Jogos apenas escrita por Andie Jacksonn


Capítulo 3
Apenas mais uma briga sem sentido. Bom, mais ou menos.


Notas iniciais do capítulo

Gente boa! Voltei! E sim, eu pretendo me desculpar pela demora, de verdade. Meu pc deu um problema e o teclado dele ficou sem funcionar por mais ou menos duas semanas, ou seja, um sofrimento para fazer os trabalhos da faculdade e escrever fics estava meio fora de cogitação. Meu teclado voltou à vida, e foi aí que eu enrolei duas semanas, e pra essas semanas não tenho desculpa... Sorry. O que me fez terminar logo todo o capítulo foi uma mensagem de “cobrança” da dona Anny Andrade, e na verdade, tenho que agradecer ela por isso, me deu força para continuar. Como sempre, desejo e espero que vocês gostem.



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— Você tinha razão – disse um loiro de olhos azuis sentado em uma mesa afastada no canto de um pub trouxa em Londres a dois homens sentados à sua frente – Eu nunca ri tanto durante um jogo de quadribol.

— Nem eu – concordou um dos homens, ele era baixo, usava bigode e tinha sotaque carregado. Parecia espanhol. – E o crédito é inteiramente seu, jogador.

— Essa copa vai para qualquer país, menos a Inglaterra – falou o terceiro homem, o tal jogador. Tinha estatura mediana, olhos castanhos e um rosto que não se destacaria em uma multidão – Eles vão me pagar por não me darem a devida atenção.

— Cara, colocar Scorpius Malfoy e Rose Weasley no mesmo time... Ainda não consigo acreditar que os idiotas da comissão do time inglês acharam que estavam fazendo um grande negócio – riu-se o loiro levantando um copo de cerveja.

Eles brindaram:

— Ao Malfoy e à Weasley!

xxx

Scorpius acordou cedo como de costume na manhã seguinte, sem precisar de despertador. Ele vestiu uma bermuda, uma blusa de moletom, e foi correr nos arredores da Mansão, ouvindo rock trouxa numa altura que não deveria fazer bem para os seus tímpanos. Entretanto esse era o único jeito que o fazia espairecer. Sem pensar no fracasso que tinha sido o jogo contra a Argélia, que era um país iniciante em quadribol. Sem pensar na “trégua” que a Weasley propôs. Se é que ele não tinha sonhado com isso. O caso é que ele tinha que deixar os pensamentos que o incomodavam em uma caixa no canto do seu cérebro, e só seguir a batida da música.

Depois de quase uma hora correndo, resolveu parar em um pequeno café para comer alguma coisa. Antes de entrar no ambiente se lembrou que estava de volta à Mansão e à vida boa, e que provavelmente Netty já estava colocando a mesa com mais comida e bacon do que ele seria capaz de comer.

Olhou para o relógio de pulso que havia ganhado aos dezessete, e viu que estava com tempo, pois o treino começaria mais tarde devido ao jogo do dia anterior.

Ele virou a esquina do último casarão, correu mais um pouco por uma avenida vazia, entrou na rua estreita que levava até a sua casa e... Porra!

Foi a única coisa que ele conseguiu pensar ao ver pelo menos uma dúzia de abutres, quero dizer, jornalistas reunidos em frente aos portões. Scorpius mais uma vez desejou morar um pouco mais perto de seus vizinhos trouxas, assim os jornalistas não poderiam aparecer aos bandos, como estavam fazendo, porque seria contra as leis do Ministério. O caso é que, como a mansão mais próxima estava há mais de dez minutos de caminhada, e para o conhecimento geral dos trouxas, os Malfoy eram apenas mais uma família podre de rica, que conseguiu a sua fortuna comprando e mantendo imóveis por todo Reino Unido, e que amava a sua privacidade, ninguém imaginaria que haveria aquele tipo de movimentação na entrada.

Os jornalistas o viram se aproximando, mas ele aparatou nos jardins dos fundos antes de responder qualquer pergunta, entretanto tinha certeza de que algumas malditas fotos aqueles enxeridos haviam conseguido tirar.

Scorpius entrou no Hall, tirou a blusa de moletom ali mesmo e subiu as escadas. Sorriu ao se lembrar de que se ainda estivesse no seu antigo apartamento em Austin, teria jogado o moletom numa cesta de roupa suja que ele e o seu amigo Josh deixavam estrategicamente perto da porta. Era estranho para o loiro, depois de tantos anos, voltar para a Mansão, para o mesmo quarto ao qual ele havia passado mais da metade da vida.

O Malfoy balançou a cabeça negativamente, estava começando a parecer piegas.

Tomou uma ducha fria, não estava com ânimo que de ficar se enrugando na banheira, ainda mais sozinho. Isso o fez se lembrar também da primeira namorada que ele havia levado à Mansão; Joanne Schneider era uma sonserina de família sangue-puro que adorava tomar banhos com ele. A primeira vez deles havia sido no banheiro dos monitores de Hogwarts, e Scorp se lembrava que a sensação de que eles podiam ser pegos a qualquer instante deixava as coisas ainda mais interessantes.

Riu ao se lembrar que o certinho do Albus Potter quase pegou o loiro e a garota na sala do monitores uma vez. E depois de um mês que Scorpius e a Schneider terminaram, ele pegou o Potter e a garota no banheiro da Murta. Foi o episódio mais engraçado da semana do Malfoy.

Bons tempos.

Naquela época ele ainda entornava uma boa dose de Whisky de fogo.

E... Merda. Por que toda essa nostalgia?

Coisa de gente doente.

Quando Scorpius estava vestindo a camisa do time inglês, sua mãe entrou sem bater.

— Qual é, dona Astoria? – reclamou o loiro – Não bate mais na porta? E se eu estivesse sem roupa?

— Deixa de drama, Scorpius, não há nada aí que eu já não tenha visto.

O filho revirou os olhos e se sentou na cama para calçar os tênis.

— Eu apenas vim te chamar para tomar café, meu amor.

— Tudo bem, já estou descendo.

— Eu espero que sim – disse Astoria, sentando-se cama também. – Estou feliz que você esteja de volta, Scorp.

— Não vai começar a chorar, não é, mãe? – questionou o loiro. – Eu já estou aqui faz duas semanas.

— É que a minha ficha não tinha caído ainda.

— Bom... – Scorpius se levantou e puxou a mãe pelo braço. – É melhor ir se acostumando. Eu vou ficar pelo menos mais um mês ou dois.

Astoria parou no corredor ao ouvir isso.

— Como assim?

— Eu vou começar a procurar um apartamento para mim.

— Ah, mas não vai mesmo, Scorpius. Você acabou de voltar para casa, e só vai sair daqui quando se casar. E olhe lá.

— Mãe, não seja boba. Por que eu ficaria aqui? – perguntou Scorpius rindo.

— Porque essa é a sua casa, obviamente. É perda de tempo e de dinheiro procurar por outro lugar, acho até que depois que você se casar você pode ficar aqui com a sua esposa, espaço é o que não falta.

Scorpius suspirou. Nunca pensou que fosse realmente convencer Astoria que era melhor encontrar outro lugar, mas a verdade é que o loiro não via a si mesmo morando ali o resto da vida.

A Mansão era grande demais. E velha também. No mínimo, ele botaria tudo abaixo e faria algo bem mais... Claro. Achava que palavra perfeita seria essa. Obviamente o seu avô o deserdaria se o ouvisse falando isso.

— Que tal discutirmos isso mais tarde, mãe?

Astoria concordou.

— Nem pense em fugir desse assunto, Scorpius Hyperion. De qualquer maneira, acho que eu ainda tenho um mês, ou dois, para tentar te convencer, não é?

Scorpius abraçou a mãe, sorriu e disse em tom de disputa:

— Apresente todos os seus argumentos, sra. Malfoy.

xxx

Rose culpava seu pai por não gostar de acordar cedo, afinal sua mãe nunca teve problemas com isso. Ela se revirou na cama e olhou para o despertador em cima do criado. Ela tinha comprado há poucos meses depois de quebrar um antigo que tinha ganhado de seus pais; pois é, ela atirou a droga do despertador na parede um dia quando o troço não parava de tocar. E era um domingo, cara! Domingo!

Daria tempo de tomar banho, e se arrumar, e tomar café se Rose dormisse só mais uns dez minutos? Ela tomaria banho em cinco, sete minutos, se vestiria em cinco também, e comeria qualquer coisa que já estivesse pronta no seu armário ou geladeira. Isso tudo daria uns trinta minutos, mais ou menos, aí ela só chegaria com 10 minutinhos de atraso no treino. Bom, a Weasley fez as contas e achou que podia dormir mais um pouco.

Vinte minutos depois ela se levantou e foi se preparar para a o treino se perguntando como seria agora que Rose e o Malfoy fizeram aquela “trégua”, se aquilo daria certo mesmo. Obviamente não seria fácil porque ninguém deixa de odiar uma pesssoa e de implicar com ela da noite para o dia, entretanto a Weasley duvidava que ela e o loiro sequer se dariam ao trabalho de falar de uma conciliação anos atrás, então a jovem estava otimista de que os dois poderiam ser adultos o bastante para lidar um com outro no time da Inglaterra. Afinal, situações desesperadoras pedem medidas desesperadas.

Rose decidiu se apoderar do lema dos Cannons: cruzar os dedos e esperar o melhor.

xxx

O time já estava no campo de quadribol onde aconteceria o jogo contra os EUA na próxima quarta, ou seja, faltava um pouco menos de uma semana, e é claro que a Weasley não estava lá. O treinador ia começar a falar de algumas jogadas, mas achou melhor começar com o aquecimento porque se não iam ter que explicar tudo de novo depois que a Weasley chegasse. Scorpius bufou depois que Giacomini decidiu isso e todos concordaram (todos, menos ele,

que só resmungou uma coisa inaudível), afinal era o cúmulo do absurdo todo mundo mudar seus planos porque a ridícula da Weasley estava atrasada, de novo.

Qual que era o problema da garota? Por que raios ela não podia chegar uma vez no horário marcado?

E pensando na criatura... Ela chegou com a vassoura na mão, sem pressa, como se tivesse todo o tempo do mundo. Assim que se aproximou de todos, falou:

— Desculpe o atraso.

— E eu achava que os ingleses eram sempre pontuais – resmungou o loiro Malfoy alto o bastante para todos ouvirem.

— Não começa – pediu Rose.

— O quê? – perguntou Scorpius sorrindo de lado, coisa que fazia as tietes ficarem malucas – Eu só fiz um comentário.

— Eu vou chegar na hora amanhã.

— Claro que vai. Você sempre falava isso em Hogwarts e eu nunca te vi chegar no horário.

— Tem razão – admitiu ela. – Mas agora cala a boca.

Scorpius sorriu de novo, adorando a sensação de a Weasley ter admitido na frente de todo o time que ele estava certo.

— O quê que foi? – falou Rose, olhando irritada para o treinador e os colegas que olhavam para os dois boquiabertos – Viram o Lord Voldemort, é?

O time continuou olhando de Rose para Scorpius e de Scorpius para Rose sem entender por que eles estava apenas se provocando amigavelmente. Isso era o mais perto de uma conversa civilizada que o Malfoy e a Weasley já haviam chegado a ter na vida, pelo menos na frente de outras pessoas.

Era esquisito, muito esquisito.

Mas ninguém ousou falar nada, ou perguntar qualquer coisa que seja, pois, quem sabe agora eles não tinham uma chance de se ganhar alguma coisa.

Então, o resto do treino acorreu sem problemas, assim como os treinos da sexta e do sábado, é claro que de vez em quando, um dos jogadores ouvia Rose chamando o Malfoy de “largatixa albina”, e Scorpius chamava a Rose de “esquisita falsificada”, mas não passava de nada disso, e até que era meio engraçado de se ver.

Claro que tudo que parece ser bom dura pouco, e o problema começou com uma pergunta que o treinador fez na segunda-feira, dois dias antes do jogo:

— O que você tem para dizer, Malfoy?

— Como assim? – retrucou o loiro.

— O que nós podemos esperar dos jogos contra os EUA?

— O mesmo de sempre, acredito. Para os americanos o ataque sempre é melhor que a defesa, nós já sabemos que vai ser um jogo difícil.

— Claro. O treinador quer saber é o que você pode contar que vai nos dar vantagem. Alguma jogada especial ou alguma formação diferente. Você jogou lá até setembro do ano passado, não é possível que não haja nada que possa nos contar – explicou a Weasley.

— Você não está esperando que eu conte algum segredo, ou está? – retrucou Scorpius, sem acreditar naquilo que estava ouvindo.

— É exatamente isso – exclamou o apanhador, Jones. – Você é lerdo, por acaso?

— O time já deve ter mudado quaisquer táticas surpresas que usavam quando eu estava no time.

— É impossível reestruturar um time em tão pouco tempo, Malfoy – disse a Weasley. – Algumas jogadas ainda são as mesmas, e isso pode nos ajudar.

— Eu não vou dizer nada! O time inglês não vai ganhar esse jogo de qualquer maneira – Scorpius acabou se exaltando e disse o que temia ser verdade – Não estaremos prontos para vencer um time no qual os jogadores já estão acostumados uns aos outros por quase dois anos.

— Mas você saiu e o “time inglês” – falou a Weasley, levantando-se do banco e fazendo aspas com as mãos – é o seu time agora Malfoy!

— E o que você espera que eu faça? – o loiro questionou indignado, levantando-se também.

— Não precisa bancar o ofendido. Não é como se a sua família não fosse acostumada a entregar antigos colegas, certo? – ironizou Rose, nervosa, e dizendo algo que se arrependeu assim que terminou de falar.

Todos nos vestiário ficaram boquiabertos.

— Meninos... – chamou o treinador, mas nenhum dos dois prestou atenção.

— Se você espera desonestidade, você não me conhece, Weasley – disse Scorpius abaixando o tom de voz, mas ríspido – Eu não estou aqui porque menti ou joguei sujo, muito menos consegui tudo o que eu tenho por causa do nome da minha família.

— Espera aí... – começou Rose.

— Eu não terminei – cortou-a Scorpius. – Agora eu sugiro que você se preocupe apenas em pegar a goles e repassá-la.

— Você não pode insinuar que eu estou aqui por causa do meu sobrenome.

— Eu não insinuei, eu disse – falou o loiro. – Você até tem talento, mas se não mudar a sua postura, e não se esforçar para ser uma boa jogadora, você não vai ganhar de time nenhum.

Rose não retrucou, só pegou a sua mochila, e a sua vassoura, e aparatou.

— Scorpius – chamou Alice. – Você não acha que...

— Ela estava implorando para ouvir algumas verdades. – O Malfoy respirou fundo e continuou, olhando para os batedores: – Eu acredito que o Rodrigues e a Longbottom devem tentar se livrar dos batedores primeiro, como se espera em qualquer jogo. E a gente tem que proteger o Jackson, por eles adoram mirar nos goleiros adversários. Se o treinador não tiver mais nada a acrescentar, acho que nos vemos amanhã.

xxx

Rose se odiou por ter aparatado sem ao menos dar uns bons socos no Malfoy. Ela estava tendo problemas para enfiar a chave na porta porque sua mão estava tremendo e ficou ainda com mais raiva do idiota do loiro por causa disso.

Droga!

Ela finalmente conseguiu entrar em seu apartamento, jogou sua mochila e a sua vassoura no sofá e tirou seus tênis na sala mesmo. Depois, ela foi para o que deveria ser o segundo quarto da casa, mas Rose usava como mini biblioteca e era o lugar onde também estava seu saco de areia, o instrumento perfeito para momentos como aquele.

A Weasley pegou faixas para enrolar nas duas mãos numa gaveta em seu quarto e foi desestressar, bater naquele saco de areia até que não tivesse mais forças para fazer nada. Ela gostava disso, gastar toda a sua energia batendo, e batendo, e batendo, e parecia que toda a raiva e frustação ia embora de acordo com o número que socos que ela dava ali. Geralmente, Rose não pensava em ninguém quando fazia isso, mesmo que pudesse estar nervosa com alguma pessoa, ela não achava legal se imaginar batendo repetidamente em alguém, não parecia ser uma coisa que gente decente imagina. Pelo menos na maioria das vezes. O Malfoy era exceção, com certeza.

E naquele momento ela não queria saber o que fazia bem ou não, só conseguia ficar repetindo a cena que tinha acontecido no final do treino, o Malfoy falando que ela só estava lá por causa de sua família, ela saindo da sala e com isso, perdendo a razão, e também o fato de Rose ter praticamente dito que a família de Scorpius não era nada mais que um bando de traidores. E essa parte era o que estava deixando-a com mais raiva ainda. Como que ela pôde falar isso? Ainda mais depois de ter conhecido a Astoria e o Draco e deles terem recebido ela na casa deles e terem sido tão educados... Ela era uma idiota.

E por estar com tanta raiva que não percebeu que tinha começado a chorar e que suas lágrimas estavam se misturando com o suor em seu rosto. Olhou para um relógio na parede e percebeu que já estava ali, socando tudo com toda a sua força há quase meia hora.

Rose parou e respirou fundo. E deixou o resto da raiva sair, e das lágrimas caírem.

Ela se sentiu um pouco boba por estar chorando mas, como ninguém tinha visto, achava que mal não deveria fazer.

A Weasley tomou um banho demorado, e depois se jogou em sua cama. Acabou pegando o celular antes de desmaiar até no dia seguinte, mesmo que ainda estivesse cedo, quando viu cinco chamadas perdidas da Alice e três do James. Se ela não retornasse logo, os dois iam estar batendo na sua porta em menos de uma hora, e Rose não estava a fim de receber ninguém, nem seus melhores amigos.

Ela ligou para Alice, e conversou com ela e James pelo viva-voz por uns dois minutos apenas, tempo que Rose precisou para convencer a Longbottom que estava tudo sob controle, e que sim, a Weasley ia aparecer no dia seguinte, mesmo que quisesse sumir ao invés disso.

Ela desligou o celular, a luz de seu abajur, e decidiu esperar que o sol trouxesse um pouco do seu ânimo de volta no dia seguinte.

xxx

Scorpius saiu do treino com a cabeça latejando. Ele queria negar, mas estava se sentindo culpado. Um pouco. Não deveria ter dito aquelas coisas, mas também não sabia que a Weasley ficaria afetada. Será que ela chorou ou algo do tipo?

O loiro balançou a cabeça negativamente. Ninguém mandou ela falar mal da família dele. E também, a Weasley já era adulta e provavelmente sabia lidar com aquele assunto em particular, porque, na verdade, todas as vezes que ela se dava mal num jogo, acabava publicado algum artigo que alegava que a Weasley estava no time por causa do sobrenome. Malfoy nunca admitiria em voz alta, entretanto considerava meio injusto, todo jogador tem seus dias ruins e não é possível ser o melhor o tempo todo.

Olha aqui, também não precisa achar que Scorpius estava defendendo Rose, porque ele sempre acreditou que ela não se esforçava o bastante, e nessa última semana ele teve certeza. Dava para notar que Rose Weasley confiava 100% em seu talento natural e parecia acreditar que não podia, ou não precisava melhorar. E se tinha algo que o loiro havia aprendido em seus 23 anos era que sempre há um jeito de deixar o seu trabalho e a sua vida melhor.

Scorpius ouviu o som do piano na sala e ficou tentado a se jogar no sofá mesmo e dormir ali, embalado pela melodia clássica tocada por sua mãe, que parou assim que o loiro fechou a porta e entrou no Hall.

— Scorpius, querido, é você?

— Não – respondeu o próprio, sorrindo e revirando os olhos. – Sou apenas um mísero ladrão, não ligue para mim.

Scorpius ouviu o riso da mãe, e ao invés de ir para o quarto, pulou no sofá da sala. Achou que a mãe o chamaria de “porquinho” ou algo do tipo, e o empurraria escada acima, entretanto Astoria apenas perguntou:

— Não quer tocar comigo?

— Hoje, não.

— Mas você vai ficar aqui?

— Aham. E vou acabar dormindo daqui a pouco também.

— Dia cheio?

Scorpius passou a mão pelos cabelos, gesto que indicava nervosismo tanto nele quanto em Draco.

— A senhora não faz ideia.

Astoria levantou-se do banco em frente ao piano, sentou-se no sofá, colocou a cabeça do filho em seu colo e começou a mexer no cabelo loiro dele.

— O que aconteceu? – perguntou a Sra. Malfoy.

— Olha, mãe, não quero falar sobre isso.

Graças a Merlin, Astoria não insistiu no assunto, só começou a cantarolar uma música de ninar. Scorpius estava quase dormindo quando ouviu a voz do pai:

— Tori, por que você parou de tocar?

— O meu bebê está muito cansado hoje. Estou cuidando dele.

Draco se sentou do outro lado de Astoria e deitou a cabeça na curva do pescoço da esposa.

— Como foi o dia, cara? – perguntou ele.

— Prefiro não comentar – respondeu Scorpius.

Draco sorriu.

— E eu ainda achei que você e a srta. Weasley iriam treinar como os melhores amigos essa semana.

— Pois é. Nós nos divertimos tanto que agora vamos tatuar um o nome do outro perto de nossos corações para representar a nossa intensa amizade.

— Eu não sei como ainda não me afoguei no sarcasmo de vocês – comentou Astoria, fazendo filho e o marido esboçarem sorrisos de lado idênticos.

Narcissa Malfoy entrou na sala naquele momento justamente para perguntar sobre o neto, e ficou parada ao ver a cena. Scorpius com a cabeça no colo da mãe e Draco, do outro lado encostado em Astoria, os dois de mãos dadas. Os três sorriam. E Narcissa ainda havia ficado com medo de que o casamento de seu filho não fosse durar, afinal, apesar de a garota vir de uma família conhecida e abastada, todos sabiam que a filha mais nova dos Greengrass era meio maluquinha, não se importava com festas e cerimônias, e muito menos com a opinião dos outros. Ela chegava atrasada a jantares importantes, não pedia e muito menos dava desculpas.

Narcissa queria poder dizer que o amadurecimento do filho foi devido sua influência, entretanto foi Astoria que moldou Draco, transformou-o no homem que ele é. Ela se lembrava que o filho havia chegado de uma festa muito tarde em 2000 e disse que Astoria iria se tornar a nova senhora Malfoy, entretanto Tori o fez sofrer um pouquinho antes de aceitar a insistência de Draco e se tornar a esposa dele.

Quando Scorp nasceu, Narcissa sentiu um aperto no coração porque Astoria era desligada demais para algumas coisas e achou ela erraria na educação de seu neto. Narcissa ficou feliz por não estar certa, porque a nora dava limites, mais do que ela mesma deu à Draco, e por isso Scorpius havia se tornado aquela pessoa responsável e honesta.

Narcissa se sentia realizada em relação à sua família, mesmo que, de início, não tivesse concordado com a escolha do filho para esposa, afinal Astoria era muito pró-trouxas e pró mudanças no sistema bruxo, seja econônico, político e até mesmo cultural.

— Vó? – chamou Scorpius, e ela saiu de seus devaneios – Há quanto tempo a senhora está aí parada?

— Não muito, querido.

— Tudo bem, mãe? – perguntou Draco.

— Claro, por que não estaria? Aliás, eu só vim avisar vocês que o Lucius vai receber uns amigos, três ao máximo, com suas esposas para o jantar.

Pois é, Lucius não morava mais na Mansão, mas quando estava lá agia como se a casa pertencesse à ele, por isso esse jantares particulares sem avisar ninguém.

Narcissa revirou os olhos ao ver o filho, o neto e a nora fazerem caretas ao mesmo tempo.

— Mas vocês já haviam feito uma reserva em Edimburgo naquele restaurante que a gente gosta, certo? – falou Narcissa lhes dando uma desculpa – E vocês saíram assim que o Scorp chegou em casa.

Astoria foi a primeira a sorrir agradecida com a sugestão da sogra.

— É uma pena que o vô tenha marcado esse jantar tão em cima da hora – comentou Scorpius indo em direção às escadas.

— Exatamente. O meu pai deveria ter perguntado sobre os nossos planos. Temos uma reserva às...

— As entradas vão ser servidas as oito em ponto – contou Narcissa.

— As reservas são para as sete. E nós já estamos atrasados. Não vamos poder ficar, mãe. Sinto muito.

Draco e Scorpius subiram para se arrumarem rápido, mas Astoria ficou.

— Não será realmente necessária a nossa presença Narcissa?

— Eu sei que nenhum dos três gosta desses jantares formais.

— Mas se você quiser... – começou Tori.

— Não se preocupe.

— Bom, a senhora sabe que eu não vou insistir.

— E não precisa. Só se arrume rápido e aproveite com os meus meninos.

Astoria sorriu e disse:

— Obrigada.

xxx

O fato de Rose acordar e ver o céu nublado não ajudou na esperança de que a terça-feira poderia ser melhor que a segunda. E ela tinha razão. O treino foi uma droga, de verdade.

Em primeiro lugar, tinha baixado um silêncio fúnebre e o clima estava tão ruim que Alice estava com a impressão de que ás vezes ficava até difícil de respirar.

Rose não olhou na cara de Scorpius, e ele também nem se deu ao trabalho.

O treinador tentou coordenar todos da melhor maneira possível, e o único momento naquele dia que todos ficaram interessados no que estava acontecendo foi quando o Malfoy deu umas ideias para jogadas que ele próprio havia criado, e que se todos achassem válido, o time poderia tentar no jogo do dia seguinte.

As ideias eram mesmo boas, e nem a Weasley poderia dizer o contrário, isso se ela estivesse conversando com alguém naquele dia (a morena entrou muda e saiu calada). Scorpius tinha anotado as ideias em um caderninho que ele tinha desde a época de Hogwarts, mas o que ninguém sabia que era a primeira vez que o loiro ousava mostrar suas jogadas para tentar em um jogo mesmo.

Assim, o treino de terça acabou, e o de quarta começou. Bem cedo, porque todos poderiam descansar antes do jogo, marcado para as oito da noite. O tempo continuava nublado, mas sem chances de nevar, o que era um bônus, afinal só chuva era algo com que os jogadores já estavam acostumados a lidar. Principalmente na Inglaterra.

O treino de quarta não trouxe nenhuma novidade, serviu apenas para recapitular as jogadas e treinar novamente as mundaças que o Malfoy havia sugerido. Rose fez tudo o que lhe disseram para fazer, e da melhor maneira possível, porque não queria dar motivo para ninguém reclamar com ela. A respeito de nada.

Às sete, o estádio já estava praticamente lotado, e os jogadores já estavam terminando de colocar seus equipamentos. O treinador Giacomini falou palavras de incentivo, coisa que Rose nem prestou atenção e todos se dirigiram ao estádio.

Alice chamou Rose e perguntou, depois que as duas ficaram um pouco para trás:

— Tudo bem, amiga? Olha, eu prefiro você brigando com o Malfoy, do que calada desse jeito. Não liga para o que ele disse, o cara exagerou.

— Eu não ligo – falou Rose, mas a Longbottom não parecia convencida.

— Olha, cada pessoa desse time só chegou aqui porque é bom, Rose. Até  o insuportável convencido do Jones tem talento.

Rose não conseguiu não sorrir depois dessa.

— Pronta? – perguntou a Weasley, mais pra mudar de assunto.

— Nasci pronta, amor – respondeu Alice, levantando a vassoura.

Rose não se sentia tão preparada para aquele jogo, e parte dela achava difícil ganhar. Mas se ela não alcançasse a vitória, pelo um estrago no outro time ela ia faazer. Ah, se ia.

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Notas finais do capítulo

Bom, é isso aí, pessoas que acompanham. O jogo fica para o próximo capítulo!! Sorry, não resisti, sabe? Até porque esse cap já está meio grande, e o jogo em si está enorme. Pois é, o capítulo quatro já está praticamente pronto e não vai demorar tanto para ser postado.
Deixem reviews, okay, que eu gosto muuuuito. Andie. ;)



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