Um beijo seu escrita por Hermione Granger


Capítulo 15
O Casamento




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Hermione não se lembrava de se sentir tão bem como se sentia naquela manhã. A suave brisa do dia entrava pela janela e o som do mar um pouco distante dava uma sensação de calmaria. O céu parecia mais azul, o sol parecia mais brilhante. Tudo parecia perfeito.

As mãos de Ron acariciou seu ombro descoberto e ela abriu os olhos para olhar seu namorado. Namorado. Era estranho ver Ron daquela forma, mas agora ela tinha certeza de que ele era o certo e o único que poderia ocupar aquele lugar.

— Bom dia namorado. – disse sorrindo para ele
— Bom dia, linda.– disse Ron.– Namorado... Que bom ouvir isso e saber que não foi só mais um dos meus sonhos pervertidos...
— Ronald... – riu Hermione corando.
— Que é? Eu sou homem, você não pode me culpar.
— Você me deixa envergonhada. – confessou ela.
— Eu sei. – disse rindo pelo nariz. – Eu faço de proposito.

Ele lhe deu um beijo carinhoso. Hermione pensou que nada deveria ser melhor do que acordar junto com Ron. Ela nem sabia dizer a quantas horas estavam ali. Deviam ter acordado e dormido de novo umas três vezes, não estavam nem um pouco a fim de sair daquele quarto. Resolveram ficar ali entre os carinhos e cochilos antes de dar sinal de vidas para os outros da casa.

Hermione chegou a ouvir passos apressados ao lado de fora e imaginou ser da sra. Weasley, mas ela não os chamou para o alivio de ambos. Hermione passou o corpo por cima do de Ron para olhar as horas no relógio de pulso que ele sempre deixava sobre a escrivaninha antes de dormir.

— OH MEU DEUS! – exclamou Hermione fazendo menção de se levantar mas as mãos de Ron a seguraram pela cintura.

— Ah não Mione, não vai não. – resmungou ele em tom infantil fazendo Hermione cair novamente na cama.

— Ron, não... Tenho que me vestir... – tentava dizer, mas os lábios de Ron pressionados contra os dela já estavam lhe tirando as forças para protestar. – Amor... Temos que nos trocar... O casamento...

— Saco, esse casamento nada me trouxe além de prob... – Ron parou subitamente de beija-la para encara-la nos olhos. – Que foi que você disse?

— Que Temos que nos arrumar para...
— Não, do que me chamou... – Ele sorriu ao ver que ela corara outra vez.
— Para com isso Ron. – disse sorrindo sem graça.
— Eu gostei. – disse antes de voltar a beija-la.


— Bobo... – disse dando tapinhas suaves no peito dele para tentar se levantar outra vez, não por que ela quisesse porque ela não queria, mas era necessário. Dessa vez Ron não a impediu e contentou-se apenas em admira-la enquanto ela corria pelo quarto em busca de roupas para vestir. – Gina vai me matar, eu deveria estar pronta para ajuda-la há uma hora. Como vou me arrumar tão rápido? Eu vou dizer a ela que a culpa é sua.

— Humm. – resmungou ele a olhando enquanto ela colocava um vestido azul. – Você não precisa de tanto tempo pra se arrumar, pra mim você já está ótima assim.

— Ah! Você é lindo, mas não vou me deixar levar. – Hermione tentava pentear e domar os cachos, mas o vento que entrava pela janela não estava ajudando. Tinha menos de trinta minutos para ficar pronta. Olhou para Ron sentado na cama. – Pelo amor de Deus, não me olha assim Ron. – disse se aproximando para lhe dar um beijo rápido e voltando a se afastar para que ele não tentasse impedi-la de sair de novo. – Preciso achar o vestido de dama. Acho que você vai gostar, é muito bonito.

— Sinceramente prefiro você sem ele. – ele se levantou caminhando até ela e lhe dando um beijo muito mais caloroso do que os anteriores, deixando-a um pouco desnorteada.

— Não sei se seria muito agradaver ficar sem roupa na frente do seus irmão, no meio do casamento. – comentou brincando.

— Não devia ter dito isso, agora vou ficar pensando em voce o casamento inteiro.


— Você é terrível. – riu Hermione

— Eu sei. – confirmou Ron antes de voltar a beija-la e andar com ela de volta para cama, derrubando-a de costas no colchão. Hermione tentou, mas sua resistência não durou muito. Vitor nunca tinha sido assim com ela, e não é que ela quisesse compara-los, mas era inevitável. Ron era muito melhor.

O som das batidas na porta foi o que lhes distraiu daquele momento de paixão. Gina estava impaciente ao lado de fora com seu vestido de noiva nas mãos. Hermione levantou-se rápido lembrando-se de seu compromisso com Gina e abriu a porta. Gina não tinha olhos muito amigáveis no momento e a sra. Prewett, parada atrás da neta, parecia se esforçar para conter um riso.
— Eu não acredito que vocês ainda estão nisso. – disse Gina apontando para Ron deitado na cama, como se soubesse o que estava preste a acontecer entre o irmão e Hermione antes de ela lhes chamar. – Às vezes eu não consigo entender como você ainda não esta gravida. Por Deus. Quase duas horas para o casamento e olha só o estado de vocês.

Ron riu com o comentário, sabia que Hermione ficava constrangida, mas ele sempre achava engraçado quando Gina se referia a eles como dois insaciáveis.

Hermione sem dizer nada, foi apenas até o pequeno guarda-roupa que ali havia e pegou seu vestido de dama perfeitamente colocado em um cabide para que não amarrotasse. Sussurrou um “até logo” para Ron e acompanhou Gina.

Norallie ainda parada na porta olhava para um neto com um sorriso estranho e ele poderia jurar, não fosse pela idade avançada da senhora, que aquele olhar era de pura malicia.

— Vovó, eu... – Ron sorriu ao entender o sorriso da avó. Sentiu-se bobo por estar nervoso diante dela. – Hermione e eu...

— Resolveram seus problemas... – completou ela. – Eu sempre soube que uma hora isso iria acontecer. Vocês pensavam estar enganando a nós com essa historia de namoro falso, mas os enganados foram vocês.

— É, achei que iria ser tudo mais fácil se fingíssemos o namoro.


— Seus irmãos caíram direitinho nessa. Nenhum deles suspeitou da mentira. – Norallie deu palmadinhas carinhosas nas costas de Ron, como aquelas que as mães dão nos bebês para fazê-los arrotar.

Ficaram tão entretidos em suas conversas que mal perceberam a cabeleira loura que passara com os ouvidos apurados para ouvi-los. Os olhos castanhos brilhavam. Depois de tudo, parecia que aquele casamento terminaria exatamente como os outros. Ela nem se deu ao trabalho de continuar seu percurso e na verdade mal se lembrara de onde estava indo antes do que ouvira. Apenas jogou as madeixas louras para tras e retornou sorridente para seu quarto.

— Eu me sinto muito bem em vê-lo com esse sorriso, filho. – continuou Norallie que já se encaminhava para a porta do quarto. – Sei que ela é certa pra você.

— Eu a amo vovó. – declarou ele. – Eu estou feliz por ela estar comigo.

Norallie olhou com um olhar de ternura que o fez se sentir um garotinho de 8 anos, mas ele não se importou. Caminhou até a avó e lhe deu um beijo nas bochechas flácidas antes dela deixa-lo sozinho.

 

 




Com uma pontualidade assustadora, Hermione ficara pronta para o casamento. Não vira Ron desde que saíra do quarto, estava ansiosa para vê-lo.
Exceto Gina, que estava em crises de nervos, todas as garotas já estavam prontas e já desciam para o local onde seria celebrada a cerimonia de casamento.

O local havia sido contornado por lírios e rosas, cortinas brancas e laços de cetim em tom de amarelo pálido, nada que chamasse muito atenção. Todos os Weasley já estavam no local e as mais jovens, Victorie e Dominique, auxiliavam aos convidados que chegavam a encontrar o local onde deveriam se sentar. Varias pessoas que Hermione ainda não conhecia começavam a chegar aos montes. Não necessariamente aos montes, mas é que a família de Ron já era tão grande que um convidado apenas, já deixaria o ambiente lotado. Um homem barbudo e muito maior do que um homem normalmente era cumprimentara Hermione com um abraço apertado como se parecessem se conhecer a anos. Hagrid, foi como se apresentou. Estava acompanhada por uma mulher tão alta quanto ele que Hermione supôs ser sua namorada, de nome Olivia Maxime. Alem deles havia também uma senhora de ar intelectual e sorriso simpático de nome Minerva, Severus Snape que tinha feições um tanto carrancuda mas que Hermione soube ser uma boa pessoa. Alguns amigos de Ron, Dean, Seammus, Nigel, Parvati e Padma patil, irmãs gêmeas de descendência indiana e um velho senhor de cabelos prateados com a barba tão grande que lhe cobria o umbigo, Albus Dumbledore, o padre.


Todos já devidamente acomodados. Harry se posicionara no altar ao lado do velho Dumbledore, e batia os pés em sinal de nervosismo. Como se Gina fosse desistir, pensou Hermione sorrindo. Logo atrás estavam Draco, Neville e ele, Ron. Sorriu ao vê-lo ainda mais bonito e ele lhe sorriu de volta com o mesmo pensamento.
Sra. Weasley já estava nas primeiras fileiras de cadeiras com os olhos umedecidos de lagrimas antes mesmo de a cerimonia começar.

Após algum tempo em que a demora de Gina quase levara Harry a óbito, a musica começou baixa e suavemente Gina apareceu caminhando pelo corredor que unia provisoriamente a porta da casa ao jardim. Uma onda de alivio se apoderou de Harry.

Hermione achava aquele um casamento tão certo que custava intender o nervosismo do rapaz. O vestido branco de Gina era simples, como ela gostava. Sem alça que o sustentasse e levemente rodado, sem véu. Gina detestava o véu. Ao invés dele, seu cabelo era cacheado com pequenas flores brancas colocadas entre os fios. A metade presa em um coque, e o restou caindo pelas costas. Um vestido suave para um casamento celebrado sob a luz do sol, mas elegante o bastante para a o noite de festa que se prolongaria. O Sr. Weasley de braços dados a filha, tinha o olhar totalmente diferente do olhar de qualquer pai que estava a ponto de entregar sua única filha aos braços de outro homem. Ele sorria. Sorria para Gina, para a esposa aos prantos e para o genro que olhava como filho.

A cerimonia não foi longa e cansativa como geralmente costumavam ser. Dumbledore, apesar da idade, era um senhor descontraído e Hermione chegou a duvidar se era realmente um padre, e os votos de Harry e Gina foi emocionante o suficiente para levar todas as mulheres às lagrimas.


A musica voltou suave acompanhando os agora sr. e sra. Potter pelo tapete vermelho forrado de flores.
Ron não demorou em ir até Hermione e toma-la pelas mãos para que seguissem para o salão de festa. Deu um beijo discreto na garota a fim de não chamar atenção para eles.

Um conjunto de nuvens negras começava a surgir no horizonte, indicio de tempestade. Lavender havia sido uma das ultimas a deixar o local onde a cerimonia do casamento fora realizado, saindo pouco depois de Ron e Hermione e não deixando de mostrar a língua em demonstração de nojo ao ver o beijo sem graça (em sua opinião) que os dois trocavam. Não era justo, ela deveria estar ali e não Hermione. Sabia que não sentia amor por Ron, mas era fato que sua obsessão absurda e sua sede de vitória eram tão grandes que ela não admitiria perder. Patético, pedir a melhor amiga para que fingisse ser sua namorada. O que Gina e os outros pensariam sobre aquela mentira? Pensava Lilá. Desviou os olhos do casal para procurar Cho e a avistou em um canto com um ex-colega de escola, Cedric Diggory. Não podia se dizer que eles levavam uma conversa civilizada, pois Cho estava quase sendo engolida por Cedric. Insatisfeita por estar sobrando, caminhou em passos firmes para longe dos casais, esbarrando em todos que se atrevessem a passar pelo seu caminho.

O cabriolet L-29 negro que levaria Harry e Gina para o local da festa, foi o primeiro a sair sendo seguido de perto pelos outros. Gina se aninhava entre os braços do agora marido, cheia de suspiros. Se sentia feliz e com vontade de saltitar e cantarolar melodias sem sentido.


Ron e Hermione caminharam de mãos dadas, reunidos aos outros convidados que como eles, deram preferencia a fazer o percurso andando, já que não era nem há dez minutos dali. Ron andava absorto em seus pensamentos porem Hermione conversava animada com Astória. Lavender encarava Hermione fixamente e em um dos momentos seus olhares se cruzaram e Hermione sentiu um calafrio com isso, não sabia dizer o porquê mas algo naquilo não lhe agradava. Desviando os olhos de Lavender, Hermione reparou que Ron não estava mais ali.

— Hermione? – chamou Astória estalando os dedos enfrente ao rosto da amiga. – Você esta me ouvindo? Se sente bem?

Hermione encarou Astoria que tinha um olhar de preocupação. Deu um pequeno sorriso apenas para desfarçar e voltou a procurar Ron com os olhos. Para seu alivio, ele estava apenas caminhando com a avó um pouco afrente. Balançou a cabeça afastando as bobeiras do pensamento mentalizando que não havia motivo nenhum para se preocupar. Era ridículo se sentir atordoada pelos olhares de Lilá. Ela é louca, pensava Hermione. Olhou novamente para Astória lhe lançado um sorriso agora sincero para acalma-la.

— Desculpa, eu estava distraída. Acho que vai chover. Espero que seja apenas quando já estivermos dormindo.

— Quando nós, pessoas normais, estivermos dormindo, ou quando Ron e você estiverem? Porque pelo que fiquei sabendo, dormir é a única coisa que vocês não fazem a noite.

— Astória! – exclamou Hermione para a acompanhante que ria de sua cara. Gina. Só poderia ser Gina. – Estou vendo que as noticias por aqui correm. – acrescentou juntando-se aos risos de Astória.

— Isso que é amor.


Nesse instante, as mãos de Draco abraçaram por tras a cintura da mulher gravida, dando um beijo em seu ombro. Uniu-se a conversa das mulheres, mudando totalmente o rumo da conversa para “Qual seria o sexo do bebe Malfoy?”. Ele se mostrava muito entusiasmado com o assunto e estava sempre acariciando a lateral da barriga da esposa. Hermione não conseguia evitar sorrir com aquilo, já até começava a imaginar seus filhos de cabelos ruivos e olhos castanhos e as filhas de cabelos castanhos com olhos azuis. Depois de alguns minutos de conversar, ela pediu licença para se juntar a Ron e sua avó.

— Ah querida, que bom que voltou. Ron já estava com saudades – disse a sra. Prewett em um nítido tom de alivio. Hermione riu, mas Ron fez cara de reprovação para a avó. – Não me venha com esse careta Ronald, era você quem estava falando dela.

— É bom saber que meus segredos sempre estarão bem guardados com a senhora. Só não sei se estaria mais seguro com a senhora, mamãe ou Gina. – disse Ron irônico, mas divertido.

— Ora, pare de drama. Veja querida, foi se apaixonar pelo meu neto mais bobo... E bonito. – corrigiu ao ver a cara de indignação do neto. Ela sorriu e apertou as bochechas de Ron exatamente como fazia quando ele era criança.

— Vovó! – resmungou Ron olhando para os lados para ver se ninguém mais, principalmente Fred e Jorge, havia visto o gesto infantil.


— Está muito quieta, jovem. Se sente bem? – perguntou Norallie

— Ah, sim... Perdão, eu estava só pensativa. – respondeu Hermione entrelaçando o braço no de Ron. – Eu me sinto bem de estar entre pessoas como vocês.

— Ah não. Não diga isso querida, ou ficarei envergonhada.
— Descarada, ela nunca foi tímida. – sussurrou Ron para Hermione.

— Eu também nunca fui surda, Ronald. – disse fingindo reprovar o neto. – Bom, acho que é hora de ir e deixar vocês dois namorarem por aí.

— Eu ajudo a senhora..
.
— Não precisa filho. Fique com sua namorada. Meu amado genro pode me acompanhar, não é Arthur? – disse avistando o Sr. Weasley que já começava a se aproximar assentindo.

Ron segurou a mão de Hermione e deixando a avó em companhia do pai, afastou-se dali. Mas ao contrario do que pensou Hermione, Ron não a levou para o grupo de pessoas que seguiriam para festa caminhando. Ele a guiou, serpenteando entre as flores do jardim até perder todos os outros de vista. Hermione ficou desconcertada, não sabia se devia dizer algo e mesmo que devesse, não saberia o que, tão pouco teve tempo para pensar em algo, pois os lábios do Ron já pesavam sobre os seus. Suas costas colidiram com o tronco de uma pequena arvore que ali havia e ela ficou prensada entre o tronco e o corpo de Ron.
— Ron... Ron. – tentava dizer ela entre os beijos. – Ron... Os outros estão esperando...
— Deixa eles...


— Mas... Seus irmãos... Seus pais, sua avó... Ron, para. Alguém vai ver a gente. – ela tentava ser firme em suas palavras, mas ela mesma não queria que ele parasse.

— Não, eles não vão. Não percebeu? – Ron descia os beijos pelos ombros descobertos de Hermione. – Vovó fez de propósito. Ela queria nos deixar sozinhos.

Hermione não teve tempo de responder, pois Ron distribuía beijos pelo seu pescoço deixando-a completamente desarmada. Ela sentiu as mãos de Ron abandonar sua cintura e irem, sem cerimonias, parar em sua perna, fazendo com que a barra do vestido se levantasse. Ela nem se importou mais se alguém pudesse vê-los, nem que a grama e o barro do jardim pudesse sujar todo seu vestido, ou o vento de inicio de chuva lhe rendesse uma gripe. Ela não se importou com nada que não fosse Ron.

Quando, meia hora depois, chegaram a festa, o vestido de Hermione estava amarrotado e seu cabelos levavam boa parte da grama do jardim. Ela sentiu sua bochecha ferver e Ron dera um beijo em cada uma delas. Muitos foram os olhares voltados para eles. Ron a abraçou pela cintura na intenção de lhe dar mais segurança mas aquela atitude pareceu só dar mais malicia aos olhares dos outros.

— Que vergonha, Ron. Imagina o que devem estar pensando. Que somos dois ninfomaníacos ou coisa pior. – disse Hermione caminhando lentamente em direção a mesa. – Ta todo mundo olhando pra gente.


— Ah, nem todo mundo. O Harry não está. – Hermione virou para olhar Harry que conversava sorridente com Gina, porem não demorou até que os olhos verdes do rapaz se voltassem para eles ainda sustentando o sorriso. – Agora sim, todos.

— Eu não sei como você consegue brincar nessas horas.

— Porque eu realmente gosto de te deixar com vergonha. – disse Ron baixinho quando chegou a mesa se juntando a Neville, Draco, Astória, Luna e os novos amigos recém-apresentados a Hermione. – Olá pessoal.

— De novo? – Perguntou Astória com ar de indignação, mas com uma nítida vontade de rir quando Hermione se sentou ao seu lado. Hermione soube a que ela se referia, pois Astória a olhava de cima a baixo. – Poderiam ao menos ter sumido com as evidencias.

— Ah! Deus, que vergonha. – Hermione cobriu o rosto com as mãos.
— Não se preocupe. – disse Astória. – Ninguém mais percebeu.
— Verdade?
— Não. – disse Astória recomeçando a rir.

Hermione tentava afundar na própria cadeira mas para seu alivio, todas as atenções antes postadas nela e em Ron, foram desviadas com empolgação para a comida que começava a ser servida. Na mesa principal, onde deveriam estar Gina e Harry, estavam o sr. e a sra. Weasley, sra. Prewett, Sirius, Lupin, Tonks, Snape, Hagrid, Olivia e mas alguns amigos da família cujo o nome, Hermione não gravara. Harry e Gina por sua vez, estavam sentados junto a todos os seus amigos, pessoas da mesma faixa etária.


— Então vocês moram juntos há seis anos? – perguntou Parvati a Hermione que assentiu.

— E você só a pegou depois de cinco anos? – Simas perguntou a Ron.

— Você continua lerdo Ron. – completou Dino sem esperar uma resposta de Ron.

— Calem a boca. Ela sempre foi, acima de tudo, a minha melhor amiga. Ela não é como as outras. – disse indicando disfarçadamente Lilá. – Eu a respeito.

— Mas... CINCO ANOS? – disse Simas ainda indignado. – Quer dizer... Morar junto, dormir no quartinho do lado, vê-la passar toda noite na sua frente com aqueles pijaminhas curtinhos...

Ron atirou uma azeitona de seu prato acertando com sucesso a testa de Simas.

— Você está falando da minha namorada, seu mané. Eu espero que você não esteja imaginando ela nesses trajes.

— A sua é garota é bonita. Com todo respeito Hermione. – ousou Simas desviando de uma segunda azeitona. – Hey! Eu não tenho culpa de ter notado isso em menos de um minuto enquanto você precisou de cinco anos.

— Eu não precisei de nem um segundo... – retrucou Ron. Hermione ria da situação.

— E você, Hermione. – disse Parvati ignorando a guerra de azeitonas e fazendo Hermione a encarar. – Quando você percebeu o que sentia?


— Ah! Bem, eu demorei um pouco mais do que ele na verdade. – disse olhando de esguelha para Ron. Parvati parecia ter um olhar sonhador. – Mas por sorte eu percebi antes dele desistir de mim.

— Bobeira, não de ouvidos a ela. – disse Ron a Parvati. – Ela poderia demorar mais cem anos, eu continuaria aqui pra ela.

Todas as garotas na mesa, exceto Lilá, fizeram um coro de “OUN” com os olhares mais sonhadores do que o de Parvati, fazendo Ron corar. Hermione pode jurar que ouviu Astória murmurar para Draco um “Porque você não é assim?” depois de dar a ele um tapinha no ombro. Luna agarrava-se a Nevile como se tivesse sido ele, e não Ron, que acabara de dizer aquilo. Padma assim como a gêmea Parvati, apesar de solteiras olhavam de rabo de olho para Simas e Dino como se questionassem quando eles lhes diriam algo desse jeito. Lilá ao contrario de todas, achava aquilo tudo uma palhaçada.

— Quanto tempo vocês tiveram para ensaiar isso? – perguntou Lilá com um sorrisinho falso.

— Ensaiar o que Lilá? Já está bêbada, imagino. – disse Gina.

— Acredito que não tiveram muito tempo... – disse Lilá ignorando totalmente Gina. – Mas tenho que admitir: vocês são ótimos atores.


— Está falando do que Lilá? – insistiu Gina olhando-a com cara de poucos amigos.

— Você não sabe? Achei que sua nova melhor amiguinha tinha te contado, já que compartilham tudo...

Hermione olhou de Ron para Lilá e sentiu seu estomago dar piruetas.

— Lilá... – começou Gina mais foi interrompida pela mesma.

— Eles não são namorados. Eles fingem ser o tempo todo.

Hermione prendeu a respiração e Ron olhava para a irmã esperando que ela não acreditasse naquilo.

— Ah! Por favor, Lavender, não começa com suas loucuras pra ficar com o meu irmão, desencana.

— Ao contrario dela – disse Lilá apontando para Hermione fazendo todas as cabeças se virarem para ela. – Eu nunca precisei mentir pra ficar com o seu irmão.

— Você é louca. O que te faz pensar que eu acreditaria em você? – perguntou Gina já demonstrando sinais de estresse típico da família.

— Você pode até descrer de mim Gina. Mas por que então não pergunta pra sua vovozinha? Ela sempre soube de tudo. Ou melhor, porque nós não perguntamos ao lindo casal?

Gina não parecia mais duvidar tanto de Lilá. Olhou para Ron e Hermione com um olhar tão gelado que Hermione até pode sentir o corpo congelar.
— Ronald... – começou dizendo pausadamente como se buscasse folego. – O que ela está dizendo?

— Olha Gina...

— você mentiu pra mim? – interrompeu ela sem deixa-lo explicar. – Vocês dois?

— Gina, eu... – tentou Hermione, sendo igualmente interrompida em seguida.

— Eu contei tudo a você. Eu confiei em você. Voce mentiu pra mim o tempo todo? – acusou Gina.

— Não. Gina, não. Eu não menti. – tentou se defender Hermione. – Não em relação a amizade com você, nem ao que eu sinto em relação a sua família...

— Mentiram ou não? – exigiu Gina. Todos na mesa agora tinham olhares apreensivos.

Harry tentava acalmar Gina mas sabia que era em vão. Molly e Norallie apenas olhavam de longe. Deixariam Ron e Hermione resolver o caso sozinhos mas interfeririam se fosse necessário. Ambas sabiam da mentira mas nenhuma reprovou os garotos por isso.
Ron soltou um suspiro e segurou a mão de Hermione por baixo da mesa.

— Sim. – ele confessou.
— Então vocês não são namorados coisa nenhuma? – quis saber Gina.
— Sim, nós somos. – respondeu Ron.
— Será que é difícil pra você explicar algo que faça sentido?
— Gina, deixa eu te explicar... – começou Hermione em vão.
— Você, Ronald... Me explica você. – Disse Gina ignorando Hermione.

— Fica quieta Gina. – disse a voz de Gui na mesa ao lado. Só agora eles perceberam que a conversa não se restringia apenas entre as pessoas na mesa e sim entre todos os convidados. – Deixe que os dois expliquem. Comece Ron.

— Nós éramos amigos. Melhores amigos. Mione aceitou me ajudar a fingir o namoro mais isso não seria necessário se você mesmo não o tivesse inventado e contado a mamãe. – Gina fez menção de falar, mas Ron a impediu. – Eu tenho que confessar que fiquei nervoso com você no dia, mas eu tenho que te agradecer por isso hoje. Não julgue Hermione, ela quis contar a verdade há você desde que você a levou naquela maldita prova de vestido, mas eu a convenci do contrario. Eu sempre gostei da Mione. Tecnicamente eu não menti com relação aos meus sentimentos por ela, sempre foi verdade.

Gina não sabia exatamente o que estava sentindo. Queria sentir raiva, queria continuar a falar mal do irmão por ter mentido para ela. Pior, por convencê-la de que a mentira que ela mesma inventara, era verdade. Mas ela, com toda aquela sensibilidade de gravidez e recém-casamento, não conseguiu dizer nada ofensivo para o irmão ao ver a cara de bobo que ele tinha.

— E você? – virou-se para Hermione que encarava o próprio prato de comida. Queria sentir raiva dela também, mas havia aflorado uma amizade tão boa que era um pouco difícil sentir qualquer coisa ruim por ela.

— Eu... – Hermione não sabia muito que dizer, pois havia sido pega desprevenida. – Ron não teve culpa, Gina. Eu aceitei ajuda-lo, mas ele nunca me pediu isso. Eu pensei seriamente se era prudente fazer uma coisa dessas, mas eu não me arrependo. Eu não deixaria Ron sozinho.

— Mas não tinham nada até então? – foi a vez de Harry.

— É. Quando eu disse que era minha namorada, ela não era. – Ron passou a mão pelo cabelo em sinal de nervosismo e olhou para as pessoas em volta. Todos estavam em silencio prestando atenção no que estava sendo revelado. Até os músicos pareciam mais interessados em participar da discução do que em fazer o foram pagos para fazer.

— Continuem. – Pediu Gina.
— Bom, eu cheguei em casa e vi a carta de sua mãe. – recomeçou Hermione. – Ron chegou logo em seguida e me explicou o que havia acontecido. Ele ligou para você para desmentir tudo. – Gina assentiu com a cabeça, lembrando-se do dia. – Mas ele estava nervoso e eu o convenci a não faze-lo... Bom, o caso é que eu aceitei a proposta. Eu me assustei quando cheguei, fiquei com medo do que poderia acontecer se vocês descobrissem tudo, mas... Eu sempre tive carinho por vocês todos, isso nunca foi mentira.

— Mas por que não disseram nada? – quis saber Gui.

— Sinceramente? Eu não faço a mínima ideia. – disse Ron. – É um tanto idiota, eu sei. Talvez eu não quisesse contar, talvez eu estivesse gostando da ideia. É eu estava gostando da ideia. Eu nunca olhei para Hermione só como amiga... A ideia de apreseta-la como namorada estava me agradando mais do que eu percebia. O fato é que somos um casal agora... De verdade. – acrescentou com um sorriso.

— Desde quando? – perguntou Gina já quase se rendendo a vontade de rir e irritar a todos dizendo que ela havia sido mesmo que insconscientemente, a cupido do casal.

— Desde ontem... A noite. – disse Ron com um sorriso maior do que o momento permitia.

— UHHHHH, Ronnie. – caçoaram os gêmeos.

— Calem a boca. – resmungou Percy.

— Voces estão mesmo caindo nessa? – disse a voz de Lilá. Eles até se permitiram esquecer a presença dela por alguns instantes. – Ela diz um monte de coisinhas fofas e todo mundo cai. Você é boa mesmo.

— Por que esta fazendo isso? – perguntou Hermione.

— Sempre foi ela, não é? Hermione isso, Hermione aquilo. Ela nem ligava pra você e você parecia o cãozinho dela. Você nunca olhou pra mim. – dizia Lilá para Ron com um semblante firme. Embora ela quisesse passar a firmeza, Hermione conseguia perceber que ela estava a ponto de se esgoelar feito uma criança mimada. – Mas sabe o que mais me decepciona Ronald? É saber o quão idiota você é a ponto de ter que pedir pra que ela finja ser sua namorada já que, pelo que eu vejo você é incapaz de conseguir uma de verdade.

— Eu sou a namorada dele. – disse Hermione visivelmente irritada.

— A é? – Lilá virou-se bruscamente para ela e toda sua firmeza transformou-se em puro ódio. – E quanto você está cobrando pelo serviço? Ou para amigos é de graça?

Hermione não poderia explicar que tipo de sentimento a possuiu naquele momento, mas tudo a impulsionou a saltar em direção a Lilá e sabe-se lá Deus o que ela faria. Mas de fato, ela nada fez, pois os braços de Ron lhe envolveram a cintura, retirando-a temporariamente do chão e o único que conseguiu fazer era chacoalhar-se em busca da liberdade, embora a idéia de ficar nos braços de Ron fosse muito mais prazerosa do que estapear Lilá.

— Se você nunca foi capaz de fazer Ron se interessar por você, o problema é seu. A namorada dele sou eu, queira você ou não.

— Chega! – Exclamou Gina. Hermione pareceu cair em si e lembrar que não havia apenas ela tentando voar em Lilá e Ron que a impedia. Todos olhavam seu momento e desequilibro. Ela pareceu se acalmar, Ron sentiu-se seguro para solta-la embora ela não desejasse que ele o fizesse. – Lilá, sai daqui.

— O que? – perguntou espantada. Esperasse que Hermione fosse enxotada e não ela.
— Voce está piorando a situação. Saia, por favor.
— Olha Gina...

— Vamos Lilá. Gina tem razão. – disse Cho fazendo Gina encará-la com a sobrancelha erguida. – Você já falou o suficiente.

Cho apenas disparou um meio sorriso em direção a Gina como um sincero pedido de desculpa pelo ocorrido. Gina se sentia desconfiada com tal atitude mas talvez aquilo se devesse ao fato de que Cho estava com Cedric e ela já demonstrava interesse por ele desde que namorara Harry. Cho segurou um braço de Lilá forçando-a a caminhar para longe dali. Todos ficaram em silencio por um tempo e observavam Gina como se pedissem permissão para acabar logo com aquilo e continuar a festança. Gina não encarava ninguém, olhava um ponto fixo e inexistente como quem refletia sobre algo extremamente complicado e por fim, após alguns minutos de silencio, voltou a encara o irmão e Hermione.

— Isso é uma droga. – disse com um tom indecifrável. – É mesmo uma droga. 

As pessoas se entreolharam confusas mas ninguém disse nada. 

— Eu devia estar uma fera, deveria cortar relações com você Ronald. – disse apontando para o irmão. – E te tirar a pontapés daqui, Hermione. Mas... Ah, droga. Eu sou uma derretida. Ora essa, vem aqui sua desmiolada. Não consegui ficar com raiva de você. – disse Gina mudando sua expressão seria para uma extremamente chorosa, indo de encontro Hermione e a abraçando. Harry ergueu as mãos pro céu como quem queria dizer a Deus que desistia de compreender os hormônios femininos. Ron abriu um sorriso e já se aproximava das duas para um abraço triplo, mas o olhar que Gina lhe mandou foi completamente o oposto do olhar terno que ela tinha para com Hermione. – Se eu não sinto raiva dela, é porque ela nada me deve. Mas uma coisa totalmente diferente é o meu próprio irmão mentido para mim. Isso é inaceitável, um absurdo. Eu sempre lhe contei tudo, até o que você odeia ouvir. E olha só, você mentiu para mim. Voce está em divida comigo, divida dupla.

— O que? – disse Ron indignado. – E qual seria essa outra divida?

— Voce tem uma divida por ter mentido, e outra de agradecimento.

— Agradecimento? – perguntou Ron já sabendo o que vinha por aí.

— Sim, é claro. Voce tem que me agradecer por Hermione gostar de você. – Ron a olhava com cara de quem custava crer no que ouvia. – Você demorou seis anos para fazê-la gostar de você enquanto eu precisei apenas de alguns dias...

— Ora, não seja ridícula Ginevra... – Ron já começava a ficar vermelho e disposto a disparar farpas contra a irmã quando esta o abraçou também, aos risos. Ele se rendeu e a acompanhou no riso. – Voce tem sorte por estar grávida, mas eu posso descontar daqui alguns meses. Eu darei um jeito de me lembrar. 

— Não pense que por eu estar de abraçando, você está perdoado. Mas não posso negar que a união de vocês me agrada. Mais agradável ainda é saber que é tudo graças a mim...

— Ah Gina, vê se não ferra. A única coisa que você fez foi nos convidar para o casamento. Quem passou a lábia nela foi eu...

— Passou a lábia? Ora Ronald. – resmungou Hermione fingindo aborrecimento, mas achando graça em tudo aquilo. – Como se eu fosse mulher de cair em lábia.

— Eu acho que isso quer dizer que já está tudo bem não é? – perguntou Simas. – Sabe, eu estou com fome e a comida não pretende permanecer aquecida enquanto vocês ficam de lero.

— Isso é um garoto sábio. – disse Jorge.

O ambiente voltou a ficar descontraído. Todos voltaram a falar alto, comer, rir e até dançar, já que a banda também resolvera voltar ao serviço. Hermione se sentiu aliviada de saber que aquela tormenta durara apenas alguns minutos e que o casamento de Gina não fora arruinado por culpa dela.

Desculpo-se com Gina e todos os Weasley, inclusive Ron, umas cinquenta vezes naquela noite, embora todos eles já tivessem lhe dito na primeira vez que não precisava mais se desculpar. De Lilá, nada mais soube e não procurou informações. Cho também não retornou e Cedric ficou apenas, mas algum tempo e logo também se foi. Hermione se sentia significativamente feliz por vê-los tratando-a com a mesma forma carinhosa que a trataram desde o primeiro dia como se absolutamente nada tivesse acontecido. Estava feliz de poder estar com Ron sem estar mentindo para ninguém quanto a isso.


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