Contos de Mentora Russa - Morte do Gavião Arqueiro escrita por Helem Hoster


Capítulo 13
Você não entende!


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora, mas os trabalhos do colégio estão me tomando muito tempo. Enfim, espero que goste. Enjoy.



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Natasha entrou em sua casa. Estava tudo no lugar. Toda a bagunça da invasão, havia sido limpa. Deu ar de riso trancando a porta. Subiu pro seu quarto e tirou a jaqueta a pendurando no cabide do closet. Saiu do quarto e encontrou Clint no corredor. Ele parou ao vê-la.

— Agente Barton. – ela o cumprimentou.

— Oi. – ele respondeu.

— Não ficou tão ruim a organização. Seria legal se fizesse isso no seu apartamento também, não acha? – ela propôs.

— Vou pensar nisso quando voltar pra lá. Isso, se eu não for direto pra cadeia, né? – ele deu ar de riso.

— É uma boa ideia. – ela concordou.

— É. Então, quando o batalhão vem? – ele perguntou.

— Batalhão? – ela estranhou.

— É. Você contou tudo pro chefe, ele não vai mandar me prender? – ele perguntou. Natasha deu ar de riso.

— Até parece. – ela debochou.

— Você não contou de mim pro chefe? – ele mais deduziu do que perguntou.

— Ainda não. – ela respondeu.

— Por quê? – ele perguntou.

— Não gosto de fazer algo sério assim, com raiva. Tenho que pensar primeiro. Planejar, “jogar gravetos”. – ela respondeu. – Se eu contasse do jeito em que eu estava, iria acabar com sua vida.

— Sim, mas tinha motivos pra isso. – ele deu de ombros.

— Você me chateou, Clint. Muito. Mas ainda é meu amigo. E, apesar de ter mentido, você salvou minha vida. – ela suspirou. – Só retribuí o favor. – ela se direcionou pras escadas, mas ao passar por ele, Clint a segurou. Ela o encarou fazendo com que ele a soltasse de imediato.

— Olha... sobre o que aconteceu antes de você sair... o... o beijo. – ele se atrapalhou. - Eu só queria...

— Eu só queria que não falássemos sobre isso. – ela o interrompeu. – Tá bem? Somos amigos, e eu não quero que passe disso. Fury não tolera relacionamentos entre os agentes. Se apaixonar por um colega de trabalho, historicamente, não dá certo. – Natasha falou firme.

— E se... não tivesse essa lei? Poderíamos ficar juntos? – ele perguntou. Natasha suspirou desviando o olhar, pensativa.

— Teria uma pequena questão. – ela comentou o encarando.

— Qual? – ele perguntou.

— Não tolero ser traída. – ela respondeu. Aquilo cortou o coração de Clint. Ele suspirou.

— Entendi. – ele concordou. – Bom, eu fiz o café. Não sei se você gosta de torradas, mas deve ter mais alguma coisa que eu tenha feito. Não precisa comer se não quiser, só... estou avisando. – ele contou.

— Tá. Obrigada. – ela agradeceu e se afastou descendo as escadas.

Clint entrou no quarto de hóspedes e deitou na cama olhando o vácuo. Tinha o coração despedaçado pelas palavras frias de Natasha. Tudo o que ele mais queria era poder ficar com ela. Mas agora, parecia meio impossível.

Lembrava-se da noite em que passaram juntos. Não foi nada de mais. Mas pra ele, foi uma sensação incrível poder ter Natasha em seus braços. Porém, isso seria tudo o que ele teria dela agora. Apenas uma lembrança calorosa e agradável, porém, de certa forma, dolorosa. Pois ele sabia, que Natasha nunca mais permitiria qualquer tipo de contato afetivo dele. Não depois do que ele fez.

— E pra variar, ela ainda vai acabar se ferrando na Agência por minha causa. – ele pensou alto. Se levantou e foi até o banheiro. Lavou o rosto na pia e se olhou no espelho. Tocou o ombro que havia ferido. Estava bem melhor. Não doía tanto, apesar do ferimento ser recente. Ficou se encarando friamente como se tentasse encontrar algo dentro de si mesmo. – Você, seu covarde, não vai deixar ela levar a culpa, e se ferrar por sua causa. Já causou muita dor nela. Seja homem pelo menos uma vez na vida.

Ele desviou o olhar abaixando a cabeça e coçou os olhos.

— Controle esse coração, cara! Ela é sua colega de trabalho. Não é uma qualquer que você leva pra cama como fez com todas as outras. – ele bufou. – Tá bom. Para com isso. – ele se encarou. – Tá bom. Vamos. – ele falou e se afastou saindo do banheiro.

Desceu as escadas decidido e tomado de coragem. Porém, ela esmoreceu quando viu Natasha. Ela estava sentada no balcão, de costas pra ele. Ela ria baixo falando com alguém pelo celular.

— Ah! Claro. – ela falou com um sorriso aberto. Pareceu rir. – Eu não posso culpar ela, você é um pedaço de tentação.

“Pedaço de tentação?” Ele se perguntou franzido o cenho. Com quem ela estava falando?

— É. Ruim pra ela você já pertencer a alguém... – Natasha comentou com um tom sugestivo, e um sorriso esperto. Clint conhecia esse sorriso. Ela só dava esse sorriso quando falava com homens.

“É isso, então? Ela já está apaixonada por outra pessoa.” Ele sentiu algo dentro dele morrer. Natasha pareceu nota-lo.

— Eu tenho que ir agora. – ela falou em tom calmo. – É. É ele sim. – ela concordou. Fez-se uma pausa. – Uhum. Tudo bem. Se cuide você também. Amanhã eu te ligo. Beijo. Tchau. – ela se despediu em tom doce e desligou. – Oi. – ela cumprimentou Clint sem sequer olhá-lo. Mas seu tom era manso e amigável como sempre foi.

— Oi. – ele respondeu frio se aproximando da cozinha.

— Nossa! Senti um vento russo batendo aqui agora. – ela comentou. Clint fungou andando pela cozinha como se estivesse perdido. – Tá procurando alguma coisa?- ela perguntou.

— Café. Café! Eu fiz café hoje de manhã. Onde é que eu coloquei? – ele perguntou irritado andando de um lado para o outro fuçando nos balcões e nas mesas.

— Clint, a caneca da cafeteira tá bem na sua frente. – ela apontou para a cafeteira no balcão da pia. Clint parou olhando.

— Oh. – ele gemeu ao conseguir enxergar a cafeteira. – Achei. – ele resmungou pegando uma caneca no escorredor e enchendo com café.

— Uhum. Achou sozinho. – Natasha ironizou mexendo no celular olhando uma mensagem que tinha recebido.

“Grande noite com Phil, hoje. Obrigada pela dica.”

                                                 Audrey

Ela deu um pequeno sorriso. “Sou tão boa em bancar o cupido com os outros, mas não consigo nem arranjar a mim mesma.” Ela pensou. Ouviu Clint falar alguma coisa mas não tinha prestado a atenção. Ela o olhou.

— Hum? O que disse? – ela perguntou despreocupada. Clint revirou os olhos e se apoiou na pia tomando um gole de café. – Hey. O que há com você? O que foi? – ela perguntou. Ele negou com a cabeça.

— Quem era no telefone? – ele perguntou.

— Uma amiga. – ela respondeu se referindo a Audrey.

— “Uma amiga”? Sua “amiga” é “um pedaço de tentação”? – ele perguntou irônico.

— Ah! Isso. – ela riu entendendo. – Eu estava falando com um cara com quem eu estive no bar, mais cedo. – ela respondeu tranquilamente enquanto digitava uma resposta para Audrey.

— E você fala isso assim? Na minha cara. – ele se indignou.

— Quer que eu faça o quê? Minta? – ela o encarou. Ele desviou o olhar.

— Quem é esse cara? – ele perguntou.

— Um amigo. – ela respondeu.

— Um amigo? – ele repetiu. – Só isso?

— É. Por quê? – ela deu de ombros.

— Sei lá. Porque você chamou ele de “pedaço de tentação”. – Clint falou em tom irônico. -Não sei.

— Ele é bonito, oras. Não se pode negar esse fato. Ele é lindo tipo ator de novela. – ela comentou mordendo o lábio inferior fazendo Clint ficar vermelho. – Por quê? O que você tem com isso?

— Nada. Nada. Não vou me meter. Você nunca se mete quando eu saio com outras mulheres. Eu não vou me meter entre vocês. – Clint respondeu fazendo Natasha rir baixo.

— Se você pensa assim... – ela falou baixo enviando a resposta para Audrey.

— Pode ficar aí... mandando mensagens pro “bonitinho do bar”. Não vou te incomodar. – ele falou ao passar por ela. Ela parou. – Sei quais são seus padrões, você fez o mesmo com seus outros namorados, né? Só não mate esse aí.

— Como é que é? – ela se levantou lentamente. Ele se virou pra ela.

— Você é a Viúva Negra. – ele deu de ombros.

— É só um nome que a KGB me deu, Clint. – ela explicou.

— É. Mas lembra porquê eles te deram esse nome? – Clint retrucou. Natasha paralisou. – Primeiro o Alexi, depois o Elihas. Sorte do Matt que te deixou antes disso. – ele comentou. – Pobre Elihas, não teve nem tempo de se casar com você, como foi com o Alexi. Matt foi...

Clint não conseguiu terminar a frase, pois Natasha já tinha avançado nele o enchendo de socos. Ela o prendeu no chão socando seu rosto com raiva.

— Você não sabe nada da minha vida! Você não sabe o que aconteceu! – ela gritou cheia de fúria.

— Eu sei muito. – ele falou com os dentes sujos de sangue.

— O que há com você? – ela perguntou o soltando e saiu. Subiu as escadas e entrou direto em seu quarto. Estava com tanta raiva. – Como eu pude sentir algo por esse idiota!? – ela perguntou irritada. Sentou no chão encostada na cama. Tentava a todo custo segurar as lágrimas que ameaçavam cair.

Abraçou os joelhos. Mas afinal, por que segurar as lágrimas? Por orgulho? Que orgulho? Clint já o tinha destruído ali na sala mesmo, quando simplesmente a taxou de vadia assassina. Assim, Natasha chorou. Foi um choro silencioso.

Clint se levantou do chão, se escorando no sofá pra ficar de pé. A raiva e o ciúme, haviam partido. Restava apenas a dor do arrependimento.

— O que eu fiz? – ele sussurrou. Estava fazendo uma besteira atrás da outra. Se sua chance de relacionamento com Natasha, tinha ido pro brejo, então sua amizade com ela evaporou com essa besteira.

Ele rumou pras escadas, e entrou no quarto de hóspedes. Lavou a boca e sentou na cama.

— A amizade dela eu não posso perder. – ele falou com a voz sumida. Se levantou e saiu do quarto. Entrou no dela. A encontrou sentada no chão, encostada na cama. Estava com a cabeça baixa, e abraçava os joelhos. Não soluçava, nem emitia qualquer ruído. Estava chorando? Talvez não. – Tasha... – ele tentou falar.

— Vai embora. – ela falou com a voz baixa e pesada.

— Eu sinto muito, Tasha. Eu sei que nada justifica o que eu falei. Tô fazendo uma burrada atrás da outra. Eu juro, não era isso o que eu queria...

— Então o que você quer? – ela o olhou irritada.

— Você. – ele respondeu com a voz sumida. Ele sentia o choro entalado na garganta, assim como Natasha. – Eu não sei viver sem você. Desde que eu te vi, eu soube que não saberia viver sem você comigo. Você é a minha vida. Você faz meu coração funcionar todos os dias. Me faz querer estar...vivo. Eu não só quero, eu preciso de você. Eu sei que se você não quiser, eu não posso te ter. Não posso te forçar a ser minha se o seu coração pertence a outro. Mas...pelo menos, seu amigo, eu quero ser. Porque...você tem meu coração. – ele falou. Natasha suspirou.

— Você não entende mesmo. –ela negou levemente com a cabeça. – Eu não tenho coração. O que sobrou dele, tá internado junto com o Arman. – ela respondeu.

— Você tem sim. – ele retrucou sentando no chão de frente pra ela.

— Não. Eu não tenho. – ela rebateu. – Eu não quero me decepcionar de novo. Você não sabe a dor que é se apegar a alguém, e então perder. Eu perdi o Alexi, perdi o Elihas, e senti a dor de perder você também. Meu único amigo. A quem eu confiava a minha vida. E na verdade, eu nem sei se você ainda é você. Porque voltou diferente.

Clint sentiu seu coração apertar a cada palavra que ela dizia.

— O Clint de que eu me lembro, era corajoso, animado, brincalhão. Ele nunca mentiu pra mim. Nunca me ofendeu. Sempre foi tão sincero e amável, que eu me perguntava se ele era de verdade. – ela deu de ombros. – Mas o cara que voltou da explosão, não é assim.

Clint suspirou desviando o olhar.

— É porque você nunca tinha me visto com medo, Natasha. Eu tô com medo. E eu não gosto disso. Porque eu nunca sei o que fazer. Eu sempre acabo fazendo besteira. E eu nunca quis sentir medo perto de você. Nunca quis te magoar. E pelo jeito, eu não paro de fazer isso. – ele comentou fitando o chão. – Eu não queria que você visse esse meu lado fraco.

— Ter medo não faz de você um fraco. Faz de você um ser humano. – ela retrucou.

— É. Só que eu sou um agente. Eu não posso ter medo. – ele a encarou. – E eu te amo. Por isso eu também não posso ser fraco.

— Então não seja fraco. Tá na hora de contarmos pro Fury. Isso já foi longe demais. – ela falou. Ele concordou com um leve aceno.

— E como a gente vai fazer isso? – ele perguntou.

— Eu...- ela suspirou. – liguei pro Coulson, tem uns dois minutos. Marquei um jantar com ele, na terça-feira. Disse que precisava conversar com ele, mas que não podia ser na agência.

— Tá. Tudo bem. – ele concordou com um aceno de cabeça. Os dois se encararam por um momento. – Me perdoa, Tasha. – ele pediu. Ela suspirou.

— Se você abrir pra gente aquele Burgundy 1921, e aquela vodka que estão na minha adega, eu penso no seu caso. – ela propôs. Ele deu um pequeno sorriso e se levantou saindo do quarto. Natasha suspirou. – Eu também não sei viver sem você. – ela falou baixo.


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Notas finais do capítulo

No fim de tudo, ela ainda ama ele. Eita Clint. Você tem a melhor mira da agência, e com a Natasha, não consegue acertar nenhuma?! Cumé que é isso?
Espero que tenham gostado. bjus. Não esqueça de comentar. Nos vemos nos reviews.♥♥♥



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