Obscure Grace escrita por Ahelin


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Hey, pudim!
Como vão as coisas na vizinhança?
Digo, na Terra.

GENTE EU VOLTEI
ME DESCULPEM
EU TÔ SEM INTERNET EM CASA ME PERDOEM E NÃO DESISTAM DE MIM

Sério, perdão, minha vida tá uma loucura e eu não tô podendo escrever, e não queria postar qualquer porcaria só pra cumprir o prazo :(

Tenho alguns avisos importantes:

— Ao menos até minha vida regularizar novamente, não tenho uma data fixa pra postar :( me perdoam?
— O vídeo tá em processo de edição, mas não tenho internet pra postar. GENTE SÉRIO EU JURO QUE VAI SAIR, TENHAM PACIÊNCIA.
— NÃO TÁ EM HIATUS, GENTE. TÔ VIVA E ESCREVENDO, SÓ NÃO SEI QUANDO VOU POSTAR.
— Tenho uma festa de 15 anos no sábado, o crush vai e eu não sei rebolar a raba. Me ajudem. Tu que lê, te considero abiguinho, ENTÃO ME AJUDA :(

Era só :3
Espero que goste do capítulo, de coração.
Até lá embaixo o/



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— E como funciona essa poção milagrosa? — pergunto a Will.

Estamos sentados no tapete laranja felpudo do meu quarto na casa de vovó, com a porta trancada. Já passou da meia-noite, e a única luz iluminando o cômodo é a lâmpada do abajur. Nem imagino o que a velha vai pensar que estou fazendo, quando a verdade é que acabo de devorar a última migalha do pacote de Doritos em meu colo enquanto observo um homem de vinte anos completamente interessado em seu iPhone. As sobrancelhas estão arqueadas, em dúvida, e a luz da tela refletindo em seu rosto de um jeito muito sombrio.

De acordo com o que ela me disse, o Rafael dessa realidade está viajando com sua namorada, que não faço ideia de quem é, então nada vai nos atrapalhar aqui.

Todos os ingredientes que comprei no mercado estão dispostos bem perto, junto com uma colher e uma tesoura sem ponta só por precaução. Além deles, há também tinta preta e um pincel, que Will trouxe e não tenho ideia de qual será a sua serventia.

— Não é uma poção, isso não é Harry Potter — diz ele, concentrado.

— Talvez tenha razão — retruco. — Tá mais pra... — Paro por um momento. Qual seria o nome perfeito se minha vida fosse um livro? Digo, minha morte, nesse caso. — Algo relacionado a céu, e tem que ter "obscuro" também. Paraíso Obscuro? Não, é broxante. Talvez graça, que tal?

Ele agora está me observando com uma expressão engraçada que parece dizer "o que é que você tá fazendo da sua vida, Melissa?". Pois é, eu vivo me perguntando isso.

— Espero que não esteja bolando um trocadilho com meu nome. — Seu rosto se suaviza levemente com um pequeno sorriso.

— Eu não estava, mas agora vou fazer isso! — Bato palmas, e ele revira os olhos, mas suas feições ainda mostram divertimento. — Graça, Grace, é uma boa ideia. Graça Obscura... Obscure Grace!

Gargalho alto, e ele também.

— Certo, Obscure Grace será o nome da nossa história.

Ficamos em silêncio por um tempo, mas é desconfortável. Resolvo retomar o assunto:

— Como funciona a poção milagrosa mesmo?

— É como atrair uma criança com bolo, com a diferença de que o anjo não escolhe se quer vir ou não. — responde, ignorando que eu tenha chamado de poção outra vez. — Achei! — Depois disso, pega a vasilha em cima da cama e cruza as pernas, colocando-a sobre seu colo. — A hortelã, por favor.

Alcanço as pequenas folhas e ele as parte em pedaçinhos, jogando dentro da vasilha e amassando com a colher.

— E quem garante que ele vai nos ajudar? — Penso por um segundo e puxo o celular de Will de cima do joelho dele. Na tela, há algumas palavras que parecem estar em espanhol. — O que é isso? O feitiço?

— Muitas perguntas — ele corta. — Vá devagar. Tenho que ler isso aí, não deixe sumir. Além do mais, já disse que não é um feitiço. — Depois disso, ele para e umedece os lábios. — Lis, só posso te pedir pra torcer muito. Respire fundo e cruze os dedos, fique com pensamento positivo e imagine o anjo mais bonzinho que conseguir, porque se chamarmos um dos de Natanael, teremos sérios problemas.

Pisco, tentando entender o que ele disse. Há algum anjo bom?

— Quem é Natanael? — Passo a canela para ele, apreciando a sonoridade que a palavra deixa no ar.

— O chefe de tudo isso aqui. Sabe o que você aprendeu na escola dominical sobre as escalas de hierarquia dos anjos? — Nunca aprendi nada sobre quem manda em quem no céu, mas tenho medo de dizer isso e Will se sentir na obrigação de me explicar, então apenas balanço a cabeça positivamente. — Bom, esqueça, já faz vários milênios que não é assim. Na verdade, nem eu entendo a organização deles, mas se fosse uma grande empresa Natanael seria o presidente.

"Há milhões de anos, um anjo chamado Emmanuel começou a se voltar contra esse sistema. Seria justo roubar a vida que Deus deu? Porque, sim, os anjos acreditavam nEle, embora não soubessem se Ele existia. O único que poderia dizer com certeza era Metatron, o mais poderoso de todos, mas ele estava desaparecido.

"Emmanuel falou com homens e mulheres que se dedicavam a ouvi-lo durante muito tempo, pregando uma ideia de céu que não era exatamente verdade. Ao contrário do que parece, ele não queria mentir pelo prazer da mentira, queria apenas lhes dar esperança.

"Então, pouco mais de dois mil anos atrás, o próprio Emmanuel desceu a terra, na forma de um homem. Essa parte da história você conhece exatamente como aconteceu: milagres e promessas divinas. Ao mesmo tempo, anjos discípulos de Emmanuel no céu seguiram sei exemplo e começaram a lutar contra os outros. Metade dos arcanjos de juntou a eles, e foi apenas o início da Guerra. Muitas mortes, sangue e batalhas intermináveis durante trinta anos até que foi sugerida uma trégua para que tudo fosse resolvido de forma diplomática, por uma votação, como criaturas racionais fariam.

Porém, não demorou muito para que alguém matasse Emmanuel, esperando silenciar o movimento. Sete dos mais poderosos ordenados de Natanael crucificaram o chefe dos protestantes, mas isso acabou contando os dias da trégua que tinham feito. Quando o último descendente de Raziel fosse caçado e não houvesse mais sangue celestial entre os humanos, os exércitos estariam formados e a Guerra recomeçaria, e não seria encerrada enquanto um dos lados não caísse por terra de uma vez por todas."

— Will — sussurro. — O último já foi morto?

— O penúltimo humano com sangue de anjo era seu amigo Leo, Lis. A última é Cibele. — Ele umedece os lábios e alcança o mel, despejando uma boa quantidade na mistura que está mexendo. Depois de poucos segundos, se levanta e faz um sinal com a mão para que eu sente em outro lugar.

— Ah. — Subo na cama, puxando uma almofada para colocá-la no colo enquanto observo Will chutar o tapete e mergulhar o dedo indicador na mistura que acabou de fazer e começar a desenhar no chão. Nem tenho presença de espírito para reclamar do que ele está fazendo, a notícia me atingiu como um soco no queixo e a dor vem em ondas. Antes Leo, agora Cibele. Eu realmente achava que as únicas coisas que eles tinham em comum eram o cabelo ruivo e a habilidade de me fazer rir. Então, de repente, uma ideia me ocorre. — Will... — sussurro. — Cibele ia pra minha casa comigo. Ela desistiu horas antes porque ia se encontrar com um primo, não sei bem, mas depois ia pegar um avião pra passar as férias no Rio.

— Isso mesmo — devolve ele, ao mesmo tempo que faz no chão uma espécie de pentágono atravessado por duas linhas que se cruzam e um círculo dentro dele. — Era pra ela ter morrido naquele acidente, e não você.

— Por um momento quase achei que eu era a escolhida ou algo assim, mas no fim foi só um erro de cálculo — ironizo, e as palavras têm um gosto amargo. Mesmo assim, é uma sensação estranha: quase fico feliz por ter sido eu e não ela.

— Sei que isso te preocupa. — Ele termina seu pequeno desenho maluco e derrama tinta preta no que sobrou da mistura na vasilha. — Mas tem muitos dos nossos aliados cuidando dela. É nossa única chance de adiar o que está por vir... Dá pra ver que ninguém quer lutar, isso não é da natureza dos anjos. Os únicos que mantém esse conflito são Raziel e Natanael, mas todos lutarão se for preciso. Só esperamos que nunca seja.

Suspiro. Em que merda eu fui me meter? Uma guerra civil entre anjos, e estão lutando por nossa causa.

Will já pegou o pincel e está desenhando um grande círculo negro em volta do pentágono.

— Eu sei que já perguntei isso, mas onde está Deus nisso tudo? — Fecho os olhos, tentando apagar o que ele disse da mente, mas não funciona. — Você me contou que acredita.

Isso o faz parar e se virar pra mim.

— Emmanuel estragou mesmo os humanos... — Ele suspira. — O Deus sobre o qual os anjos cantam não estala os dedos e tudo está ok. Tudo isso exigiu trabalho duro e determinação, ao menos é o que eles dizem. Se for verdade, não seria fácil assim.

Fecho os olhos de novo, imaginando William como um dos anjos. Depois de tanto tempo convivendo com eles, deve ter sobrado pouco do verdadeiro rapaz que um dia esteve vivo e amou Liv. Ele aparece timidamente e se mostra poucas vezes, como fez cerca de cinco minutos atrás.

Ele termina o círculo, e percebo que em nenhum momento passa para dentro dele.

— E agora? — Observo atentamente seu rosto em busca de algo que me deixe mais confortável, mas não há nada.

— Fósforos — responde ele. — Precisamos de fogo.

Arregalo os olhos.

— Vamos colocar fogo na casa da minha avó?

— Você quer ou não sair daqui?

Certo, ele venceu essa. Puxo da gaveta do criado-mudo uma caixa de fósforos e jogo para ele, que pega no ar e se ajoelha em frente ao desenho e acende um, lentamente incendiando o círculo maior. As chamas sobem mais do que eu esperava, batendo nas canelas de Will, e não parecem ter intenção de queimar o piso. Nem ao menos fazem barulho, e seu tom é azulado.

— Ei — chamo. — Você está bem? — Os olhos dele encaram fixamente o fogo dançando alegre pelo ar. Parecem brilhar com fascinação e um pouco de medo, e nem preciso perguntar o motivo: Will morreu em uma fogueira.

— Sim... — Sua voz sai um pouco áspera. — Estou bem.

Me levanto e entrego a ele o celular, onde as palavras em outra língua ainda brilham. Quando ele estende a mão para pegá-lo, seus dedos envolvem os meus por mais tempo que seria necessário. É um daqueles momentos em que só quero um abraço, por mais bobo e infantil que possa parecer.

— Vou tirar você daqui — digo, mostrando a ele meu melhor sorriso. — Só não sei como, mas você vai junto comigo.

Espero uma resposta irônica ou evasiva, como ele deu todas as outras vezes, mas não é o que acontece. Em vez disso, Will sorri de volta e tudo em seu rosto parece mais suave.

— Obrigado, Melissa. — Então, antes que eu possa fazer algo pra impedi-lo, ele me envolve afetuosamente e me afundo em seu abraço.

— Não entendi — murmuro, apertando o corpo dele contra o meu, e parece que nada vai me obrigar a soltá-lo.

— Por cumprir sua promessa — murmura ele. — E voltar pra me buscar. — Suas mãos desalinham meu cabelo, e posso sentir seus dedos fazendo cachos com pequenas mechas dele.

— O quê? — pergunto de novo, e desejo mais que qualquer coisa não ter perguntado porque ele se afasta assim que escuta. Procuro em sua expressão algum indício de que vai brigar comigo, mas ele continua sorrindo.

— Nada, esqueça disso. Vamos chamar seu anjo.

As palavras que antes achei que fossem em espanhol preenchem o silêncio do quarto, ecoando pelas paredes.

Veni ad nos , aurea angelus

Videamus

Da nobis gratiam tui

In virtute introducam

Will o repete o parágrafo três vezes, sem hesitar ou pausar. Depois que termina, a luz parece diminuir de intensidade e uma brisa vinda de um lugar desconhecido faz as chamas tremularem. Não sei o que significa, mas deve ser poderoso. Soa como os exorcismos que vi Dean e Sam recitarem em Supernatural.

— É só isso? — resmungo. Em seguida, a lâmpada se apaga de vez e acabo dando um pulo de susto. Com isso, me desequilibro e quase caio, mas Will segura meu braço.

— Cuidado — sussurra ele.

Há um barulho de passos se aproximando, mas ele para em menos de dois segundos. Agarro sorrateiramente o ombro de Will e não digo uma só palavra, esperando que algo mais aconteça.

De repente, a luz volta. Há um par de olhos verde-esmeraldas me encarando de dentro do círculo de chamas. Posso até imaginar uma franja cor de cobre caindo sobre eles, mas o cabelo do rapaz que me encara está curto. Mesmo assim, não há dúvidas: os parênteses ao redor da boca e as poucas sardas ao redor do nariz.

Arregalo os olhos e quase me engasgo com o oxigênio. As paredes do quarto parecem estar mais próximas e vão me esmagar em questão de segundos.

— Leo?


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Notas finais do capítulo

E aí? Ficou bom?
Adoraria ler sua opinião :3

Pra quem quiser conferir o desenho do Will: http://imgur.com/DXrBfJk

E era só. Perdão, mais uma vez.
Beijinhos ♡