Até que a Morte nos Una escrita por Nuwandah


Capítulo 2
Na nova escola


Notas iniciais do capítulo

Peço perdão pela escrita ruim, essa fanfic começou a ser escrita há seis anos.



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— Certeza de que consegue ir sem problemas? – A voz de Itachi veio penetrante em meus tímpanos, já tão massacrados pelas milhares de perguntas repetidas e avisos preocupados.

Desde que ele me vira acordado, não, desde a noite anterior, Itachi não parava de me assolar com toda sua mais nova mania super-hiper-protetora. Limitei-me a revirar os olhos e jogar a cabeça para o lado, anoiado, tentando fazer com que ele entendesse finalmente que não sou um boneco de porcelana indo passear numa corda bamba.

— Pela milésima vez, Itachi, sim!

Itachi saiu da cozinha, onde lavava a louça do café da manhã e caminhou até minha figura, que se preocupava apenas em enfiar os livros escolares na novíssima pasta enquanto a apoiava desequilibradamente no encosto do sofá, em busca de algum suporte. Ah, que foi agora?

— Eu só preciso que você tome cuidado, ok? – Com um movimento ágil de suas mãos, os dois livros que pareciam estar emperrados na entrada da pasta deslizaram suavemente para dentro dela. – Você ainda não está... cem por cento. – E seu olhar subiu para me encarar, mas eles encontraram algo no caminho, e suas mãos prontamente se voltaram para a área também. – Desabotoou aqui.

Aquilo já estava muito além dos limites, e Itachi parecia estar muito longe de entender isso. Ele estava tentando tomar o lugar de nossa mãe e nem estava percebendo o que fazia, e nem o quanto aquilo me incomodava.

Mas eu o faria entender, fosse por bem ou por mal.

— Mas que coisa. – Contorci meu corpo para trás a fim de me livrar de sua pegada, mas nem isso o fez desistir de ajeitar o maldito. – Itachi! – Esbofetei sua mão para longe da gola de meu uniforme. Ele manteve a mão erguida no ar, talvez alarmado pela minha atitude abrupta.

Somos irmãos, não levantávamos a mão contra o outro. Mas que droga, nós nem nos desentendíamos antigamente!

Um silêncio desconfortável se instalou entre nós dois e mantive o olhar baixo, incapaz de olhá-lo no rosto para descobrir o quão decepcionado comigo ele parecia. Meus olhos acabaram por cair sobre minha pasta, boa escapatória.

Minhas mãos foram ao zíper da pasta logo para fechá-la e encaixá-la no meu ombro, e antes que Itachi tivesse tempo de reagir à minha fuga, já estava longe rodando a maçaneta e passando pela porta de saída, batendo-a rápido, na esperança de que ela o impedisse de me alcançar.

Era melhor assim.

Outra porta estava agora à minha frente, a do elevador. Aquelas chapas de metal me incomodavam, usá-las agora significava que eu não estava mais em casa, numa cidade pacata, tão oposta a esta em que me encontrava. E nunca mais poderia voltar para casa, junto de meus pais.

Ter que apertar o botão, esperar, entrar no elevador, apertar outro botão, esperar mais, passar pela portaria para aí sim conseguir ter alguma sensação de liberdade com a rua era diferente demais do vasto jardim que me guiava desde a porta de casa até o portão de madeira, que me dava passagem para uma rua tranquila e boa de se caminhar, assim como as outras que se seguiam. Mas em Tokyo não havia portões de madeira, via-se apenas o cinza do metal e do cimento; em Tokyo, não se podia caminhar, o ritmo de vida daquela cidade não permitia uma caminhada contemplativa — mas e que paisagem contemplar?

Pensando bem, talvez o problema não fosse a megalópole, mas, sim, eu. Talvez fosse eu quem não quisesse mais caminhadas por nada.

Totalmente desacostumado com a cidade grande, eu achava divertido ficar num lugar como aquele quando visitava Itachi, mas era uma estadia temporária, muito díspar de uma permanente. Não gostava de morar ali, minha casa de verdade era em Nakai, não em Tokyo.

Mas gostar ou não gostar não faria diferença, já que, com a morte dos meus pais, vim morar com meu irmão, que está fazendo faculdade e morando em Tokyo.

Morei minha vida inteira em Nakai, então achava que não me preocuparia com mudança de escola até ter que passar para o colegial. Mas como a vida é uma caixinha de surpresas que muitas vezes pode vir no formato de Caixa de Pandora, cá estou, mudando de escola pela primeira vez, e em pleno segundo trimestre.

Itachi me matriculou em uma escola masculina, talvez achando que eu fosse me sentir mais à vontade não sendo rodeado por tietes. O Colégio Senka não era muito longe, apenas algumas estações de metrô à distância, nada que eu já não estivesse habituado dos tempos de visita a Itachi.

Mas usar o metrô para simplesmente estudar me soava esquisito demais, eram muitas pessoas espremidas em um único lugar, muitas pessoas que não transmitiam nada além de letargia. Em Nakai, eu ia para a escola a pé, dividindo o trajeto basicamente apenas com outros alunos tagarelas da mesma escola.

Diferente, muito diferente. E não era um diferente bom. Mas não é como se eu me importasse mais com estas coisas. Nada mais fazia diferença.

Ao contrário de como muitas pessoas ficariam, eu não estava nervoso no meu primeiro dia de aula em uma escola nova – sem contar que estava indo já no segundo período. Eu nem estava ligando por estar em um lugar novo. Afinal, estava indo lá apenas para estudar, e nada a mais.

Agora, eu caminhava calma e pacientemente para a entrada da escola, me esquivando de alguns idiotas que brincavam de empurra-empurra nela. Adiantei o passo, e logo estava no pátio da escola, observando garotos de diversas idades aglomerados no mesmo.

Estava com sono. Um grande diferencial dessa escola das demais era que, ao invés do horário de entrada ser às 8:00,  a dessa era às 7:00. Porre...

Dei um longo suspiro e fui para o edifício principal.

Minha primeira aula era de história. E minha turma era a 2-B, então, acho que era só achar uma sala com essa indicação. Eu acho...

Rodei boa parte do prédio, como um novato que tem orgulho o suficiente para não perguntar onde ficava sala de sua turma.

Estava meio zonzo de sono ainda. Não estava acostumado a acordar às 6:30h da manhã para ir para a escola. Eu não ia aguentar nem a primeira aula. Então, resolvi entrar no banheiro que eu tinha acabado de passar para lavar o rosto e tentar espantar o sono.

Má ideia.

Enquanto eu abria a torneira da pia, um grupo de garotos que tinham, aparentemente, a mesma idade que eu — ou um pouco mais-, entraram.

Eles estavam falando muito alto e mexendo com quem já estava no banheiro – que parecia ter medo deles.

O que estava na frente de todos se aproximou de mim. Mas continuei olhando para a água que caia da torneira, fingindo não ver nada.

— Ei, você não é aquele novato que é órfão? – Ele disse, em tom provocante.

Órfão...

Não tinha pensado nisso antes... Na verdade, eu tinha evitado pensar nisso. Eu não tinha mais pai e nem mãe. Quase não via mais meu irmão por causa da faculdade e do trabalho que ele teve que assumir depois do incidente que causara a morte dos meus pais.

Eu estava só.

O ódio que senti por aquele garoto ter dito aquilo, e naquele tom de voz comigo... Eu devia espancá-lo até dizer “chega”. Espera aí. Isso não fazia o meu tipo. 

Então, mantive a calma. Encurvei-me para frente, e comecei a jogar água no rosto, fingindo não ter ouvido. Senti que ele estava ficando furioso por ter sido ignorado.  Provavelmente, ele não devia estar acostumado a esse tipo de tratamento.

Gostei disso.

De repente, senti um forte impacto na cabeça. O desgraçado tinha me dado um murro muito forte, que, por estar inclinado sobre a pia, minha testa foi com tudo na torneira.

Tudo ficou escuro por milésimos de segundos. Mas logo recuperei os sentidos, com aquele garoto gritando:

— Nunca mais me ignore!!!

Com a pancada, minha cabeça toda criou uma pressão terrível, como se ela estivesse sendo esmagada. Levei minhas mãos à testa, tentando amenizar a dor. Senti algo molhado entre meus dedos. Desci uma das mãos e vi o que a estava sujando.

Era sangue.

Olhei imediatamente para o espelho. O impacto com a torneira tinha aberto uma corte com um pouco mais de dois centímetros. O sangue escorria, desenhando um caminho vermelho no meu rosto.

O que deveria fazer? Revidar? Procurar ajuda? Bater nele e depois procurar ajuda? Não deu tempo nem para decidir.

O desgraçado chutou atrás do meu joelho. Perdi o equilíbrio e caí ajoelhado.

Assim não ia dar. Se eu não o parasse, ele ia me bater até cansar.

Com esse pensamento na cabeça, endireitei meu corpo e passei uma rasteira nele. Fazendo-o cair com tudo no chão.

Ah, sim. Esqueci de falar: fiz parte do clube de artes marciais na minha antiga escola durante um tempo.

— Toya-san...! – Disse um dos garotos do grupo dele, se aproximando e tentando levantá-lo. Mas o tal do Toya lhe deu um empurrão, rejeitando a ajuda oferecida, e levantou-se sozinho.

— Desgraçado... – Rosnou ele.

— Toya-san, quer que a gente segure ele? – Perguntou outro integrante do grupo.

Isso não seria bom. Eu mal conseguia dar conta de um, imagina de um grupo. Hematomas, cortes e fraturas, na certa.

— Cala a boca, Ryuji! – Acha que eu não consigo dar conta de alguém como esse aí?! – Ele apontou para mim e se levantou. – Veja e aprenda.

Após dizer isso, ele avançou rapidamente em minha direção e tentou me dar um soco. Para a minha surpresa, consegui desviar.

Não satisfeito, o Toya tentou me dar outro, outro e outro soco, com o direito de alguns chutes entre eles.

Surpreendentemente, consegui me safar de todos, me esquivando e defendendo com os braços. Mas, se continuasse assim, eu ia acabar me dando mal. Aquele já era o meu limite, e eu sabia que ele estava apenas começando.

Com a rapidez dos golpes, acabei deixando minha guarda aberta por um instante. Ele aproveitou. Agarrou a gola do meu uniforme, para ter certeza que me acertaria, e se preparou para me acertar um soco. Por reflexo, o peguei pela gola também, e me preparei para dar um soco nele no mesmo tempo que ela me atingiria.

Toya!!!— Alguém gritou, na porta do banheiro.

Paramos imediatamente. Logo nossa atenção estava voltada para outro grupo na entrada do banheiro.

— Tsc! O que você quer? – Disse Toya, abaixando a mão cerrada, mas sem soltar minha gola.

— Você sabe muito bem. Deixe o novato em paz. – Respondeu o que estava à frente.

O Toya pareceu pensar um pouco, com o olhar baixo. Em seguida, ele me empurrou contra a pia com a mão que segurava minha gola. Como estava de costas, bastou me apoiar com as mãos nela para restabelecer o equilíbrio.

— Ok! Ele é todo seu! – Depois, ele chegou mais perto de mim, e sussurrou sem olhar para minha pessoa: – Não pense que acabou por aqui. Ainda vamos terminar isso.

Apenas fiquei lá, apoiado a pia, acompanhado com o olhar ele sair do banheiro com seu grupo.

Quando todos saíram, o outro grupo se aproximou de mim.

— Você está bem? – Perguntou o da frente, que tinha cabelos longos e olhos claríssimos.

— Estou. – Menti. Não estava me sentindo nada bem. Minha visão estava meio embaçada e minha cabeça doía muito.

— Então por que você parece tão desnorteado? Até parece, né? Tá na cara que você não tá bem! Olha todo esse sangue! – Contradisse de cabelo castanho espetado.

Passei os dedos pela minha testa, ressentido.

— Temos que levar você pra enfermaria para darem um jeito nisso aí. – Pronunciou o da frente.

— Não precisa, não. O sangue já parou de sair. Só preciso me limpar. – Esfreguei minha mão pelo rosto, tentando limpar todo aquele sangue.

— Tá bom. Você que sabe. – Disse um loiro, dando de ombros.

— Ah, e... obrigado por terem me ajudado. – Falei, meio sem graça. Não sou muito de agradecer os outros.

— Hunf! Se não tivéssemos interferido, aquele idiota ia acabar com você...! – Gabou-se o de cabelo castanho curto.

Olhei para ele feio.

Percebendo o recente clima hostil, um cara com um rabo de cavalo alto pronunciou-se.

— Então... Qual é o seu nome?

— Uchiha Sasuke.

— Pois bem, Uchiha... Estes são Inuzuka Kiba, Uzumaki Naruto, Nara Shikamaru, Hoozuki Suigetsu... e eu sou Hyuuga Neji.

Depois disso, comecei a andar com eles. Na verdade, eles praticamente me abrigaram a fazê-lo.

Eles estavam sempre juntos comigo na escola. Mas sempre que nos separávamos por algum motivo, eles sempre ficavam de olho no Toya e sua gaguezinha de merda. Íamos a maior parte do trajeto de volta para casa juntos...

Isso tudo me irritava bastante. Sentia-me como se fosse um inútil que depende dos outros para tudo.

Resumindo, eles sempre estavam me vigiando, mesmo se eu não quisesse – o que sempre acontecia-. Sabiam que a vingança do Toya não seria leve... Principalmente quando se trata de uma escola no Japão.

Acabou que eles me consideraram amigo deles, mesmo que eu não os retribuísse com a mesma afeição.

As coisas não mudaram muito depois. Apenas o meu penteado. Aquele corte na minha testa iria continuar lá por mais um tempo e, se Itachi visse aquilo, arranjaria uma confusão tremenda. Então, resolvi botar umas mechas menores que eu tinha a mania de jogar para os lados para frente, tapando minha testa completamente.

— Uuuh… Vocês sabiam? – Naruto disse, imitando um apresentador de um programa de perguntas e respostas qualquer.

— Sabiam o quê?

— Hoje é Sexta-feira 13! Temos que usar o tabuleiro!

— Ah, lá vai você de novo com esse tabuleiro... – Disse Shikamaru.

— Que tabuleiro? – Perguntei desentendido. Naruto falava muitas coisas pela metade para mim. Ou era eu que era o novato desinformado?

— Ah, é. Esqueci de falar pra você sobre isso... Anteontem, o Naruto e o Kiba acharam numa loja de penhores um tabuleiro Ouija. E, agora, querem usar ele para conversar com algum espírito na Sexta-feira 13. –Suigetsu me explicou.

— E vamos invadir aquele hospital abandonado pra jogar! É o lugar perfeito! – Completou Kiba, animadíssimo.

— Aquele hospital que pegou fogo? – Fiquei surpreso, dando um gole no meu chá enlatado.

— Esse mesmo. Não vai amarelar, né, Uchiha? – Disse Neji, me olhando desafiadoramente.

— Hunf! Tô dentro.

 


Continua...


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