Doce Ophelia escrita por Lady Allen


Capítulo 1
Conhecendo Ophelia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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Os longos cachos dourados espalhados no lençol azul celeste, seus olhos cheios de lágrimas, o teto branco era tudo o que ela não precisa ver naquele momento, ela queria vê–lo, ver seu amado, o rapaz que lhe iludira.

“Sinto muito Lia, mas é o melhor para mim agora”.

A voz dele pairava em sua mente.

“Preciso me casar com Camille, ela é inteligente, educada, gentil”.

“E rica” a loirinha interrompeu os elogios.

Esse sempre havia sido o problema, Ophelia era a “garota perdida”, a garota que se deitava por dinheiro. Ela já estava acostumada a ouvir os burburinhos na pequena rua em que havia crescido.

“Como você quer que eu conte para minha mãe que me apaixonei por uma garota como você”.

“Como você”, ele quis dizer vadia ou apenas prostituta. Mas não era verdade, ela nunca havia sido como as outras garotas, só havia sonhado em se deitar com um único homem toda a sua vida, Adam Allen, aquele por quem ela se apaixonara.

As batidas na porta a despertaram de seus devaneios motivados por sua dor sem medidas.

— Então você é famosa e doce Ophelia – o timbre grave fez com que ela se levantasse num pulo.

— Você não pode entrar aqui – reclamou.

A loira tentou inutilmente puxar a camisola verde de cetim para baixo na tentativa falha de cobrir suas coxas finas.

— Seu pai disse que eu poderia vir – o homem fechou a porta, deu dois passos a frente e colocou as mãos nos bolsos – Não vai me convidar para sentar?

— Não – cruzou os braços.

Ele sorriu zombeteiro, só então Ophelia percebeu o quão belo o homem a sua frente é. Alto, mas não muito alto, nem gordo, nem magro demais, os olhos intensamente verdes de um tom caribenho, o nariz afilado mostrava o quão prepotente ele poderia ser, os lábios finos curvados em um sorriso misterioso, seu corpo coberto por um terno, certamente de grife, em seu braço um relógio dourado que pagaria as contas de metade dos moradores da rua.

— O que você quer aqui? – a loira foi rude, não que ela fosse rude, mas porque estava tentando disfarçar seu nervosismo.

— Essa é sua educação de uma garota dezessete anos? – arqueou a sobrancelha.

— Vinte e três, eu tenho vinte e três.

— Grande diferença – zombou.

— O que quer aqui? – repetiu a pergunta.

— Você quer casar comigo? – perguntou de supetão.

A pergunta pegou a loira de surpresa, ela perdeu o chão, um estranho invadira seu quarto e pedira para casar com ela.

— Você é insano, nem me conhece e está aí me pedindo uma coisa dessas de supetão– Ophelia deu dois passos atrás – Faça o favor de sair do meu quarto.

— Não sou homem de dar rodeios – ajeitou o paletó – Vamos lá Ophelia, estou te oferecendo um passaporte para longe desse lugar – caminhou até perto dela, perto o suficiente para ela sentir o perfume forte dele.

— Por quê? Você nem me conhece e está me pedindo em casamento, que palhaçada é essa? Você é cliente de uma das meninas?

— Eu tenho os meus motivos – virou de costas.

— Quais? – questionou curiosa.

— Adam Allen é meu motivo – virou–se de volta para ela.

— O que tem ele? – o coração acelerou só de ouvir o nome de seu amado Adam, o rapaz que roubara seu coração e depois destruiu como tudo o que haviam construído como uma bola demolidora.

— Ele tem meu sangue, somos irmãos – revelou.

Ophelia deu um passo para trás, as costas bateram no guarda–roupa, era tudo confuso demais, há quinze minutos ela estava em sua sessão diária de autoflagelação emocional e agora estava metida em toda essa confusão.

— E por que você quer casar comigo? – sua voz embargada, ela não sabia direito o que perguntar ou o que pensar.

— O fazer sofrer, um jogo de egos, ele roubou minha namorada, eu roubarei a amante dele.

— Não somos amantes, éramos namorados, iriamos nos casar.

— Chame como quiser.

— O que você está pensando?! Entra aqui, pede para casar comigo, diz que é irmão do homem que eu amo...

— Homem? – riu.

— Não me interrompa – censurou–o – E eu nem, ao menos, sei seu nome.

— Não seja por isso – estendeu a mão – Kaleb Allen, a seu dispor.

— Você é louco – esfregou as mãos no rosto.

— Me ouça Ophelia – segurou–a pelo braço – Estou te dando a chance de fazer com que ele se arrependa de ter te perdido, estou falando em lapidar você, te transformar em uma dama, te dar tudo o que uma mulher deseja, te tiro dessa vida que eu sei que você odeia.

— Não sei o que dizer – puxou o braço – Estou confusa.

— Você quer cantar, eu te dou um palco só para você – segurou as mãos dela – Você quer uma estrela, eu te dou a constelação inteira – garantiu – Se é o Adam de volta que você quer, eu posso te colocar dentro da nossa casa, dentro da nossa família.

Ophelia encarou–o, ele estava quase lá, quase a vencendo pelo cansaço.

— E a garota? – ela perguntou – A noiva,

— Camille Foster é o nome dela, filha de um dos homens mais ricos que você vai conhecer.

— ela é cuidadosa, caridosa, sorridente... Já sei.

— Cuidadosa? Caridosa? – gargalhou – Nós estamos falando da mesma pessoa?

— Você não parece um cara apaixonado – revirou os olhos.

— Eu a amo, sempre a amarei – falou com firmeza e com tanto sentimento que começou a amolecer o coração de Ophelia.

— Se eu aceitar, mas eu disse se, tenho uma condição.

— Diga – sorriu sabendo que já havia vencido a batalha.

— Não me obrigue a nada.

Ele entendeu o recado e sorriu de canto.

— É até ridículo você me pedir isso, olhe para você menina, você acha que eu iria lhe forçar a alguma coisa? Se, ao menos, você tivesse um físico bonito, mas olhe para você – riu – Magrela, amarela e cheirando a leite. Não sei se você parece mais com um bicho pau ou um palmito em conserva.

Ophelia ficou paralisada, nem sabia como se defender.

— Agora saia da minha frente seu idiota, cretino, ridículo, maluco – estapeou–o até a saída do quarto.

— Você tem até que eu saia desse... Bordel, o que contando em segundos – olhou pra o relógio – setenta segundos para voltar atrás.

Ophelia bateu a porta na cara dele.

OK. Kaleb é um maluco. Um maluco que pediu pra casar um ela. Um maluco bem gato.

Droga! Droga! Droga!

Ela se considerou uma idiota em deixar partir a única chance de se vingar de Adam. O que tinha de mal em ficar um tempo com Kaleb fazendo ciúmes em Adam. Talvez ela usasse isso pra uma reaproximação.

Talvez ela uma dia viesse a se arrepender dessa decisão, mas estava cansada em sempre ser racional.

Correu descendo as escadas tropeçando em seus próprios pés.

— Hey, espere – gritou a tempo de alcança–lo antes que ele chegasse a porta de saída.

— Sessenta e nove, setenta – sorriu vencedor.

— Ainda estou em tempo pra aceitar essa proposta desenxabida.

— Você é uma palmito esperta – Ophelia abaixou a cabeça – E eu tenho uma condição também – ele mudou de assunto, vendo que havia magoado a garota.

— Desenrole – desviou o olhar.

— Prometa não se apaixonar por mim.

Ophelia riu como uma criança, como ele podia ser tão prepotente e vaidoso? Ela, uma garota doce, jamais iria se apaixonar por um canalha como ele.

— Eu me apaixonar por você? É piada, só pode, isso é fora de questão, você não faz meu tipo.

— Eu não faço seu tipo? – olhou para ela, era evidente que ele estava com o ego ferido – Eu faço o tipo de todas as mulheres.

— Um cara insensível, vingativo, narcisista, vaidoso, frustrante, solitário, canalha...

— Eu já entendi – seu olhar esboçando surpresa – Trato fechado?

— Fechado.

Eles apertaram as mãos.

— Então se apronte amor, você vai morar na minha casa a partir de amanhã até o dia nosso casamento, vamos fazer tudo certinho, bonitinho que nem um casal apaixonado.

— Como é que é?

— Vou te levar para o jantar anual e te apresentar como minha namorada, futura noiva e mais para frente a minha amada esposinha.

— Você é louco, fala dessas coisas com tanta...

— Facilidade?

— Falsidade – corrigiu.

— Também te amo minha doce Ophelia, até amanhã – sorriu vitorioso – E nem invente de levar esses trapos, vamos comprar tudo novo.

— Não são trap...

Ele fechou a porta sem deixa–la falar nada, Ophelia bufou com raiva, olhou ao redor e todas as “garotas” estavam olhando com desprezo e cochichando entre si questionando como um homem maravilhoso como ele estava se envolvendo com a “Maria–Sem–Graça”.

— Vão se danar suas vacas – mostrou o dedo do meio e subiu a escada

“Ophelia sua louca olha onde você está amarrando seu burrinho”

Sua consciência reclamou. Seu coração acelerou.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar... prometo que a história melhora. Beijos.



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