Renegados escrita por Elentiya


Capítulo 2
Capítulo 1 - Prelúdio


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Bom, eu gostaria de agradecer a todos que comentaram e leram meu primeiro capitulo! É uma honra enorme saber que existem pessoas que gostaram do que comecei a escrever, então muito obrigada pelo feedback e pela leitura!
Nesse primeiro capítulo, o personagem principal é apresentado. Assim como o prólogo, não é um capítulo muito grande, mas isso é proposital; como é o começo do enredo, eu dividi em partes os acontecimentos para não ficar muita informação ao mesmo tempo. Espero que vocês apreciem o personagem e o capítulo. Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/674068/chapter/2

Era noite. O céu estrelado pairava sob as cabeças dos cidadãos de Ehre, a cidade real. A luz da lua enviava lampejos de seu brilho para o mundo logo abaixo e lançava para muitos a esperança de um novo dia. Ainda que envolta na escuridão, a bela Ehre não dormia. Tabernas, prostíbulos e casas de jogos chegavam em seu ápice após o sumiço do sol. E dentre todos os lugares, a taberna Lasca de dragão se destacava pelo número de clientes. Era um estabelecimento modesto e sem muita decoração que balanceava seu toque rústico com uma das melhores bebidas já vendidas no reino. O lugar, além disso, servia de ponto de encontro para muitos homens, já que se encontrava longe dos pontos de vigia dos guardas e relativamente perto das portas levadiças de saída da cidade. O lugar perfeito para fechar negócios. 

Em meio a conversas, arrotos e pequenas brigas, um estrangeiro esperava pacientemente em uma das mesas de fundo. Coberto por um capuz esverdeado, suas feições não estavam totalmente visíveis. Sua presença mal era notada pelos outros homens da taberna; não que ele quisesse que fosse. Na realidade, era tudo o que ele não queria. Havia feito algo da qual não se orgulhava e estava prestes a fechar uma coisa importante, então quanto menos pessoas prestassem atenção nele, melhor. O peso de consciência o engolia, mas se estava disposto a seguir com seu plano, o que havia feito não poderia lhe pesar. Caso contrário, ele nunca conseguiria chegar até o final daquilo. 

O estrangeiro esperava fazia minutos e sua paciência rapidamente começava a diminuir quando um outro homem, trajando um manto negro, entrou na taberna. Assim que o homem o avistou, começou a andar em sua direção até que apenas uma pequena mesa de madeira polida estivesse entre os dois. O homem de preto continuou em pé e encarou o estrangeiro. 

— Não vai sentar? — Questionou o que estava sentado enquanto tomava um belo gole de vinho do porto. 

O homem continuou a encara-lo sem esboçar qualquer tipo de cordialidade. 

— Você é Axell? — Foram suas únicas palavras. Ríspidas, frias e diretas.  

Axell acenou com a cabeça em sinal de afirmação.  

— Parece que teremos uma conversa bem rápida, afinal. 

— Aonde está minha filha? — Em um tom mais baixo, o homem proferiu com raiva aparente. 

Os lábios de Axell sorriram vagamente enquanto ele virava seu rosto na direção do homem. 

— Fez o que ordenei? Caso contrário, nada de filha para você. 

O homem lembrou do que Axell havia o ordenado que fizesse e um ódio profundo o atingiu em cheio. Além de ele ter traído seus superiores, Axell havia sequestrado sua filha como garantia; e isso o deixava com o coração na mão e sem chances de escapatória. 

— Sim — Ele respondeu entre os dentes — Eu emiti uma alforria falsa e dei para os guardas que cuidam das masmorras. E antes que me pergunte, eu falei com ela, como fez questão que eu fizesse. Amanhã de manhã ela será liberta. Agora, aonde está a minha filha? 

— Isso que eu chamo de um trabalho bem feito. Capitães da guarda tem suas palavras em alta consideração, não é mesmo? Não importa o que falem, os lacaios sempre acreditam. Mesmo se a ordem for a de libertar uma assassina, eles acreditam — Um tom perigoso tomava conta da voz de Axell, mas ao notar a expressão que se formava no semblante do homem, controlou-se — Sua filha só será entregue quando eu tiver a mulher ao meu lado e longe da cidade. 

O homem arregalou seus olhos e se preparava para proferir todas as ofensas para ele; ou ainda além, para cortar-lhe a garganta. 

— Mas — Axell fez questão de enfatizar a palavra — sua filha está segura, e como ao meio-dia eu já devo estar bem longe daqui, busque-a nessa hora ao leste das cachoeiras Bondins. 

— Ao leste? Isso pode ser em qualquer lugar daquelas cachoeiras! 

— Você a encontrará. Sou um homem de palavra, capitão.  

O capitão da guarda apertava as mãos para limitar a raiva, mas nem mesmo o amor a filha pode evitar que algumas palavras fossem cuspidas. 

— A próxima vez que eu o ver, Axell, vou escalpelar você. Mas antes disso, vou te fazer sofrer tanto que vai desejar nunca ter se metido na minha vida, seu bastardo de merda. 

— Ou talvez, o contrário aconteça — Um tom irônico seguido de um sorriso desafiador preencheu-o e o capitão, temendo falar algo mais que pusesse sua filha em perigo, calou-se e pôs-se a caminhar para fora do bar. 

Axell, ao ver o homem deixar a taberna, jogou-se no recosto da cadeira e deixou sair um longo e pesado suspiro de si. Fora uma das coisas mais difíceis que ele já havia feito, algo da qual ela jamais imaginava que faria. Capturar uma pessoa! Os deuses sabiam como ele se sentia pesado e culpado por dentro. Entretanto, os deuses também sabiam que seu propósito era válido; assim como sabiam que as dívidas de Axell seriam todas quitadas no fim de sua jornada. Toda fuga é regida de uma perseguição. 

Ao terminar de beber do último copo de vinho do porto, ele levantou-se, andou até onde uma das atendentes estava e jogou cinco moedas de bronze em cima da bandeja dela enquanto apontava com a cabeça a direção de sua mesa. A mulher, que era estonteante e com o corpo invejado por muitas, piscou para ele e saiu para servir outra mesa. A passos calmos, Axell saiu do bar; e daquela área. Apenas alguns minutos caminhando e chegou ao lugar aonde estava acomodado. Atrás de uma porta do espaço muito bem trancada, estava Gisebell, a pequena menina de oito ciclos. Axell esvaiu os pensamentos ruins de sua mente, pegou duas maçãs que estavam em cima da mesa próxima a ele e com muito cuidado, abriu a porta. 

A garotinha estava encolhida em um dos cantos e olhava Axell com medo. 

— Já disse que não precisa ter medo de mim — Disse ele enquanto colocava as duas maças em cima de um pequena mesa de canto do quarto. 

— Papai... Aonde ele está? 

— Seu pai está viajando, lembra? Ele pediu para que eu cuidasse de você. Mas não se preocupe, amanhã você o encontrará, tudo bem? — Axell tentou sorrir o mais puramente possível. 

— Tudo bem... 

— Boa menina — Disse ao afagar a cabeça dela e sair do cômodo. 

Porta novamente trancada. Pesava-o que a garota ficasse trancada naquele lugar o tempo todo. O que ele estava fazendo e o que faria enchia-o com uma culpa imensurável. Ia contra tudo da qual ele estava a anos lutando. Mas ele sabia que a redenção só viria após a chegada do pecado. No dia seguinte, quanto encontrasse a mulher e a convencesse de o ajudar, sua vida mudaria; e os demônios de seu passado queimariam. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram até aqui, de coração! Espero que tenham gostado do capítulo, e quem puder deixar um comentário dizendo o que achou, eu iria adorar! Mesmo que seja um "Olá, gostei" ou "Olá, não gostei". Feedback é importante e me ajuda a crescer como autora. Enfim, muito obrigada por ler!

Curiosidade sobre o capítulo: O nome da cidade real - Ehre - significa "Honra" em Alemão. Escolhi esse nome pois é nesta cidade que Axell começa a perder seu senso de honra em prol de conquistas futuras.