Jogos apenas escrita por Andie Jacksonn


Capítulo 4
Apenas um amistoso contra a droga do antigo time dele


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente. Eu nem sei o que dizer, ou melhor, escrever, porque eu sumi por mais de três meses. Eu disse que o capítulo quatro estava quase pronto e era verdade, mas eu perdi o pen drive que tinha todas as minhas fics (pois é, perdi todas as fics, então se vc acompanha alguma outra, tenha muuuita paciência comigo, please) e portanto não consegui postar antes. Eu tinha alguma coisa salvo, graças à Deus, mas ainda assim fiquei muito triste com o acontecido.
Mas nada disso importa agora... Temos um novo capítulo e gigante, diga-se de passagem, espero que gostem, e eu ainda vou responder cada review, okay? Divirtam-se!



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Então, o jogo que teremos hoje é um amistoso dos EUA contra a nossa amada Inglaterra, mas dizem por aí que não é bom para um narrador mostrar preferência pelos times. Portanto só vou dizer uma vez: Arrasem com essas águias americanas, meus amigos! Esses dois times já estão classificados para a Copa Mundial desse ano que vai ter como sede a Espanha... – começou o narrador, Victor Jordan, sentado em sua cabine, dando-lhe uma das melhores visões do campo.

Ele era o narrador preferido de toda a Inglaterra. Bom, ele e a sua parceira:

É isso aí, maninho! Esperamos uma grande festa que vai ter início dia três de julho deste ano — narrou Katherine Jordan para a maioria dos rádios bruxos ligados no país e também para os torcedores que já haviam enchido o estádio.

A família de Rose estava presente em peso, afinal EUA versus Inglaterra sempre foi conhecido como um clássico.

Eu sou apaixonada por esse país, inventor desse esporte, assim como do futebol, esporte muito famoso entre os trouxas... — começou Katherine.

Katie, ninguém liga para essas suas curiosidades ridículas, vamos a esse banho de sangue... Quero dizer, esse jogo interessantíssimo que nos espera — interrompeu Victor, zoando a irmã.

— Ron, vamos cruzar os dedos, e esperar o melhor – disse George, entrando na área VIP.

O pai de Rose revirou os olhos.

— Qual é, tio? – falou James – A minha Alicinha e a Rose no mesmo time? Não tem para ninguém.

— Não quero te desanimar sobrinho, mas você já deu uma olhada no time da casa dos americanos? Deu uma olhada no tamanho dos batedores?

— Sim. Mas a Ali sabe se cuidar – falou o namorado da Longbottom confiante.

Os dois se sentaram nos primeiros lugares e viram que, apenas três fileiras atrás, Lucius, Draco e Astoria estavam sentados, conversando.

— James – chamou Fred, entrando no camarote com a irmã Rox. – Você acredita em Deus?

— Acredito, por quê? Até parece que você não sabe que o meu pai e a tia Mione foram criados por trouxas, e passaram essas crenças para gente. A existência de bruxos não exclui a existência de Deus, já te falei isso. A Rox veio de novo com aquela ideia de que os seres humanos vieram de macacos? Fala sério, nada contra, mas é muito bizarro.

— Depois que eu te transformar em um macaco, você vai ver o que é bizarro – ameaçou Roxanne.

— Querido, alguém já te disse que, quando está nervoso, você fala demais? – disse Ginny, sentando-se atrás do filho.

— O que eu queria dizer, James, é que se você acredita em Deus, pode começar a rezar – disse Fred apontando para o lado do campo, por onde estava entrando os jogadores dos Estados Unidos.

Angelina e Hermione sentaram-se na primeira fileira também. Harry sentou-se ao lado da esposa, não sem antes cumprimentar com a cabeça os Malfoy. Astoria sorriu para ele de volta e Draco revirou os olhos, ás vezes não tinha paciência para esses tipos de formalidades. Louis chegou com a nova namorada, estava no último ano em Hogwarts e impossível, havia fugido por Hogsmeade para ver o jogo. Hermione havia se cansado de chamar a atenção dele.

Dominique estava nas arquibancadas com o pai, ambos gostavam de ficar junto com o pessoal que fazia barulho, e Fleur havia ficado em casa. Na verdade, ninguém nunca havia entendido como alguém tão fresca como Nick mudava drasticamente quando o assunto era quadribol, alguns desconfiavam que isso era coisa de dupla personalidade.

Os jogadores do EUA entraram agora. E o que podemos dizer? Tem apenas maricas no time...

Deixa de ser idiota, Victor – exclamou Katie. – São três garotas. Joana Smith, como goleira. E as irmãs Lopez: Luiza e Marina, ambas artilheiras. E quatro homens. O capitão e artilheiro Taylor Flynn, dizem ser um dos loiros mais bronzeados do país, parece que esse cara é um frequentador assíduo das praias californianas.

Quem está sendo idiota agora, maninha? — devolveu Victor – Temos também Josh Brenner, e Scott Barret, os batedores, e terminamos o time com o apanhador, escolhido como o melhor do ano em 2029, David Tent. Tenho que admitir, Katie, esse time é a menina dos olhos da comunidade bruxa dos EUA, esse confronto não vai ser nada fácil para o time da Casa.

— Viu? Eu não disse que iria ser impossível? – comentou Louis.

— Cala essa sua boca, francês de meia tigela – mandou James. – Antes que eu vá aí e faça isso para você.

— Ui. Estou morrendo de medo, Jaiminho.

James mandou o primo se ferrar.

E agora vamos ao time inglês que está entrando – disse Katherine, fazendo todos os torcedores olharem para o outro lado do campo. – Lucas Hill, o artilheiro que parece um príncipe. Já viu moreno com os olhos azuis mais lindos do que esse? Ele tem essa carinha de bom menino, que te faz querer levá-lo para casa.

Victor só revirou os olhos, mas não disse nada.

E temos também, o goleiro Mike Jackson, esse cara pode me levar para onde ele quiser, é um dos negros mais lindos que já vi na vida.

É pessoal, podemos ver que a minha maninha está tendo uma crise de abstinência de amassos bem séria. Será que dá para focarmos apenas nas qualidades profissionais dos jogadores?— perguntou Victor, fazendo os torcedores se divertirem.

As garotas amam as minhas descrições, ok? Só para constar. Não vamos esquecer a beleza latina Chris Rodrigues, o nosso batedor, um dos queridinhos do Puddlemere United, escolhido como um dos melhores do ano do Profeta, também, com aqueles braços não dá para negar que esse garoto pode fazer um estrago. Nos jogadores adversários, e também nos corações das garotas desavisadas. E agora acabou de entrar o herói do jogo contra a Argélia! Todos saúdem o loirinho, preferido de muitos: o apanhador Robert Jones!

Não acho que é exagero dizer que ele salvou o time semana passada — concordou Victor Jordan. – Foi uma surpresa para todo mundo, obviamente, que ele tivesse de fazer isso. A verdade é que surgiu um novo jogador, acredito que não deu tempo para os colegas se acostumarem com o jeito de jogar uns dos outros.

Espere aí, maninho. Admito que o time oficial talvez tivesse que ter sido anunciado antes, mas são todos profissionais. Não vamos negar o que toda a Inglaterra viu semana passada. Parecia um conflito vindo de Hogwarts, e quem esteve lá na mesma época que esses garotos sabe bem do que eu estou falando. O que nos leva ao novo loiro do time da Casa. Scorpius Malfoy! Os olhos cinza perigosos e o cabelo loiro curto nos leva ao oposto do Hill. Ele é o tipo de garoto malvado que deixa as mulheres loucas, e doidas para serem àquela que vai fazê-lo criar raízes. Ele foi escolhido como o melhor jogador do mundo duas vezes, e venceu a última Copa pelos EUA, e eu acho esse conflito pode ser o mais difícil para ele, jogar contra seu antigo time. Foi uma surpresa para todos quando o anúncio saiu semana passada, não se esperava que o Malfoy voltasse a jogar pela Inglaterra.

Voltasse? — questionou Victor – Semana passada foi o seu primeiro jogo pela Inglaterra, o Malfoyzinho nos deixou aos dezessete anos, e voltou para o país agora. Não posso dizer que o cara é ruim, seu imenso currículo de prêmios não me deixa mentir.  O que nos leva à gata de marca maior que entrou atrás dele, e que talvez seja a origem dos problemas do capitão. A princesa de cabelos quase negros e olhos azuis penetrantes, nossa artilheira, Rose Weasley! Estranho. Onde está o sorriso que sempre a acompanha?

Também não consigo ver, Victor. Rose sempre é bem-humorada, é a segunda vez que ela entra séria desse jeito. É nervosismo por causa do jogo ou é alguma tensão com o capitão? Espero que isso não a atrapalhe de novo. E por último, mas não menos importante, Alice Longbottom!

Essa batedora loira é tudo de bom e muito mais, entretanto não posso ficar falando muito porque já vi o namorado ciumento dela daqui. Os dois times estão próximos e agora é o momento do aperto de mãos entre os capitães.

Rose entrou em campo e prestou atenção no que estava sendo dito. A Weasley adorava as narrações de Victor, mas não conseguiu sorrir nem com tudo que ele disse sobre ela e sobre os outros jogadores. Ela queria jogar direito hoje e mostrar para todo idiota de plantão que ela veio para ficar. Era só uma pena que Rose ainda tinha que escutar instruções do maior idiota que de todos.

— Galera – gritou Giacomini, animado e nervoso, indo para o seu lugar. – Vamos com tudo! E deem o seu melhor. Weasley e Malfoy, mais uma briga em campo e eu tiro vocês do estádio, estão ouvindo?

Rose estava pensando que idiota era o Malfoy, mas o treinador estava deixando-a com os nervos à flor da pele. E doida para dar uns socos. Por que mesmo que ela não era batedora?

A Weasley balançou a cabeça quando viu que o Malfoy se aproximando do tal loiro bronzeado dos EUA, gostoso, mas com cara de idiota, rotulou a jovem.

— Preparado para beijar o grama debaixo dos meus pés, Malfoyzinha? – disse o Flynn, esticando a mão para Scorpius.

— Que vença o melhor homem – respondeu Malfoy sem se abalar.

Rose estranhou, ele nunca bancou o superior perto dela, pelo menos nunca desse jeito. Ele sempre retrucava.

— Isso parece certo, florzinha.

Rose viu que o batedor do outro time, Josh Brenner revirou os olhos, depois olhou diretamente para ela e levantou o bastão.

Droga! Que tamanho de braço eram aqueles daquele homem?

Scorpius Malfoy e Taylor Flynn apertaram as mãos e o juiz disse:

— Joguem limpo, rapazes.

— E moças – acrescentou Joana Smith, do lado dos americanos.

Que desnecessário – pensou Rose.

O juiz Adamastor Hooch era considerado extremamente severo, se Rose não estava enganada ele era sobrinho da Madame que apitava os jogos em Hogwarts na época do seu pai.

Todos montaram em suas vassouras, e Rose sentia que o estádio inteiro prendia a respiração. Era uma sensação indescritível para a Weasley que segurou com força a vassoura da sorte, que possui um cabo de freixo, superfino e aerodinâmico, acabamento com resistência de diamante, e que havia sido dada à outra pessoa por um amigo há muito falecido. Firebolt.

Alice respirou fundo e percebeu que Scorpius tinha razão, os batedores não estavam apenas de olho nos artilheiros, mas fitavam o Mike, porque sem goleiro, seria deliciosamente fácil fazer a goles cruzar os aros. Ela trocou olhares com o Chris, que iria se virar para proteger Robert, enquanto a Longbottom ficava de olho em Mike Jackson. Rose, Lucas e Scorpius iam ter que se virar sozinhos.

Scorpius notou que Josh sorria para ele e balançou a cabeça, o amigo estava com o mesmo ânimo: de bem com a vida sempre. Ele dizia que era o carma. Isso fez o Malfoy perceber também que o show que ele e a Weasley haviam dado na semana passada contra a Argélia deixou os americanos despreocupados. Os seus ex colegas estavam subestimando-o, ele só queria conseguir provar que eles estavam errados em fazer isso.

Hooch puxou um silvo forte no seu no seu apito e...

O jogo começou torcedores fanáticos. As quatorze vassouras já se ergueram no ar e foi dada a partida. A goles saiu das mãos de Scorpius Malfoy em direção do colega Lucas Hill, entretanto o americano Taylor Flynn pegou a bola e passou para um de seus colegas — narrou Victor.

Robert Jones já sumiu de vista junto com o apanhador dos EUA, e é isso aí, garota! Quero dizer, Rose Weasley tomou a goles e saiu voando, agora ninguém pega essa menina. Ela passou entre os dois batedores americanos e... Droga! Ela foi impedida por uma boa intervenção do goleiro adversário— continuava Katie, animada. – No lance as irmãs Lopez fizeram um Shimmy em Lucas Hill enquanto trocam a posse da goles! É inacreditável!

...

Momento Quadribol através dos séculos:

O Woollongong Shimmy é um movimento de zigue-zague em alta velocidade, feito com a intenção de derrubar o artilheiro adversário de sua vassoura.

...

Difícil de crer mesmo, maninha. O bom é que Lucas continua em cima da vassoura e bem. Não consigo discernir qual das duas irmãs está com a bola, e ai meus deuses do quadribol, foi gol! Gol! 10 a 0 para os Estados Unidos. A goles veio tão rápido e ao mesmo tempo em que um dos balaços vinha em direção a Mike Jackson, ele se desviou por pouco do balaço e por isso não conseguiu pegar a goles. É uma pena.

Não tem nada que nós possamos fazer — narrou Katie. – E o jogo continua. A posse da goles está com a Inglaterra e o Malfoy está no meio do campo, ele passou para Lucas Hill, que mandou para Rose Weasley, e droga! No momento de passar de volta para o Malfoy, um balaço mandado por Josh Brenner arrancou a goles da mão da nossa jogadora. Parece que os ingleses não começaram muito bem. O que foi aquilo? Por acaso, Robert Jones já avistou o pomo? Ele e David Tent estão voando em alta velocidade pelo meio do campo. E de quebra, atrapalhando os outros jogadores. E agora os dois pararam. Talvez a bolinha de ouro que define muito bem o final da partida tenha sumido novamente. Não consigo ver direito, mas parece que Taylor Finn, dos EUA conseguiu levar a goles para perto de Mike Jackson, e que defesa! O nosso goleiro acabou de usar um Double Eight Loop – também conhecido como a defesa de Oito Duplo, ele contornou os três aros do gol em alta velocidade. Irado!

E surpreendente, Katie. Essa tática é geralmente usada quando há cobrança de penalidade. É no mínimo inesperado, mas funcionou. Agora Rose Weasley começa a cruzar o campo novamente, e passa a goles para Smith, que passa para o Malfoy, que passou de volta para a Weasley enquanto ela cruzava com Alice Longbottom, que mandou um balaço na direção de Taylor Finn antes que ele chegasse em nossa princesa de olhos azuis e tentasse roubar a goles dela. Ela foi bloqueada por uma das irmãs Lopez, entretanto jogou para trás a bola, e o Malfoy pegou. Mas perdeu a posse, porque Taylor já se recuperou e trombou com Scorpius, assim garantiu que a Inglaterra não fizesse gol.

Estranho. Estou surpresa com as jogadas da Inglaterra, o time está até se concentrando muito bem, principalmente comparado ao jogo passado. Eu poderia dizer que são passes inesperados, entretanto os americanos conseguem sacar o que o time adversário vai fazer pouco antes que eles realmente o façam.

Acho que isso tudo tem a ver com o Malfoy. Ele implantou novas jogadas para o time inglês, mas os seus ex colegas o conhecem muito bem. Acredito que é isso. E foi gol novamente! 20 a 0 para o EUA. Scorpius Malfoy gritou algo para Lucas Smith, seu artilheiro, e Rose Weasley segue com a posse da goles, ela desviou de um balaço, de dois balaços, e agora ela vai fazer o gol. Essa é uma jogada típica dela, mas espere aí. Marina em vem direção à Weasley, e ela desvia, mas onde está a goles? Não creio! Scorpius Malfoy está com a posse, Rose lançou para ele antes de encontrar com Marina Lopez. Isso sim é inesperado, maninha. Os dois arquiinimigos, uso essa palavra fazendo aspas com as mãos, jogando juntos, de verdade.

Talvez o amor pelo quadribol tenha feito os dois colocarem as rixas de lado.

Então eu vou me apoderar do lema dos Cannons e dizer que é melhor cruzar os dedos e esperar o melhor, porque esse jogo está muito complicado e só começou há 15 minutos.

Espera aí Victor. Goooool! Da Inglaterra, e feito por Lucas Hill, é disso mesmo que o meu povo gosta.

Rose estava nervosa. O time americano estava interceptando todas as jogadas dos artilheiros e ela não entendia por quê. Será que o Malfoy estava usando jogadas que o time dos EUA já estava acostumado, de propósito?

A Weasley se concentrou na goles que estava com Marina e tentou deixar as desconfianças de lado, mas e se o idiota sonserino só tivesse voltado para Inglaterra para facilitar o jogo para os EUA? Quer dizer, ele receberia uma grana preta, ninguém desconfiaria porque ele é inglês e a família é muito leal ao país. E foi nesse momento, ao interceptar o Flynn que ela percebeu duas coisas: A família dos Malfoy era mesmo patriota, ela tinha conhecido Lucius, então podia afirmar isso, além do que, depois de conhecer Astoria, Rose se sentiu mal por ter insultado a família dela ao alegar que Scorpius Malfoy era desonesto, na segunda-feira.

E a segunda coisa era que o Malfoy havia apresentado essas novas jogadas de um caderno antigo que ele tinha, eram anotações pessoais, que Rose não lembrava ter visto em nenhum jogo dos EUA antes.

Então o que estava acontecendo?

E o jogo continuava.

Aos 55 minutos, os jogadores ainda aparentavam disposição, a mesma dos narradores.

É Victor— continuava Katherine. – Esse jogo está quase me fazendo voltar ao péssimo hábito de roer minhas unhas. Jones e Tent somem a todo instante na procura pelo pomo e deixam todos na arquibancada aflitos. A verdade é que os EUA estão dando um show, principalmente em cima de nossos artilheiros. Foi a primeira vez que vi Lucas Hill ficar nervoso e gritar com ninguém menos que Rose Weasley. O placar está 140 a 30, a favor dos EUA.

Todos já sabíamos que iria ser um jogo difícil, portanto não é realmente uma surpresa, o que não deixa de ser triste. E a Weasley está com posse da goles, novamente, e eu já perdi a conta de quantas vezes ele passou do meio do campo e foi interceptada e lá vamos nós de novo. Espera aí, agora eu jurava que a Rose iria ter que lidar com outra Pinça de Parkin, entretanto não é isso que está acontecendo e não consigo entender o propósito da jogada.

...

Mais um rápido momento Quadribol através dos Séculos:

A Pinça de Parkin ou Parkin’s Pincer é a jogada onde dois artilheiros assediam o artilheiro adversário, um de cada lado, enquanto um terceiro voa de frente diretamente contra ele ou ela.

...

Não consegue entender o propósito, Victor? Então eu vou lhe dizer: A artilheira do time inglês está sendo assediada pelos dois BATEDORES dos EUA, um de cada lado, e eles querem tirá-la da vassoura. Ela tentou passar a goles, entretanto Taylor Flynn pegou-a antes de Lucas Hill, que está voando atrás do prejuízo. Ao invés de ajudar, Scorpius Malfoy está indo em direção à sua jogadora Weasley, que está cada vez mais perto das arquibancadas e dos limites do campo.

Acredito que a Inglaterra vai jogar sem a sua artilheira porque a coisa está ficando feia, eles a estão apertando e por Merlin! – Katie levantou de sua cadeira segurando o microfone – Os batedores Josh Brenner e Scott Barret subiram suas vassouras antes da curva do campo, mas como Rose Weasley estava entre eles, ela bateu, bateu! A jogadora bateu o ombro e sua camisa foi rasgada e sua vassoura só pode ter quebrado porque ela está perdendo velocidade e altura. Isso sem contar os danos no braço dela, que não podemos visualizar agora. Scorpius Malfoy está esticando a mão para a garota, e o cara não parece se importar de deixar o jogo rolando, até porque os apanhadores dos dois times estão em zigue-zague no campo, atrapalhando a goles de chegar a qualquer um dos gols. Ele parece estar se oferecendo para levá-la até o chão do campo, porque com a vassoura desse jeito, Rose Weasley está fora.

O que será que é isso, mana? Remorso? O jogador Josh Brenner está abaixo do Malfoy gritando algo para o ex colega de time. Rose pulou de sua vassoura, mas está pendurada na do capitão, segurando-se apenas com a mão esquerda, e por isso deve ter machucado o braço direito mesmo. Não entendo, ela está se balançando? É isso?

Victor, Scorpius Malfoy virou-se para trás a tempo de ver a sua garota pular. Ai meu Deus! Você viu isso? Não acredito! Não dá para acreditar no que ela acabou de fazer e bom, parece que Josh Brenner está fora do jogo.

Inacreditável mesmo. Eu nem sei como explicar o que aconteceu. Rose Weasley pegou impulso na Nimbus de seu capitão e por causa de uma diferença de altura não muito grande, ela pulou na vassoura de Josh, atrás dele, que assustado, começou a perder o equilíbrio com o peso da garota. Rose aproveitou e girou o corpo para a esquerda, o americano não estava esperando esse tipo de movimento brusco e simplesmente caiu enquanto Rose ficava com a vassoura dele e pegava a goles que Luiza Lopez havia acabado de jogar para sua irmã Marina.

Rose havia mandado a goles para Lucas, que estava boquiaberto, quando ouviu o apito do juiz.

Droga!

Não era o fim da partida, era um pedido de tempo da parte do Taylor imbecil Flynn.

Assim que ela desceu da vassoura que pertencia à outro, o capitão dos EUA quase partiu para cima dela.

— Esse seu movimento é ilegal, garota! Você tirou o meu batedor da vassoura dele, empurrando-o! Juiz, expulsa essa vaca!

Rose Weasley podia não ser ruiva, mas tinha o sangue quente dos Weasley, e esse filho da mãe ia ver do que ela era capaz:

— Olha aqui... – começou ela, mas o Malfoy entrou na frente. Quem que essa doninha albina estava pensando que era para entrar assim na hora que ela iria dar uns bons tabefes naquele americano metido a besta? E só com o braço esquerdo, ainda por cima.

Alice parou ao lado de Rose, e segurou o braço esquerdo da artilheira. Dava para ver que Ali era uma traíra, como amiga, ela devia ter pulado no Flynn por Rose, eles iam perder o jogo de qualquer jeito mesmo.

— Juiz, você viu – falou Marina Lopez. – A Weasley tirou o Josh.

— Eu vi – falou Adamastor Hooch. – Assim como também vi dois batedores puxando a vassoura que agora está quebrada da Weasley.

E foi aí que Rose lembrou-se de que a vassoura dela tinha quebrado, e que ela estava quase cega de raiva do Malfoy, que ofereceu ajuda para levá-la até o chão enquanto tranquilizava o tal Josh Brenner, dizendo que não estava com raiva dele por ter quebrado a firebolt.

Quem aquele batedor de meia tigela pensava que era? Ele tinha que implorar o perdão de Rose e não do coleguinha dele, o Malfoy.

Ela teve que explodir:

— Você quebrou a minha vassoura! Era uma firebolt! Tem ideia de quanto custa uma vassoura daquela?

Josh Brenner balançou a cabeça:

— É cara. Mas eu compro outra.

— Você não tem que comprar nada, Brenner, só calar a boca – mandou Flynn.

— Comprar? – riu Rose em deboche.

— É claro – respondeu Brenner, calmo.

— Ah é? Então me diz onde você vai comprar uma firebolt do lançamento.

— Mas isso foi em 1993! Não existem mais vassouras tão antigas e em bom estado assim – falou o jogador, abismado.

— Pois é. 1993. Uma das primeiras fabricações, aquela vassoura era de Harry Potter! Tem ideia de quanto ela valia?

— Mais do que eu ganho em um ano, provavelmente.

— E agora me diz, seu idiota – disse Rose, aproximando-se e aumentando o tom de voz. – O que eu vou fazer?

— Weasley, chega – falou o juiz. – Ou vai ser expulsa.

— Ela já está expulsa – alegou Taylor Flynn.

— Não. Não está. E antes que alguém afirme o contrário, uma jogada como a de Rose Weasley nas circunstâncias em que ela se encontrava não está no regulamento porque a vassoura dela só quebrou depois que seus dois batedores trombaram com ela. E trombar é uma falta amplamente conhecida e aplicável a todos os jogadores. Portanto, se não quiser ficar sem batedores nesse jogo, sugiro que se cale. Mais cinco minutos de pausa. Josh Brenner, você está fora. Caiu no chão enquanto o jogo rolava.

O batedor só balançou a cabeça, já esperava isso.

Taylor Flynn ia retrucar, mas o treinador chamou-o com o resto do time. Rose olhou para a cara de Giacomini, percebeu que ele iria passar-lhe um sermão, então começou:

— Só temos cinco minutos de pausa treinador, brigue comigo depois do jogo. E até sei o que você vai dizer: Que eu sou esquentada e pavio curto. Tenho que controlar meus nervos.

— Se você já decorou o meu sermão, por que não muda? E facilita a minha vida, menina?

Rose ia rir, mas sentiu uma pontada no ombro.

— Eu sabia – falou o Malfoy atrás dela, enquanto bebia uma água.

— O que foi dessa vez? – perguntou Rose estressada – Eu já perdi a paciência com você, loiro albino.

— E quando foi que você teve paciência, Rose? – perguntou Alice, sorrindo.

— De que lado você está? – Rose estava vermelha e seus colegas sabiam que era de raiva.

— Você destroncou o braço direito, Weasley – falou o Malfoy.

— O quê? – gritou Giacomini – Você vai ter que sair do jogo. Ou então não vai conseguir jogar no domingo.

— Ah, mas eu não vou sair mesmo.

— Eu vou ver se tem algum medibruxo por aqui, em três minutos – disse o treinador, indo em direção aos vestiários.

Scorpius não entendeu por que ele não aparatou, seria razoavelmente mais rápido. Voltando a doida da Weasley...

— É só colocar no lugar, Rose – disse Alice. – Não é a sua primeira vez.

— Vai doer – afirmou Scorpius.

— E você sabe fazer? – perguntou a Weasley, os olhos ainda faiscando de nervosismo.

— Você deixaria algo assim importante nas mãos de um Malfoy? Alguém não-confiável? – ironizou o loiro.

Rose sentou-se em um banco e disse:

— Deixa de picuinhas e faz logo.

Scorpius aproximou-se de Rose e colocou a mão em seu ombro. A mão do Malfoy era quente, e a Weasley sempre imaginou que o toque dele fosse gelado.

Mesmo que eles já tivessem dado aquele abraço super estranho na Mansão.

— Rose – chamou Lucas. – A sua jogada foi incrível. Acho que você pode até ser uma das concorrentes para a Medalha Comemorativa de Daí, o Perigoso.

— Impossível. Esse prêmio é apenas para os jogos entre time ingleses – disse Jones.

— Não. É para jogadores da Liga, a Joanne, capitã do nosso time, ganhou dois anos atrás e a jogada dela foi contra o Peru – contrapôs Chris Rodrigues.

— Será que eu tenho chance? – nesse momento Rose sentiu um estalo, uma dor que deixou-a tonta e gritou: – Merda, Malfoy! Está querendo acabar comigo?

Scorpius não conseguiu não sorrir.

— De nada – disse Lucas.

— Por quê? – perguntou Rose, engolindo o choro. Doeu mais do que ela se lembrava.

— Ele estava te distraindo, Weasley – falou o Malfoy. – Ninguém aqui acha que você tem chance de ganhar a Medalha do Daí.

Rose estava a ponto de xingá-lo, entretanto o treinador voltou com dois paramédicos, que apenas disseram que o osso já estava no lugar.

E o jogo recomeça, Victor — narrou Katherine Jordan. – O batedor Josh Brenner está fora porque caiu durante o jogo. Rose Weasley está agora com a vassoura dele, e pronta para outra, mesmo que tenha destroncado o ombro minutos atrás. Você não está surpreso que ela não tenha sido expulsa?

Na verdade, não. Rose Weasley fez uma jogada que não consta no regulamento, e ela nem encostou em Josh Brenner. Além disso, os batedores cometeram uma falta e o Scott Barret ainda está no jogo. Portanto parece que o nosso juiz fez vista grossa para esses pequenos detalhes. E manteve os jogadores dos dois times. É justo.

Se você diz, acho que dessa vez posso concordar. Voltando ao jogo... Scorpius Malfoy está com a posse da goles e acabou de desviar de um balaço que passou por cima da sua cabeça. Ainda bem porque seria uma pena estragar um rostinho tão bonito.

Foco, Katie. Foco.

Tudo bem, maninho — concordou a jovem. – Ele continua cruzando o campo sozinho, mas não vai conseguir fazer o gol. Taylor Flynn e Marina Lopez vão interceptá-l,o e Rose Weasley cruza à frente deles, distraindo-os tempo o bastante para que o loiro inglês faça o... Gol! Gooool! De Scorpius Malfoy! Com isso, o placar vai para 190 a 50. Mesmo com essa diferença gritante, se o nosso apanhador Jones pegar o pomo, a vitória irá para a Inglaterra.

A vitória iria para a Inglaterra porque parece que dessa vez o pomo está à vista e o apanhador dos EUA está bem à frente do Jones. Alice Longbottom rebate um dos balaços, Rose Weasley acabou de receber a goles de Lucas Hill.

É isso aí! O apanhador David Tent agarra o pomo de ouro!

E o juiz Hooch apita o fim da partida pessoal! Aos 67 minutos. Os jogadores já estão descendo de suas vassouras e bom, é o fim. O fim de tudo, maninha.

Que drama, Victor. É apenas o começo, eu diria. Estamos no final de fevereiro, e a Copa começa no dia 03 de julho. Vai ser o fim se a Inglaterra pegar os Estados Unidos nas quartas de final e perder.

Para os que são mestres no quadribol atual essa vitória dos Estados Unidos não foi uma completa surpresa. Mas para os fãs do quadribol inglês nunca é bom sair de um estádio como esse com essa perda.

É verdade, mano. Só que esse jogo também trouxe algumas surpresas, como o trabalho dos artilheiros Malfoy e Weasley, que em uma semana conseguiram se tornar colegas de time, e parecem estar se mostrando mais fáceis de lidar. E por falar em Rose Weasley, parece que temos uma forte concorrente para a Medalha do Daí, o Perigoso...

— Pois é, James – disse Louis. – Foi uma merda. Ainda que tenha sido divertido.

James levantou-se de sua cadeira tão rápido que quando o loiro se deu conta, uma varinha já estava apontada para o seu pescoço.

— Ficou maluco, foi? – perguntou Louis nervoso, mas engolindo em seco.

— Olha, eu não estou com paciência para as sua gracinhas, valeu? Uma palavra sobre o desempenho da Rose ou da Ali, e você nem vai ver o que te atingiu.

— Jay – chamou Harry em tom de aviso e o filho guardou a varinha.

Do outro lado do camarote, já quase na saída, os Malfoy observavam a cena.

— O Potter nem consegue controlar o próprio filho – comentou Lucius com desprezo. – Sempre chamando atenção.

— Bom, é meio difícil controlar um filho de 25 anos – comentou Astoria, achando graça da cena porque depois de abaixar a varinha, James agarrou Louis pelo pescoço em um mata leão, bagunçou o cabelo loiro do primo e os dois saíram rindo. – O meu tem 23 e depois dos quinze, Scorpius sempre fez o que quis.

— Sabe o que eu acho?  É ruim ver meu filho perdendo, então sugiro um jantar e whisky – disse Draco, só para parar de falar daquela família.

— Bebida? Eu aceito. Espero que os elfos já tenham preparado a refeição – concordou Lucius e saiu à frente do filho e da nora.

— Nós devemos esperá-lo? – questionou Astoria, referindo-se ao filho.

— Não, ele se vira. Provavelmente vai querer dar uma volta sozinho antes de ir para casa – respondeu Draco, pegando a mão de Astoria.

— Mas eu...

— Sem “mas”, querida. Nisso Scorpius se parece comigo. Quando as coisas não vão como ele quer, tem que sumir por tempo para conseguir pensar com calma e descobrir o que fazer.

— Ah, como daquela vez... – começou Astoria, fingindo esforço para se lembrar de um momento do passado. – Quando eu te contei que estava grávida e você sumiu por toda tarde.

Draco sorriu culpado.

— Na verdade, naquele dia eu estava aterrorizado e não passei do jardim dos fundos.

Tori riu e deu um beijo no rosto do marido enquanto eles saíam do estádio.

— Eu sei. Dava para te ver andando de um lado para o outro da janela do quarto que eu escolhi depois para ser o do Scorp.

xxx

Rose estava quase entrando vestiário quando olhou para a vassoura que estava carregando. Não era a que pertencera ao tio Harry, e tudo era culpa do amigo idiota do Malfoy. E ela tinha dar ao outro filho de uma... Ela tinha que dar uma lição no cara.

Então ela virou-se nervosa e foi em direção às instalações do time dos EUA.

— Weasley! Onde você pensa que está indo? – gritou o treinador e só bufou quando ela fingiu que não tinha escutado.

Droga! O Malfoy conhecia a Weasley e sabia que iria sobrar para Josh, foi só por isso que ele foi atrás dela.

— Ei! Você aí! – gritou a Weasley.

Todo o time dos Estados Unidos virou-se para ela.

— Flynn! É com você mesmo que eu estou falando.

O loiro deu três passos na direção dela e esperou que Rose cobrisse o resto da distância que os separava.

— Você achou mesmo que ia voltar para o seu país sem que pagasse por ter me xingado?

— Quer me bater por ter dito a verdade? – retrucou o capitão.

Rose avançou para o babaca e bateu de frente com outra pessoa. Mas tinha que ser o...

— Malfoy – falou a Weasley. – Sai da minha frente se não quiser apanhar também.

— Você deveria me agradecer por estar te impedindo de se meter em encrenca – retrucou Scorpius, depois percebeu que não deveria ter dito aquilo.

— Agradecer? Te agradecer?— grunhiu Rose – Nunca. Agora sai da frente do seu amiguinho que eu tenho umas contas para acertar.

Scorpius colocou as mãos sobre os ombros da Weasley sem se importar se estava machucando-a onde ela havia batido.

— Ele não é meu amigo e eu adoraria vê-lo apanhar de uma garota, mas se não quiser ficar fora do jogo de domingo, sugiro que você dê meia volta e não me crie problemas.

Aquela conversa toda só estava deixando Rose ainda mais irritada.

— Porra, Malfoy! Sai da minha frente!

— É, Malfoyzinha. Deixa a sua garota mostrar do que é capaz.

Scorpius saiu da frente de braços cruzados e à contragosto, mas estava pronto para intervir se necessário.

— Olha aqui, se eu fosse você tomava mais cuidado com o que sai dessa sua boca nojenta, Flynn, porque da próxima vez eu vou quebrar seus dentes.

Dito isso e diante de um sorriso debochado do capitão do time adversário, Rose acertou-o no estômago com o punho esquerdo tão rápido que ninguém chegou a impedir. Ele se curvou praguejando toda a família da garota.

— Vamos deixar isso somente entre nós, certo? – disse a Weasley abaixando-se para falar perto do rosto dele. Taylor Flynn apenas levantou o dedo médio em direção a ela.

Rose fingiu estar ofendida e virou para o tal Josh Brenner:

— Obrigada pela vassoura – disse ela, cínica, levantando o objeto pelo cabo como se fosse acertar o jogador, mas ela apenas empurrou a vassoura contra o tórax de Josh com força.

— Ai – gemeu Brenner.

— Flynn – chamou ela antes de sair. – Te vejo no próximo jogo, perdedor.

As garotas do time americano riam.

— Eu não disse que você deveria tratar melhor as garotas, Taylor? – comentou Joana.

— Vá para o inferno, valeu? – retrucou o capitão.

Scorpius saiu atrás de Rose em direção ao vestiário do próprio time, mas Josh parou-o antes:

— Vai com calma.

— Essa menina é um porre, Josh – reclamou o Malfoy.

 – Apesar de saber que vai ficar roxo onde ela me bateu, eu até que gostei do que a Weasley fez com o Taylor. Ela tem atitude e achei que você gostava de garotas assim.

Scorpius estremeceu.

— Não diz uma coisa dessas nem brincando, Brenner. Eu já tive overdose de Rose Weasley por toda uma vida. Não sei como eu vou aguentar os próximos meses.

Josh deu uma risadinha.

— Eu estou falando sério. Agora tenho que voltar, mas manda um beijo para Clarisse, ok? – pediu Scorpius.

— Ok. Ser capitão não está sendo fácil, não é, cara?

— Não mesmo. Eu te vejo na semana que vem e tira essa droga de sorriso da cara, porque eu estou sem paciência para felicidade alheia.

— Boa sorte! – gritou Josh antes de voltar para o vestiário onde estava o time do EUA.

O Malfoy literalmente correu atrás da Weasley, mas parou ao encontrar o treinador. O loiro combinou com Giacomini que depois de passar no vestiário, iria conversar sobre os próximos planos de jogo.  Não podiam falar no momento porque o cara estava ocupado conversando com um homem barbudo com um bloco de notas. Jornalista. Ninguém merece.

xxx

Scorpius entrou na área que eles chamavam de vestiário e o time ainda estava todo lá.

— Não é como se não soubéssemos que iríamos perder – falou o artilheiro Lucas Smith, conformado.

— É, eu sei. Não precisa ficar repetindo isso – reclamou Robert Jones, que ainda não acreditava que alguém tão bom como ele não havia conseguido pegar o pomo.

Alice suspirou.

Rose estava tirando suas luvas e colocando no armário.

— Mandou bem, Weasley – elogiou o Malfoy meio à contragosto.

— Achei que você não quisesse que eu batesse no seu amigo.

— Rose! Você bateu em quem? Pode ficar fora do time se te descobrirem – exclamou Alice.

— Não acredito que o capitão Flynn vá falar alguma coisa, certo, Malfoy? – questionou Rose.

— Primeiro: Eu já disse que o Taylor não é meu amigo. Segundo: Eu falei que você tinha mandado bem durante o jogo. Mas não se preocupe, Alice, a sua amiga tem razão, o Flynn nunca admitiria que foi pego de surpresa com um soco no estômago.

Os meninos do time riram e deram os parabéns à Rose. Ela sorriu orgulhosa e o Malfoy revirou os olhos, lembrando-se que tinha que conferir uma coisa:

— Eu só queria tirar uma dúvida, eu vi algo e não sei se foi miragem.

Todos olharam para ele.

Rose fez cara de desentendida até porque ela não fazia a mínima ideia do ele estava falando.

— Tatuagem – falou Scorpius como se fosse palavrão.

— O quê? – exclamou Alice, Chris e Mike ao mesmo tempo.

— Rose é careta, Scorpius. Você deve ter se confundido – continuou a Longbottom. – Além disso, ela me contaria se tivesse feito algo assim.

— É verdade, Malfoy – concordou a Weasley.

Scorpius não acreditou.

— Deixe-me ver – pediu ele, aproximando-se.

— Respeite o meu espaço, “capitão” – disse Rose nervosa, já com as orelhas adquirindo a coloração avermelhada.

— Qual é, Rose? – falou Lucas Smith, sorrindo. – Ele não vai tirar a sua roupa, e não tem nada demais, você nem tem a tal tatuagem, ou tem?

— Lucas, eu não ligo para os seus argumentos – retrucou Rose, – só quero o Malfoy longe de mim.

— Você tem tatuagem, Weasley? – questionou Robert Jones, cretino, pensou ela – Quem diria, hein?

— Eu não... Cala a boca, Jones – mandou a morena. – Cuida da sua vida, valeu?

— É, ela tem – disse Mike Jackson. – Se não, não tinha ficado nervosa.

— Eu só fiquei nervosa porque o Malfoy estava querendo por a mão em mim – Rose tirou uma toalha de seu armário e falava de costas para todos. – Não ligo se você é o capitão, sonserino. Mantenha distância.

Assim que a Weasley fechou a porta do armário, foi praticamente empurrada contra ele. E o maldito do loiro albino falou quase em seu ouvido:

— Não costumo ficar curioso, e muito menos deixo de descobrir o que eu quero, Weasley.

Ela ouviu uma vaia, mas nem se virou para ver qual dos meninos havia zoado. Afinal Rose ficou totalmente sem reação, ainda mais quando o Malfoy deslizou a mão áspera sobre o seu ombro e abaixou a manga da camisa do lado direito, que fora rasgada durante o jogo, até quase o seu cotovelo. Nas suas costas, bem do lado direito, debaixo do roxo que havia se formado por ter destroncado o ombro, as palavras “Granger Weasley” estavam tatuadas, uma embaixo da outra, em cursivo, nas mesmas letras que as da tatuagem dele, entretanto menor, obviamente. 

Rose Weasley finalmente recuperou os sentidos e deu uma cotovelada bem forte nas costelas do Malfoy, que se afastou com um gemido de dor, mas um sorriso satisfeito no rosto.

— Eu não acredito, Rose – falou Alice, boquiaberta. – Eu achei que fôssemos amigas. Por que não me contou?

Rose revirou os olhos.

— Deixa de drama, que eu estou sem paciência, Ali, por favor.

— Alguém sabe que você tem isso? – insistiu a Longbottom.

— Não... – respondeu Rose, abaixando os olhos.

Alice pegou a Rose pelo cotovelo, fazendo a Weasley olhar para ela.

— O idiota do James sabe, não é?

— Não o mate, por favor. Eu pedi para não contar.

— Qual é a graça de fazer uma tatuagem e não mostrá-la para ninguém? – perguntou Scorpius – A não ser que você tenha vergonha dela.

Rose fuzilou Scorpius com os olhos.

— Acho melhor você calar a boca antes que eu arranque esse seu sorrisinho de merda, Malfoy.

Ele levantou as duas mãos, como que se rendendo.

— Você está muito nervosinha, querida – disse ele ironicamente. – Está precisando relaxar.

— Eu vou. Assim que eu chegar a minha casa, vou acrescentar a foto desse seu amigo americano, o Brenner, no meu saco de areia, e vou socar até ele sinta quão nervosa eu estou – dito isso, Rose pegou a sua toalha e uma bolsa pequena e foi para os chuveiros femininos.

— Eu estava pensando em meditação, Weasley! – gritou o Malfoy para ela ouvir.

A única coisa que os jogadores ouviram foi um grunhido.

Alice riu e pediu:

— Será que dava para facilitar para ela, pelo menos um pouquinho, Malfoy? Achei que vocês haviam feito uma trégua.

— Acho que essa tal trégua foi por água abaixo na segunda-feira – comentou Jones, ao pegar a própria vassoura, e uma mochila – Agora, vamos às câmeras e entrevistas, pessoal.

Scorpius não entendia como, depois de um fracasso como o jogo que havia acabado de acontecer, o Jones poderia estar feliz para encontrar os jornalistas. O Malfoy, ganhando ou perdendo, fugia de quem queria tirar fotos ou entrevistá-lo sem antes combinar com o seu agente.

— Esse cara vai falar mal da gente e culpar qualquer um de nós por termos perdido o jogo – comentou Mike depois que o apanhador havia saído.

— O quê? – perguntou Scorpius.

— Você não sabia? – questionou Chris Rodrigues – Nós achávamos que ele ou a Rose poderiam ser o novo líder do time, até porque ninguém sabia que você ia voltar. O Robert fez a caveira da Rose para uma jornalista qualquer do Profeta. É por isso que os dois não se bicam.

— Mas a Rose daria o posto de capitã para ele, sabia, Chris? Se ela fosse a escolhida – contou Alice. – Pela primeira vez ela me disse que não queria mandar no time, ele ficaria maluca com tanta responsabilidade.

— Que bom que vai sobrar para mim dessa vez – comentou o Malfoy, azedo.

— Provavelmente vai mesmo. Você não é o capitão? – zoou Lucas, que estava calado até o momento. Ele também pegou a sua vassoura e sugeriu: – Eu acho melhor irmos juntos, que passamos mais rápido pelos jornalistas.

Alice e os outros dois concordaram.

— Eu vou esperar mais um pouco – comentou o Malfoy. – Preciso falar com o técnico.

— Bem, o inferno é seu – disse Lucas com um sorriso.

Qual era o problema com aquele cara? Por que ele vivia sorrindo? Uma droga. Será que ele não percebia que a Inglaterra havia acabado de perder um amistoso (que era amistoso só no nome) contra os Estados Unidos?

Scorpius foi até a sala do treinador, que já havia saído. Será que ele tinha ficado preso conversando com jornalistas?  Eles teriam que deixar a conversa para do dia seguinte, por isso voltou à sala onde eles montavam as jogadas e onde estavam os armários, o vestiário. O loiro ficou olhando para o quadro com as jogadas e quando se virou, foi surpreendido ao ver a Weasley deitada em um dos bancos, de short jeans e uma camiseta amarela, descalça e com um dos braços tampando o rosto. Dava para ver o ombro meio inchado também. Ela estava ali antes dele, e Scorpius não tinha notado.

Ele aproximou-se dela e pela primeira vez reparou realmente em seu corpo, que era bem delineado, pois dava para ver as curvas de sua cintura, e as pernas malhadas pelos anos no quadribol. Scorpius se lembrou daquelas garotas que ele via na academia em Austin, todas elas morreriam por pernas como as de Rose. Entretanto a Weasley não tinha muito peito, infelizmente, e o loiro não sabia por que havia pensado isso, por que havia pensado que era uma pena. Credo.

Ele subiu o olhar para o pescoço alvo, e depois a boca dela. Rose estava mordendo os lábios com força, deixando-os ainda mais vermelhos. O nariz dela era delicado, e era raro ver um nariz tão perfeito, a Weasley deveria agradecer a Deus por nunca ter levado um balaço no rosto, porque havia certos estragos que nem magia poderia consertar.

O cabelo era liso e castanho escuro, mais escuro que o da mãe dela, de onde Scorpius achava que ela havia puxado essa característica, afinal os Weasley eram sempre reconhecidos por serem ruivos.

A Weasley era uma mulher bonita. Não, ela era linda. Mas é claro que toda aquela beleza tinha que vir acompanhada de um gênio impossível, ela tinha que ser insuportável.

— Weasley? – chamou ele, sentando-se no banco em frente ao dela.

Ela tirou o braço de cima dos olhos rapidamente e se sentou.

Agora sim, pensava o Malfoy, o conjunto estava completo. Faltavam os olhos, os azuis mais escuros que Scorpius já havia visto.

Ela parecia surpresa.

— O que você está fazendo aqui? – perguntou.

— Esperando que os paparazzi deem uma folga – respondeu ele.

Ela balançou a cabeça.

— Você vai esperar para sempre, só tem uma saída para quem está aqui no vestiário e eles sabem disso. Só dá para aparatar lá fora.

— Sério?

— É. Isso foi um combinado com o Ministério, que alegou que era para a segurança dos jogadores, mas é para gente não fugir dos jornalistas idiotas.

— Merda.

— Pela primeira vez eu concordo com você, Malfoy – falou a Weasley.

— Eu achei que fosse a segunda vez.

Rose olhou para o loiro sem entender.

— Nós tínhamos concordado que poderíamos trabalhar juntos, lembra? Você foi a minha casa só para isso.

Rose abaixou a cabeça.

— Malfoy. Eu sinto muito.

— Por quê? Você não quer mais ganhar?

— Ficou maluco, é? – disse Rose, empurrando de leve o ombro dele com a mão – É claro que eu quero ganhar. Eu... Eu sinto muito pelo que eu disse segunda-feira, sobre a sua família. Eu estava nervosa e fui injusta. Eu não quis dizer que vocês eram desonestos. Você contou para os seus pais que eu disse aquilo?

— Claro que não, Weasley. Eu não tenho mais oito anos, quando alguém me xinga, eu não vou correndo contar para os meus pais – respondeu Scorpius, bufando.

— Que bom. É que eu gostei deles, não queria que eles pensassem mal de mim. Desculpe pelo que eu disse, mesmo. Não vai mais acontecer.

— Não diga algo que você não possa cumprir, Weasley – avisou o loiro.

Rose teve que respirar fundo para não explodir com o Malfoy.

— Eu não vou perder a cabeça como eu fiz. Ao contrário do que você possa pensar, com os outros eu sou uma pessoa civilizada.

Scorpius deu uma risadinha.

— Você não está insinuando que a culpa é minha, ou está?

— Bom, a culpa é toda sua. Parece que você nasceu para me irritar.

— Então eu acho que eu deveria pedir desculpas, certo? Por ter nascido, é isso que você quer? – disse ele, sarcástico.

— Não por ter nascido – dessa vez foi o Malfoy que empurrou o ombro da Weasley. – Mas pelo o que você disse há dois dias.

— Sobre você ter que ser uma jogadora melhor? Eu estava nervoso, admito, mas eu acho aquilo sim.

Rose ficou surpresa em ouvir aquilo e não retrucou, porque ele não estava nervoso, estava falando sério.

— Weasley, eu já disse que você tem talento. Duas vezes, e muito talento. O único problema é que você acha que isso é suficiente.

— Mas eu sou boa, Malfoy – retrucou ela, sem realmente entender por que queria que Scorpius concordasse. – Eu jogo bem, não é por causa do nome da minha família.

— Eu sei, e posso ter exagerado quando falei aquilo, mas e se você estiver em um dia ruim, e...

— Todo mundo tem dias ruins.

— É claro, mas e se um dia o seu dom te deixar na mão? Você nunca se esforça, sempre chega atrasada, não faz os alongamentos devidos, falta a treinos porque simplesmente dormiu demais. Além de ser uma puta falta de responsabilidade, é irritante. Você pode ser melhor, Weasley, mas se contenta em manter o seu emprego no Puddlemere e ser apenas mais uma jogadora.

Scorpius achou que acabou falando demais, nada daquilo era problema dele. Na verdade, ele achou que ela explodiria e sairia batendo a porta, ou jogaria alguma coisa nele. Entretanto Rose não disse nada, o Malfoy nem saberia dizer o que se passava pela cabeça dela, afinal o rosto estava impassível.

Nossa, ninguém poderia imaginar que a Weasley sabia fazer cara de paisagem.

O celular do Malfoy tocou, fazendo os dois jovens se sobressaltarem. Scorpius levantou-se e abriu o armário para pegar o telefone, então não viu Rose se levantando e calçando um chinelo, nem a viu pegando a própria mochila e a sua vassoura partida ao meio, que um dos zeladores havia deixado num canto.

— E aí, agente? – perguntou Scorpius a seu amigo Carl Zabini.

— Nos vemos amanhã, então, Malfoy – despediu-se a Weasley.

Zabini estava tagarelando no ouvido dele, e quando ele virou-se para responder, a jogadora já havia saído.

— Credo, cara – falava Carl, – que joguinho mais filho de uma puta.

— Eu já disse como você é bom com as palavras? – brincou Scorpius, ainda olhando para onde a Weasley esteve.

— O que foi, Malfoyzinho? Que voz desanimada.

— Não é nada demais. A Weasley estava aqui...

— Estou me cansando desses seus bate-bocas com a Weasley, sabia? Hogwarts já era faz tempo, será que não dá para vocês dois crescerem um pouco? Você quer que eu vá aí falar com ela para você?

— Ah, claro, seria ótimo, você não quer me dar banho também, papai? – mandou Scorpius.

— Merlin me livre, banho só com mulheres, querido.

— Eu não estava brigando com a Weasley, por incrível que pareça.

— Espera aí, Malfoy... – Scorpius revirou os olhos enquanto ouvia o Zabini – Gata, já falei que eu gosto de massagem nos pés antes da diversão.

— Você é ridículo.

— Não enche o saco, Malfoy. Aqui, me diz que você jogou a gostosa da Weasley na parede e ficou com ela aí mesmo no vestiário. Quero todos os detalhes sórdidos.

— Você é nojento, sabia? Eu nunca sequer beijaria a Weasley, ela é muito chata.

— O tio Draco tem razão, você é muito antiquado e não sabe se divertir. Ninguém falou para você conversar com a Weasley, só colocá-la contra a parede e... Isso gata, muito melhor.

— Depois a gente se fala, coisa ruim – Scorpius desligou antes que o Zabini pudesse dizer qualquer outra besteira.

Scorpius pegou seu celular e a vassoura, e voltou em direção ao campo. Foi direto para as arquibancadas, já vazias, cumprimentou dois vigias, saiu pelo mesmo lugar que os torcedores e aparatou, sem que ninguém o visse.

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Rose chegou ao seu apartamento e caiu na cama. Literalmente. Entretanto colocou o relógio da cômoda ao lado para despertar e só por via das dúvidas, colocou o celular para despertar também. Ela sabia que iria chegar atrasada ao treino do time, mas tinha que ir ao norte da Inglaterra encontrar com o pessoal do Puddlemere.

O mundo poderia cair ao redor de Rose que dificilmente ela acordaria no meio de qualquer noite, e ela não demorava a dormir também. Ela deu uma olhada em Quadribol Através dos Séculos, seu livro de cabeceira, apagou ao abajur, e dormiu se perguntando por que não era mais tão fácil ignorar o que aquele chato do Malfoy dizia.

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Notas finais do capítulo

Pois é, pessoinhas, encerramos aqui o quarto cap!! Gostaram? Deixem reviews, peloamor, porque ele fazem a minha vida bem mais feliz... Obrigada à todo mundo que ainda está acompanhando, de verdade. E esperem, porque o Scorpius e Rose vão passar poucas e boas juntos. E a relação deles vai continuar evoluindo...


Beijos e abraços, Andie.