Arborescente escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 24
Capítulo vinte e quatro


Notas iniciais do capítulo

Para variar, eu não consegui escrever tudo o que queria neste capítulo. Tô achando que a fanfic terminará em número ímpar... Sei lá! Tenho um pouco de preconceito com números ímpares, exceto o dia do meu aniversário (21).



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“Eu não vou desmaiar. Eu não vou desmaiar. Eu não vou desmaiar”.

― Aeryn? ― sussurrou Karen, olhando-me preocupada.

― Estou bem ― murmurei.

― Não se preocupe ― Rachel sussurrou ― Eles o trouxeram por sermos amigos. Mesmo que eu tenha sido inocentada, eles devem pensar que ele pode ter alguma relação com essas coisas...

― Mas isso é um absurdo! ― eu disse, indignada.

― Existem casos ― Karen não hesitou em defender a facção.

― Você não conhece o Evan ― disse Rachel, friamente, antes de voltar com a postura ereta.

Voltei meu olhar para a frente, incomodada com essa frase, não conseguia entender o porquê. Evan já estava com o soro da verdade injetado, a mãe de Karen observava-o por cima de seus óculos, suas feições deixavam claro que ela já sabia como aquilo ia terminar. E eu só podia torcer para que terminasse assim, como ela supunha.

― Qual é o seu nome? ― perguntou, embora todos soubéssemos.

― Por que perguntam o nome, se já sabem? ― sussurrei para Karen.

― Para confirmar que o soro está funcionando ― retrucou ela, parecia estar ainda chateada pela discussão com Rachel.

― E há como não funcionar? ― pensei em voz alta.

― Divergentes ― disse Rachel, lançando-me um olhar significativo.

Então, eu entendi como era tão fácil identificá-los das outras pessoas, e por que a Erudição queria tanto que eles sumissem.

― Dezoito ― dizia Evan, então supus que a juíza perguntou sua idade, no tempo que estávamos conversando.

― Você nasceu sem facção? ― perguntou a juíza.

― Não ― respondeu Evan.

― Então, você desertou? Ou não conseguiu completar um treinamento?

― Meus pais morreram, eu tinha 10 anos. Ninguém quis cuidar de mim, a mãe de Rachel me acolheu.

Olhei no mesmo instante para ela, que sorria tristemente para a frente. Eles eram como irmãos.

― De qual você vinha? ― a juíza parecia desconcertada com a última resposta ― Digo, qual facção você nasceu?

― Audácia ― respondeu.

― Ele não tem tatuagens ― observou Karen.

― Ele tinha 10 anos! ― lembrei-lhe.

― Audaciosos costumam fazer tatuagens jovens ― retrucou Karen.

― Aí vai lá e faz tatuagem de uma casinha com 4 anos ― debochou Rachel ― E se arrepende pro resto da vida.

Coloquei as mãos na frente da boca, segurando a risada.

― É brincadeira, certo? ― sussurrou Karen, com os olhos arregalados.

― Evan não tem tatuagens ― disse Rachel ― Ele tinha medo da agulha. Não sei como não lhe obrigaram a fazer uma, para vencer o medo.

― Por um momento, eu pensei que ele tinha mesmo uma tatuagem de casinha... ― murmurou Karen, aliviada.

― Eu ia zoar com a cara dele pelo resto da vida ― Rachel voltou o olhar para a frente.

― ...roubou algo? ― dizia a juíza.

― Não, nunca ― disse Evan.

Ela não insistiu.

― Obrigada por sua sinceridade. Estão absolvidos! ― bateu o martelo, e apressou-se a sair, sem dirigir um segundo olhar a Karen ou qualquer outra pessoa.

― Foi uma grande perda de tempo ― escutei Mischa resmungar.

― Eu tenho de ir agora ― disse para Rachel, levantando-me ao ver Trudie nos chamar.

― Ei! Você consegue ir até a praça? ― perguntou ela, mordendo o polegar.

― Vai ser difícil com Trudie nos vigiando ― intrometeu-se Karen ― Vamos, Aeryn!

Praticamente fui puxada pela minha melhor amiga, vi como Evan aproximava-se de Rachel, e eles saíam pelo outro lado.

― O que deu em você? ― perguntei a Karen.

― Do que está falando? ― ela perguntou, confusa.

― Ai, meu Deus! Você está com ciúmes? ― exclamei.

― Não é por nada não, Aeryn, mas eu estou com o Todd ― ela tentou desviar o assunto.

― Ciúmes de amiga ― insisti ― Cara! Você é minha melhor amiga, não precisa ter ciúmes de Rachel, muito menos de Eleonore. Agora entendo o seu nervosismo por eu ter ido até lá.

― Ah! Cale a boca ― ela resmungou, afastando-se de mim.

Eu só conseguia rir de como ela era.

Durante as semanas seguintes, eu não consegui brecha alguma para ir até a praça, perguntava-me se eles ainda estariam me esperando aparecer.

Trudie disse que era quase o final do mês e, com isso, vinha a Revelação Completa. Ela nos explicou as classificações e profissões, reforçou todas as fases que passamos, mesmo a quarta (do interrogatório).

O tempo passou, sem que notássemos. Um dia, ela simplesmente disse:

― É amanhã.

O dia seguinte seria quando nos formaríamos.

Não conseguimos dormir naquela noite, ocupávamos nossas mentes com as leis e casos, que já tínhamos decorado de tanto resolver. Era onze horas, quando Karen fechou a sua apostila, e sentou-se em sua cama.

― Vamos jogar verdade ― declarou.

― Sério, cara? ― perguntou Mischa, entediada ― Já fomos todos aqui.

― Cara, amanhã as nossas vidas vão mudar completamente, e eu não quero pensar nisso ― disse Karen ― Nunca brincamos de verdade com os meninos.

― Porque eles são depravados ― disse a voz abafada de Reilly. Nós, meninas, rimos, enquanto os garotos protestavam.

― Certo! Sem perguntas indecentes! ― declarou Karen ― Venham, aproximem-se!

― Prefiro ficar fora dessa ― murmurou Pacey, sem desviar os olhos da apostila.

― Cara, é o nosso último dia como uma turma ― disse Mischa, revirando os olhos.

― Por favor, Pacey ― pediu Reilly.

Por fim, ele acabou concordando.

Nolan pegou uma garrafa de bebida, debaixo de sua cama. Karen ergueu as sobrancelhas tão alto que sumiram por trás de sua franja.

― Nunca se sabe quando precisaremos quebrar uma garrafa na cabeça de alguém ― ele deu de ombros, preferi acreditar que ele estava brincando.

― A boca pergunta, o outro responde ― disse Karen, e todos concordamos.

Steven X Todd.

― Há quanto tempo tu dá uns pegas na Karen? ― perguntou Steven.

Jesse precisou segurar Todd para não lançar a garrafa na direção dele.

― Pergunta tá valendo! ― declarou Mischa, sorrindo maliciosa.

― Antes do teste de aptidão... ― murmurou Todd.

― Disfarçaram bem ― caçoei, vendo Karen corar furiosamente.

Reilly X Mischa.

― Qual foi o pior dia da sua vida? ― perguntou a loira.

― Péssima pergunta... ― murmurei.

― Quando eu enfrentei a minha paisagem do medo pela primeira vez ― Mischa respondeu.

Steven X Karen.

― Qual o sonho mais e... ― ele começou.

― Sem obscenidades, por favor. Temos crianças na sala ― Mischa me indicou com a cabeça, fazendo-me fechar a cara, e os outros rirem.

― Eu ia dizer estranho ― Steven olhou-a, indignado ― Depois os meninos somos depravados.

― Pergunte de uma vez! ― reclamou Karen.

― Qual o sonho mais estranho que você teve? ― refez a pergunta.

Minha amiga olhou para cima, parecendo pensar.

― Eu era abandonada entre os sem facção ― ela disse ― Acho que tive esse pesadelo depois de...

― O julgamento ― completou Reilly, pesarosa ― Sim, a história daqueles garotos é mesmo triste.

― O nome deles é Rachel e Evan ― intervi, irritada.

Mischa olhou-me com o cenho franzido, mas não disse nada.

― Certo ― Karen disse, em voz mais alta que o normal, girando a garrafa sem permissão.

Mischa X Pacey.

― Você já usou uma arma? ― ela perguntou.

― O que você considera uma arma? ― ele perguntou, nervoso.

― Uma pistola, uma faca... ― explicou Mischa, impaciente.

― Quer dizer, para machucar? ― perguntou Reilly.

Mischa bufou, irritada.

― Não precisa nem responder ― disse, por fim, olhando desdenhosamente para os dois.

Jesse chutou a boca da garrafa.

― Cuidado! Vai quebrar! ― reclamou Nolan, ajeitando-a, já que ela afastou-se do centro da roda.

Reilly X Pacey.

― Quais são as suas metas de vida? ― perguntou, timidamente.

― A de todos... ― ele deu de ombros ― Passar na Revelação amanhã, conseguir um bom emprego, casar, ter filhos...

― Minha mãe nunca me disse que eu não era todo mundo, mas, aparentemente, eu não sou ― brincou Jesse.

― Você fala disso tão sem emoção ― disse Reilly ― Como se fosse a obrigação do ser humano procriar.

― Ele era da Erudição, Rey ― disse Mischa ― Há ideais que não mudam.

A loira parecia decepcionada, mas tentou disfarçar.

Nolan X Mischa.

― Qual o seu maior medo? ― ele perguntou, os olhos brilhando de expectativa.

Ela gemeu, cobrindo o rosto com as mãos, e murmurando algo.

― Não escutamos ― insistiu Nolan.

― Cair ― ela suspirou.

― Tipo, de uma altura alta? ― perguntou Karen ― Não vejo nada de errado nisso.

― Mas a Audácia vive desafiando a altura ― lembrei-lhe.

― Tanto faz... ― resmungou Mischa, mal humorada.

Karen X eu.

Ela respirou fundo, e olhou nos meus olhos. Estranhei sua atitude.

― Você faria qualquer coisa por amor? ― perguntou.

― Eu não sei... Eu desisti da minha família para vir aqui ― respondi.

― Não estou falando de amor entre familiares ou amigos, Aeryn ― ela explicou, pacientemente ― Falo de amor entre homem e mulher.

― Homofóbica ― murmurou Jesse, gerando risada dos outros.

Eu continuava olhando para Karen, sem entender por que ela insistia tanto nesse assunto.

― Eu não posso saber, se nunca me apaixonei ― retruquei, seca.

― Você não está acostumada com a sensação. É diferente ― ela disse, o olhar ainda fixo em mim.

Reilly e Mischa trocaram olhares, percebendo que tinha algo estranho entre nossa conversa.

Escutava meu coração bater, logo atrás de meus ouvidos.

Eu não estava...

― Eu não sei ― disse, levantando-me.

Ela não disse nada, e eu saí do quarto, sem me importar em ser pega. Trudie não nos castigaria faltando um dia para a Revelação Completa.


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