Contos de Mentora Russa - Morte do Gavião Arqueiro escrita por Helem Hoster


Capítulo 15
Manhã de ressaca




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A luz do sol invadiu o quarto e tocou o rosto de Natasha suavemente, como um delicado beijo quente. Ela abriu os olhos acordando. Olhou por lado e notou que a cama estava vazia.

— Clint... – ela sussurrou. Sentiu cheiro de queimado e o alarme de incêndio disparou. Ela arregalou os olhos e se levantou ás pressas saindo do quarto correndo.

Ao chegar na cozinha, viu Clint só de pijama e meias tentando apagar um robe em chamas, sua cafeteira estava na pia, a torneira estava ligada, e a tomada da pia estava preta e soltava faíscas, além de que tinha café espalhado por todo o chão. Os sprinklers da cozinha ativaram molhando tudo.

 - O que você fez?! – ela falou assustada. Naquela hora não sabia o que faria, se desligava os sprinklers que jorravam água, se tirava a cafeteira da pia, se batia em Clint, ou se iria ajuda-lo.

Enfim, subiu numa cadeira e desligou os sprinklers. Pegou o extintor de incêndio de baixo do balcão e saiu da casa pela porta dos fundos levando consigo o robe de Clint. Lá, conseguiu apagar o fogo. Entrou em casa apagou o fogo da tomada, e desligou a torneira. Sua cafeteira já era. Ela se virou pra Clint.

— O que diabos aconteceu? – ela perguntou o encarando.

— Eu... é que...- ele gaguejou. Na verdade, nem ele mesmo sabia o que tinha acontecido.

O que aconteceu foi o seguinte:

Clint acordou com uma dor de cabeça terrível. Nada além do normal de uma ressaca. Olhou em volta. Não estava no quarto de hóspedes. Viu que Natasha dormia abraçada a ele. Ele franziu o cenho. Não se lembrava do que aconteceu, nem de como foi parar ali. Só se lembrava de beber com Natasha. Talvez até conversar. Mas as imagens eram borrões em sua mente.

— Ah cara! – ele balbuciou. “O que você fez, Clint?” ele pensou.

Empurrou Natasha delicadamente, tomando cuidado para não acordá-la. Levantou da cama, vestiu o robe que ela havia comprado pra ele, e saiu do quarto. Desceu as escadas e entrou na cozinha. O que aconteceu afinal? Não se lembrava de nada. Em sua mente, um turbilhão de ideias se passavam o que acabava piorando sua dor de cabeça. Passou a mão pela testa e sentiu um curativo perto do olho esquerdo. Franziu o cenho. Agora que ele não ficaria tranquilo.

Olhou em volta. Viu que a cafeteira estava na pia, e estava cheia. Pegou uma caneca e encheu com café quente. Se apoiou no balcão e tomou um gole. Sentiu sua cabeça latejar e tocou o ferimento pousando a caneca no balcão.

— Definitivamente, eu não vou mais beber tanto. – ele comentou.

 Ouviu um som estridente vindo da rua, o assustando. Ele se virou bruscamente e acabou batendo na caneca que virou derramando café quente por todo o chão, incluindo seus pés. Ele saltou tirando os chinelos.

— Que ótimo. – ele resmungou. Pegou um lenço perflex e abriu a torneira. Iria molhar o pano pra limpar a bagunça no chão. – Pelo menos não quebrei a caneca da Nat. – ele comentou molhando o pano.

Colocou-se nas pontas dos pés para ver a causa de seu susto, mas acabou escorregando no café quente. Pra não cair, se segurou na pia, mas bateu o braço na cafeteira a derrubando dentro da cuba com a torneira aberta. Se levantou.

— O dia mal começou, e eu já... – ele foi interrompido pois a tomada a qual a cafeteira estava ligada começou a estalar e soltar faíscas. Clint se abaixou instintivamente. Uma fagulha o atingiu fazendo seu robe 100% algodão entrar em chamas. Ele o tirou rapidamente e tentou apaga-lo a todo custo.  O alarme de incêndio disparou.

— O quê você fez?! – ele ouviu a voz de Natasha. Os sprinklers ativaram, e você sabe o que aconteceu depois.

— Você está bem? – Natasha perguntou num suspiro.

— É. Estou. – ele concordou ainda um pouco assustado.

— Ótimo. – ela concordou e estalou um tapa no rosto de Clint, deixando a marca de seus cinco dedos em sua face direita. Os olhos de Clint lacrimejaram. Ele piscou levando a mão ao local atingido. Não tinha certeza por qual razão tinha sido o tapa. – Ouça. – ela o segurou pelo colarinho o fazendo olhar pra ela. – Se tentar botar fogo na minha casa outra vez, eu garanto que a SHIELD não vai ter que se preocupar em achar o seu corpo! Eu incinero você e deixo as cinzas na porta da casa do Fury! – ela jurou. – Entendeu??

Clint, de olhos arregalados concordou com a cabeça. Ela bufou e o soltou. Foi até a pia e tirou a cafeteira de dentro da pia e a desconectou da tomada.

— Levei três meses pra encontrar lugar onde vendesse dessa cafeteira. – ela resmungou.

— Desculpe. – Clint pediu sem jeito.

— Tá fazendo o quê aí parado? Pega um pano e limpa essa bagunça do chão. – ela mandou. Ele concordou com um aceno. Natasha começou a enxugar os balcões e os armários.

— Olha... o que aconteceu ontem à noite? – ele perguntou.

— A qual parte da noite se refere? – ela perguntou em tom indiferente.

— Não sei. Eu acordei na sua cama... então...

— Dormimos juntos, e daí? – ela deu de ombros.

— Por quê? – ele perguntou.

— Porque você pediu. – ela respondeu normalmente.

— E você aceitou? – ele parecia não acreditar.

— Sim. Você estava com medo de ficar sozinho. – ela contou.

— Jura? – ele parou a olhando.

— Juro. – ela respondeu. Clint resmungou qualquer coisa. – Quê? – ela o olhou.

— Hum?

— O que você disse? – ela perguntou. Clint abriu a boca pra responder, mas a campainha tocou.

— Quem é? – ele perguntou. Ela deu de ombros.

— Termina de limpar. – ela mandou. Ele concordou. Natasha saiu da cozinha e foi pra sala atender a porta. – Oi. Você por aqui, tão cedo. – Clint ouviu Natasha falar surpresa.

— Pois é. Eu estava ajudando a senhora Carter com a bagagem dos netos, e ouvi o alarme de incêndio. Só queria saber se está tudo bem. – ele ouviu uma voz masculina firme e doce falar. Se arrepiou. Não conhecia aquela voz. E isso o deixava preocupado.

— Pois é, eu tive um problema com minha cafeteira. Mas já resolvi. – ela contou.

— Bom, se precisar de café, é só passar lá em casa. – ele convidou. Clint sentiu o ódio consumi-lo.

— Relaxa eu me viro. – Natasha dispensou em tom divertido. Clint se levantou.

— Tem certeza? – o homem perguntou. Clint foi até Natasha.

— Tenho sim. – ela concordou.

— Você está com alguém? – ele perguntou. Natasha ia responder, mas Clint se meteu do lado dela.

— Está. Está sim. – ele respondeu encarando o homem. Era alto, forte, tinha cabelos castanhos e olhos negros. Era extremamente bonito.

— Oh. Que coisa, né? – o homem comentou com ar divertido e charmoso.

— Clint, este é meu amigo, David Ganter. – Natasha apresentou. – David, esse é...

— Clint Barton. – Clint se adiantou.

— Então é você? – David falou com ar intimidador.

— Ouviu falar de mim? – Clint perguntou sem se deixar intimidar.

— Bastante. É melhor cuidar bem dessa dama, e tratar ela como a princesa que é. Ou garanto que vamos ter uma conversa que você não vai gostar. – David ameaçou. Natasha mordeu o lábio inferior se segurando pra não rir.

— Eu não preciso que você me ameace pra fazer isso. E eu duvido que você dure muito tempo numa conversa comigo. – Clint retrucou.

— Eu não ameacei, bonitão. Eu avisei. – David retrucou se colocando de frente pra Clint.

— Então eu vou avisar também, xará.  É melhor não se engraçar pra minha garota, ou a coisa vai ficar feia pra nós dois. – Clint falou sem se importar com a altura superior do possível oponente. Por mais que Natasha estivesse se divertindo, já era hora de parar.

— Ok. Já chega, meninos. – ela falou. – Parem de se ameaçar como se eu não estivesse aqui. E eu não sou garota de ninguém.

— É claro. Desculpe. – Clint pediu.

— Peço desculpas se lhe ofendi, Nat. – David pediu em tom cortês.

— Aceito suas desculpas. – ela falou para David. – E você, não tem uma cozinha pra terminar de limpar? – ela sugeriu.

— Claro. – Clint concordou sem muito ânimo. O celular de Natasha tocou, e ela viu que era o número de Coulson.

— Com licença, rapazes, eu tenho que atender. É um cara importante. – ela falou.

— É claro, tudo bem. – eles concordaram.

— Tchau, pedaço de tentação. – Natasha falou para David que riu e saiu. Natasha atendeu o telefone fechando a porta. Clint a encarou. – Tá olhando o quê? Sai daqui. É o Phil. – ela mandou cobrindo o telefone. Clint concordou e saiu.  – Oi Phil. Fala. – ela atendeu.

— Preciso que você venha pra base, agora. – ele falou. Seu tom era sério.

— O que aconteceu? – ela perguntou em tom grave e preocupado.

— Encontramos o infiltrado. - ele falou baixo.

— Sério? – ela perguntou.

— Muito. Encontramos ele acessando um programa criptografado pra se comunicar com os parceiros. – ele contou.

— Pra onde estava endereçada a mensagem dele? – ela perguntou.

— Não conseguimos acessar essa informação ainda. – Coulson respondeu. – A equipe da Hill tá cuidando disso. – ele respondeu. – Mas o Fury mandou você vir pra cá, pra ver se reconhece ele, ou ao menos pra fazer umas perguntas. – Phil avisou.

— Tudo bem. Eu estou a caminho. – ela concordou.

— Rápido. – ele mandou e desligou. Natasha suspirou.

— Clint. – ela chamou.

— Então aquele era o “pedaço de tentação”? – ele perguntou.

— Encontraram o infiltrado. – ela contou sem dar a menor importância pra provocação.

— Tem certeza? – ele perguntou mudando para um tom sério e preocupado.

— Pegaram ele acessando um programa criptografado pra se comunicar com a base. – ela contou.

— Então é sério. – ele comentou. – O que vão fazer?

— Fury quer que eu vá pra base agora. Pra ver se eu reconheço o cara, ou se ao menos consigo alguma coisa. – ela contou.

— Tudo bem. Eu cuido de tudo aqui. – ele prometeu.

— Clint, não acha que tá na hora de acabar com tudo isso? – ela perguntou.

— Ainda não. Pode ser uma armadilha. Temos que ter certeza de tudo primeiro. Vamos seguir com o nosso plano. – ele respondeu.

— Isso não vai acabar bem pra nenhum de nós, Clint. Estamos brincando com fogo. E estamos colocando em jogo nossos empregos.

— É. Mas o que está em jogo pra mim é a sua vida. Eu aceito perder o emprego, e até minha liberdade. Mas não aceito perder você quando eu posso evitar.  – ele rebateu convicto. – Quando tudo acabar, eu assumo a responsabilidade.

— Sabe que isso não funciona com o Fury. – ela retrucou.

— Eu não ligo. E você está perdendo tempo discutindo comigo. Já devia estar a caminho do QG. – ele alertou.

— Tá. – ela bufou e subiu as escadas rumando pra seu quarto.

Clint suspirou e foi pra cozinha terminar de limpar a bagunça que fez. Estava preocupado. Sabia que as consequências seriam extremamente severas pra ele, mas não se importava. O mais importante pra ele, era garantir a segurança de Natasha. E se pra fazer isso, fosse necessário trair seu próprio país, ele o faria. Afinal, ela fez o mesmo por ele, quando decidiu fazer parte da SHIELD.


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