Um beijo seu escrita por Hermione Granger


Capítulo 12
Ensaio de casamento




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Quando acordou na manhã seguinte, Ron já não estava lá, o que ela achou estranho já que ele sempre demorava 5 horas para sair da cama. Ficou ali pensando no que aconteceu na noite passada e em tudo que Ron havia lhe dito. Sentiu uma euforia crescer no peito, uma ansiedade que ela não sabia do que. Esticou o braço e agarrou o travesseiro de Ron, como se fosse o próprio garoto, e ficou ali sentindo aquele cheiro de Ron que ela tanto gostava. Não soube dizer o porquê, mas sorriu. Um sorriso grande, exagerado. Rolou na cama para pegar o relógio de Ron sobre a escrivaninha. Eram 9 da manhã. Ela se levantou, lamentando ter que largar o travesseiro, e foi se trocar.

Desceu as escadas estranhando o silencio na casa e procurando algum sinal de vida. Ao sair, pode ver quase todos os Weasley brincando na praia. Gina, Harry, Fred e Jorge, Gui, e até mesmo Percy, arriscavam um jogo de futebol improvisado junto com os filhos. E la está Ron, parado entre dois pares de tênis que serviam provisoriamente como gol. 
Hermione se aproximou de Angelina e Alicia que estavam sentadas ali com seus filhos menores, olhando os respectivos maridos se divertirem mais do que as próprias crianças que mal conseguiam pegar na bola.
Hermione olhou para Ron que lhe deu um sorriso e se sentou ao lado delas pegando o pequeno Fred II que esticava os bracinhos para ela.

— Você leva jeito com criança, Hermione. Ele não anda muito sociável ultimamente. – disse Alicia se referindo ao pequeno Fred.
— Ele me parece uma criança muito calma. Não é, anjinho? – disse fazendo cocegas na barriga do garotinho que ria.

—GINA-EU-VOU-TE-MATAR. – berrou Ron, arrancando a atenção de Hermione. Ele tinha mais uma vez as duas mãos sobre o nariz e estava mais vermelho do que os próprios cabelos.

Hermione devolveu o pequeno Fred a Alicia e se levantou, indo em direção a Ron.

— O que houve? – ela perguntou, tentando não rir e tirando a mão dele da frente do rosto para ver o novo estrago.

— Acho que vou embora desse casamento em um caixão. – ele disse sério, mas em tom divertido. Ela riu.

— É melhor ir cuidar disso antes de irmos ensaiar. – berrou Gina para Ron que já começava a se afastar e entrar na casa junto com Hermione.

— Ensaio? – perguntou Hermione, ajudando ele a subir as escadas já que os olhos dele lacrimejavam tanto que mal enxergava.

Os dois entraram no quarto e Ron se jogou na cama, fazendo mais drama do que o necessário para o machucado.

— Eu vou matar essa garota. Por favor, não me deixe ver Gina nos próximos 10 anos, ou eu vou matar ela. – disse Ron sem responder a pergunta anterior de Hermione. Ela riu da birra do garoto. – Hey, onde você vai? Eu estou machucado Hermione. – disse ele ao ve-la andar em direção a porta.

— Vou pegar gelo pra isso aí. – disse ela apontando para o machucado.

Não demorou muito até que ela voltasse com duas pedras de gelo embrulhadas em um pequeno paninho. 

— Onde dói? – perguntou se sentando ao lado dele na cama.

— Ah, eu já não tenho mais um nariz, mas a boca está um pouco dolorida. Acho que mordi o lábio.

Hermione colocou o gelo no local que Ron indicara.

— O que aconteceu? – perguntou ela.
— Me distrai.
— Típico de Ronald. E posso saber o que te distraiu? – perguntou achando graça nas caretas que ele fazia quando o gelo lhe tocava.
— Eu tava olhando pra você.

Ela parou por alguns segundos mais logo voltou ao normal, tentando parecer o mais natural possível.

— Ah, ótimo. Quer dizer que mais uma vez a culpa é minha?
— É. Sabe, você deveria ter nascido feia, assim seria mais seguro. Estou começando a achar que é perigoso ficar perto de você.
— Bom, então acho que vou ter que me afastar de você. – ela disse em um tom meio provocativo. Ron riu.
— Não, eu gosto de viver perigosamente.

Ela não segurou a gargalhada. Afastou o gelo do local e passou o dedo sobre o machucado no canto dos lábios de Ron, fazendo-o fechar os olhos. Ficou ali olhando para ele, de olhos fechados, pensando em tudo que ela gostaria de fazer. Pensando no quanto seria bom poder ficar com Ron, como ela sentia vontade de ficar. Ele abriu os olhos e sorrio.

— Tá doendo? – perguntou.
— Um pouco. – sussurrou ele em resposta. – Acho que esse troço não ajuda muito.

Hermione riu. Debruçou-se sobre o corpo de Ron estirado na cama e selou carinhosamente seus labios em um selinho um tanto demorado. Logo se afastou olhando para ele agora sem intenção de fugir.

— Mamãe sempre me dizia que um beijinho sara. – ela disse.
— Obrigado, sra. Granger. – ele disse sorrindo e fazendo-a rir.

Ron foi um pouco para o lado na cama e bateu a palma da mão no espaço desocupado para que Hermione se deitasseao seu lado. Já não se sentia mais tão travada com a presença de Ron como sentia dias atrás. Até se arriscava dizer que se sentia muito confortável, obrigada.

Ficaram em silencio por um tempo. Ron desejando que Hermione dissesse algo em resposta ao que ele havia dito na noite anterior, ela ensaiando mentalmente algumas frases sem realmente conseguir formar nenhuma. Por fim, ela somente se aproximou dele e o abraçou, afundando o rosto na dobra do pescoço de Ron, sentindo seu cheiro favorito. E assim ficaram.

 

 




O Hematoma causado por Gina não foi o suficiente para que Ron conseguisse se libertar do ensaio de dança daquela tarde, e sua raiva só era amenizada quando Hermione lhe acariciava suavemente o lábio ferido.

No horário marcado, seguiram de carro para o vilarejo de Hyson. Durante vários minutos, só o que podiam ver do lado de fora das janelas do carro preto eram árvores, e as vezes um pedaço de praia e lindos campos floridos. Hermione se encantava com a paisagem, assim como Gina que olhava tudo com muito entusiasmo. Ron entrelaçou a mão na de Hermione que sorriu e deitou a cabeça no ombro do garoto. Apesar de Harry parecer mais concentrado na estrada, não deixava de bajular Gina.


Era um vilarejo pequeno. A rua principal era a Dover Street onde estavam concentradas todas as principais lojas, academias e restaurantes do local. Não era uma rua muito grande e tinha o tradicional estilo rustico típico da Inglaterra. 

Pararam de frente para um estabelecimento esquisito que conseguia ser mais torto do que A Toca, embora não fosse tão alto. No letreiro já um tanto gasto, ainda podia se ler em letras medievais e coloração verde-esmeralda “Salão de Danças S.Trelawney”. Ron olhou o local com apreensão, mas não tanto quanto Harry. Seu melhor amigo sempre fora desengonçado com os pés e não tinha a menor ideia de dança. 

Subiram as escadas em caracol até o segundo andar daquilo que parecia ser uma casa e Gina deu uma leve batida na porta. Logo em seguida, como se já estivesse segurando a maçaneta do outro lado da porta, uma senhora de meia idade e cabelos totalmente armados apareceu. Tinha os olhos claros escondidos por detrás das lentes de um óculos fundo de garrafa. Usava um vestido que mais parecia um amontoado de retalho e diversas cores que não conversavam entre si. Dos braços pendiam tantas pulseiras que ficava difícil encontrar um pedaço de pele entre elas.

— Olá queridos, sou Sibila Trelawney. Muito bem entre, mas deixem os sapatos na porta, no carpete. – Eles se entreolharam, mas obedeceram tirando os sapatos e seguindo a senhora. – Bom, chegou a hora da verdade. O momento mais importante em um casamento é a primeira valsa de casados. Não fiquem nervosos, dançar é como caminhar. Tem que sentir o compasso da musica deixar se dominar para que seu corpo fale por você. Dançar é como andar de bicicleta, é como amar... Pode passar anos, mas nunca se esquece totalmente. Bom, agora eu preciso que os noivos deem um passo a frente. – Gina se adiantou puxando Harry consigo, já que esse parecia pregado no lugar. – Coloquem-se em posição enquanto coloco a musica, Okay?


— Que posição você prefere? – sussurrou Harry para Gina em tom de malicia, levando um tapa no braço em seguida.

— Ela se refere a dança, Harry. Vamos, me de sua mão e ponha a outra na minha cintura. – Gina fazia os movimentos ordenados por Sibila mas Harry não ajudava muito, era uma negação.

— Muito bem queridos, vamos fazer um exercício. Fechem os olhos. Não se esqueçam de manter a distancia entre os corpos, isso é muito importante, pois cada um deve respeitar o espaço do outro. Finjam que estão em um quadrado. A dança consiste em quatro passos e é necessário movimentos leves e graciosos. – ela se colocou atrás de Harry e colocou suas mãos na cintura do garoto para tentar guia-lo, Harry levara um susto tão grande que pisou fortemente nos pés de Gina. – Não, não, não. Comecemos de novo. Um, dois, três, quatro... Assim queridos.

— Pobre Harry, deve estar sofrendo a beça. De todas essas coisas de casamento, a dança é o que mais aterroriza ele. – Comentou Ron com Hermione. Eles haviam ficado parados logo atrás, um ao lado do outro apenas olhando a trágica dança de Harry. Ron desviou os olhos de Harry para olhar Hermione, segurou sua mão fazendo-a desencostar da parede. – Quer dançar?

— Claro. – assentiu sorrindo. 

A suposta “distancia entre corpos” e o “respeitar o espaço do outro” era algo que não funcionava para Ron, que já havia puxado Hermione pela cintura quebrando qualquer distancia. Hermione passou o dedo no lábio e no nariz machucado de Ron. Ele adorava aquilo. 

— Ainda dói?

— Não mais. Mas para garantir que a dor não volte, acho que você deveria me dar outra dose do seu remédio milagroso. – Ela sorriu e deu um beijo no canto da boca de Ron que riu desgostoso. – Vou aceitar isso por hora, acho que já até posso dançar melhor. Falando nisso, você dança bem. Queria saber como vocês mulheres nascem sabendo fazer tudo.


— Pratica. Quando somos crianças, queremos ser tudo: dançarina, atriz, cantora. – ela riu lembrando-se da própria infância. – Então, nós acabamos aprendendo. Não somos preguiçosas feito vocês, já pensamos em que profissão seguir desde os três anos.

Hermione deitou a cabeça no ombro esquerdo de Ron. Ambos olhavam e riam do casal desajeitado Ele até se arriscou em uma pirueta mas sua bunda foi de encontro ao chão.

— É um caso perdido, Sr. Potter, soube assim que vi suas pernas... Deus, como são finas. – disse Trelawney, virando-se para olhar Gina com um olhar triste como se Gina acabasse de se tornar viúva. – É uma pena, fazem um casal tão bonito. Um casal sem um baile é como... É como... Oh, eu mal consigo descrever. Está destinada ao sofrimento, querida.

Harry se levantou com a ajuda de Gina e fazia caretas para Sibila quando esta se virou, murmurando palavras como “velha” e “múmias”. Embora Gina risse, tentou dar um pequeno sermão no noivo.
A aula durou por volta de uma hora e meia, mas de certo modo valeu a pena. Ao termino, Harry já parecia bem melhor e até arriscou uma nova pirueta sem cair. Gina estava muito contente com o resultado e propôs que jantassem em um restaurante próximo dali. Ron, que nunca dispensava uma boa comida, pensou em aceitar, mas foi impedido por Hermione que o puxava pelo braço. Ela sussurrou um “Não fique chateado” e lhe deu um beijo na bochecha.


— Fiquem vocês. – disse ela voltando-se para Gina. – Não me sinto muito bem, então acho melhor que Ron e eu voltemos para casa. Aproveitem a noite vocês dois porque daqui dois dias, já serão casados. Não se preocupem conosco, nós podemos ir caminhando.

Hermione não admitiu nenhum protesto vindo de Gina ou Harry e logo estavam Ron e ela caminhando de volta para casa.

— Ou você é uma pessoa muito boa e quer o bem de um casal apaixonado prestes a se casar, ou você não tem piedade nenhuma no coração em me fazer andar faminto por mais de 40 minutos. – disse Ron fazendo cara de sofrimento. – tem noção da distancia que estamos de casa?

— Sem dramas Ron, eu não vou beijar você dessa vez. Acredito que suas pernas estejam em ótimas condições para uma caminhada. – ela segurou a mão dele, começando a arrasta-lo. – Vem, vamos. Podemos caminhar na praia, o sol já está se pondo... E, podemos aproveitar pra pensar um pouco em nós.

Ron parou de supetão, porem ela prosseguiu, mas uns três passos antes de reparar que ele parara de andar. Virou-se para olha-lo e ele a encarava com a sobrancelha arqueada. 

— O que foi? – perguntou já começando a se preocupar.

— Nada. – disse abrindo um enorme sorriso e indo em direção a ela. Abraçou-a pela cintura de uma forma um tanto possessiva e seguiram pela praia. A verdade é que gostara da forma como ela dissera “Pensar em nós”, mas achou melhor deixar Hermione agir espontaneamente, sem que ele tivesse que dizer algo. Os dois caminharam lentamente para que o percurso não fosse tão cansativo e pudesse curtir a companhia. Hermione levava as sandálias presas entre os dedos da mão deixando que seus pés sentisse toda textura da areia. O céu alaranjado começava a mesclar com o azul marinho e a lua começava a exigir do sol o seu espaço.


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