Contos de Mentora Russa - Morte do Gavião Arqueiro escrita por Helem Hoster


Capítulo 10
Dando uma pirada.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal. Eu sei que estou a exatos 36 dias sem postar. Mas, com essas últimas aulas, as coisas ficaram bem complicadas pra mim. Mas, agora com essas férias, vou conseguir postar com mais frequência.
Enfim, espero que gostem. Boa leitura.



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Natasha estacionou na frente de casa. Vários carros da SHIELD estavam estacionados “aleatoriamente” pela rua. Saiu do carro pegando a bolsa com as compras e entrou em casa. Agentes andavam de um lado pro outro. Deixou as compras no balcão da cozinha.

— Agente Romanoff. – um jovem agente se aproximou dela. Ela logo o reconheceu.

— Agente Warley. – ela o cumprimentou.

— Se lembra de mim? – ele perguntou.

— Claro. Você é o garoto que barra as pessoas na porta. – ela brincou o fazendo rir.

— É...desculpe por aquilo. – ele pediu meio encabulado.               

— Uhum. – ela concordou com um quase sorriso. – Alguma novidade?

— Bom, vamos avaliar algumas amostras que coletamos. – ele falou.

— Alguma chance de me devolverem minha casa ainda hoje? – ela perguntou.

— Na verdade, já estamos de saída. – ele respondeu.

— Ótimo. – ela concordou. – Eu tenho umas provas aqui que podem ajudar. Eu espero. – ela comentou mexendo na bolsa. Retirou os pequenos potes de plástico contendo a bala e o caco de vidro que foram retirados de Arman e entregou ao agente.

— Obrigado. Vou mandar pra avaliação. – ele prometeu. Natasha concordou.

Os agentes foram saindo, e logo a casa estava vazia. Natasha suspirou olhando em volta. De fato eles não bagunçaram nada. E como poderiam, estando sob ameaça da Viúva Negra?

Caminhou pela sala fitando o chão. Viu a macha enorme de sangue no carpete atrás da poltrona. Sangue do seu cão. Do seu protetor. Fechou os olhos suspirando.

Calma. – ela resmungou pra si mesma. Então lembrou-se de algo meio importante. – Clint. – ela saiu de casa rumando pro carro. Abriu o porta malas e o encontrou encolhido ali. – Pode sair. – ela falou. Ele levantou de imediato, e teria empurrado ela se Natasha não tivesse saído do caminho.

Ele saiu do carro.

— Você está bem? – ela perguntou. Ele lhe lançou um olhar nada amigável, e se afastou entrando na casa. – Ok. – ela segurou o riso. Pegou as roupas dele dentro do porta malas e trancou ligando o alarme. Entrou em casa.

Clint estava na cozinha guardando as compras.

— Desculpa te fazer ficar no porta-malas. Mas era a única forma segura de ninguém te perceber. – Natasha pediu.

— Tudo bem. Já fiquei em lugares piores. – Clint falou em tom manso. – Mas, isso fica só entre nós, ok?

— Dou minha palavra. – Natasha ergueu as mãos. – Leva suas roupas de volta pro quarto. Vou começar a limpar as coisas aqui. – ela mandou. Clint concordou, pegou suas roupas e subiu as escadas rumo ao quarto de hóspedes.

Natasha olhou em volta. Começou a juntar os cacos de vidro perto da porta. A maioria era da estante. Mas, no canto, encontrou um porta retratos. O vidro estava trincado. Ela olhou a foto. Uma das poucas que tinha. Era ela Clint e Coulson no último dia da missão na Hungria.

Sentiu o coração disparar, e cerrou o punho involuntariamente. Viu o sangue escorrer de sua mão, e um forte incômodo. Abriu a mão e encontrou um corte na palma causado pelo vidro ainda fincado ali.

Der’mo*. – ela xingou em russo.

— Olha a língua. – Clint alertou descendo as escadas. – Seja lá o que tenha dito.

Natasha suspirou se levantando e colocando o porta retratos na estante.

— O que foi? – ele perguntou se aproximando.

— Nada. Eu só me cortei. – ela falou mostrando a mão machucada e tirando o vidro do corte.

— Melhor limpar isso. – ele comentou segurando a mão dela e avaliando o ferimento.

— Tá. – Natasha se afastou dele e rumou pras escadas. Entrou em seu quartou e foi direto pro banheiro. Sentia-se nervosa. Estava prestes a desabar.

Abriu a porta do armário, ao pegar o kit de primeiros socorros acabou esbarrando em alguns frascos de comprimidos que caíram e quebraram.

— Droga! – ela xingou soltando o kit no balcão da pia. Isso tinha sido a gota d’água. – Merda! Droga! Sua estúpida! – ela começou a socar os armários danificando as portas.

— Natasha! – Clint entrou no quarto. – Hey! Que isso? Pare de quebrar os armários. – ele correu pro banheiro e a segurou e ela desabou parando de socar as coisas e começou a chorar descontroladamente. Clint a abraçou e sentou no chão com ela em seus braços chorando. – Tá tudo bem. – ele sussurrou em tom suave afagando seus cabelos.

— Não está não. – ela soluçou. – O que eles querem de mim?

Clint suspirou a abraçando forte sem saber o que fazer. Se sentia inútil. Não podia ajuda-la. Pior ainda, estava sendo mais um problema. Mais um fardo. E agora, sequer conseguia consola-la.

— Tudo bem. Faz bem chorar. – ele sussurrou. Natasha escondeu o rosto em seu ombro chorando. Se sentia um lixo. Tudo o que ela mais amava estava comprometido. Arman, seu emprego e Clint. Ela não sabia o que queriam com ela, nem quem a estava perseguindo. Mas sabiam exatamente como atingi-la. Por que conseguiram.

Clint estava assustado. Nunca tinha visto Natasha daquele jeito. Ela que sempre fora a agente mais forte, durona e corajosa que ele já conheceu, agora estava tão sensível, exposta, e magoada, que o fazia se sentir triste e desesperado. Ele realmente não sabia o que fazer pra ela se sentir melhor.

Ele correu seus dedos em seus cabelos longos, rubros e ondulados. Queria que ela se sentisse segura. Aos poucos, ela foi se acalmando.

— Isso. Tudo bem. – ele falou em tom doce e manso. Natasha respirou fundo. Clint a olhou e secou seu rosto molhado pelas lagrimas com delicadeza. Os dois se olharam por um tempo. Clint queria muito beijá-la. Mas, talvez isso fosse indelicado. Não queria que ela pensasse que ele estava se aproveitando da sensibilidade dela, e não queria que ela se arrependesse depois dizendo que foi apenas pelo momento de fraqueza. Não queria estragar tudo.

— Obrigada. – ela falou. Ele deu um pequeno sorriso.

— Venha. Agora temos duas mãos pra concertar. – ele comentou. De fato tinham. Natasha tinha as duas mãos sujas de sangue. Uma pelo corte, e a outra, pelos machucados causados pelos socos nos armários.

— Tá bem. – ela concordou. Ele a ajudou a levantar.  A fez se sentar na privada e puxou um banquinho sentando de frente pra ela. Ele pegou o kit do balcão e abriu pegando gaze e água oxigenada pra limpar o sangue.

Começou a tratar primeiro do corte.

— Você não considerou a ideia de usar pá e vassoura pra juntar o vidro, né? – Clint perguntou. Natasha o olhou seriamente. – Desculpa. Perguntar não ofende. – ele encolheu os ombros.

— Dependendo da pergunta, ofende sim. – Natasha retrucou.

— É. – Clint concordou pensando. – Então, tem alguma ideia de quem esteja por trás desses ataques?

— Eu esperava que você pudesse me dizer. – ela comentou. Ele enfaixou a mão dela.

— Como eu poderia? – ele perguntou puxando a outra mão e começou a limpar os ferimentos.

— Bom, você estava lá no primeiro ataque. – ela respondeu. – Bem que poderia contar como foi. Iria ajudar muito.

— Eu sei. Eu queria ajudar. Mas eu não me lembro. – ele falou terminando de limpar, e passando o antisséptico nos ferimentos. – Eu tentei. Eu só me lembro de entrar. O que aconteceu depois... tá em branco.

— E como você chegou aqui? – ela perguntou. Ele negou com a cabeça.

— Eu acordei perto de casa. Vi a SHIELD. Então vim pra cá. Eu não sabia o que fazer. Eu estava desnorteado. Ouvi alguns agentes falando sobre o que aconteceu. – ele falou.

— E por que veio? Por que fugiu da SHIELD? Eles poderiam ajudar. – Natasha questionou.

— Eu juro que eu não sei. Era como se algo dentro de mim me dissesse que era o único lugar seguro. – ele respondeu com o olhar perdido. – Eu não sei. Eu sei que, eu tentava me manter calmo, e... isso só era possível... – seus olhares se encontraram. - ...porque eu pensava em você.

Natasha ficou sem reação. Clint reprimiu os lábios e suspirou. Voltou sua atenção ao que estava fazendo.

— Eu sei que isso não ajuda muito. Mas é tudo o que eu sei. – ele falou e começou a enfaixar a mão dela.

— Tem razão. Não ajuda. – Natasha falou. – Mas... fico feliz que você tenha sobrevivido. Ou que tenham deixado você viver, sei lá.

Clint deu um pequeno sorriso. Natasha retribuiu. Clint terminou de enfaixar.

— Vai ser bom, enquanto durar. – Clint comentou.

— Pra mim está sendo horrível. – ela retrucou.

— Mas você mudaria tudo?

— Não. – Natasha respondeu. Clint segurou o riso.

— Pronto. Já terminei com você, moça. – ele falou guardando as coisas de volta no kit, e o kit no armário. Natasha jogou as gazes usadas no lixo. Se abaixou e começou a juntar a bagunça de comprimidos e frascos quebrados pelo chão do banheiro. – Hey. – Clint chamou-lhe a atenção se abaixando ao lado dela. – Seu histórico com cacos de vidro não está nada impecável, moça. Deixa que eu limpo aqui. – ele falou.

— Tem certeza? – ela perguntou. Ele concordou.

— Vai lá pra sala, assiste um pouco de televisão. Tenta se distrair. – ele aconselhou.

— Tá. – Natasha concordou saindo do banheiro. Entrou no closet, vestiu uma roupa mais confortável, e saiu do cômodo descendo as escadas entrando na sala.

Sentou no sofá e ligou a tv. Estava passando um filme num canal qualquer. Natasha resolveu assistir. Era um filme com Owen Wilson. Um ator que geralmente fazia comédias.

A cena mostrava ele interpretando o personagem do dono de um cachorro conhecido por ser terrível. O cachorro estava numa maca, e o dono chorava. A veterinária entrou na sala, e logo iniciou-se a eutanásia no grande labrador.

— Ah! Jura? – Clint desceu as escadas. – Natasha. Tem que parar de se torturar.

Natasha não respondeu. Ele sentou no lado dela.

— Eu falei pra você se distrair e você vem assistir “Marley e Eu”? – ele perguntou pegando o controle da mão dela. – Deve ter alguma coisa que preste nos outros canais. – Clint começou a zapear os canais. A sequência de filmes foi essa “Lessie”, “Tin-Tin”, “Scooby-Doo”,  “Bolt – O supercão”, “Garfield”, “Marmaduke”, “K-9”, “Sempre ao Seu Lado” e “Spot- Um Cão da Pesada”.

Natasha o olhou sem dizer nada. Clint suspirou.

— Nem uma palavra sobre isso. – Clint falou. Natasha deu ar de riso. – A gente confia em você e você faz isso com as pessoas. – Clint bufou pra TV. – Você devia encomendar uns filmes pela Netflix. – ele comentou. Natasha fungou. Ele mudou o canal. – Olha! Duro de Matar. Esse é um filme legal. Ação, Bruce Willis, esse é um filme pra se entreter. – Clint falou.

— Você quem sabe. Eu vou dormir. – Natasha se levantou rumando pras escadas.

— Espera. Não vai jantar? – ele perguntou.

— Não tô com fome. – ela respondeu subindo as escadas e sumindo no corredor.

Clint suspirou. Ele entendia o que ela estava sentindo. E se sentia mal por não conseguir ajudar.

— Não posso deixar o dia terminar assim. – ele bufou. Olhou em volta pensando. Teve uma ideia.

Natasha entrou em seu quarto e rumou pro banheiro. Tomou um bom banho pra relaxar. Aproveitou pra chorar um pouco. Ela não gostava de chorar. Principalmente na frente de alguém. Mas, quando sentia que estava a ponto de explodir, ela chorava no banho. Ninguém iria perceber mesmo.

Depois do banho, ela vestiu uma blusa de manga curta e um shortes de pijama. Deitou em sua cama e tentou relaxar. Era difícil. Ela se sentia estranha, em deitar em sua cama, e não encontrar um Husky deitado ao seu lado, ou em seus pés. De repente, seu quarto pareceu tão grande, e tão vazio. Frio, e triste. Quase sem vida.

Ela virou-se para o canto e abraçou o travesseiro fechando os olhos. Tentando não pensar em nada. Queria dormir a qualquer custo. Mesmo que sentisse que não conseguiria.

Ouviu a porta do quarto se abrir.

— Nat? – Clint chamou. Ela abriu os olhos, mas não moveu um músculo. – Posso entrar? – ele perguntou. Ela não respondeu. Ele se aproximou receoso. – Eu... fiz um chocolate quente pra você. Não achei marshmallow pra colocar junto, mas... ficou bom.

Ele sentou na cama ao lado dela.

— Sabe, quando eu era criança, minha mãe sempre dizia que não tem consolo melhor que um abraço de mãe, e um bom chocolate quente. Isso sempre me animava. – ele comentou. – O abraço de mãe, eu não posso oferecer, mas acho que um chocolate já ajuda. – ele falou. Ela não respondeu. – Nat... – ele aproximou a mão pra tocá-la, mas ela se virou pra ele e sentou na cama. Ele entregou a caneca com a bebida quente pra ela.

— Obrigada. – ela se limitou a dizer. Ela tomou um gole da bebida.

— Sabe, - Clint começou. – eu já tive um bichinho também.

— Aí você tomou remédio pra vermes e passou? – Natasha debochou. Ele a olhou sério. Ela riu. – Desculpa. Não podia deixar essa passar.

— É. – ele deu ar de riso. – Era uma Calopsita. Eu adorava ela. Levava pra todo canto. – ele comentou.

— Você já me contou essa história. – Natasha falou.

— Já? – Clint a olhou.

— Se chamava Pikachu, por causa das bochechas. Quando ele morreu você chorou por três dias. – ela falou.

— É. – ele suspirou. – Bom, eu sou péssimo mesmo pra consolo. – ele comentou.

— Tudo bem, Clint. Eu agradeço. Você é um bom amigo. – ela falou. – E o chocolate quente está ótimo. O marshmallow nem faz falta. – ela elogiou. Ele deu um pequeno sorriso.

— Bom...- ele se levantou. – Vou te deixar dormir. Boa noite, Nat, - ele rumou pra porta.

— Clint. – ela chamou antes de pensar no que ia dizer. Ele parou a olhando. – Fica? – ela pediu. Se surpreendeu por isso. Clint paralisou surpreso pelo pedido.

— O...como? – ele gaguejou.

— Fica comigo? Eu não consigo dormir. Arman me fazia dormir, mas... parece que agora, fiquei incapaz... de dormir sozinha. – ela se atropelou nas palavras.

— Tá. Ok. – ele falou calmo. Mas por dentro seu coração pulsava de ansiedade. – Licença. – ele pediu se aproximando da cama. Tirou os sapatos e a jaqueta e deitou na cama com ela.

Natasha pousou a caneca vazia no criado mudo e se arrumou na cama. Clint puxou a coberta cobrindo os dois. Os dois ficaram ali se encarando.

— Me sinto em desvantagem. – ele comentou.

— Em que sentido? – ela perguntou.

— Nos conhecemos à quase 12 anos. Você sabe praticamente da minha vida toda. – ele falou. – Mas... tudo o que eu sei sobre você é que é russa, linda, excelente em tudo o que faz, e incrivelmente bem conservada pra quem se infiltrou na guerra do Vietnã. – ele comentou.

— Eu já te contei porquê. Já contei como pareço ser tão nova pra minha idade. – ela retrucou.

— Tá. Mas eu não sei nada sobre como você foi parar na KGB. Não sei sobre a sua infância. Sequer sei a data do seu aniversário. – ele argumentou.

— Minha infância não foi feliz. Eu prefiro não falar sobre isso. – ela falou.

— Natasha. Meus pais morreram quando eu tinha 12 anos, eu e meu irmão crescemos num circo. Anos depois ele também morreu. Não tem vida mais miserenta e triste que essa. – ele retrucou. – Eu também tenho meus fantasmas.

Natasha olhou pro teto suspirando.

— Você não sabe nada sobre fantasmas, Clint. Não sabe o que é miséria. Não sabe o que é ter uma vida triste. – ela falou. – Não sabe o que eu vivi.

— Tem razão. Eu não sei. Por isso eu tô perguntando. – ele insistiu. Natasha suspirou pensando.

— Ok. Quer saber da minha infância? Tudo bem.


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Notas finais do capítulo

Puxa... a Natasha realmente pirou. E o Clint, apesar de assustado, tá começando a ver vantagem nisso. Agora vamos ver no que vai dar. Vamos conhecer o passado sombrio da nossa russa favorita.
Espero que tenham gostado, amores. Não esqueçam de comentar, por favor. Bjus.♥♥♥
*Der'mo= Merda



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