Obscure Grace escrita por Ahelin


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Hey, pudim!
Como vão as coisas na Terra?

CHEGAY AQUI PRA CAUSAR
Perdoem o Caps Lock, mas eu tô SURTANDO. Desde o último capítulo, Obscure Grace teve duas recomendações!

GENTE FSLKSKS
Stella, sua linda, obrigada. Você me tirou da bad. Estrelinha na tua testa!
E Mel, ah, Mel. Preciso dizer que foi a coisa mais emocionante que já me escreveram? SIM, contando com o textão de aniversário que o crush me escreveu.

VICK! NÃO PENSE QUE ESCAPARÁ!
Obrigada de novo, nunca vou agradecer o suficiente.
Josué, você também. Sério, ME ABRAÇA

Vocês são incríveis! Esperem um parágrafo do tamanho do pico Everest pra cada um nos agradecimentos finais da fic.

Esse capítulo eu dedico a vocês, por serem tão maravilhosos :3
Até lá embaixo o/



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Nunca tinha parado pra pensar na futilidade de tudo que eu considerava importante: o ballet, o colégio interno, a faculdade... Isso acabou, e não sinto falta da Mirela gritando na minha orelha ou da dor imensurável nos pés por causa das sapatilhas de ponta. Tenho saudade das pessoas que amava, ou melhor, que amo, as mesmas que deixei de lado para correr atrás de um sonho.

Pensando bem, acho que a vida é como um prato de crepes de Nutella com morango. A minha era mesmo deliciosa, mas eu quis comer primeiro o prato cheio de legumes pra deixar a melhor parte pra depois. A cada legume, cortava outro morango e o colocava por cima da sobremesa para me lembrar da recompensa que teria depois. Porém, o que eu não sabia é que não haveria um depois; quando finalmente estava prestes a comer meus crepes, eles tinham estragado.

— Ei — chama Will, e sua mão aperta a minha com força. Quando o encaro, os olhos dele estão fechados e sua expressão mostra que está muito mal.

— O que é? — pergunto, preocupada. Parece que ele vai vomitar a qualquer momento.

— Nada — resmunga. Nesse momento, lembro de Raziel dizendo que ele sentiria o tempo todo a dor de ser queimado e meu coração se aperta com a ideia. Numa tentativa de distraí-lo ou até animá-lo, sorrio.

— Sabe, quando eu era pequena a minha mãe costumava fazer brigadeiro de panela toda vez que eu ficava triste — conto.

— Quando era pequena? — Will abre os olhos e os estreita, entrando na brincadeira, e todo o clima ruim entre nós parece evaporar. Bom, só parece... Minhas mãos continuam tremendo. — Você ainda é.

— Ok, senhor ceifeiro, quando eu era menor — corrijo e reviro os olhos. — E sempre comia tudo sozinha.

— Não sei o que é brigadeiro — diz ele, dando de ombros devagar. — Acho que isso não existia em 1852.

— Bom, então eu vou fazer pra você! — Bato palmas como uma criança que ganhou um brinquedo novo, porque faz muito tempo que não como brigadeiro.

Mesmo que seja só uma desculpa pra sair daquele quarto, digo que vou voltar logo e levanto. No corredor, há mais duas portas à esquerda e uma à direita, e no fim uma saída para o que parece ser a cozinha.

A casa é muito elegante, por falar nisso, mas o chão está tão frio que me arrependo de ter deixado os calçados perto da cama. A maior pergunta é: para onde foi que o Will me trouxe? O piso é completamente de vermelhão, como na casa da minha avó, e tudo tem um cheiro de comida gostosa no forno, também como na casa da vovó.

— Will — chamo. — Onde estamos?

— Na casa da sua avó — ele responde, do quarto. Volto rapidamente e coloco a cabeça na porta, de olhos arregalados. Will nos trouxe pra casa de uma senhora idosa com ótima visão e mira melhor ainda? Do jeito que é, vendo duas pessoas não convidadas dentro da casa dela, pode correr atrás de nós balançando uma vassoura como se fôssemos baratas. Será que ele ficou louco? — Não se preocupe com isso — diz, erguendo as mãos como quem se rende. — Em primeiro lugar, só trouxe a gente pro próximo estágio, não controlei o que íamos encontrar. E em segundo, nessa realidade hoje é sexta, ela provavelmente não está em casa.

— Ué — resmungo, confusa. — Por quê?

— Gente velha joga bingo na sexta — responde, como se fosse a verdade mais incontestável do mundo.

Ok, só preciso respirar fundo e me controlar. Com certeza vovó não está em casa, mesmo que não esteja jogando bingo hoje.

— Levanta e vem me ajudar, Will — digo, por fim. — Ainda temos muito pra discutir. — Ele nem resiste, só vem comigo até a cozinha e observa enquanto pego os ingredientes: chocolate em pó, leite condensado e margarina. — Então você nasceu na Inglaterra — começo, procurando por uma panela do tamanho certo, mas é bem difícil fazer isso enquanto escondo os tiques nervosos que tentam se apoderar do meu corpo. — Como consegue falar português?

— Sei falar qualquer língua — responde ele, sentando na pia à minha frente. — Precisamos saber por questões de segurança, eu acho.

— Pode tirar os pés daí, por favor? — Ergo as sobrancelhas, e em resposta ele levanta os pés para que eu possa olhar o armário. — Você nem tem sotaque, é um pouco estranho. — Puxo uma panela e a coloco em cima da pia, misturando tudo dentro dela. Tenho que admitir que é bem desconfortável ter Will observando cada movimento meu.

— Posso provar isso? — Ele estende a mão, provavelmente pra passar o dedo no leite condensado, mas pego na gaveta uma colher e bato com ela em seu pulso.

— Não, ainda não acabei. — Coloco o futuro doce no fogão e ligo, começando a mexer. O segredo pra um bom brigadeiro é não deixar nada grudar no fundo.

— Três perguntas — diz, de repente, e eu o encaro sem entender. — Você tem três perguntas, Melissa. Use com sabedoria.

Acabo de ter a revelação mais bombástica da minha vida e cinco minutos depois um cara sentado na pia me vem com essa de três perguntas. Tem como ficar pior?

Alguns instantes se passam, e o silêncio só é cortado pelo som da colher raspando no fundo da panela. Há mil e oito perguntas que quero fazer a Will, mas ele só me deu três... Que droga.

— Por que eu encontrei minha professora em um dos estágios? — solto, depois de pensar mais um pouco. — Não uma memória dela, mas... Ela, de verdade. E, além de tudo, ela manipulou o estágio todo e me mostrou a próxima saída.

Ele pensa um pouco e umedece os lábios.

— Quando uma pessoa é muito importante na sua vida, em algum momento o seu céu pode se entrelaçar com o dela. Sua professora deve ter feito uma diferença enorme, né? — Assinto. — Então. Ela faz parte de você, e você dela, então era justo que se encontrassem em algum momento. Qual o nome dela?

— Paula — respondo. Ele pega seu iPhone e pesquisa por alguns minutos, depois me mostra a foto da minha professora na tela. Assinto de novo. — É ela.

— Ela pôde manipular o céu porque tinha sangue de anjo — revela, me fazendo estremecer. Paula, um anjo! Bom, eu sempre suspeitei que ela tivesse lá sua parte celestial, mas não literalmente. Ao me ver boquiaberta assim, Will dá de ombros. — Não seria o primeiro conhecido seu, de qualquer forma. Como eu disse, estão por toda parte, e os anjos vão atrás deles como aldeões vão atrás de bruxas.

William e seu humor negro.

— Mas como conseguem caçar tanta gente sem ninguém perceber? — Provo o brigadeiro, mas ainda não está pronto.

— Eles fazem isso sutilmente. Por que acha que existem tantos acidentes e doenças como o câncer? — Ele guarda o celular depois disso, e estremeço novamente com a pergunta, demorando um tempo pra processar a informação.

Então Leo era um deles? É doloroso pensar nele dessa forma, sendo assassinado por algo que não era culpa sua. Por acaso nascer é culpa de alguém? A cada minuto que passo aqui, só penso mais em voltar. Essa pergunta resultou em outras mil, uma péssima hora pra Will me dar apenas três.

— Existe inferno? — murmuro em vez disso. Não sei ao certo, mas sinto que logo saberei o que realmente houve com meu amigo e, além disso, sinto um calafrio com a ideia de descobrir algo que não quero realmente saber.

Em resposta, ele se levanta e toma meu lugar, me empurrando até a mesa. Puxa uma cadeira, empurra meus ombros pra baixo até que eu sente e pega a colher, começando a mexer.

— Sabe, existe sim. Mas também é mantido pelos anjos, e não por outras coisas — despeja, umedecendo os lábios mais uma vez, e deixo que continue. Era de se esperar que, a essa altura, uma notícia assim não me chocasse tanto, mas ela cria uma expectativa enorme de saber mais como tudo que já aprendi. — Quando alguém comete um crime ou algo assim, algo hediondo como o homicídio, fica se recriminando por isso, mesmo que não perceba. Não é da natureza humana agir assim, e seu subconsciente fica carregado de culpa. Se uma pessoa assim vai pro paraíso, é automático que ela se revolte contra isso; afinal sua mente já aceitou a ideia de ir pra um lugar ruim depois da morte, um inferno, e a ideia fica tão intrincada dentro dela que outra coisa seria absurda. Entende o que eu quero dizer?

Assinto, devagar. Uau.

— Então, no fim — arrisco. — O que conta é o que a pessoa acha que é certo pra ela?

— No fim, quem faz seu próprio paraíso é você. — Os olhos dele brilham levemente com a frase, e um resquício de sorriso parece tremular em seu rosto. É como se, pela primeira vez, eu estivesse vendo o jovem Liam ali.

Me levanto e desligo o fogo, mas Will não se afasta. Tiro a colher de sua mão, erguendo o olhar mais do que eu gostaria de precisar para encontrar aquele mar de estrelas.

Não sei se é para aliviar o clima ou pra adiar os pensamentos que vão invadir minha mente a qualquer minuto, mas escolho a pergunta mais aleatória que consigo para fechar com chave de ouro.

— Se a gente se esbarrasse na rua um dia — começo, deixando todo o resto de lado e me esforçando pra sorrir. — Um dia qualquer, como qualquer outro, e fôssemos duas pessoas normais, vivas. — Ele ri disso, e comemoro por dentro. — O que você diria pra mim?

Por um momento, dá pra esquecer de todo o resto, todo o ruim. Chego a desejar que a situação que eu descrevi seja real.

— Olha, eu não sei. — Ele dá de ombros, e está muito perto de mim agora. Pega da minha mão a colher e prova o brigadeiro, fechando os olhos por um instante e voltando a abri-los logo depois. — Acho que diria que seus olhos têm a cor da coisa mais gostosa do universo, que eu acabei de provar. — Ele continua comendo e me oferece, maravilhado. — Seus olhos têm cor de brigadeiro, Melissa.

Antes que eu possa controlar, levo a mão até seu pescoço e subo até entrelaçar os dedos nos cachos dele. As palavras simplesmente saem, sem que eu tenha algum controle.

— O que houve com a Liv, Will? — A pergunta sai carregada com um milhão de sentimentos que não dá pra identificar.

E, tão rápido quanto começou, o momento acaba. Ele se desvencilha de mim e caminha pra longe, aparentemente esquecendo da mancha de brigadeiro em sua bochecha.

— As perguntas acabaram.


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Notas finais do capítulo

~desviando das facas~
cALMA GENTE NÃO PRECISA DESSA VIOLÊNCIA

E aí? O que achou?
Willis, cê shippa?

Comenta aí embaixo o que gostou e o que posso melhorar, me ajuda muito =D
Fora que a opinião de vocês é uma das coisas que torna Obscure Grace o que ela é.

E era isso.
Até logo o/
Beijinhos ♡

MENTIRA, EU ESQUECI FSLKSKS LEIAM ISSO:
Olá!
Fui desafiada por uma amiga, e agora estou organizando o "Mare responde".
A ideia é a seguinte:
Coletarei perguntas por aí e, no fim, farei um vídeo respondendo a todas, que será postado no meu perfil na data a ser definida.
Como você pode contribuir?
Ora, faça sua pergunta! Serve se for sobre Obscure Grace ou qualquer outra coisa! Todas as perguntas são bem-vindas.
Enfim, é isso. Espero realmente que essa brincadeira possa lhe trazer boas risadas.
Um beijo ♡

AGORA SIM, MANDEM AS PERGUNTAS
FUI o/