Sempre Ao Seu Lado escrita por Blood Roses


Capítulo 5
Capitulo 5




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Os dias passaram muito mais rápidos do que Felix poderia imaginar, e em um piscar de olhos já havia se passado quase seis meses. Durante esse tempo Felix mal teve tempo de dormir ou comer, a empresa precisa de sua liderança, e ele não poderia abandonar tudo de uma hora para outra.

Todas as noites quando tinha alguns minutos de descanso, Felix pensava seriamente em ligar para Adrien, porém bastava passar os olhos no relógio para perceber que seria extremamente tarde em Paris, e por isso ele resolvia esperar até o dia seguinte para ligar para o irmão, mais os compromissos e as viagens ocupavam quase todo o seu tempo.

Mas a saudade que Felix sentia de Adrien o estava consumindo, seu peito estava pesado e apertado, algo lhe dizia que havia alguma coisa errada com o menino, Felix então pegou o telefone e ignorando o fato de que seria três da madrugada em Paris, ele ligou para a mansão.

Natalie quem atendeu o telefone, Felix então pediu para falar com um dos empregados que ele havia escolhido a dedo para ficar com Adrien, porém a morena disse-lhe que todos estavam dormindo, Felix então pediu noticias de Adrien.

A morena engasgou-se levemente antes de começar a falar, dizendo que o menino estava bem e que sentia muita falta do loiro. Felix pediu para falar com Adrien, porém Natalie desconversou e desligou o telefone após dizer que o menino estava dormindo pesado.

Felix não era tolo o bastante para acreditar naquelas palavras, ele sabia que Natalie estava mentindo, o loiro então abriu o computador e acessou sua agenda para os dias que seguiriam, ele percebeu com alegria que não estava tão atarefado, ainda mais considerando que estava próximo do fim do ano, e que todos estariam com suas famílias comemorando o natal e ano novo.

Com isso em mente em reagendou alguns compromissos e cancelou outros, deixando os três próximos dias de sua agenda livres. No dia seguinte Felix entrou no seu jato particular e seguiu para Paris.

Ao chegar Felix foi direto para a mansão chegando lá em poucos minutos. Assim que entrou pelo portão o loiro desceu do carro e correu até a porta, ao abrir e entrar, Felix percebeu que não havia quase ninguém na casa.

Após andar um pouco o loiro avistou uma das empregadas que ao nota-lo ali soltou a bandeja que carregava e gritou de susto. Felix se aproximou cautelosamente e perguntou aonde estavam os outros empregados, a mulher lhe respondeu com a voz tremula que Natalie havia dispensado quase todos, deixando somente alguns para realizarem as manutenções da casa, quando questionou o por que dessa decisão, a mulher lhe disse que Natalie havia julgado inútil manter tantos funcionários, principalmente agora que Adrien estava internado em um hospital.

Foi um grande choque para Felix saber daquilo, principalmente da boca de uma empregada, o loiro apoiou-se no balcão, tentando aceitar aquela noticia. Felix saiu andando pela casa atrás de Natalie, pois antes de viajar ele havia deixado uma ordem explicita para que a morena lhe informasse qualquer coisa que acontecesse com Adrien.

Felix invadiu a sala de Natalie na casa, a morena estava escrevendo algo no computador quando Felix a pegou pelos ombros com extrema violência e jogou-a contra a parede.

—Por que...por que não me disse nada! – gritou Felix, completamente domado pela fúria que sentia.

Natalie nada respondeu, talvez pelo susto de ver o jovem ali, ou talvez à maneira que ele estava agindo. Felix ao perceber o silêncio da morena se irritou mais ainda, e começou a pressionar seu pescoço.

—Fala! Natalie! – gritou próximo a ela – Por que não me disse nada!

—Seu...pai.... – falou ela com dificuldade. Felix a soltou e Natalie foi direto ao chão, ao se ver livre do aperto a morena começou a tossir e respirar com dificuldade – Seu pai...ele me proibiu de contar qualquer coisa...não importava o que fosse...

Felix estava ofegante, o jovem lançou a Natalie um ultimo olhar de fúria e saiu indo em direção ao hospital.

Foi preciso alguns minutos de viagem, ao chegar lá ele foi direto a recepção perguntando por Adrien. A atendente lhe respondeu que o menino havia sido transferido a uma semana para um outro hospital a alguns quilômetros dali.

Felix entrou novamente no carro e seguiu para o outro hospital, ao chegar lá o loiro percebeu o motivo da mudança: esconder o fato de Adrien ser um Agreste, e tornar a sua estadia lá a mais discreta possível.

Assim que entrou e perguntou pelo menino, uma bonita enfermeira o levou até o quarto de Adrien, que ficava no terceiro andar do hospital. Assim que entrou no quarto, Felix viu Adrien deitado na cama, com diversos aparelhos conectados ao seu corpo.

O loiro percebeu que havia uma pasta ao lado da cama, e bastou um olhar de Felix para que ele percebesse que eram os desenhos que ele havia pedido para Adrien fazer.

—Quando chegamos, ele estava agarrado nisso – falou o medico, entrando no quarto – Ele chamava o nome de alguém enquanto tinha uma parada cardíaca.

 Felix sentiu algo quente escorrer por seu rosto, ao passar a mão, percebeu surpreso que se tratava de uma lágrimas.

—O que aconteceu com ele? – perguntou o loiro, evitando olhar para o medico, pois não poderia demonstrar fraqueza, nunca.

—Adrien teve uma parada respiratória, seguida de uma parada cardíaca – falou o medico – Não sabemos exatamente o motivo de ele ter sofrido isso, mais percebemos que ele estava abaixo do peso e com principio de anemia.

—Há quanto tempo isso aconteceu? – perguntou Felix.

—A mais ou menos um mês – respondeu o medico. Felix ao ouvir isso sentiu muita raiva, tanto de seu pai como de Natalie e sua maldita lealdade – Ele esta em coma desde e então. E não sabemos se ele ira acordar algum dia.

—Entendo – Felix obervava o rosto calmo de Adrien, enquanto a culpa consuma sua mente.Se ele estivesse lá nada disso teria acontecido, a culpa era tanto sua como de seu pai e os demais empregados da casa.

 Felix pediu ao medico para ficar um pouco sozinho, pedido que o medico atendeu com rapidez, saindo do quarto e fechando a porta em silêncio.

Felix aproximou-se da cama, pegando a pequena mão de Adrien e segurando-a com extremo carinho enquanto sentia mais lágrimass escorrerem por seu rosto e caírem na cama. Felix acabou caindo de joelhos, deixando toda a tristeza e culpa sair, o que o fez chorar como uma criança.

***

Nino vinha andando pelos corredores do tão conhecido hospital, não por vontade própria mais sim por seu chefe, seu amigo, seu colega Felix. Fazia quase quatro meses que Felix não voltava a empresa, nem dava um sinal de vida e por isso toda a responsabilidade de manter a empresa funcionando havia recado sobre Juleka a vice-presidente e sobre ele.

O jovem entrou no quarto, vendo aquele que um dia ele sentiu medo e admiração sentado em uma poltrona usando roupas simples, muito diferente dos ternos caríssimos que ele sempre o via usar.

Aquela deveria ser a sua centésima tentativa que fazer o loiro retornar a Europa e recuperar o tempo perdido, porém este se recusava e deixar a cabeceira da cama do meio irmão. Nino, que não possuía irmãos, não conseguia compreender o motivo de o loiro estar fazendo aquilo, porém bastou ficar algumas horas ali para compreender o tamanho do amor que Felix possuía pelo menor, e ele percebeu que o loiro estava simplesmente disposto a morrer pelo pequenino.

—Nem comece a falar Nino – falou Felix, passando levemente a mão no rosto – Essa já é a centésima terceira vez que você vem aqui para me levar de volta, e será a centésima terceira vez que você não vai conseguir.

Um suspiro pesado por parte de Nino.

—Felix, você sabe que eu não estaria aqui se não fosse extremamente necessário – falou o moreno, o que fez Felix virar de frente para ele, mostrando um olhar cansado.

—Eu sei – falou ele, recostando-se na poltrona – Me desculpe por isso.

Nino suspirou pesadamente, ele então retirou um tablet preto de dentro da maleta e colocou em um balcão que havia próximo a porta.

—Pelo menos nós ajude um pouco – falou Nino – Juleka e eu somos péssimos em fechamentos e balanceamentos, você é o melhor em fazer esse tipo de coisa – Nino aproximou-se e colocou a mão no ombro de Felix – Isso será bom pra você, e pra mim também, diga-se de passagem.

Um riso leve por parte de Felix com a ultima frase de Nino, o moreno então virou-se e saiu do quarto. Felix ponderou um pouco sobre o que Nino havia dito, e decidiu fazer o que Nino pediu, afinal não adiantaria ficar se afundando em culpa e tristeza, e com esse pensamento ele se levantou e pegou o tablet, abrindo e acessando o servidor principal com a senha de administrador e abrindo o fechamento de lucros e resultados das empresas.

Nino estava no carro indo em direção ao aeroporto quando recebeu uma mensagem no celular, surpreso o jovem abriu a mensagem, rindo alto com o que leu.

“Da próxima vez que forem fazer uma salada, lembrem-se de faze-la com folhas e não com NUMEROS!”

***

Felix abria as janelas do quarto de Adrien, vendo as flores do jardim do hospital se abrindo, sinalizando que a primavera havia definitivamente chegado, Felix então olhou para Adrien, vendo que mesmo em coma o garoto havia crescido, e os cabelos loiros estavam bem compridos, quase cobrindo os olhos do menino.

—Adrien, por favor... – falou Felix, se aproximando e pegando a mão de Adrien – Por favor, acorda...Eu preciso de você....por favor...

Felix ergueu o olhar com esperança, porém Adrien continuava dormindo pesadamente, sem dar sinal de que iria acordar. Infelizmente as coisas não mantiveram-se daquela maneira, e durante uma madrugada os aparelhos de Adrien começaram a apitar.A enfermeira rapidamente acionou os médicos que vieram correndo, Adrien estava tendo mais uma parada cardíaca.

Felix dormia quando seu celular tocou no meio da madrugada, o jovem atendeu o telefone com a voz carregada de sono, porém ao ouvir a noticia foi como se jogassem um balde de agua fria em si, levando todo o seu sono.

Em poucos minutos o loiro já estava no hospital conversando com o medico, este lhe disse que Adrien estava lutando para viver, porém havia algo que estava impedindo o garoto de acordar, e eles simplesmente não sabiam o que era, e por tanto ele julgou ser algo emocional.

—Dizem que quando estamos em coma, sonhamos – começou o medico – Mais as vezes não sabemos diferenciar o sonho da realidade.

—Você já esteve em coma? – perguntou Felix, seriamente.

—Sim – falou o medico – Eu era rejeitado pela minha mãe, e acabei entrando em coma após uma overdose – o medico olhou tristemente para o loiro – Eu sonhava com as cenas aonde minha mãe me amava, e não queria acordar.

—Como você acordou? – perguntou Felix, um pouco surpreso com o relato do medico.

—Meu pai – falou ele, sorrindo largamente – Ele que me fez acordar, depois de quase dois anos em coma – ele deu um risinho baixo – É estranho falar disso, mais sinto que Adrien esta da mesma forma que eu, porém eu já tinha dezesseis anos, e ele tem somente cinco.

O loiro então olhou para o pequeno, que dormia ligado a diversos aparelhos. O medico então colocou a mão no ombro de Felix e sorriu, antes de pedir licença e sair do quarto, prometendo voltar daqui algumas horas.

Felix aproximou-se da cama e começou a acariciar os cabelos de Adrien com cuidado, lembrando das noites que passava com o menino, aonde ele se aninhava em seu corpo, segurando fortemente em seu pijama e Felix fazia carinho em sua cabeça até o pequenino finalmente dormir.

—Adrien, por favor...acorde... – falou o loiro, depositando um beijo cálido na testa do menino, enquanto uma singela lágrimas escorria de seus olhos.

Porém novamente os aparelhos começaram a apitar, e os médicos entraram em ação novamente. Felix arregalou os olhos, principalmente quando o bip constante da maquina virou um barulho continuo.

***

Adrien era levado pela mão através das diversas ruas, o pequenino vinha dando leves corridas para alcançar a bela mulher que o levava pela mão.

—Estou muito rápido? – perguntou ela para o pequenino, que balançou a cabeça sorrindo.

—Não mamãe – falou este, dando uma leve corrida para alcançá-la – Assim está bom!

—É mesmo? – falou a loira, sorrindo e diminuindo levemente sua velocidade, para que Adrien pudesse andar ao seu lado tranquilamente.

O pequeno não sabia, ou talvez não se lembrasse para onde estavam indo, mais isso não importava desde que estivesse com ela. E com esse pensamento ele seguia ao seu lado muito feliz.

Mais alguma coisa dentro de si dizia que algo estava errado, porém ele ignorava isso, tudo que ele queria era ficar com ela, e com esse pensamento Adrien ignorou o que seu coração lhe dizia e segurou mais forte a mão da mulher.

Adrien...

Uma voz soou em sua cabeça, assim como um toque quente e carinhoso em seus cabelos. A voz lhe era familiar, mais ele não lembrava a quem pertencia, ele não queria lembrar, queria continuar ali.

Adrien, por favor...acorde....

Um beijo em sua testa, e ele lembrou-se da voz e de quem pertencia, porém junto com isso ele lembrou-se das coisas ruins que haviam acontecido, do fato de ficar sozinho, de ficar abandonado , de ser tratado como uma doença, como veneno.

O jovem soltou a mão da mulher e agachou-se no chão, sentindo as lágrimass escorrerem de seus olhos, porém uma musica baixa começou a soar em seus ouvidos, uma musica que ele conhecia bem.

—Adrien – chamou a voz feminina, o que fez o pequenino erguer o rosto, vendo os olhos tão verdes quanto os seus.

—Mãe? – falou ele, olhando para o rosto da mulher com cuidado.

—Ah Adrien! – falou ela sorrindo e se abaixando – Meu amado Adrien.

—Mamãe! – falou o menino abraçando a mulher enquanto chorava.

—Adrien... já esta na hora de acordar – falou ela, sorrindo.

—Não! Eu não quero acordar! Eu quero ficar aqui com você – falou o jovem, observando o rosto da mulher, desejando nunca mais se esquecer dele.

—Você não pode ficar aqui – falou ela, dando-lhe um sorriso triste – Ainda não é a hora.

Mais lágrimas escorreram dos olhos de Adrien.

—Adrien... – começou ela.

—Não! Eu não vou ir embora! – gritou o pequeno, agarrado na roupa da mãe – Eu nunca mais vou deixar você ir.

Um riso leve por parte dela.

—Eu nunca fui embora – falou ela, sorrindo – Eu sempre estive com você – ela se afastou dele um pouco, forçando o menino a encara-la nos olhos – E sempre estarei com você.

—Não... Não! – falou o pequenino, negando-se a aceitar aquilo – Eu não quero ficar sozinho.

—E você não está sozinho – falou ela, sorrindo – Eu estarei lá, e ele também.

Ela então apontou para o lado, e uma figura masculina apareceu um pouco longe da dupla. Adrien olhou atentamente, vendo a figura tomar a forma de seu irmão.

—Felix... – sussurrou Adrien, olhando para o homem. Logo seus olhos encheram-se de lágrimas, porém estas não eram de tristeza, mais sim de saudade.

—Não tenha medo Adrien – falou ela, acariciando os cabelos loiros do filho e se levantando, levando o menino consigo – Esta tudo bem.

Adrien respirou fundo e olhou para a mãe, pela primeira vez o pequeno se sentia dividido.

—Você promete? – falou o pequenino, ainda chorando – Promete que sempre estará lá?

Ela sorriu e deu-lhe um ultimo abraço.

—Eu prometo – falou ela, colocando a mão para frente e esticando o dedinho, Adrien entendeu o recado e juntou o seu dedinho com o de sua mãe.

Porém tudo tornou-se turvo e uma forte nevoa cobriu tudo, Adrien viu sua mãe desaparecer devagar, assim como tudo em volta, e ele sentiu como se estivesse flutuando, indo para algum lugar muito longe.


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