Egoísta escrita por Mi, Shauna


Capítulo 4
IV - Sensações




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Estou contra a lei ao querer roubar você para mim?

IV

Esse idiota ama desafios e a Isa sabe disso. Que jogo sujo! Que espécie de amiga é essa? E por que esse maldito aceita essas condições vergonhosas?! Mas, parece que a Elisa não gostou.

— Eu não tenho interesse em nenhum naqueles dois. — A loira bufou. — Mas tanto faz. Estava precisando de algum boneco para testar minhas maquiagens novas... ela não tem um rosto macio, ele sim. Já me decidi.

— Hã?! — Enquanto eu protestava, o Daniel não parou de dar risada um minuto sequer.

A partida começou. Dois vs dois em um jogo de corrida, já que não encontramos nenhum outro. Esse, por sinal, é o jogo preferido dele... ah, droga! Não quero virar nenhum boneco!

No sofá, a Elisa sentou do lado esquerdo do Dani, eu do direito e por último a Isa, que não deixou de sorrir maliciosamente um minuto desde que propôs aquele desafio e o idiota do Daniel aceitou.

Os carros estavam empatados, por enquanto. Até a louca sussurrar no meu ouvido. Lá vem merda.

Só segue o plano. Confia, moleque. — Ela continuou concentrada no jogo, mas falou algo normalmente para todos. — Eu devo te emprestar meu shampoo anti queda, Lisa? Seu cabelo está caindo no sofá.

Trapaceira.

— Eu não vou cair nessa, não sou trouxa como você. — Ela revirou os olhos. — Eu uso o shampoo mais caro do país.

— Sério? Ah... "Empresa famosa é acusada de vender produtos que contém substâncias estranhas, que fazem o cabelo cair." Li algo sobre isso. — Continuei a encenação.

— Sério?! — Ela soltou imediatamente o controle, tocou seus cabelos e olhou todo o sofá. Quando percebeu que não passava de uma mentira, já era tarde demais. Seu carro capotou.

— Menos um! — Isa comemorou.

— Não vale! Eu sou o rei das trapaças. Vocês não podem fazer isso. — Daniel olhou para mim, mas continuou com a mão no controle. — Lucaaas! Até você?

— Finalmente me vinguei das suas trapaças. — Dei língua. Ele sorriu. — Isa, vou me sacrificar e levar o carro dele junto. Aí você ganha.

— Sim!

— Então é assim, hã? — Daniel deu risada. Pareceu ter um plano em mente. Uma trapaça em mente.

Quando eu estava prestes jogar o carro dele longe no jogo, com uma mão ele continuou acelerando o controle e a outra, ele simplesmente levou até meu cabelo e começou a fazer carinho.

Essa sensação... como pode ser tão relaxante? E, ao mesmo tempo, eletrizante? Meu corpo inteiro entrou em estado de alerta. Ele é uma ameaça?! Me sinto quente. Me sinto estranho. E eu não consigo me concentrar. Golpe baixo. Olhei para a tela e meu carro foi parar longe.

— N-não vale! — Gritei. Ele sorriu em resposta.

— Chora. — Agora seu sorriso se tornou malicioso e o carro dele continua no jogo, empatado com o da Isa.

Olhei para o lado e a Elisa estava ali, me fuzilando com o olhar. Parece que ela sentiu ainda mais vontade de me maltratar com seus produtos de beleza e começou a torcer por seu "amor".

— Vai Dan! Lindo, maravilhoso, meu! Só meu. — E ele deu risada ao ouvir essas coisas.

— Isa, faça alguma coisa! — Eu me desesperei. Vou virar o coringa e depois sair para matar o Batman. Com certeza.

— Calma querido, eu tenho um truque. — A morena usou alguma habilidade especial no jogo, não me pergunte onde ela conseguiu aquilo, e passou o Daniel. Ele usou a mesma coisa, e agora ela tinha vantagem de apenas um centímetro. Como a linha de chegada já estava ali, essa curta distância fez ela vencer.

Não acredito. Obrigado, senhor! Obrigado.

— Nós ganhamos. — Ela levantou do sofá e puxou a Elisa. — Eu dou o poder para o Lucas e ele com certeza escolhe o Daniel, que tem cinco minutos para fazer tudo que o Lucas quiser. Daqui a pouco voltamooos!

A loira foi puxada dali a força. Elas foram para o meu quarto.

— Parece que eu perdi... — Ele sorriu, meio envergonhado. Não mais que eu. Meu rosto arde e dói. — Não peça para eu pular de um precipício, por favor!

— Ah, sobre isso... — Encarei seus olhos azuis que estavam repletos de curiosidade. Criança. — Hm...

— Hum?

— Quero que... — Eu não posso gaguejar. Não posso. — Mexa no meu cabelo! — Fechei os olhos.

Não ouvi nenhuma resposta, só uma risada gostosa e desajeitada.

— Então você gosta? — Sorriu, se aproximou um pouco mais e levou minha cabeça até seu colo. — Seus cabelos são macios. Legais de mexer.

Ele brincou com meus fios pretos, fazendo carinho e mexendo com uma das mãos. Eu nunca tive uma sensação tão Boa como essa. Confortante...

— Droga de ponto fraco. — Sussurro mais para mim do que para ele. Ele deu risada, mais uma vez.

— Não consigo decidir o que eu prefiro em você. — Tocou meu nariz — Seu cabelo, sua pele mais branca que o normal, ou... seus olhos.

Imediatamente, meu rosto esquentou, de novo. Merda! Eu tenho problemas?! Mas... por que ele falou essas coisas? É para brincar comigo, certo?

Quando eu ia dar a minha resposta, ouvi passos apressados e pesados e me levantei dali. Alguém abriu a porta.

— Acabou o tempo. — Era a Elisa. — Amor! Mesmo nesses cinco minutos, fiquei com saudades de você!

Ela correu em direção a ele, sentou em seu colo e começou a beijá-lo, como se fosse uma necessidade, naquele momento. Ele retribuiu, meio sufocado. A Isa pediu desculpas e disse outra coisa depois, que eu não ouvi.

Eu me senti tonto. Meu coração, sempre que se trata do Daniel, parece bater mais rápido. Mas, agora, eu não sinto ele bater.

Isso... dói. Inexplicavelmente, dói tanto.

Mais do que quando caí e ralei o joelho. Mais do que quando meu sorvete se espalhou pelo chão, ou quando pararam de vender meu chocolate favorito. Era forte e ardia.

— Estamos de saída! a Elisa me despertou. Ah, o Dani não vai estar em casa amanhã. Nós vamos ao cinema. Até segunda!

Olhei para a Isa. Ela estava encarando a Elisa como se quisesse matá-la. Olhei para o Daniel. Ele sorria, tranquilamente.

— Até mais, Luc. Acenou, abriu a porta e se foi.

Até mais, Daniel.


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