Agora e Sempre escrita por CielandMar


Capítulo 4
A Perda


Notas iniciais do capítulo

Erros no caminho, sorry!!

Beijos e boa leitura.



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Deitada ao lado de Naruto, Hinata olhou para o dossel escuro em cima da sua cama, alarmada com a mudança que notara nele após aquela conversa em particular com seu pai. Havia se passado cinco dias desde que anunciaram seu casamento a Hiashi, que para sua total surpresa fez apenas uma exigência, que ficassem na mansão até que Naruto comprasse uma casa mais confortável.

Quando perguntara o que haviam falado, Naruto apenas dissera que Hiashi tentara convencê-lo a sair da vida dela. Como depois os dois trataram-se com educação, ela assumiu que fora declarada uma trégua, e brincando perguntara se o pai o convencera a deixá-la, ele respondera que não, e ela acreditara. E naquela noite ele a amara com fúria, como se quisesse deixar uma marca indelével em seu corpo, ou como se estivesse se despedindo.

Desviando o olhar do dossel, olhou para Naruto, que completamente desperto, parecia perdido em pensamentos, não saberia dizer se ele estava com raiva, triste, ou simplesmente preocupado. Sabia que ele não sentia-se confortável dormindo na mansão, mas fazia esse esforço por ela. Viviam juntos há sete dias, contando os dois dias que passaram no apartamento dele, ou melhor, noites, já que ele saia com os primeiros raios de sol e retornava a mansão apenas ao anoitecer.

Um tempo tão curto era uma desvantagem, pois ela não conseguia de modo algum avaliar o estado de espírito de seu marido. E para complicar tudo ele sairia em missão no dia seguinte, ficando fora pelas próximas semanas fazendo a escoltar do primo de um rico comerciante. Naruto tentou se esquivar, mas o homem estava irredutível, não deixando outra escolha a não ser aceitar a missão.

— Está pensando em quê? - ele perguntou de repente.

— Que estamos juntos há apenas uma semana.

Ele sorriu, como se fosse exatamente aquela a resposta que ele esperava.

— Uma ótima razão para desistir da ideia de levar o casamento adiante, não?

A inquietação de Hinata transformou-se em doloroso medo com essas palavras e com absoluta clareza ela compreendeu o motivo dessa violenta reação. Estava apaixonada por Naruto, perdidamente apaixonada. E isso a deixava vulnerável. Pretendendo aparentar naturalidade, virou-se de bruços, apoiando o corpo nos cotovelos, sem saber definir se ele fizera uma observação, ou se tentava adivinhar o que ela pensava a respeito. Seu primeiro impulso foi achar que Naruto apenas expusera sua opinião e para salvar o orgulho, ela teria de concordar ou aparentar indiferença. Mas se fizesse isso, jamais saberia com certeza o que passava pela cabeça dele, e a incerteza era algo que quase a enlouquecia. Além disso, não lhe parecia uma atitude madura, tirar conclusões sem discutir o assunto, especialmente naquela situação em que havia tanta coisa em jogo.

Decidiu, então, procurar descobrir o que ele quisera dizer.

— Pediu minha opinião, ou deu a sua?

— Perguntei se era isso o que você estava pensando.

Hinata foi invadida por uma onda de alivio.

— Não, só pensei que é difícil para mim compreender você, porque fazem apenas sete dias que estamos juntos - ela explicou, esperando que ele dissesse alguma coisa, mas ele permaneceu calado, ainda com aquela expressão fechada. Então, com um sorriso nervoso o pressionou - Em que você está pensando?

— Que nos casamos só porque você deseja que o bebé seja filho legítimo e porque não queria que seu pai soubesse da gravidez. Mas ele já sabe. E a criança vai nascer legitimada. Assim, em vez de tentarmos fazer o casamento funcionar, podemos optar por outra solução, que não nos ocorreu antes, o bebé ficar comigo.

A resolução de Hinata de reagir com calma e maturidade, desabou, e ela chegou a uma conclusão óbvia.

— Isso livraria você do fardo de uma esposa indesejável, não é?

— Não fiz a sugestão por esse motivo.

— Não? - ela duvidou

— Não - ele assegurou, virando-se de lado e começando a acariciar lhe o braço.

Hinata afastou-se, raiva e medo borbulhando em seu estomago.

— Eu não quero ser usada, noite após noite, como se fosse apenas um… corpo sem cérebro para pensar. Se quer acabar com o casamento, é só dizer!

— Diabos, Hinata! Não estou querendo acabar com nada! - ele retrucou, passando as mãos pelo cabelo - Mas estou me afundando em sentimento de culpa! Culpa Hinata, não covardia! Você ficou grávida! Me procurou, apavorada, de modo que a transformei numa mulher casada, para usar as palavras de seu pai. Roubei sua juventude, seus sonhos, e a fiz comprar os meus.

Cheia de alegria por saber que era por se sentir culpado, e não arrependido, que Naruto ficara tão diferente, Hinata soltou um longo suspiro e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ele a impediu com um gesto.

— Você disse que não se importava de morar no meu apartamento, mas mesmo a casa que posso comprar agora é mil vezes menor comparada com essa mansão. Se você tem a ilusão de que terá a mesma vida que tem aqui. Se tem, vai ficar decepcionada, mesmo que as coisas saiam como espero anos se passarão, antes que eu consiga lhe dar a vida a que está acostumada. Talvez eu nunca possa comprar uma casa igual a esta.

— Uma casa igual a esta… - Hinata repetiu, enterrando o rosto no travesseiro e desatando em riso.

— Não acho nada engraçado - Naruto informou, parecendo zangado e surpreso.

— É engraçado, sim - ela afirmou, continuando a rir - Esta casa é horrível, não tem nada de aconchegante e nunca gostei dela - Quando Naruto não fez nenhum comentário, ela ergueu a cabeça, afastou o cabelo que lhe caíra no rosto e fitou-o, ainda rindo - E quer saber uma coisa?

Determinado a fazê-la compreender os sacrifícios que teria de fazer por causa dele, Naruto resistiu ao impulso de mergulhar os dedos na cascata brilhante de seus cabelos.

— O quê? - perguntou em tom suave, quase divertido.

— Eu nunca me sentir tão bem quanto no seu pequeno apartamento.

Como resposta, Naruto tomou-lhe o rosto entre as mãos e a beijou intensamente deixando-a sem fôlego e incapaz de pensar.

— Prometa-me uma coisa, Hinata - pediu, quando o beijo acabou - Se mudar de ideia sobre nosso casamento, enquanto eu estiver longe, prometa que não fará um aborto. Darei um jeito de criar nosso bebé.

— Não vou mudar de…

— Prometa que não se livrará da criança!

Percebendo que era inútil argumentar, ela moveu a cabeça numa afirmativa, fitando os magníficos olhos azuis.

— Prometo - murmurou com um sorriso meigo, sua recompensa por aquela promessa foi mais uma hora de prazer, e daquela vez Naruto voltou a ser o homem que ela conhecia.

—---

Parada com Naruto na entrada de carros da mansão, Hinata beijou-o em despedida pela terceira vez, tentando afastar suas preocupações. No café da manhã, uma hora antes, o pai perguntara se mais alguém sabia do casamento, e Hinata respondeu que ninguém além dela, dele e Naruto, e talvez alguns empregados, ou membros da família secundaria poderiam desconfiar caso tenham visto Naruto entrando na mansão e consequentemente em seu quarto durante os últimos dias. Mas Hiashi a avisou que esse não seria o caso, já que ele avisara a todos que o contratará como guarda costas dela, pois haviam recebido uma ameaça de sequestro, motivo pelo qual ela passara dois dias fora, e a entrada na mansão estava liberada apenas para pessoas autorizadas pelo pai, e como medida de segurança adicionais, ninguém além de membros da família principal eram permitidos a permanecer na casa após o anoitecer.

Hinata olhou o pai chocada, mas ele alegou que sua decisão era estritamente para protege-la de fofocas desnecessárias, ou que a história chegasse de formar distorcida aos ouvidos de Hanabi e Neji. Neji estava viajando em missão e retornaria apenas dentro de algumas semanas, e Hanabi estava na casa da família na praia.

Seu pai alegou que teriam tempo de preparar sua irmã e seu primo para a noticia que ela estava gravida e casada. A lembrou que Naruto estava saindo em missão e quando ele retornasse, poderiam celebrar uma nova cerimônia de casamento com a família ao seu lado. Hinata nunca soubera dissimular a verdade, estava zangada por ter criando uma situação que exigia tantas mentiras.

Então, chegara o momento da despedida, e a partida de Naruto pairava sobre ela como uma nuvem negra.

— Assim que fizermos a primeira parada telefonarei - ele prometeu - Dependendo do lugar onde pararmos, o telefone pode não funcionar, e se funcionar a ligação pode ser horrível, levaremos uma águia, enviarei cartas sempre que puder.

— E eu poderei responder suas cartas.

— Vou adorar recebe-las.

Ela ficou parada no portão observando-o partir, então voltou lentamente para casa, forçando-se a pensar que se tiverem sorte, dentro de poucas semanas estariam juntos novamente. 

O pai a esperava e a olhou com ar de compaixão.

— Uzumaki é o tipo de homem que precisa de novas mulheres, novos lugares e novos desafios, o tempo todo. Você se machucará, se ficar contando com ele.

— Pare com isso - Hinata gritou pela primeira vez com o pai recusando-se a ficar perturbada - O senhor está enganado e vai descobrir.

Naruto cumprira o que prometera e ligara da primeira parada que fizeram, levou três dias após a primeiro contato para ele ligar novamente, durante esse tempo, Hinata dedicou-se a terminar o cachecol que começara a fazer para ele no dia que se casaram. Quando por fim ele ligou, não pode atende-lo, pois fora ao médico, pois percebera um ligeiro sangramento e achara que estava abortando.

— Pequenos sangramentos nos três primeiros meses não são muito raros - o Dr. Sakisaka explicou depois que ela se vestiu - Por outro lado, a maioria dos abortos ocorre também nesse período.

Disse aquilo como se esperasse que Hinata ficasse aliviada. O médico era amigo de Hiashi e a conhecia desde que ela era menina. Com certeza também adivinhara que o casamento acontecera apenas por causa da gravidez.

— Mas não há motivo para achar que você esteja abortando - ele acrescentou

Hinata passara quase um mês rezando para não estar grávida e no caso de estar, para que acontecesse um aborto. Agora, sentia um alívio imenso em saber que não ia perder o filho de Naruto. O bebé dos dois. Fez o percurso todo de volta para casa, sorrindo.

— Uzumaki telefonou - o pai informou com desdém - Disse que tentará ligar novamente à noite.

Ela ficou sentada ao lado do telefone e atendeu ao primeiro toque. Naruto não exagerara. A ligação era péssima.

— Esse Arikawa é um idiota - ele reclamou - desculpe, não queria parecer reclamão, esse homem é um pesadelo e vamos demorar mais do que prevíamos para chegar ao nosso destino, se continuar assim terei sorte de estar de voltar ainda esse ano.

— Está bem - ela disse, tentando mostrar-se alegre

— Parece que não ficou muito desapontada por te que retardar a minha voltar.

— Fiquei! - ela respondeu enfaticamente, e mordeu os lábios para não contar a ele sobre o sangramento, ele estava longe e por mais que o quisesse mais que tudo ao seu lado, não o ajudaria o deixando preocupado.

— Você está bem? - ele perguntou, quando os zumbidos e estalidos de estática permitiram.

Hinata conseguiu dizer que estava tudo bem. Ficara triste, quando ele dissera que não poderia telefonar mais depois daquela primeira vez, mas isso já não tinha importância. Conversar daquele jeito, gritando para se fazer ouvir acima dos ruídos e das vozes dos homens que falavam ao redor de Naruto era horrível. Seria muito melhor receber cartas.

Hanabi voltou de viagem duas semanas após a partida de Naruto e sua reação, quando soube de tudo, foi quase cómica.

— Não acredito! Não acredito! - repetia, pasmada - Tem alguma coisa errada nessa história, sempre achei que eu era a ovelha negra dessa família e você o anjo de candura, sem dizer que nunca conheci pessoa mais cautelosa. Se alguém tinha de apaixonar-se à primeira vista por um homem, ficar grávida e casar, esse alguém era eu!

Hinata sorriu, as vezes sentia inveja da irmã que era tão arrojada, mesmo com sua pouca idade, por muitas vezes era Hanabi que a incitava a ser mais ousada, a se desprender de todas as amarras de ser uma Hyuuga.

— Já estava na hora de eu ser a primeira a fazer alguma coisa.

— Ele deve ser maravilhoso, não é Hinata? Se não for, não serve para você - sua irmã declarou, a olhando com um ar sério, o que provocou em Hinata se atingida por uma onda de carinho, apenas Hanabi, com seus doze anos, poderia dizer isso sem soar infantil.

Falar de Naruto e de seus sentimentos por ele era uma experiência nova e complicada, porque Hinata sabia que pareceria estranho ela afirmar que o amava, depois de apenas alguns dias de convivência.

— Naruto é maravilhoso, sim - disse, pretendendo parar por aí. Mas era difícil com a adulta em miniatura que era sua irmã fazendo milhares de perguntas.

O envio de cartas era pior do que as ligações. Com um mês da partida de Naruto, ele havia enviado cinco águias, e Hinata as reenviava com longas cartas contando sobre o seu dia e sobre o bebé. Hiashi não deixava de salientar que para alguém que se importava tanto ele entrara em contato pouquíssimas vezes. Explicou ao pai, que Naruto tinha alguém a quem proteger, que só tinha tempo para escrever a noite, e que mesmo a noite tinha que ficar de guarda, e mesmo assim escrevia cartas enormes. O que nunca dissera era que a última carta tinha sido bem menos calorosa que as anteriores.

Ele que nunca deixará de afirmar que sentia falta dela e de falar de seus planos, na última carta dedicara-se mais a descrição dos lugares por onde passava do que a qualquer outra coisa. Hinata explicava a si mesma que ele fazia isso, não porque perdera o interesse por ela, mas porque desejava animá-la lhe mostrando lugares novos.

Para se manter ocupada e ajudar o tempo a passar mais depressa lia livros sobre gravidez e tricotava, planejava e sonhava acordada. O Bebé que a princípio não parecera real, começou a manifestar-se, provocando as famosas náuseas, que deveriam ter ocorrido mais cedo, e dores de cabeça que forçavam Hinata a ficar deitada no escuro.

Ela encarava tudo com bom humor e convicta de que estava passando por uma experiência muito especial. E desenvolvera o hábito de falar com o bebé, pondo a mão na barriga que ainda não crescera.

— Espero que esteja se divertindo aí dentro - disse um dia, reclinada contra os travesseiros, quando a dor de cabeça diminuiu - Porque está me fazendo comer o pão que o diabo amassou, rapazinho.

Em respeito à imparcialidade, às vezes chamava o bebé de rapazinho, e em outras de mocinha, mas não tinha realmente nenhuma preferência.

No fim do segundo mês desde a partida de Naruto, com três meses de gestação, e com a cintura mais grossa, ela estava preocupada com a falta de cartas de Naruto, ansiosa enviou umas das águias da mansão com uma carta para ele, que retornou sem nenhuma mensagem, e foi aí que os constantes comentários do pai sobre seu marido querer cair fora começaram a surtir efeito.

— Foi ótimo você não ter dito a ninguém, exceto a Hanabi que se casou com ele - Hiashi observou - Você ainda tem opções, Hinata - acrescentou com surpreendente gentileza - Quando a gravidez tornar-se evidente enviaremos você para a casa de praia para descansa.

— Pare de falar desse jeito! - ela implorou e correu para o quarto.

Hanabi entrou em seu quarto sem bater e a olhou esparramada na cama.

— Nenhuma carta de Naruto, não é? E papai continua assobiando a mesma música de sempre em seu ouvido, certo?

— Certo. Faz quinze dias que a última carta chegou.

— Vamos sair - decidiu Hanabi - vamos as compras, podemos comprar tudo que o bebé precisa.

— Papai vai nos matar se sairmos por ai comprando coisas de bebé pela cidade.

— Ele não vive dizendo que devemos ser mais ativas em organizações sociais, vamos comprar brinquedos, roupas para crianças e bebés e levar ao orfanato, claro que também compraremos algumas coisas para o meu sobrinho, ou sobrinha.

A animação de Hanabi era contagiante, apesar de saber que a opinião da irmã sobre Naruto piorava cada dia mais.

Durante as horas seguintes compraram uma montanha de brinquedos, roupas e sapatos e levaram ao orfanato. Hinata tinha ido ao lugar umas duas vezes sempre acompanhada da associação de mulheres de Konoha, que não a deixavam se aproximar das crianças, dessa vez foi diferente, ao ver os rostinhos se iluminando com todos os presentes, suas mãozinhas tocando seu cabelo como se testando se ela era real. Hinata prometeu a si mesma que voltaria sempre que pudesse.

Uma semana depois, quando voltou ao dr. Sakisaka, ele não estava mais sorridente e confiante, quando falou com Hinata após o exame. O sangramento voltara mais sério, e o médico recomendou repouso. Ela, então mais do que nunca desejou que Naruto estivesse por perto. Quando chegou em casa enviou uma carta ele, desejando que seu bebé estivesse bem.

Logo fariam três meses que ele havia partido, podia compreende que ele estava muito ocupado durante o dia e que a noite estava muito cansado para lhe escrever, mas ele não podia guardar um minuto do seu tempo, para escrever que sentia faltar dela, quatro palavras. Eu sinto sua faltar.

— Quando papai chegar, mamãe vai ser malcriada com ele por causa disso - confidenciou ao bebé, afagando a barriga.

Esse pensamento funcionou, Naruto ligou para ela. A alegria de Hinata fora enorme, mas ele parecia um tanto frio.

— Isso é uma loucura, esse filho da puta escolheu os caminhos mais longos, insistia em passar dias acampando, levamos o dobro do tempo para chegar, quando por fim chegamos, ele ficou algumas horas e resolveu voltar com gente - Naruto contou - tentarei voltar em no máximo duas semanas, mas não posso prometer.

Hinata respirou fundo, como uma missão que deveria demorar algumas semanas, se tornaram meses? Cansada e pela primeira vez com raiva de Naruto não está com ela resolveu contar a ele que estava de repouso por causa do bebé, talvez assim ele voltasse mais rápido.

— Naruto, fui ao médico, ele me aconselhou a ficar de repouso, sem me movimentar muito, me proibiu de sair de casa.

— Que estranho - ele comentou - encontramos uma equipe alguns dias atrás e por acaso comentaram que as irmãs Hyuugas gastaram uma pequena fortuna em compras, que compraram coisas em quase todas as lojas de Konoha.

— Isso foi antes de o médico me mandar ficar de repouso - Hinata se defendeu, era verdade que tinha comprado algo em quase todas as lojas, mas como uma forma de revanche contra o pai, gastando o seu precioso dinheiro.

— Entendo.

— Você esperava que eu ficasse trancada, dia após dia, esperando um telefonema ou uma carta sua? - perguntou deixando a magoa falar mais alto.

— Podia tentar - ele retrucou - Por falar nisso, você também não é uma correspondente muito boa.

Tomando aquilo como uma crítica ao seu jeito de escrever, apertou o telefone com força.

— Não tem mais nada a dizer?

— Pouca coisa.

Quando desligaram Naruto apoiou a cabeça na parede onde ficava o telefone público e fechou os olhos, tentando livrar-se da agonia causada pela conversa, estava a três meses longe dela, e Hinata já não se importava mais com ele, nem escrevia mais. Ela mentira, dissera que o médico a proibira de sair de casa, mas passara o dia fazendo compras gastando em um dia o que provavelmente ele levaria um mês de missões para conseguir.

— Droga! - ele murmurou por entre os dentes.

Depois de alguns instantes, endireitou-se, sabendo o que deveria fazer. Se precisasse abandonar esse filho da puta que infernizara sua vida desde o momento em que saíram de Konoha faria isso, conseguiria chegar em casa em uma semana, e encontraria Hinata, apesar de tudo sabia no fundo do coração, que ela o queria e que desejava continuar casada com ele.

Depois de pousar o telefone no gancho, Hinata jogou-se na cama e chorou até ficar com os olhos inchados. Quando conseguiu parar de chorar, escreveu-lhe uma longa carta, pedindo desculpas por não ser "uma correspondente muito boa" e por ter perdido a calma. Desistindo de todo o orgulho, confessou que as cartas dele eram muito importantes para ela e descreveu detalhadamente a conversa que tivera com o médico.

Quando terminou, levou a carta para baixo com a intenção de pedir Kõ para envia-la para ela, como havia feito com todas as outras. Não demorou para encontra o homem que sorriu quando a viu.

— Kõ você enviaria essa carta para mim?

— Claro senhorita.

Mas assim que Hinata virou um corredor, foi ao escritório de Hiashi Hyuuga, destrancou uma gaveta da escrivaninha antiga e colocou a carta numa pilha formada por muitas outras.

—--

Hinata entrou no quarto e estava atravessando o aposento para voltar à escrivaninha, quando a hemorragia começou. Passou dois dias no hospital de Konoha em uma ala particular, sendo atendida apenas pelo dr. Sakisaka e uma enfermeira de confiança. Ela rezou quase o tempo todo para que a hemorragia não recomeçasse e que Naruto miraculosamente aparecesse para vê-la. Queria o bebé e também o marido, mas tinha o horrível pressentimento de que estava perdendo os dois.

No terceiro dia repentinamente no meio da noite, aconteceu nova hemorragia. Todos os recursos médicos foram impotentes para salvar o bebé, um menino, que Hinata chamou de Minato, e quase não puderam salvar Hinata seu estado permaneceu crítico durante três dias. Na primeira semana que permaneceu no hospital, imobilizada, com tubos ligados a seu corpo, ela nunca deixou de prestar atenção aos ruídos no corredor, esperando ouvir os passos rápidos e largos de Naruto. O pai dela tentou falar com ele por telefone, mas não conseguiu, então mandou uma carta.

Naruto não apareceu

No meio da segunda semana, ele enviou uma carta em resposta. Curto, direto, mortal. "O divórcio é uma excelente ideia. Peça o nosso".

Ela se recusou a acreditar que Naruto houvesse sido capaz de enviar uma carta daquelas, estando ela no hospital. 

— Pai, para fazer isso, ele deve me odiar - disse chorando histericamente - Não fiz nada para merecer o ódio do Naruto, não foi ele que enviou a carta. Não foi!

No final da segunda semana um estranho entrara em seu quarto, se apresentou como o contratante da missão de Naruto, que havia retornado a quase quatro semanas, que Naruto tinha solicitado ficar para trás, por que tinha conhecido uma garota na última vila que ficaram hospedados, e como ele tinha feito um ótimo trabalho e estavam próximos de Konoha permitiu que ele ficasse.

Hinata saiu do hospital em um domingo frio, amparada por seu pai e por Hanabi. Olhou para o céu, mas ficou indiferente, tudo parecia estranho demais.

Por insistência de Hiashi concordou em passar uma temporada na casa de praia dos Hyuuga, acompanhada por Hanabi passou as semanas seguintes como uma espécie de sonambula, com a irmã tentando anima-la.

Com o tempo resolvera tecer seus próprios sonhos, seria a líder do clã Hyuuga, faria melhorias para a família secundaria e exterminaria o uso do selo e da divisão entre a família. Com isso em mente reaprendera a sorrir, e depois a rir.

A vida deferira-lhe grandes golpes, mas ela sobrevivera e descobrira uma força interior que não sabia que possuía.

Hiashi contratou um advogado que fez o divórcio. Ela não teve notícias de Naruto, mas superara tudo tão bem que podia pensar nele sem sofrimento ou animosidade. Tornara-se óbvio que ele concordara em casar-se apenas por causa da gravidez e porque era ganancioso. Com o tempo, Hinata parou de culpá-lo, reconhecendo que também se casara por motivos egoístas, pois ficara grávida e tivera medo de enfrentar sozinha as consequências. E Naruto nunca a enganara, nunca dissera que a amava. Haviam se casado por todas as razões erradas, e o casamento estivera fadado ao fracasso desde o início.

Estava em um jantar no clube Konoha, quase um ano depois, quando ouviu que um jovem ninja vinha se destacando em missões e que se ele continuasse nesse caminho, Naruto Uzumaki seria no futuro um nome forte para assumir o cargo de hokage.

Nos dez anos que se seguiram ouviu o nome dele muitas e muitas outras vezes. Ele começou a aparecer em revistas e jornais. Hinata via as fotos, mas estava ocupada demais se preparando para assumir o clã e tentando demonstrar que era capaz, para prestar muita atenção ao que ele fazia. A imprensa, porém, prestava e muita, seus feitos ficavam cada vez mais conhecidos, assim como sua fama com as mulheres, entre elas uma estrela de cinema e até uma princesa. Para as pessoas comuns, ele devia representar o sonho a ser alcançado o rapaz pobre que conquistara o mundo a base de muito esforço.

Para Hinata, não passava de um estranho, cujo nome ela jamais mencionava, com quem um dia tivera um relacionamento íntimo. Como apenas o pai e Hanabi souberam que os dois haviam sido casados, os casos românticos de Naruto cercados por ruidosa publicidade não lhe causavam nenhum constrangimento.

 

 


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Notas finais do capítulo

Luciana Neves, obrigada pelo comentário, você é uma linda!!!

Vanessa, muito obrigada pelo comentário, me deixou muito contente saber que você está gostando, espero que você goste desse também!! Beijos e cheiros!!

Hinatju, brigadão pelo comentário, seu comentário me deixou com um sorrisão, mais ainda por saber que você gostou. Eu fiquei uns dias sem meu note, por isso a demora em atualizar, então não tive tempo de dar uma olhadinha na sua fic, mas eu vou correr lá pra conferir. Bjos linda!

LuHyuuga Uzumaki, vou tomar a liberdade de te chamar de Lu, você não imagina o quanto seu comentário me deixou feliz, e aqui entre nós esse Naruto é de fazer o coração bater mais rápido, eu fiquei com medo de ele ficar muito diferente do cannon, mas que saber, eu enxergo muito do Naruto, nesse Naruto, então tá valido. Você vai odiar o Hiashi um pouquinho mais nesse cap, e que bom que eu conseguir, manter a ideia, que ele ama a Hinata, mesmo que de uma forma distorcida. Cara você é muito observadora, ADORO! Esse "amor" da Hinata, ainda vai aparecer, eu só não tenho certeza de quando. Muito, muito abrigadão pelo seu comentário, de novo e de novo!!! Beijos e cheiros, e até o próximo capitulo!!

Muito obrigada também a quem leu, mas que por algum motivo não pode deixar um comentário, mas não seja tímido, eu adoraria saber o que vocês estão achando, bjos e até o próximo capitulo!!!