma semana estaremos novamente em casa, com a nossa vida de antes.

— Promete que nada vai mudar entre nós dois? – Hermione fixou seus olhos nos dele. O que mais temia de verdade, era que, por algum motivo, Ron e ela não voltassem a ser o que eram antes.

— Eu te prometo. – ele pegou uma de suas mãos para beijar mas ao mover-se sentiu suas costas fazer um ‘CRACK’. – Mais que merda.
— Ron! – repreendeu ela. A garota subiu na cama, sentou-se nas costas de Ron e levantou-lhe a camisa até tira-la.
— Que ta fazendo? Quer me ver pelado? Sou tão irresistível assim?

— Cala a boca, bobo. Vou fazer uma massagem. – riu. Ron sempre sabia acalmá-la. – É o mínimo que posso fazer depois de quase deixá-lo aleijado. E também porque sou uma ótima massagista e isso te fará se sentir melhor. – Movia suas mãos suavemente de cima para baixo pelas costas de Ron.

— Isso é bom. – ronronou o garoto. – Concordo que seja uma ótima massagista.

— Você é um bajulador. Ah, esta noite teremos o jantar com sua família. – comentou. Movia suas mãos em movimento circular. Pela primeira vez em anos reparou nas pequenas sardas na parte da coluna, e por algum motivo aquilo lhe parecia extremamente atraente.

— Está nervosa? – perguntou. – Porque não deve ficar. Já conhece quase todos e se conseguiu domar Fred e Jorge... Não terá outro problema. De fato Harry você já conquistou, da para perceber pelo jeito que fala de você, até cheguei a pensar que ele largaria Gina.

— Não seja tonto. Acho que a dor esta te afetando o cérebro. Gina me deu o roteiro semana, é bem complexo e... Passaremos muito tempo juntos.

— Nos sempre passamos muito tempo juntos. – Ron voltou a ronronar e se mexer embaixo dela.

— Mas não fingindo ser namorados, Ronald. – baixou intencionalmente a voz. – Eu fico nervosa quando você me toca quando todos estão olhando.

— Do jeito que fala, parece que eu vou abusar de você. – sorriu o garoto recebendo um tapa no ombro.

— Tonto, sabe o que quero dizer. É difícil para eu fingir ser sua namorada. Esta manhã Gina me fez um novo interrogatório, enquanto estávamos no provador. Pareceu convencida mas não entende porque você ficou nervoso quando ela disse á sua mãe sobre nosso namoro sendo que era verdade.

— Ela é sempre intrometida. Falando em interrogatórios... Parabens pelo de ontem. Onde você tirou aquela história de lua cheia? Reconheço que você é muito romântica, é muita areia pro meu caminhãozinho.

— Ah, eu li em um livro... Veio-me na mente no melhor momento.

— E o que fez o dia inteiro fora? Me deixou totalmente sozinho a mercê das maldades dos meus irmãos mais velhos sem sua companhia e proteção. – protestou com um tom infantil, fazendo-a rir.

— Fomos a prova do vestido de Gina, e eu acabei provando o meu de dama de honra que nem sabia que tinha. Almoçamos, encontramos Lilá... – Hermione relaxou as mãos nos ombros e foi descendo até as costelas. – O que viu nela?

— Sinceramente? Nada. Eu estava bêbado, já disse, e fazia tempo que não me divertia um pouco. – Ron suspirou. – Você tem mãos de anjo.

— Me emociona como fala da Lilá. Ainda não sei o que pensar dela. É uma garota complexa, mas... – Hermione se deixou cair na cama ao lado de Ron, que jogou os braços em uma tentativa de abraçá-la.

— Para de pensar nela. – com um pouco de dor e sacrifício, Ron virou-se para poder ficar de frente para a amiga e seus olhos se encontraram, causando o arrepio já conhecido mas não compreendido. Sem perceber foram se aproximando, sem deixar de se olhar. Podiam sentir a respiração agitada um do outro, mas alguns centímetros e...

— Ah, perdão, perdão, mil vezes perdão. Ah droga, sou tão inconveniente. Perdoem-me. Só vim avisar que o jantar está quase pronto. Todos já chegaram e... Bom, estamos esperando. – Gina estava visivelmente perturbada. – Bom, é melhor eu ir...

Ron e Hermione se olharam e logo se separaram como se aquela aproximação fosse altamente perigosa. Ambos ficaram extremamente envergonhados. Hermione levantou-se da cama e foi se refugiar no banheiro. Encostou as costas na porta e fechou os olhos. Estava em um silencio constrangedor e o único som que podía ouvir eram as batidas exageradas do seu coração. Aproximou do espelho e se olhou. Suas bochechas ainda estavam utotalmente avermelhadas e ela tentou refresca-las com jatos de agua fría. Estiveram a ponto de se beijar e sem a desculpa de ter que fingir. O que diabos ela tinha na cabeça? 


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