A Bela e a Fera. escrita por Sapphire


Capítulo 1
A Bela e a Fera.


Notas iniciais do capítulo

Oie, bem as vezes eu tenho um "baque de inspiração", e foi assim que surgiu essa ideia miraculosa. Eu já tinha escrito ela deve ter uns 6 ou 4 meses, porém decidi postar só agora. É das minhas ones Favoritas, e espero que vocês gostem também!



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Os olhos de Bela se ergueram para os corredores vazios da faculdade, e por alguns instantes ela pediu que qualquer outra pessoa passasse por ali. A Branca de cabelos castanhos odiava ficar “sozinha” naquele lugar.  

Por mais que os professores, zeladores e poucos alunos ainda passassem pelos corredores, ela sentia um medo incomum do que poderia acontecer.  

Sabe quando você está em um lugar extenso e sozinho? O Corredor tinha um chão que brilhava ao entrar em contato com a luz, mas não é isso que eu vim descrever aqui. O som naquela lugar era escasso, o pouco que dava para ouvir era a voz dos professores encerrando suas aulas nas salas ao lado, o que tornou o som que viria bem assustador. 

O bolso dela começou a vibrar, transmitindo um som estranho que a assustou. 

— Alô? – Sua voz doce soou. 

— Filha? Onde você está? Já são 22:40! E você sabe...  

— Pai, eu já estou indo – Bela riu, em relação a preocupação de seu pai. – Já estou saindo da Faculdade. 

—  O que?! Você nem saiu ainda? Oh céus  

Bela riu mais uma vez, antes de desligar o celular. 

— Tchau pai.  

A cidade estava pouco movimentada para uma sexta feira. Até mesmo o bar que ficava na frente da Faculdade estava meio vazio. Um calafrio percorreu a espinha da jovem. Seus olhos olhavam para o chão, ao mesmo tempo em que ajeitava sua mochila. 

A respiração era profunda, seu corpo parou na frente da faixa de pedestres. Era horrível para qualquer pessoa ficar parada ali naquele horário. Ela contraiu os dedos do pé, enquanto o semáforo estava vermelho.  

Um vento gélido passou pelo corpo dela, e ela pode sentir os pingos de chuva ficarem mais fortes. Bela ergueu seu rosto e viu o ônibus chegar. 

— Droga! – Seus pés começaram a se movimentar em meio aos carros. 

No instante que ela chegou no ponto, viu ônibus ir embora sem ela.  Em um momento de raiva, ela bateu sua mão na parte de trás do ônibus, enquanto ele andava.  

[...] 

O tempo passava, e Bela ficou sozinha no ponto. O ônibus que ela pegava, só chegava a cada uma hora, e só de ficar naquele lugar sozinha, ela sentia um medo incomum.  

No seu bolso, o celular voltava a vibrar. Ela fechou seus olhos com força. 

— Agora não... Por favor – Pensou. 

O celular parou por alguns minutos, apenas para voltar a vibrar. A moça respirou fundo e fechou seus olhos, mas o que iria vir era muito pior do que um celular vibrando no seu bolso durante a noite. 

Um carro preto parou na frente dela. Suas mãos começavam a tremer. Três homens saíram do carro. Todos estavam armados.  

— Passa o celular! – Falou o que tinha a voz mais grossa. 

Bela ameaçava chorar, tirou o celular que estava no bolso, e enquanto entregava, viu na tela "Dezessete chamas perdidas". 

Depois de entregar, ela pensou: “Pelo menos eles só querem o celular”.  

— Ela é bonitinha – O segundo bandido disse, passando a pistola na bochecha de Bela.  

Tarde demais. 

— Tem mesmo... Tô afim de me divertir um pouco – A Chuva voltou a cair, depois que o primeiro bandido disse isso. 

O Coração da jovem começou a ir muito mais forte.  

— Por favor, não! – Implorou. 

— Cala a boca! – O terceiro gritou. 

— Tá chovendo, entra no carro – O primeiro gritou.  

— Não! – Ela gritou. – Socorro!  

— Fica quieta, sua vadia! – O segundo forçou o cabelo dela para dentro do carro. 

— Socorro! – Ela gritou. 

Uma moto parou, um pouco atrás do carro, e ela deu um sorriso.  

O homem de longos cabelos e a barba bem feita saiu, ele desferiu o soco no terceiro bandido, e logo depois atingiu um soco no primeiro, era burrice deles lutar contra um homem tão forte.  

Bela deu um sorriso, não era possível que isso estava acontecendo mesmo. 

Mas todo o sorriso desapareceu com apenas um disparo. 

 

—---- DOIS MESES ANTES ----- 

 

O corpo dela andava lentamente pelo shopping, enquanto suas mãos portavam um exemplar livro sobre letras.  

Bela tinha 25 anos, e cursava Letras na faculdade mais prestigiada da cidade, mas não pensem que ela era rica, muito pelo contrário. Sua mãe morreu assim que Bela nasceu, deixando ela sozinha com seu pai. 

A menina sempre estudou em escola pública, seu pai nunca teve condições de pagar uma escola particular. Mas felizmente sua esplêndida mente a levou até onde ela está agora. 

— Desculpa – Uma voz firme soou. 

O homem havia acabado de derrubar o livro dela. Quando Bela ergueu os olhos, viu um homem forte, ele tinha longos cabelos lisos, era um loiro bem escuro, a barba bem feita era da mesma cor, a pele era branca, ele era grande e forte, usava uma jaqueta preta, e um jeans  azul bem escuro. 

— Não tem problema – Ela sorriu, enquanto continuava a andar. 

O homem olhou para a moça que andava para longe. Seu coração palpitava.  

— Ei! Espera! – Ela se virou, e olhou para o homem vindo em sua direção. 

— Sim? 

— Qual seu nome?  O meu é Alexandre. 

Por alguns instantes, ela parou. Não sabia o que fazer. Dar o seu nome para um desconhecido?  

— Eduarda – Forçou um sorriso. 

Um silêncio constrangedor se estabeleceu por longos cinco segundos. 

— Eu vou ter um compromisso agora, você quer se encontrar comigo aqui semana que vem? Mesmo dia, mesmo horário. 

Pensou por alguns instantes... Mas qual era o problema? Era só não aparecer. 

— Sim...  

— Tudo bem! Te vejo semana que vem – Ele sorriu indo embora. 

— Eoem... – Ignorou tudo aquilo, enquanto andava. 

[...] 

E lá estava ele. Dessa vez ele usava uma blusa branca, mas a mesma jaqueta estava cobrindo seu corpo. 

Bela respirou fundo, o plano seria não passar por ali naquele dia... E ela cumpriu, o que só levava ela a pensar que o homem estava ali a mais ou menos umas duas horas, apenas esperando ela aparecer. 

A moça fechou seus olhos e respirou fundo. 

— Desculpe a demora – Ela riu meio sem graça. – Você deve estar pensando o pior de mim. 

— N-Não – Ele sorriu. – Deve ser muito difícil essa vida de estudante. 

A jovem sorriu, e se sentou na mesma mesa.  

— Então... Alexandre, não é?  

— Sim, Eduarda, certo? – O Coração de Bela gelou, já tinha esquecido que havia mentido o seu nome. Ela respirou fundo e disse. 

— Sim, você trabalha?  

Ele demorou um tempo para falar. 

— Sim, sou tatuador, e você ?  

— Apenas faço faculdade – Ela sorriu. – Você tem quantas tatuagens? 

— Apenas algumas no braço... - Ele olhou para o braço direito, como se pudesse enxergar a pele debaixo da jaqueta. 

Depois de meia hora de conversa, Bela pegou o celular e viu o horário. 

— Desculpe, mas eu preciso ir – Ela se levantou, e estendeu a mão.  

— Semana que vem, mesmo horário? – Alexandre perguntou, apertando a mão dela. 

Certo, a primeira coisa que ela pensou foi: "Se eu correr agora, será que eu vou levar um tiro?" A segunda coisa foi: "Alexandre não parecia um cara ruim... Quer saber de uma coisa?". 

— Claro, por que não?- Ela sorriu, e foi embora. 

[...] 

Durante um mês, esses encontros permaneceram. Com tempos de conversa, Bela passou a ignorar o exterior, e começou a se focar no interior de Alexandre.  

Cada vez que ele contava uma piada ela ria, e algumas delas nem eram tão engraçadas, mas teve um momento que Bela percebeu que ficava feliz com o jeito carinhoso dele, e não com as piadas. E depois de um tempo, se julgou uma má pessoa, por ter pensado o pior do homem, só pela aparência. 

E quando ela contou que seu nome era Bela? Ele só riu. Disse que Bela combinava muito mais com ela. 

Nesses encontros, a garota começou a se ver atraída pelo homem que tinha 46 anos, e ela tinha certas desconfianças que ele sentia o mesmo. Porém apenas um segredo conseguiu mudar tudo isso. 

O céu estava bem claro aquele dia, havia algumas crianças correndo pelo gramado. O clima do parque estava muito bem, assim como os dois. 

— Bela... Eu me sinto bem à vontade com você, para dizer isso. 

Ela sentiu suas mãos se entrelaçando. Não fez nada, apenas deixou, estava começando a gostar daquilo tudo. 

— Pode falar – Respondeu Alex. 

— Talvez você não compreenda, e queira fugir quando eu te contar isso. 

— É tão grave assim? – Sorriu. 

Ele fechou os seus olhos e respirou fundo. 

— Eu sou procurado por acharem que matei alguém. 

Bela congelou naquele instante. Seu coração acelerou. Então era isso, como pode ser tão tola? A garota respirou fundo, não queria simplesmente sair dali correndo, mas estava com a cabeça muito embolada naquele momento. 

— Eu estou atrasada, acho melhor eu ir – Ela se levantou do banco e olhou para ele. - Depois eu te mando uma mensagem, certo?  

— Certo – Ele deu um sorriso. 

 

[...] 

 

Já tinha duas semanas que ela estava evitando Alexandre. O medo crescia, assim como o seu amor por ele... Um antigo escritor disse que quanto mais nós ignoramos o sentimento, mais fácil é dele aumentar. Ela não podia se apaixonar por um bandido procurado... Digo, ela não podia dizer que ele era um bandido, mas só pelo fato dele estar fugindo das autoridades já o torna um, certo? E se ele é inocente, qual o motivo da fuga?  

Ela olhou para o celular, apenas para ver o horário, mas uma vez ela tinha saído mais tarde da faculdade e estava ali no ponto sozinha. Uma voz masculina a fez gritar de susto. 

— Passa o celular – O bandido gritou. 

— Não! – Ela tentou evitar. 

O bandido fez um ataque no braço dela, que a fez gritar de dor. Até que uma moto parou na frente deles.  Por alguns instantes, ela olhou para frente a medida em que seus olhos iam ficando turvos. Bela reconhecia aquela jaqueta preta. 

Com um soco, o bandido caiu no chão desmaiado 

A respiração dela estava nervosa e ofegante. Em questão de segundos, A moça fechou seus olhos, e apagou, mas antes que ela caísse no chão, Alexandre a segurou. 

 

[...] 

 

Bela acordou em um quarto com pouca iluminação. Seus olhos se abriram lentamente. A cama estava desarrumada. As paredes eram de cor rosa, e os moveis combinavam. 

Ela se sentou lentamente, enquanto sua mão direita ia até a cabeça. 

— Onde eu... Ai! – Ela gemeu de dor, ao perceber seu braço enfaixado.  

“zzzzzzzzzzzz” esse era o barulho que começava a preencher a casa. 

Bela se levantou, e passou a andar lentamente na direção da porta, que estava aberta. 

O extenso corredor acabava em uma escada. Várias e várias portas, mas a jovem não ousou abrir nenhuma, estava temerosa demais para isso.  

Seus pés procuraram não fazer barulho, enquanto a mesma descia, pois lá embaixo, Alexandre fazia uma tatuagem em seu braço esquerdo.  

 Depois de descer, ela andou lentamente atrás do sofá onde ele estava, tentando não ser notada. Seus olhos contemplaram a enorme porta que acompanhava o enorme Hall de entrada, no momento em que ela se aproximava da maçaneta, um Shih Tzu macho de coloração branca com algumas manchas marrons começou a latir, dando pequenos pulinhos (que para ele eram os mais altos que conseguia). 

— Você  sabe que está trancada, não é? – A voz de Alexandre fez o coração de Bela parar. 

— Eu vou ligar para a polícia! – Gritou. 

— Pode ligar, o celular está ali – Ele disse, sem tirar os olhos da tatuagem. 

Bela correu até a mesa, mas estava fora de área. 

— O que fez com o meu braço? 

— Eu apenas enfaixei, quem quebrou foi o bandido. 

— Se for me matar, que seja rápido, por favor. 

Alexandre riu, enquanto encerrava a tatuagem. 

— Quem falou em matar?  

Bela estava imóvel. Os ventos uivavam do lado de fora. Ela olhou para a enorme janela de vidro, com detalhes em madeira. Estava tendo uma enorme tempestade, as árvores pareciam que ficariam tortas para sempre por conta  dos ventos. 

— Venha, deve estar com fome.  

Ele se movimentou até a sala de jantar, diferente de Bela, que permaneceu em silêncio e desesperada por dentro. Ela andou até as janelas, e para perder tempo, fechou cada uma delas com as cortinas. 

O pequeno cachorro correu na direção da sala de jantar. 

Depois de alguns minutos analisando o lugar, ela seguiu para a sala de jantar, e para sua surpresa, o local era lindo, a mesa era grande e estava farta, Alexandre estava comendo lentamente na cadeira que estava na ponta direita.  

Bela respirou fundo e se sentou na ponta esquerda. 

— Pode comer, não está envenenado. 

— Quando vai me deixar ir embora? – Perguntou. 

— Quando seu braço ficar melhor. 

— O que?! Você é maluco? Isso vai durar quanto tempo? Não! 

— Não posso deixar você ir embora assim, eles logo descobririam o meu paradeiro. 

— Eles quem? – Bela questionou. 

— A Polícia – Ele respondeu. 

— E quanto ao meu pai? Ele pode morrer de preocupação. 

— Por isso você vai ligar para ele, e falar que vai passar um tempo na casa de sua amiga... Tem um telefone fixo bem ali. 

Bela  se levantou e andou apressada até o  telefone, e tentou digitar o número de seu pai o mais rápido que podia, levando ao fato de que ela estava com o braço esquerdo enfaixado. 

— Você sabe que eu poderia ligar para a polícia, e falar sobre tudo isso, certo? 

— Sim, mas quem decide é você – Depois disso ele se levantou, e saiu da sala de jantar.  

Enquanto ela digitava os números, olhou pela sala de jantar. Como ele morava naquele lugar ? Um assassino teria mesmo salvo ela do assalto e trago para a própria casa? 

A espinha da garota gelou. Não, ela não podia ligar para a polícia. Alguma coisa estava muito errada, e ela ia descobrir. 

 

—---- Algumas horas depois ----- 

 

A moça estava andando pela casa, o latido de Bob a assustou, ela olhou para ele e fez um movimento que significava "fica quieto", e por incrível que pareça funcionou. Ele começou a segui-la silenciosamente. 

Ela olhou para uma escada no corredor que levava a um quarto no topo daquela enorme casa. Bela deu um suspiro e subiu lentamente, ela sabia que Alexandre não estava em casa, tinha o visto sair pela porta da frente e alguns minutos atrás. 

Suas mãos deslizaram pela maçaneta e abriram a porta. O Quarto tinha as paredes de uma cor estranha, bonita, mas estranha. Ela quase caiu em um dos móveis quebrados no chão.  

Era estranho aquela confusão toda levando ao fato de que a casa era toda arrumada. Foi quando ela encontrou o que achava, uma foto de uma família em uma prateleira. Aquela família era muito linda, tinha uma garota que devia ter uns nove anos, uma mulher que parecia ter uns 26, e um homem que devia ter entre 31 e 32. 

Bela forçou seus olhos em relação ao homem, ele era MUITO familiar... Até que ela notou que aquele homem era Alexandre! Ele estava irreconhecível! Seu rosto estava  sem nenhuma marca, seu corpo sem nenhuma tatuagem. Ele não tinha barba! E seu cabelo era curto. 

Ela olhou para um vaso de rosas que estava do lado da foto, as rosas eram lindas... Pareciam ter sido brotadas recentemente. Seus dedos desfilaram entre as pétalas, um estímulo para a mente dela, que só conseguia pensar no que tinha acontecido. 

 

—---- Dois dias depois ----- 

 

Bela olhava para a janela apreensiva.  

— Ei – A voz do homem soou. Ela olhou para trás. – Venha, quero te mostrar uma coisa. 

Sem pestanejar, a moça o seguiu.  

Durante esses dias, Bela aprendeu muitas coisas sobre o homem, aprendeu que ele tinha uma família, que era um doce, e que não parecia de jeito nenhum ser assassino.  

— Eu notei que você gosta de ler... - Alexandre fez uma pausa, e sorriu para ela. - Espera! Feche os olhos? 

 - Que? - Ela franziu as sobrancelhas.  

— Para de ser chata, é uma surpresa - Insistiu. 

Ela fechou os olhos, e Alex deu um sorriso a medida em que abria a porta. Suas grandes mãos seguraram as de Bela, e a guiaram para o centro do cômodo. 

 - Já posso abrir? 

 - Ainda não - Ele correu até uma enorme janela que se estendia do chão até o teto, e abriu a cortina, deixando entrar a luz. - Pode. 

Bela deu um sorriso assim que abriu os olhos, ela olhou em volta, fitando as várias prateleiras e os milhares de livros que pareciam não ter fim. As cores vibrantes de cada um deles enchiam os olhos dela de felicidade. 

— Isso é lindo! Como você tem tudo isso? – Ela perguntou sorrindo. - Eu nunca estive na presença de tantos livros assim! 

— Minha esposa... Ela gostava muito de ler – Ele falou meio triste, mas logo depois forçou um sorriso. – Você pode usar esse lugar o quanto quiser, enquanto estiver aqui. 

Bela sorriu, e deu um forte abraço em Alexandre, que fez o seu coração palpitar. 

— Muita obrigada – Ela selou um beijo em sua bochecha. 

Ele  deu sorriu. 

— Vou fazer a janta. 

Bela olhou para aquele homem saindo do local, e começou a repensar seus conceitos, e aquela faísca começa a incendiar o seu coração. 

 

—----- UM DIA DEPOIS ----- 

 

— Não! O seu braço está machucado – Alexandre correu, no momento em que viu Bela lavando a louça. 

— Eu consigo, não precisa se preocupar – Ela juntou as sobrancelhas, enquanto guardava os pratos com a mão esquerda. 

— Não é isso, é que... – Antes que ele terminasse, Bela deixou cair uma pequena xícara. 

— Ah não! Me desculpa! – Ela pegou a xícara, que  teve uma pequena da borda quebrada. – Me desculpa mesmo. 

Ele deu um sorriso. 

— É apenas uma xícara. 

Os seus olhos se encontraram, e ela sorriu de volta. 

 

—--- QUATRO DIAS DEPOIS ---- 

 

Bela estava sentada no sofá lendo um livro, quando uma música lenta começou a tocar, ela franziu as sobrancelhas e olhou para a escadaria que levava ao segundo andar, Alexandre usava um smoking que o deixava muito elegante. Seus longos cabelos loiro escuro estavam presos em um coque.  

Ela deu uma risada.  

— O que significa isso?  

Ele chegou perto dela e colocou um vestido amarelo no sofá.  

— Coloca aí.  

— Alex, o que você está fazendo? - Ela riu. - E olha só você, até tomou banho!   

— Shhh, fica quieta! - Ele juntou as sobrancelhas. - Vai colocar ou não?  

— A que ponto eu cheguei? - Ela pegou o vestido e negou com a cabeça. 

[...] 

A música que tocava era linda, calma, era perfeita. O vestido que Bela usava era lindo, seus passos desciam lentamente pelas escadas, ao mesmo tempo em que ela focava seus olhos em Alexandre. 

Os dois se aproximaram, quando estavam praticamente colados, ele disse:  

— Tem muito tempo que você não sai... E eu queria fazer algo legal para você... Pelo visto você adora os contos de fadas, por isso estou assim!  

— Eu gosto de contos de fadas apenas para me certificar de que não é a vida real – Ela olhou para baixo, mas logo depois respirou fundo e olhou para ele. - Eu fico feliz quando você faz algo para me agradar... Você sabe que não precisa não é? 

Alexandre começou a fazer movimentos de valsa, Bela conhecia muito bem tudo aquilo, ela sabia como dançar valsa, muito bem.  

Acompanhados da música, os dois começaram uma dança linda para os olhos. Chegou uma hora, em que ela olhou para os olhos dele... Ela nunca havia notado o quanto eles eram bonitos... Lindos castanhos que brilhavam.  

  Quando o silencio brotou, a garota elevou seus pensamentos para alguns dias antes, quando invadiu o quarto de Alexandre e viu a foto de sua família. 

— O que aconteceu?  

Ela coçou seu braço esquerdo, que não estava mais machucado tinha algum tempo. 

— Com o que? – Ele disse. 

— Com sua família...  

Alexandre se ajeitou na cadeira e disse com palavras lentas. 

— Foi a muitos anos atrás... Estávamos viajando... Até que eu decidi caminhar pela manhã – Ele respirou fundo, se preparando para continuar.  –  Quando eu voltei, eles estavam todos mortos, havia sangue espalhado pela casa... Em desespero, eu abracei aqueles corpos, enquanto chorava... A Polícia chegou, e disse que eu estava preso... Não consegui entender nada! Só sei que fugi dali... Mas sem a minha palavra, eu fui colocado como o errado... Culpado... Então eu estou aqui escondido desde então... Eu fui idiota! Se eu tivesse ficado, talvez eu não estivesse nessa situação, sabe? Mas eu fugi, e sendo inocente ou não... Sou um foragido. 

Ela mordeu seu lábio inferior, e ficou olhando para ele. 

—  Eu só sai daqui pouquíssimas vezes... E uma dessas vezes, eu te encontrei – Ele olhou nos olhos dela. – Quando eu conversei com você, senti uma coisa que eu não sentia faz tempos... Depois daquele dia, não importava quantas vezes eu saísse daqui, ia vale apena, só para eu ouvir sua voz. 

Naquele instante, Bela avançou, e deu um beijo em Alexandre, que não negou. Os dois ficarem durante longos minutos trocando um beijo apaixonado, que só parou porque bob começou a latir e pular neles. 

— Você me faz uma tatuagem? – Ela perguntou rindo. 

— Tem certeza? – Sorriu. 

— Absoluta.  

—----DOIS DIAS DEPOIS ----- 

 

Bela olhou para sua perna, a tatuagem estava linda, era uma rosa, sua flor favorita. Ela tomava chá na xícara que havia deixado cair a um tempo atrás, enquanto lia um dos livros da biblioteca. 

Foi quando algo muito estranho aconteceu, o celular simplesmente começou a tocar, fazia tanto tempo que ela não se conectava com o mundo virtual que havia até esquecido que tinha aquilo. 

— Alô? Pai? – Perguntou. 

— Bela? Aqui é a Dona Eunice, sua vizinha!  

— Boa Tarde, Dona Eunice, aconteceu alguma coisa? 

— Infelizmente sim – A senhora disse. – O seu pai teve um ataque cardíaco, e está no momento no Hospital Françoise. 

Bela gelou naquele instante. Suas mãos começaram a tremer. 

— Tudo bem, eu já estou indo! – Após desligar, correu para Alexandre. 

— O que você acha de violetas? – Ele perguntou, antes de notar a feição da moça. – O que foi amor? 

— Meu pai! Ele está no Hospital! Eu preciso ir!  

— Mas seu braço... Você não pode ir embora – Ele tomou um susto, não estava pronto para dizer adeus. 

— Meu braço está bem melhor, você sabe disso! - Ela engoliu um seco. - Por favor... 

Durante longos minutos eles ficaram se olhando, um olhar perdidamente apaixonado. 

— Mas eu não quero te deixar ir – Ele olhou nos olhos dela. 

— Mas você não vai... - Ela deu uma pausa, enquanto olhava para ele. -  Eu vou voltar!  Juro! Por tudo o que existe !  

— Como posso acreditar? – O medo brotava de seu peito. 

— Não precisa... – Ela pegou o celular e entregou na mão dele. – Este é meu celular... Quando eu estiver voltando, vou ligar para você de algum lugar, e se eu não voltar, você vai ligar para o número gravado como “Pai”. 

Alexandre olhou para o rosto de Bela.  

— Você sabe andar de moto? 

Bela sorriu, e abraçou ele, os dois trocaram mais um longo beijo. 

[...] 

A moto começou a andar, e Bela olhou para trás, a tempo de ver um rosto tristonho em um janela.  

— Eu volto... Juro.  

[...] 

— Pai! – Bela entrou no quarto desesperada. 

— Minha Bela... – O idoso sorriu bem fraco. – Pensei que ia morrer... 

— Você não vai pai, foi só um susto – Ela passou a mão em sua pele. - Eu estou aqui agora.  

Bela selou um beijo em sua testa. 

 

—--- Algumas horas depois ---- 

 

Bela estava sentada na cadeira. Seu pai estava dormindo, a médica disse que amanhã mesmo ele poderia ir para casa. Mas o que a garota pensava não era isso, era em Alexandre. Como ele estava se virando naquela casa depois de quase um mês junto de alguém? 

Era engraçado o quanto ela havia se apegado a alguém com tanta força! Só conseguia imaginar nela o apresentando a seu pai. Será que ele reagiria bem? Acho que sim. Pensamentos assim faziam Bela sorrir.  

Foi quando um fato a fez perder a cabeça, seus olhos se focaram na televisão. 

— Não... – Ela  confessou ao olhar o Noticiário. 

“ O Assassino sem coração que matou a própria família foi visto andando no shopping! Da para acreditar?! A polícia não sabe onde ele está escondido, mas disse que é questão de tempo para achar o paradeiro deste bandido desalmado “ A repórter disse. 

O coração dela começou a bater mais forte. Ela pegou o celular de seu pai, mas antes que pudesse ligar para Alexandre, ele ligou. 

— Alô? Alexandre? Oh céus! É tudo culpa minha! 

— Não é não... É minha. 

— Se eu não tivesse aceitado aquele convite, isso não teria acontecido – Bela disse. – Me desculpe! 

— Se eu não me deixasse  apaixonar... Isso não teria acontecido – Ele fez uma pausa, e em seguida disse. – Não volte mais aqui. 

— O que?! – Bela sentiu as lágrimas descerem. – Você está me abandonando? 

O coração da moça começou a doer de uma forma inacreditável, ela sentiu um calafrio percorrendo seu corpo... Essa é a sensação de quando você perde o amor da sua vida, certo? 

— Eu estou me abandonando. 

— Você vai se matar? Alexandre! Não faz isso! - Ela deu uma pausa, a medida em que as lágrimas desciam. -  Eu te amo. 

— Eu prefiro perder o amor da minha vida, do que ver ela sendo presa junto comigo... - Ele suspirou. - Por favor... me obedeça. 

— O que?! Eles não vão me prender só por estar com você! – Questionou. 

— Vão sim... Eles vão... 

— Mas... – Antes que Bela terminasse, Alexandre gritou: 

— Não me procure! Não venha aqui! Me esqueça!  

Nisso a ligação terminou, deixando Bela em prantos. 

O coração da moça começou a doer de uma forma inacreditável, ela sentiu um calafrio percorrendo seu corpo. Sua mão direita que estava gélida deixou o celular cair no carpete do quarto hospitalar. As lágrimas caíam pelo chão, e ela sentiu como se seu coração tivesse sido esmagado... Essa é a sensação de quando você perde o amor da sua vida, certo? 

 

 

—---- DIAS ATUAIS ----- 

 

Todo o sorriu desapareceu, com apenas um disparo. 

O corpo de Alexandre caiu ensanguentado no chão. Os bandidos entraram no carro, e ele sumiu de vista.  

As lágrimas se misturavam com a água da chuva que caía. Ela colocou as mãos no rosto dele, e o alisou, ela fitou mais uma vez os seus lindos olhos castanhos, que ameaçavam se fechar a qualquer momento.  

— Alex, por favor, não vai embora, fica comigo! Eu vou chamar a ambulância! Vai tudo dar certo! 

Mesmo em seu leito de morte, ele deu um sorriso para ela, dizendo:  

— Eu te amo.  

Bela se aproximou do rosto dele e seus lábios se encostaram por alguns segundos, quando ela se afastou, notou que ele não estava mais ali. As lágrimas ficaram mais intensas, a medida em que ela continuava ali com ele. 

 - Por favor... Não... - Ela mordeu o lábio inferior. - Não! Não!  

Sua voz foi aumentando até ela gritar com o rosto inclinado para o céu tempestuoso 

— Não! - Ela deitou seu rosto no peito dele, e liberou todas as lágrimas possíveis. 

   

[...] 

 

Bela estava diante de uma sala com isolamento acústico, na parede direita um vidro fumê, onde do outro lado, estavam vários homens e mulheres da lei, assistindo.  

Diante dela apenas uma mesa de ferro e um homem. 

— Sinto muito por tudo isso, Bela... Mas nós precisamos saber... Como foi viver com um assassino? Quais foram as coisas horríveis que ele fez com você?  

Bela respirou fundo, e olhou para aquele homem. 

— Alexandre não era um assassino... E ele não fez nada comigo. 

— Desculpe, como ele não era um assassino? - Ele olhou para o vidro fumê. 

As pessoa "da lei" comentavam algumas coisas.  

— Meu nome é Maxuell, e você pode me contar tudo, não precisa ter medo.  

— Eu estou contado... Alexandre não é um assassino. - Sua cara não esboçava nenhuma reação. 

 - Uma de minhas chefes acredita que você tenha adquirido síndrome de Estocolmo... Por isso acredita que tudo o que aconteceu ali foi consentido, e que ele não é um assassino... O que você acha disso Bela? 

 - Que vocês são todos idiotas. 

A garota tinha todos os motivos para sentir raiva, ou todos os motivos para gritar, mas não, ela permaneceu quieta.  Sabia que o que eles falavam era só um reflexo do que acreditavam... Ela jamais ia faze-los mudar de ideia sem nenhuma prova, era a palavra de um país inteiro contra a de uma garota sendo chamada de doente. Sua respiração estava calma. Ela soltou um suspiro e olhou para o vidro fumê, onde sabia que tinha várias pessoas. 

— Alexandre não era um assassino... Eu conheci ele, acredito na história que ele me disse, pois eu sei que é real... Vocês podem me chamar de maluca por me envolver com alguém como ele, alguém que não tinha nada a ver comigo... Eu vivi momentos em que nunca irei  esquecer... Nem se quisesse – Ela sorriu de lado, enquanto uma lágrima descia pelo seu rosto.  – Eu sinto muito por vocês não terem conhecido ele... Por não terem conhecido o verdadeiro Alexandre. Um homem gentil, engraçado, sincero, um ótimo amigo... – Uma pausa silenciou a sala. – Aos seus olhos... Ele pode ter sido uma fera... E quer saber de uma coisa? Talvez ele tenha sido mesmo uma fera... Mas era a minha fera.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Espero que sim! Até uma próxima vez pessoal! bjs