Maybe You're Loveable escrita por MahDants


Capítulo 1
I Know You Love Shrek


Notas iniciais do capítulo

Escrevi essa história contra todas as minhas forças, porque tudo isso de Amigo Secreto começou quando eu descobri umas paradas que acabaram mudando um pouco meu jeito de lidar com algumas coisas, e eu acabei me afastando do mundo das fanfics.
Não estou no meu melhor momento pra escrever, então mil desculpas pra amiga secreta se eu não desenvolvi da melhor maneira, o que eu não acho que eu tenha feito, mas eu juro que fiz com carinho e eu espero de coração que ela goste.
Btw, tirei inspiração de Wake Me Up de Ed Sheeran.



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James Potter adorava como os olhos de Lily iam do verde ao cinza nas manhãs de inverno. 

Uma das primeiras coisas que ele passou a gostar em Lily, logo depois das sardas e do cabelo cor de acaju, foram os olhos. Eles eram brilhantes, grandes, fantásticos. Pareciam estar sempre sorrindo e, muitas vezes, James acabou se perdendo neles, embasbacado por sua beleza.  

E, apesar de adorar o verde exuberante que o encantava todas as manhãs de primavera na escola, adorava como eles pareciam refletir o gelo branco que caía perto do Natal.

Não demorou muito para que James a associasse com floquinhos de neve; ela lentamente caía em sua vida, assim como a neve. E, apesar de aparentemente gelada, derretia dia após dia, com as tentativas de James de se aproximar.

Faltavam dois dias para as voltas às aulas depois do recesso de Natal quando James, apesar de não fazer nem duas semanas desde que se viram pela última vez, percebeu que estava com saudades dela e decidiu aparecer para uma visita. 

As vezes isso acontecia com ele e ele não conseguia sequer explicar. Não era como se ele tivesse algo com Lily, ou que ela até mesmo gostasse dele, porque, se fosse para definir o relacionamento dos dois em uma palavra, ele diria que era complicado. 

Era complicado como ele sempre acabava querendo conversar com ela e acompanhá-la até em casa depois de mais um dia de escola, mesmo contra a aparente vontade dela. Complicado como aquilo tinha começado com mais uma de suas brincadeiras e, agora, ele não conseguia mais se livrar daquele assombrado sentimento. 

Então, sem muito pensar em sua reação, que era como ele fazia a maioria das coisas relacionadas a Lily, ele simplesmente foi à casa dela. Estava nevando, uma temperatura bem perto de zero, mas ele vestiu o cachecol e foi. 

Ela abriu a porta com short de pijamas, um moletom branco e os cabelos presos em um rabo de cavalo. Porém, havia algo novo em sua aparência: dezenas de pontinhos vermelhos por sua pele alva, misturando-se com as sardas. 

 — O que você está fazendo aqui? — Lily questionou, meio irritada, meio surpresa.

Ele quase sorriu. Adorava a voz irritada de Lily, mas estava subitamente preocupado.  

— O que aconteceu com você? — ele quis saber, fazendo-a revirar os olhos. 

— Catapora, James, nunca ouviu falar? — perguntou, impaciente. 

— Você está bem?

— Estou ótima. Vá embora. 

— Você não parece ótima, parece doente. 

Ela revirou os olhos. 

— Obrigada, James, esse foi um ótimo elogio.

— E-eu não quis dizer... 

— Eu sei — ela o interrompeu, e acabou bufando. — Entre logo, está nevando e eu estou começando a sentir frio com essa porta aberta. 

Segurando um sorriso, James entrou. Aquela não era a primeira vez que ele invadia a casa da menina assim, e provavelmente não seria a última. Adorava aparecer por lá de surpresa, principalmente porque Lily sempre acabava ou envergonhada ou irritada, e vê-la assim sempre fazia James abrir um sorriso. 

Chegou à sala sem muita cerimônia, notando a televisão ligada e um lençol verde jogado no sofá. Lily apareceu logo atrás, e só então ele percebeu o quanto a casa parecia silenciosa. A atmosfera da residência dos Evans naquela tarde era quase deprimente.

— O que você quer? — Lily colocou as mãos na cintura. 

Parecia estar fazendo bastante esforço para se manter firme, mas James conseguia ver que suas pernas tremiam levemente. Ela, com certeza, estava mal. 

— Eu ia chamar você pra sair — ele contou. — Mas, já que você está doente, minha intenção agora é sentar com você aqui e voltar a ver... — Ele olhou melhor para a televisão. — Shrek. Isso é vídeo cassete?

— O DVD quebrou. — Ela desviou os olhos. 

— Você devia comprar um blue-ray. 

Ela lentamente se aproximou do sofá e, baixinho, falou:

— Você vai pegar catapora. 

— Você está preocupada comigo, Evans? — Abriu um sorrisinho. — Relaxe, eu já tive catapora. Estou imune. 

Ela olhou desconfiada para ele e, como quem quisesse incentivá-la, James deu duas batidinhas no lugar disponível no seu lado do sofá. Mesmo hesitante, Lily se sentou ali. 

 — Onde estão os seus pais? — James cedeu à sua curiosidade. 

Ela respirou fundo. 

— Não que seja da sua conta, mas a minha mãe foi fazer compras com a Petúnia.

— E seu pai?

— Está trabalhando. 

— Então a casa é só nossa? — ele questionou, com um tom quase depravado, e ela ficou vermelha.

— Era pra ser só minha — ela resmungou.

— Mas você não quer ficar sozinha e, ainda mais, doente — retrucou James, e ela se calou. Ele sabia que era verdade. 

— Francamente, eu não estou nem com forças para brigar com você, então faça o que quiser.

— Ótimo. Podemos? — Ele apontou para a televisão, e ela apertou no play

O filme voltou a ser transmitido, e James se esforçou para prestar atenção naquele conto de fadas idiota, mas não conseguiu. Lily, tão entretida com o desenho, parecia adorável vista daquele ângulo. E doente, porém ainda assim adorável. 

Lily com catapora era bonitinho, e fazia James sorrir. 

— Está com frio? — ele perguntou, notando que ela estava tremendo levemente o queixo. 

— Estou bem — ela garantiu, com o nariz empinado, e ele quis revirar os olhos. 

Tinha vontade de beijar Lily e bater nela ao mesmo tempo quando ela ficava orgulhosa daquela maneira. 

— Venha cá — ele mandou, puxando-a pelo braço. 

Ela não relutou quanto aquele abraço, talvez o frio fosse maior, talvez estivesse realmente sem forças, mas, até o final do filme, ela parecia confortável ao se aconchegar no peito de James. Ele passou o lençol verde melhor ao redor dos braços dela e a apertou, querendo que ela se livrasse daquela sensação. 

Quando o filme estava perto de acabar, ela comentou: 

Esse é um dos meus filmes favoritos. 

James sabia. Não era a primeira vez que aparecia ali e ela estava com Shrek na TV. 

— Por que você gosta tanto?

— Porque é uma história bonita. — E talvez uma mínima parte dela, uma parte que ela jamais admitiria, bem internamente, quisesse um conto de fadas em sua vida também.  

Mas ele não entendia por que Shrek

— É a mesma história que a Bela e a Fera — James disse, por fim, e ela o olhou que se ele estivesse louco. — A diferença é que os dois continuam feios no final. E o que tem de tão especial em histórias assim? 

— Ensinar que o que realmente importa é o que está dentro de você — ela respondeu, e ele fez uma careta. Lily não fazia um estilo clichê como aquele. Ela acabou soltando uma risada. — Estou brincando. Eu só gosto, como gosto de, não sei, Supernatural. 

— Você gosta de Supernatural? — James ergueu uma das sobrancelhas. 

— Gosto, por quê? 

— Porque eu também gosto. — Ele abriu um sorriso de canto. — Acho que está claro que temos muito em comum, a gente deveria se beijar agora.

Ela gargalhou alto. 

— Nos seus sonhos, James. 

Ele se inclinou para perto dela com um sorriso e, chegando próximo o bastante do ouvido da menina, contou em um sussurro:

— Meus sonhos com você são mais interessantes do que apenas beijos. 

Ela fez uma careta, empurrando-o.

— James, pelo amor de Deus! — praticamente berrou. — Eu já estou com vontade de vomitar, não piore as coisas. 

— Desculpe — ele pediu, com preocupação na voz, apesar do sorriso. — Onde está seu notebook?

— Por quê? 

— Vamos assistir Supernatural, não aguento mais Shrek — ele avisou, e ela revirou os olhos, apontando para a mesa da cozinha. 

— E, só para acabar com a sua graça, eu tenho certeza que não temos tanto em comum assim — ela falou, cruzando os braços enquanto ele entregava o notebook a ela. — Eu prefiro Sam, você tem cara de ser um Dean boy

 — Dean é o cara — concordou James. — Sam não é nada. 

Ela tentou evitar um sorriso, James percebeu, mas foi meio sem sucesso. 

No meio de um dos episódios da terceira temporada, arriscou olhar para o lado e percebeu que Lily estava dormindo, encolhida e com frio. Ele rapidamente a enrolou melhor no lençol e colocou a mão em sua testa. Estava fervendo.

Ele não era muito de cuidar das pessoas, mal cuidava de si mesmo, mas ali estava ele, levantando-se do sofá, desligando a série e andando pela casa para procurar onde ficava o banheiro. Tinha a intenção de preparar um banho para ela, e não demorou muito para conseguir fazer isso.

Voltou a sala silenciosamente, cutucando-a com certa delicadeza.

— Lily. 

— Hum. 

— Lily, acorda — ele pediu. — Eu preparei a banheira para você. 

— O quê? — Ela abriu os olhos. 

— Você está fervendo, um banho gelado talvez ajude — ele explicou e ela assentiu, mole, e fez esforço para se levantar. Ele rapidamente passou os braços pelos joelhos dela e a carregou até o banheiro. — Sinto que você está se aproveitando de mim. 

— Eu não pedi nada — ela resmungou. — E você já pode sair, não tenho a intenção de tomar banho na sua frente. 

— Certo. 

— James — ela o chamou, antes que ele saísse. — Obrigada. 

Ele sorriu, fechando a porta ao passar por ela e foi até a cozinha, procurar, em algum lugar, qualquer coisa que ele pudesse usar para fazer chá ou sopa.

— O que você está fazendo? — ela questionou, aparecendo na cozinha com os cabelos molhados. 

— Acho que mingau — ele murmurou, encolhendo os ombros, envergonhado. — A intenção era fazer sopa, mas eu não achei nada. 

Ela franziu a testa e se sentou à mesa. 

— Por que está fazendo isso? — quis saber. 

— Porque você está doente. 

— Não, James, você está cuidando de mim — ela discordou. — Por que está fazendo isso?  

— Está reclamando?

— Estou confusa — ela confessou. — É realmente legal da sua parte, mas por quê

Ele desligou o fogão sem saber o que sentia. Havia certa atração que sempre o levava para onde Lily estava, fosse para dar em cima dela ou para irritá-la. Não diria que a amava, mas ele certamente gostaria de ter alguma chance com ela. Passava horas do seu dia tentando entender como, de todas as garotas da escola, ela era a que ele mais perdia tempo pensando em. 

Não entendia muitas das atitudes dela, também. Não entendia como ela parecia gritar para todos os cantos que o odiava, que não o suportava, que não o aguentava mais enchendo o seu saco, mas, ainda assim, permitia que ele ficasse na sua casa. Ela não demonstrava tanta relutância a ele quanto alguém que o detestava deveria demonstrar.

Na verdade, ela conversava com ele. Em alguns raros momentos, eles mantinham realmente boas conversas e pareciam grandes amigos, apesar dela jamais admitir que o considerava um amigo. 

A situação era toda muito estranha e esquisita. 

— Você está doente — ele repetiu, pigarreando. — Onde ficam os pratos?

— Ali. — Ela apontou para um dos armários.

Ele foi na direção indicada e só retornou a falar quando o mingau estava posto na frente de Lily, junto de uma colher, pronto para que ela comesse. 

— Já está escurecendo — ele comentou. — Acho que eu deveria ir para casa. 

— Eu levaria você até a porta, mas acabei de sentar — ela falou e ele assentiu, aproximando-se dela para dar um beijo em sua testa. 

— Tudo bem — ele falou. — Acha que segunda está melhor? 

— Se eu estiver, vou levar um chocolate para você em agradecimento — ela prometeu, e ele sentiu algo estranho em sua barriga. 

Lily o confundia tanto. 

Voltou para casa se sentindo meio perdido. Gostaria de ter passado mais tempo perto dela, gostaria mesmo, mas ele não deveria nem ter ido, para começo de conversa. Temia estar sendo esquisito, cuidando dela quando não tinham absolutamente nada, nem mesmo uma amizade sólida, então o melhor a fazer era sair. 

Até a volta às aulas, ele tentou se controlar para não ligar para Lily todas as horas ou ir até a casa dela só para saber como ela estava. Em outros momentos, ele teria ido sem nem mesmo pensar duas vezes, mas agora seu peito batia nervoso só de pensar. 

Acordou ansioso na segunda, tendo a esperança de ganhar um chocolate de Lily e um sorriso agradecido dela, mas então algo aconteceu. 

— Você está com catapora — disse sua mãe, cruzando os braços. — Não vai para a escola. 

— Mas eu já tive catapora, como...?

— De onde tirou que teve catapora? 

— Não tive? — James questionou, quase horrorizado. — Das fotos de bebê. 

— Você teve sarampo. 

— Merda. — Ele se jogou na cama novamente. 

Não veria Lily. 

Tentou voltar a dormir, mesmo que desanimado. Era a única coisa que lhe restava fazer. Perto da hora do almoço, quando voltou a acordar, ligou para Sirius, mas não quis dizer como tinha contraído a doença, só que estava com ela e que passaria alguns dias sem ir para a escola. 

Esperava passar aquela semana no tédio, mas, no segundo dia que ele não apareceu na escola para as aulas, uma cabeça ruiva apareceu na porta de seu quarto. 

— Não entre! — James mandou, cobrindo-se com o edredom. — Não estou na minha melhor aparência. 

Ela gargalhou, sentando-se na beirada da cama. 

— Trouxe chocolate — falou, baixinho, e ele colocou a cabeça para fora. — Como você está?

— Feliz por você ter aparecido — ele disse, sincero. — E um pouco surpreso, para falar a verdade. 

— É, bem. — Ela encarou os próprios sapatos. — Era o mínimo que eu podia fazer, depois de você ter me ajudado. E de ter pego catapora por minha causa. 

— Como você soube? 

— Eu perguntei para o Remus — ela confessou, parecendo estar envergonhada. 

— Ficou preocupada comigo? — ele perguntou, e ela mordeu os lábios. 

— Talvez. — Ela sorriu. — Hoje é minha vez de cuidar de você.

— Eu estou no céu — ele murmurou, beliscando a própria pele. — Caraca, isso não é um sonho. 

— Deixe de ser idiota — ela mandou. — Você tem feito o quê? 

— Nada. — Ele deu de ombros. — Estou nessa cama desde ontem. 

— Você é muito dramático — ela comentou. — Não é como se a catapora fosse te matar, sabe? 

— Bom, na verdade, eu levantei para jogar videogame ontem de noite — ele contou. — Mas eu sou péssimo, então acabou comigo jogando os controles na tela e Peter rindo de mim. Eu perdi para o Peter, a inutilidade humana. 

— Não fale assim do seu amigo — ela ralhou, e ele encolheu os ombros. 

— Eu não posso fazer nada se é a verdade. 

— Você está na pior, James Potter — ela provocou, e ele bufou. 

— A culpa é sua. 

— Eu não pedi para você cuidar de mim — ela retrucou. 

Ele assentiu. 

— Eu não me arrependo — confessou. — Eu estava preocupado com você, queria que você se sentisse melhor.

— Como se você realmente se preocupasse comigo. 

— Eu estou falando sério. — Ele a olhou feio. — Eu não sei por que você não acredita quando eu falo essas coisas para você.

— Porque você está sempre brincando, James! — ela desabafou. — Não tem como levar a sério o que você diz! Eu odeio quando você faz isso. 

— Ah, certo, e por que outra razão eu teria ficado lá se estivesse querendo te ajudar? 

Ela deu de ombros.

— Não sei, talvez por diversão! 

— Diversão? — ele questionou, descrente. — Você ficou maluca? 

— Curtir com a minha cara, esse tipo de coisa parece fazer você feliz. 

— Você ficou maluca? — ele repetiu a pergunta. — Ou talvez não tivesse nada a ver com isso, e eu só queria estar lá por você. 

Por quê? — ela se exasperou.

— Porque eu gosto de você, Lily! — ele gritou, e depois fez uma careta. 

— Você está bem? — ela perguntou, preocupada, e ele deitou na cama, colocando a mão na testa.

— Merda. Eu só gosto de você, e é bom você passar a acreditar nisso. 

— Você está falando sério? — ela perguntou, e ele olhou para ela de relance. Ela parecia prestes a surtar. 

— Você é adorável. 

— James. 

— Eu estou falando sério — ele garantiu. — No meio das minhas brincadeiras, eu estou sempre falando sério. Se é isso que te deixa na dúvida. 

Ela assentiu. 

— Quero que você me chame para sair — ela disse, determinada. — Quando você melhorar. Sabe, sem gracinhas. 

— Um jantar sério e romântico? 

— É. 

— É? — ele se surpreendeu. — Você quer ter um encontro comigo? 

Ela mordeu os lábios. 

— Ah, vai, você preparou um banho com bolhas pra mim. — Ela deu um soquinho em seu ombro. — Não pareça tão surpreso por ter me conquistado. 

— Você é a pessoa mais adorável que eu conheço — ele repetiu, puxando-a para um abraço. — Eu sabia que esse dia ia chegar. 

— Pare de ser tão convencido. 

— Você gosta. 

— Não gosto. 

— Ah, gosta, sim — ele teimou, soltando-a. — Agora, será que você pode me contar o que eu andei perdendo na escola? 

E ela se sentou de frente a ele e começou a falar, jogando o cabelo ruivo para trás do ombro a cada cinco minutos. Tudo o que ele passou a prestar atenção nas horas seguintes era no quanto ele tinha sorte de, finalmente, ver Lily Evans cedendo.


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