Egoísta escrita por Mi, Shauna


Capítulo 3
III - Isa Jigsaw! Que comecem os jogos!




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Será que seria errado dizer o que sinto, se é muito melhor do que deixar escondido?

III

Entrei em casa e minha mãe saiu. Ela está sempre muito ocupada, por isso, a maioria das vezes, fico sozinho em casa. Isso acontece desde os meus dois anos, que foi quando meu pai desapareceu. Ela teve que dobrar o trabalho para sustentar a ela e a mim, por isso, desde tão pequeno, eu aprendi a me cuidar sozinho.

— Sem bebida, sem cigarro, sem salgadinhos demais. — Ela deu um beijo na minha bochecha. — Estou indo. Até amanhã, filho.

— Cuidado, mãe. — Dei um abraço nela. — Juízo, hein.

— Eu que deveria falar isso! — Ela deu risada, acenou e se foi. Me joguei no sofá e olhei para o teto cinza.

Lembrei da minha infância, quando ela saía e eu não fazia nada além de dormir. Aí um certo garotinho invadiu minha casa.

Quatro anos atrás

Eu dormia tranquilamente no sofá quando ouvi um barulho na cozinha. Corri até lá e tudo que eu encontrei foram cacos de vidro da janela da cozinha espalhados pelo chão e uma bola vermelha. Mesmo naquela idade, eu tinha pensamentos como ''Eu vou matar quem fez isso!''

Abri a porta e corri atrás do garoto, que olhou para mim assustado e acelerou os passos. Quando eu queria algo, eu ia muito longe! Serve para pegar delinquentes ou ir atrás de um chocolate que corre.

O garoto usava um moletom vermelho e um capuz. A propósito, quem jogava bola nesse frio? Completamente sem sentido. Corri ainda mais rápido que ele e me joguei em sua direção. Ele caiu no chão, e eu em cima dele. Aquela situação foi constrangedora, eu não sabia se estava vermelho por causa do frio ou por isso. Ignorei e ele deu um sorriso amarelo.

— Não foi por querer... — Ele começou. — A bola escapou do meu pé.

— Não tinha desculpa melhor? — Saí de cima dele e tentei esconder meu rosto. — Está tudo bem. Minha mãe não liga. Mas... se fizer de novo, eu te mato!

— H-h-hã?! — Ele se afastou, com medo. — Você mata pessoas? Não! Minha mãe disse que não pode matar ninguém, por mais que eu queira. Não faça isso!

— Você tem treze anos e não entende o que é ironia? — Dei a língua. — E por que está jogando bola nesse frio?

— Não tinha nada melhor para fazer... — Suspirou. — Queria jogar vídeo game, mas não tenho.

Naquele momento, eu parei para pensar. Mas eu fui idiota. Acabei falando aquilo.

— Eu tenho... quer jogar na minha casa?

Ele abriu um grande sorriso.

— Legal! — Se aproximou de mim novamente e bagunçou meus cabelos.

Depois disso, todas as sextas ele aparecia por lá. Nós jogávamos de manhã, de tarde e até a noite. Pouco tempo depois, entramos na mesma escola. E, assim, nos tornamos melhores amigos. Desde sempre eu sinto algo estranho em relação a ele. Mas... ultimamente, isso vem crescendo. A ponto de se tornar insuportável.

Eu não sei o que é isso. Mas sei que se eu souber, vai ser pior...

Atualmente

Senti uma sensação tão boa, mas logo depois alguém me bateu na cabeça. Maldito. Maldito. Maldito!

— Estava aberta, então só entrei. — Sorriu. Eu abro os olhos e a primeira coisa que vejo é o seu sorriso. — Você fica tão fofo quando tá dormindo! Parece um ursinho.

Que comparação de merda foi essa?

— Eu estava sonhando com a sua morte. — Retribui seu sorriso, de uma maneira sarcástica.

— Assustador. — Riu. Alguém tossiu, querendo chamar nossa atenção. Claro, ela também estava lá, batendo os pés.

Era 19h, por aí. Eu mal pisquei e o idiota estava assaltando minha geladeira. Comendo que nem um doente. Não, nem ele nem a Isa passam fome. Só que eles tem um buraco negro em seu estômago.

— Educação, amor. — Ela repreendeu. Ele largou as coisas e se jogou no meu sofá.

— Vamos ao que interessa! — Olhou para tudo em sua volta. — Salgadinhos aqui, controles aqui, console ali. Você do meu lado e a Elisa... bem, a Elisa... se alguém morrer ela entra!

Dei risada, ela revirou os olhos.

— Não vou jogar, obrigada. Trouxe meu kit de maquiagem e vou testar umas cores novas... — Pegou uma ''bolsinha'' dentro de sua bolsa e foi para a outra poltrona.

Nós nos sentamos lado a lado e o jogo estava prestes a começar. Quando alguém chutou a porta da sala...

— Eu voltei, vagabundos! — O que essa louca está fazendo aqui? — E trouxe chocolate!

Louca nada. Amo ela.

— E aí, Isabela. — Sorriu e voltou ao jogo. — Pode ajudar a Lisa a fazer os cosplays de coringa lá. — E apontou para a poltrona. A loira não estava nem ligando.

— Não tô afim. — Isa fez bico. — Vamos jogar, Barbie! Trouxe dois controles.

— Jogar Barbie? — A outra perguntou.

— Não, você é a Barbie. Quero jogar Call Of Duty. Vamos? — Quando se tratava de jogos, os olhos da morena brilhavam.

— A Elisa só sabe fazer maquiagem, não insiste. — O Dani falou, sem a intenção de provocar, enquanto jogava contra mim.

— O que você disse? — Ela protestou. — Vamos, delinquente!!

— Finalmente. Então, vamos jogar contra. Casal vs Casal. — Isa sugeriu. — Eu e o Luc, o Daniel e a Barbie.

— Você e o Lucas não são um casal. — Daniel falou e pareceu meio ''sem querer''. Deu um sorriso, que parecia mais um disfarce. — Brincadeira. Eu entendi.

Eu estranhei aquilo. Eu me senti estranho. Não, não me senti estranho. Me senti quente. Tão quente que sinto que por fora estou fervendo. Provavelmente a Isa percebeu isso e me cutucou, depois vi seu sorriso malicioso.

— Vamos começar! — Daniel sorriu. Como alguém pode amar tanto os jogos em geral? Ah, se bem que eu gosto de doces em geral... sobremesas em geral... a maioria das coisas. Menos o sorriso dele. Eu gosto do sorriso dele e o de mais ninguém.

E eu me sinto quente só de pensar isso.

— Por que está tão vermelho, bebê? — Ele provocou. — Só por que vai perder?

— Isso é porque eu vou ganhar. Faz teu jogo, aí.

— Ihhhhhhh... — Isa riu. — Briga de namoradinhos.

Eu sou a namorada dele. — Elisa disse e o jogo começou.

— Já sei! A dupla que ganhar pode roubar um integrante da outra dupla e fazer o que quiser com ele. — E a Isa continua. Se aproximou do meu ouvido e sussurrou — Eu queria pegar a Barbie pra dar um sumiço nela, mas você pode pegar o Dani, também. Literalmente.

Eu ainda vou explodir com isso. Mas está tudo bem. Ele nunca aceitaria essa condição.

— Eu aceito! — Sorriu. — Eu vou ganhar, de qualquer jeito.

Ele aceitou?!

 


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