Jogos apenas escrita por Andie Jacksonn


Capítulo 2
Apenas outra família


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Volteeeei! E agradeço a Anna C, a Anny Andrade, e a Maga Clari pelos reviews, adorei todos. Agora só uma coisinha que esqueci de falar: A Anny Diva Andrade que fez essa capa linda para mim, e eu só queria dizer thanks. Esse capítulo é pra você, garota! :D



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— Droga! – disse ele enquanto pegava mais um jarro e atirava contra a parede, ainda segurando o jornal com a outra mão – Isso é realmente maravilhoso! – ironizou e continuou a ler a reportagem – “O primeiro jogo foi um fiasco. Será que os EUA amoleceram o Malfoy, ou ele é agora um americano convicto que esqueceu a própria origem?”. “Porque como capitão do time inglês ele é um ótimo elfo doméstico. Vimos isso com a insubordinação da artilheira Rose Weasley que praticamente se recusava a seguir qualquer ordem do capitão.” “Desastre, para dizer o mínimo, se não fosse por Robert Jones.”...

Scorpius parou de ler novamente, e quebrou um prato dessa vez.

— Se você quebrar mais alguma coisa, eu colocarei você para limpar isso sem magia, Scorpius Hyperion – ameaçou Astoria.

— Faça isso – concordou Lucius Malfoy ainda sentado à mesa de jantar. – Trabalho braçal vai fazer bem para esse menino.

— Pai – pediu Draco.

Scorpius havia acabado de voltar para a Inglaterra e sua mãe o havia obrigado a ficar na casa. E agora o seu avô achava que podia dar palpite em tudo. E Lucius nem morava mais na Mansão, estava só passando um tempo lá.

— O que foi, Draco? – perguntou Lucius – Se você tivesse criado esse garoto direito, ele não teria traído o seu país.

Draco revirou os olhos. Seu pai era sempre mal-educado quando se tratava da decisão de Scorpius de ir jogar nos Estados Unidos. Scorpius, pavio curto, não aguentava quando o seu avô falava da sua educação dessa maneira. Draco e Astoria eram os melhores pais do mundo. Apoiavam sempre as decisões do filho e confiavam nele.

— Se ele tivesse me criado como o senhor criou, eu teria uma linda tatuagem, – explodiu o jovem – e provavelmente estaria passando uma temporada de férias em Azkaban.

— Chega, Scorpius! – mandou Astoria, sem gritar, mas ríspida.

Ele se arrependeu na mesma hora do que disse. Esse ainda era um assunto delicado, e Draco não gostava quando Scorp achava que Lucius não se importava com eles.

— Ah, jantares em família, como eu sentia saudades disso – disse Narcissa, com um sorriso cínico.

Scorpius pediu desculpas, especialmente para a avó, mas antes que ela pudesse responder, chegou uma carta em uma coruja marrom que Scorpius nunca havia visto antes.

Assim que ele leu, começou a rir, só que era um daqueles risos assustadores, típico de vilões de filmes infantis trouxas.

— O que foi, querido? – perguntou sua mãe.

— A Weasley. Ás vezes, eu penso que ela deve achar que eu sou idiota, era a mesma coisa em Hogwarts. Se eu a matasse e sumisse com o corpo, eu poderia me safar?

— Ia ser o primeiro suspeito, Scorpius – respondeu seu avô.

— O que ela quer? – perguntou Narcissa.

— Se encontrar comigo. Disse que quer conversar e que isso é “do meu interesse”. Eu acho é que ela teve a mesma ideia que eu e portanto quer acabar comigo, e pegar o meu posto de capitão.

— Não seja tão duro, Scorp – disse Astoria, afinal esse conflito entre eles e os Weasley era uma das únicas coisas na educação de Scorpius que Astoria achava que havia errado em não corrigir. Afinal Draco nunca foi fã de nenhum deles e passou isso para Scorp. A tal da Rose também parecia ter um gênio difícil e por isso batia de frente com seu filho. A mãe de Scorpius queria muito conhecê-la e tirar suas próprias conclusões sobre a garota. Afinal alguém que seu filho reclamou por anos deve ser digno de crédito. – Antes de você ser convidado para o time, todos os jornais e revistas achavam que ela tinha grandes chances de virar a nova capitã. Afinal, Rose está fazendo uma ótima temporada no Puddlemere United.

Todos olharam surpresos para Astoria.

— O quê? Vocês, por acaso, achavam que desde que o senhorzinho Scorpius decidiu ser um jogador profissional, eu não virei uma também?

— Eu te amo, mãe. Mas com a Weasley não rola conversa civilizada.

— Talvez ela queira se desculpar...

— Uma grifinória? – ironizou Lucius – Nunca. Eles morrem, mas não pedem desculpas.

— Não exagera, Lucius – disse Narcisa. – É por causa de grifinórios que não fomos para Azkaban.

— Eu não estou negando isso, mas eles nunca admitem seus próprios erros.

Scorpius revirou os olhos. O que a Weasley queria com ele? O que não podia esperar pelo próximo treino?

Os seus avós ainda discutiam, Astoria pedia a um elfo para ver se ele poderia retirar a mesa. Scorpius teve que sorrir, sua mãe seria sempre a pessoa mais educada que ele havia conhecido. O loiro olhou para o seu pai e ele estava franzindo a testa pensativo. Quando era criança tinha receio de interrompê-lo, mas se o fazia, Draco sorria, dava de ombros, alegando distração e Scorpius se sentava em seu colo, para contar qualquer besteira que estivesse em sua mente.

Depois aprendeu que era nesses momentos que a época da Guerra, as boas e más ações voltavam à cabeça de seu pai.

— Em que exatamente está pensando, pai? – perguntou.

— O quê? – questionou Draco – Nada demais.

Scorpius sentou-se ao lado do pai na mesa e perguntou:

— O que o senhor acha? Do que a Weasley disse? Porque na carta ela afirmou que precisava se encontrar comigo para resolver as coisas. Mas não confio nela.

— E não precisa, Scorpius. É bom que desconfie de Rose Weasley, a pessoa. Mas o seu time valoriza muito a jogadora e parece que bastantes fãs também.

— O que quer dizer, Draco? – perguntou Lucius nervoso – Que os dois devem se tornar amigos agora?

 – Não. Entretanto não existe problema em ouvir o que ela tem a dizer. Você são, tecnicamente, um time.

É, só na teoria mesmo, porque trabalhando juntos eram um desastre.

— Scorpius, não me entenda mal – continuou seu pai, – mas você esteve fora por anos, e tem gente que realmente pensa que você preferiu os EUA à Inglaterra.

— Danem-se eles, pai. O senhor porque eu me mudei.

Scorpius nem havia se formado em Hogwarts. Jogou muito bem no seu sexto ano no time da Sonserina e um olheiro americano o assistiu. Scorpius mudou-se para os EUA no ano seguinte. A verdade é que o loiro preferia jogar em times do Reino Unido, entretanto o sobrenome não ajudava, e na América, as pessoas ligavam menos para isso e mais para o talento.

Scorpius se formou em uma escola bruxa em Nova York, depois se mudou definitivamente para o Texas, sede do Sweetwater All-Stars, e na Copa de 2026, ele jogou pela seleção dos Estados Unidos. Cheirava e parecia traição, mas para o garoto, que ainda tinha 19 anos, era o certo. O Malfoy havia tentado entrar em times ingleses e não havia conseguido. Com os americanos, ele teve a chance de crescer e provar que era realmente bom. Além disso, tinha dupla nacionalidade.

Scorpius achava que era algo que devia a eles, por terem lhe dado ótimas oportunidades e por isso havia demorado tanto para voltar para o Reino Unido.

— Mas voltou, não é? Sabe que aqui as coisas são diferentes – falou seu pai.

Scorpius suspirou. Droga! Agora ele tinha que se resolver com a Weasley.

— Tudo bem – o jovem respirou fundo. – Vou mandar uma carta para ela e a gente se encontra em um restaurante.

— Mas ela já deve ter jantado, querido, por que não a chama para comer a sobremesa aqui?

Scorpius fez uma careta, não parecia uma boa ideia.

— Não sei, mãe, acha que ela aceitaria vir até aqui?

— E qual é o problema? – perguntou Astoria.

Lucius não acreditou no que a nora havia falado. Será que ela nunca tinha ouvido nada a respeito dos Weasley e dos Malfoy? Narcissa prendeu o riso e olhou para o filho Draco, que sorria para a esposa e balançava a cabeça.

— Amor, por acaso você esqueceu alguma parte do passado dessa família? – perguntou ele.

— Impossível. Mas quero saber se a sua Weasley, Scorp, é realmente digna de crédito. Preconceito com uma família de ex-comensais não vai ser um bom começo para ela.

Scorpius deu de ombros e mandou uma carta para a Weasley, chamando-a para ir até a Mansão, e perguntando, com um sorriso cínico no rosto ao escrever, se ela se importava.

Em quinze minutos, a resposta chegou.

A Weasley dizia que tudo bem, se os pais dele não se importassem, porque não, ela não via problema nenhum em ir até lá.

— Ela disse que em 20 minutos chega. E perguntou se pode aparatar aqui dentro, porque provavelmente está cheio de fotógrafos lá fora.

— Você sabe que não dá para aparatar aqui dentro, Scorpius. Pelo menos, não vindo do lado de fora. Escreva que ela pode aparatar nos jardins – disse Draco.

— Beleza.

Scorpius mandou a resposta, explicando onde exatamente aparatar e pediu à elfo Netty, que ajudava a cuidar dele desde que o menino tinha nascido, para guiar a Weasley quando ela chegasse.

Astoria se levantou da mesa e minutos voltou com uma vassoura e uma pá na mão e entregou ao seu filho, dizendo:

— Se você acha que algum dos elfos vai limpar a bagunça que você fez, está muito enganado, Scorpius. Pode varrar os cacos de vidro enquanto a Weasley não chega.

O loiro se levantou, bufou, e fez o que a mãe mandou.

Exatos 35 minutos depois, os Malfoy estavam na sala de estar e ouviram os pequenos passos do elfo e os de mais alguém. Scorpius levantou-se para receber a chata da Weasley, mas parou quando ouviu Netty fazendo uma pergunta a ela:

— Com licença, senhorita, eu poderia fazer-lhe uma pergunta?

— Claro que sim – respondeu a Weasley? Scorpius não tinha certeza se era ela mesma porque a Rose Weasley que ela conhecia não tinha aquela voz melodiosa.

— Por que a senhorita não gosta do senhorzinho Scorpius?

Pega essa agora, idiota— pensou Scorpius. Ele tinha que admitir que estava curioso, porque nunca tinha parado para pensar nisso. 

O loiro olhou em volta e sua família também prestava atenção à entrada.

— Não é por que ele é um Malfoy, ou é?

— Bem, no início essa era uma parte do motivo – Scorpius estava surpreso, não é que ela havia admitido? – Mas depois que eu passei a conhecer o Malfoyzinho, eu descobri que ser um sangue puro era o menor dos problemas. O cara é um porre.

— Ele é o quê? – indagou o elfo.

— Chato. Mas muito enjoado mesmo, você não acha? – a voz da Weasley voltou a ficar bonita de novo.

— Não. Ele só é um pouquinho difícil, sabe? Mas também é muito educado e legal com todos que trabalham aqui. A gente sempre torce por ele – disse Netty.

— Nossa, fizeram lavagem cerebral em vocês? – agora sim, essa era a Weasley que Scorpius conhecia.

— Srta. Weasley, gostaria de se juntar a nós? – chamou Draco.

Scorpius foi até o Hall e a pegou a Weasley agradecendo ao elfo, com as bochechas coradas. Ela vestia jeans e uma camiseta verde, lisa. Scorpius poderia dizer que ela estava bonita se não fosse a Weasley, por isso não falou nada, apenas pigarreou.

— Deu para ouvir tudo? – perguntou ela, parecendo sem-graça.

— Você me xingando? Deu.

— Droga. Esse não é um bom jeito de chegar à casa dos seus pais, eles, tecnicamente, gostam de você.

— É, eu acho que eles gostam.

— Sério? Gostam mesmo? Acho isso meio impossível – A garota parecia prestes a rir.

— Cala a boca, Weasley. Temos assunto para resolver não é?

— Claro – pediu ela, seguindo-o. – Desculpe.

— Merlin! – Scorpius fingia estar chocado. – Ela sabe pedir desculpas.

— E sabe bater também, idiota.

— Você parece ter fibra mesmo, srta. Weasley – exclamou Astoria.

— Mãe!

A Weasley sorriu.

— Boa noite – cumprimentou ela a todos na sala, escondendo muito bem a surpresa por ver Lucius e Narcissa. – Obrigada, Sra. Malfoy. E pode me chamar de Rose, é tão estranho. “Srta. Weasley” me lembra a diretora Minerva chamando minha atenção e a do seu filho nos corredores de Hogwarts. Obrigada por estar me recebendo tão tarde também.

— Quem está te recebendo sou eu – lembrou-lhe Scorpius.

— Não. São seus pais que estão me recebendo – negou Rose. – A casa nem é sua.

Draco deu uma tossida que mais parecia uma risada. E a Weasley pareceu perceber que não estava sozinha com Scorpius. E que estava sendo mal-educada.

— Desculpe – pediu ela a todos. – Força do hábito.

— Ser mal-educada? – perguntou Scorpius.

— Scorp. Chega, não é? – perguntou Astoria.

— Ah, mãe, mas isso é tão divertido. Eu tinha esquecido como é bom só implicar com a Weasley. Eu deveria voltar a fazer isso, sabia? – disse Scorpius, virando-se para Rose.

— Fica à vontade, Malfoy. A gente continua brigando e a Copa vai para os Estados Unidos.

— Finalmente alguém disse alguma verdade aqui – disse Lucius Malfoy. – O que você pretende, Weasley?

Lucius não gostava da família dela, mas talvez, talvez, muito talvez, ela pudesse ajudar. 

— Ganhar, Sr. Malfoy.

— Então, acho que dessa vez estamos jogando no mesmo time.

— Exatamente.

Scorpius estava vendo algo nos olhos da Weasley e não sabia se aquilo era bom. Algum brilho diferente.

— E onde eu entro, Weasley?

Rose virou-se para ele, e respirou fundo. Dava para ver que ela não sabia por onde começar.

— Rose. Eu vou colocar a sobremesa na sala de jantar e nós vamos à frente. Você e o Scorp podem ir até o escritório para conversarem – falou Astoria.

— Tudo bem – sorriu ela, agradecendo.

xxx

O escritório era grande, e tinha uma mesa de mogno de costas para uma grande janela. Ou pelo menos parecia uma grande janela. Estava coberta por pesadas cortinas verde-escuro. Mas era uma sala bonita, tinha estantes com muitos livros e um tapete que parecia muito fofo. Rose poderia passar horas num lugar como aquele.

Ela amava ler, como sua mãe, e escritórios não a assustavam, quando criança, passava muito tempo na sala de Hermione, no Ministério. Então ela gostava deles, principalmente do escritório do seu primo James, que tinha um milhão de coisas sobre quadribol.

Rose aproximou-se da escrivaninha, e viu algumas fotos. De Scorpius principalmente.

— Então, Weasley... – o loiro tirou-a dos devaneios. – Você vai ficar analisando a mobília ou o quê?

— Os jornais tinham razão – Rose começou, e sentou-se em uma cadeira. – Eu fui totalmente insubordinada, você é o capitão e eu deveria ter te escutado.

Ela não tinha coragem de olhar na cara dele.

— Eu sei que nós não nos damos bem...

— Esse é o eufemismo da década.

— Pois é. Mas eu nunca fui assim. Eu sei separar trabalho de vida pessoal, e eu não fiz isso nessa última semana, e muito menos nesse jogo. Deixei que meu nervosismo em relação a você me atrapalhasse.

Ela deu uma olhada para ele e Scorpius estava de costas para ela. Estava encostado na mesa, virado para janela, ou melhor, para as cortinas.

— Não é fácil para mim. Dizer isso. Admitir meu erro para você.

Scorpius foi até as cortinas e abriu-as. E Rose imaginou corretamente, tinha uma janela enorme virada para os jardins da Mansão. Devia ter uma bela vista durante o dia.

— Malfoy. Eu sou boa no quadribol, e eu quero aquela taça. O mundo inteiro acha que você é bom e que esse é um dos melhores times ingleses formado em anos.

Rose não sabia mais o que dizer. Felizmente parecia que o Malfoy esteve escutando-a.

— Você acha que... Que eu... Que nós podemos ganhar? Como um time de verdade? – perguntou ele.

— Acho. Eu sei que nós temos muitos problemas para resolver, e eu não estou dizendo que vai ser fácil, mas precisamos jogar juntos. Adequarmo-nos e nos preparar para a Copa. Falta tão pouco tempo.

— E você veio aqui só para isso?

— Não é o bastante? – questionou Rose, começando a ficar nervosa. – Eu precisava conversar com você e não podia deixar isso para amanhã. Eu provavelmente perderia a coragem.

— Uma grifinória sem coragem? – Scorpius virou-se para ela, ainda de pé. – Achei que isso não existia.

— Olha aqui, Malfoy – Rose começou a se alterar, e levantar a voz – Eu estou engolindo todo o meu orgulho, o que mais você quer? Quantas desculpas mais você quer? Eu não fui a única errada essa semana. Você não foi o melhor capitão que eu já tive e por que, droga, você não fala nada?

— Eu quero jogar e quero sorvete. Não precisa pedir mais desculpas, pelo menos não para mim. E sim, eu sou o melhor capitão que você já teve porque eu sou o primeiro. E eu estou falando agora, não é?

Ah, ele era o primeiro capitão que Rose havia tido. Verdade, antes do Malfoy, Rose só havia tido duas capitãs, apesar de jogar pelo Puddlemere, que era um time misto. Mas ele ainda estava estressando-a.

— O que você acha disso tudo? Fala garoto!

— Eu acho que você deveria fazer algum tipo de atividade calmante.

— Eu faço. Boxe. Tem um saco de areia lá em casa com a sua foto.

Scorpius sorriu.

— Você tem razão. Tem muito trabalho pela frente se quisermos ganhar isso. E eu preciso que você direcione essa sua raiva para os próximos jogos e não para mim.

— Isso quer dizer...

— Que eu estou disposto a trabalhar com você, Weasley.

— Sério? – exclamou Rose – Achei que você ia falar para o treinador me tirar do time.

— Eu posso fazer isso? – perguntou Scorpius surpreso. Nossa, na Inglaterra as coisas eram mesmo diferentes, porque nos Estados Unidos, primeiro você pedia por uma audiência com o treinador e seus superiores, apresentava suas queixas e argumentos. Depois eles chamavam a pessoa que de acordo com você estava dando problema, e ela se apresentava, com sua defesa. Aí depois disso tudo e muita burocracia, talvez ela saísse.

A Weasley riu.

— Não, não pode. Apesar de sua opinião ser importante, só depois de muita resenha e trabalho, um jogador sairia a seu pedido. Eu só queria ver se você se entusiasmava com a ideia.

— Nossa, eu tenho que admitir que assim eu teria menos trabalho, mas não vale a pena. Não encontraríamos outra jogadora como você em tão pouco tempo.

Rose ficou boquiaberta.

— Espera. Isso que eu escutei foi um elogio disfarçado?

Scorpius não tinha prestado atenção no que havia falado.

— Eu só estou dizendo, Weasley, que você é a menos pior que podemos arranjar.

— Claro. Desculpe, mas eu vou te lembrar disso pelo resto da sua vidinha. Que você disse que eu sou a melhor jogadora que existe.

— Eu não disse isso.

— Ou quase isso, mas não importa, é a minha palavra contra a sua.

— Esse não é um bom começo Weasley... – O Malfoy não estava gostando do rumo da conversa, se eles começassem a brigar de novo, ia tudo pelos ares.

— Ah, loiro oxigenado, você não queria relembrar os velhos tempos?

— Você sabe que eu não gosto...

— De apelidos, doninha albina jr.?

Rose sabia que estava irritando-o, mas tinha anos que ela não via a cara que ele fazia por chamá-lo de doninha albina. Porque na última semana eles haviam se chamado de coisas muito piores.

— Sabe, eu achei que você tinha crescido, srta. Weasley falsificada. Porque fala sério, você só pode ser adotada, ainda mais com esse cabelo castanho escuro. Onde os Weasley te acharam?

Agora ele tinha abaixado o nível.

— Olha aqui, moleque, é melhor você...

— Eu estou atrapalhando? – perguntou uma voz vinda da porta.

A mãe de Scorpius estava lá, e sorria para os dois.

Scorpius e Rose perceberam que exageraram, e viraram-se sem-graça para Astoria.

— Eu achei que vocês estavam demorando, por isso vim ver como estão as coisas.

— Já acabamos – disse Scorpius.

Rose olhou para ele, e parecia que as coisas estavam mesmo encerradas. Eles se veriam no dia seguinte para o treino e aí sim, veriam se a conversa havia adiantado de alguma coisa.

— É, terminamos – concordou Rose, esticando a mão para o Malfoy. – Temos um trato?

— Que trato? – perguntou Astoria se metendo na conversa.

— Nós vamos nos esforçar para sermos um time mãe – explicou Scorpius. – Sem brigar.

— Do jeito que vocês estavam fazendo quando eu cheguei? – perguntou ela com as sobrancelhas levantadas.

— Sem brigar muito — corrigiu a Weasley, ficando com as bochechas coradas.

Astoria sorriu. 

— Hum... Entendi. Agora para tudo ficar legal entre vocês, se abracem.

Rose ficou boquiaberta, e Scorpius também. Era óbvio que eles não iam se abraçar.

— Estou esperando. Porque quando eu entrei parecia que eu estava vendo duas crianças brigando. E se brigam como crianças, se resolvam como se fossem crianças.

Scorpius deu a volta na mesa, pronto para obedecer, mas Rose se afastava dele.

— Eu não vou te abraçar. Tenho que ir, sra. Malfoy, está tarde.

— Mas você não vai nem tomar a sobremesa conosco? – perguntou Astoria.

— Eu não quero incomodar... – Rose não queria mesmo incomodar e também passar mais tempo ali, não achava que era totalmente bem-vinda, principalmente sob a vista de Lucius e Narcissa Malfoy.

— Mas você não incomoda, querida...

— Amanhã tem treino cedo, mãe. Deixe a Weasley ir.

Rose quase agradeceu ao Malfoy.

— Não mesmo. Nunca deixaria você sair sem comer algo. Seria uma tremenda falta de hospitalidade. Venha Rose.

Rose e Scorpius suspiraram em uníssono e seguiram Astoria. Pelo menos haviam se livrado do abraço.

Assim que chegaram à sala de jantar, que por acaso é imensa, o elfo Netty servia sorvete e bolo de chocolate. Rose quase babou, felizmente ninguém pareceu perceber.

— Sente-se, Rose – falou Astoria.

— Mãe... Você não manda nela – falou Scorpius revirando os olhos.

— Nossa, Scorp, como você é chato, fica parecendo seu pai.

— Tori! – chamou Draco.

Rose deu uma risadinha e todos na mesa olharam para ela.

— É que essa cena me lembrou a minha família – depois de dizer isso, começou a ficar vermelha, porque percebeu as sobrancelhas levantadas de Lucius. – Mas vocês não iam querer ser comparados com a gente, não é?

 – Por que não? – perguntou Astoria.

Rose olhou para Scorpius, procurando por alguma coisa, talvez por ajuda.

— É, ela é meio ingênua ás vezes – disse ele para Rose.

— Sério, filho? Eu sei de todo o passado dessa família e sei também que os Malfoy nunca se deram bem com os Weasley, por terem formações e pensamentos diferentes. E eu sabia onde eu estava me metendo quando eu casei com o seu pai, e nada aqui foi fácil. Mas entrei para essa família sabendo disso, eu não chamaria de ingenuidade.

— Só que ainda é estranho Sra. Malfoy. A guerra passou, eu e o seu filho estudamos na mesma sala e mesmo assim...

— Não se preocupe. Não nos importamos de sermos comparados à sua família, Rose – falou Narcissa.

— Claro que não, ainda mais uma família que tem tantos heróis de guerra, a família de Harry Potter... – começou Lucius, irônico.

— Pai. Para com isso – pediu Draco.

— Por quê? Seu filho teve que jogar fora do país porque não o aceitavam aqui por causa do sobrenome e você ainda quer que fique feliz em ser comparado com eles?

— O quê? – exclamou Rose e a família pareceu se lembrar que ela ainda estava lá. – Não te aceitaram aqui porque você é um Malfoy?

Scorpius não ficou surpreso com a pergunta em si, mas pela surpresa e a aparente indignação.

— Surpresa? – indagou Scorpius.

— Incrédula. E muito indignada, porque isso é ridículo.

— Por que você achava que eu tinha para os EUA?

— Sei lá. Porque tinha as melhores oportunidades, porque foi o primeiro lugar que quis apostar em você e porque você ganhava mais dinheiro?

— Os três argumentos são verdade. Mas eu preferia jogar aqui, só que não deu muito certo no início.

— Eu não consigo acreditar que não te escolheram porque você era um Malfoy.

— Bom, também não foi assim. Quando anunciaram que eu jogaria na Copa pelos EUA, alguns times ingleses quiseram me comprar, mas eu tenho que admitir que queria ver os idiotas se danarem.

— Scorpius! – chamou Astoria – Olha o palavreado à mesa.

 – Tá, mãe. Do jeito que a senhora fala parece que eu tenho cinco anos. Enfim... Foi isso.

— Sério? Eu também ficaria nos EUA – falou Rose.

— Olha, e eu achei que fosse meio patriótica ou algo do tipo, Weasley. Você não usa camisas com a bandeira da Inglaterra e com frases como “I Love London”?

— Uso. Qual é o problema? E continuaria usando se algo assim acontecesse comigo. Eu amo a Inglaterra e não todas as pessoas que vivem nela.

— Isso faz sentido.

— Eu sei – concordou Rose, e virou-se para Lucius. – Desculpa Sr. Malfoy, não deveria ter feito aquela comparação, mas a culpa não foi da minha família. Quero dizer, sobre o seu neto não jogar aqui no Reino Unido.

— Ele sabe, Rose – respondeu Narcissa pelo marido. – Não precisa se desculpar.

 – Só abraçar – completou a mãe de Scorpius e todos se viraram para ela. Todos menos Scorpius e Rose.

— Mãe – pediu o loiro mais novo. – Deixa isso para lá, o sorvete está derretendo.

— Por favor – completou a Weasley.

— Rápido – mandou Astoria.

Scorpius e Rose levantaram-se de seus respectivos lugares e aproximaram-se.

— Vamos acabar logo com isso, Malfoy – falou Rose, e esticou os braços.

— Tanto faz – respondeu ele.

Scorpius passou os braços pelas costas de Rose e a abraçou. Os dois fizeram caretas como crianças.

— Isso mesmo – falou Astoria – Fiquem assim só pouquinho.

E esse pouquinho quase matou os dois, porque Rose sentiu um perfume cítrico delicioso vindo do Malfoy e Scorpius também achou a Weasley muito cheirosa.

E naquele mesmo momento, um flash assustou os dois, fazendo-o se separar.

— Eu vou guardar essa foto. Para nossos futuros momentos juntos – disse Astoria, mas ninguém pareceu entender. O que ela queria dizer com aquilo?

— Você vai querer uma cópia da foto, Rose? – perguntou a mãe de Scorpius.

— A senhora mandaria para mim?

— Não precisa bancar a educada, Weasley. É óbvio que você não quer isso – falou Scorpius oferecendo à Rose a cadeira ao seu lado. Ela se sentou e disse:

— Sim, Sra. Malfoy, eu quero uma cópia. Vou guardar como lembrança do dia em que um Malfoy e uma Weasley, uma grifinória e um sonserino se uniram por um bem maior – pausa dramática. – O dia em que dois inimigos se uniram pelo quadribol.

— Amém – disse Scorpius com uma mão levantada. – Bendita seja.

Rose fez uma careta e todos riram.

E começaram a conversar normalmente sobre quadribol e os jogadores, e o time inglês, e Rose só conseguia pensar em como tudo que ela achava sobre essa família estava errado. Ela não gostava de Scorpius, mas seu pai Ron não conhecia nada sobre essas pessoas.

— Duvido que você consegue tomar mais sorvete que eu – desafiou Scorpius de repente, apontando sua colher para Rose.

Ela apenas riu, desdenhosa.

— Eu fico com a Taça se eu ganhar?

— Pensei que essa fosse a ideia. Ganhar a Copa Mundial.

— E é. Mas quando ganharmos, a taça da Copa fica com o técnico ou o capitão, ou seja, você. E eu quero a Taça do lado dessa foto que a sua mãe tirou.

— Não mesmo, Weasley – falou Scorpius – Eu não vou apostar. Se você continua comendo como em Hogwarts, eu tenho chances de...

—... Perder – completou a morena. – Eu só queria que você admitisse a possível derrota.

— Mas eu não...

— Você admitiu, querido – falou Astoria.

— Vai ficar do lado dela agora, mãe? – perguntou Scorpius.

Rose levantou a mão direita e bateu na de Astoria. Draco só revirou os olhos.

E um celular tocou.

Barbie Girl, Weasley? – perguntou Scorpius debochado, sobre o toque – Vou te zoar para sempre.

— É o toque da Alice – respondeu ela, enquanto Lucius e Narcissa olhavam para o aparelho – Depois eu ligo para ela.

— Pode atender, srta. – falou Draco – Fique à vontade.

— Com licença... – pediu Rose e se levantou.

— Sabe, não sei vocês, mas não entendo porque você não gosta dela, Scorpius – falou Astoria.

O filho dela levantou as sobrancelhas. Como assim?

Não era óbvio?

A garota era um porre.

— Ela me lembra um pouco o Harry – falou Narcissa, de repente.

— Sério, mãe? – perguntou Draco realmente curioso, nada naquela menina lembrava o santo Potter.

— Olha, eu também não sou fã da família dela, mas até         que a garota não é de todo ruim. A Astoria que gostou dela.

Aquilo não era uma pergunta. E os fez pensar um pouco. Astoria só sorria, porque quando conheceu Rose oficialmente, sentiu que podia confiar na jovem, que com o tempo, seria capaz de entregar seu filho nas mãos de dela. Estranho, porque Tori achava que não tinha um pingo de intuição, Draco sempre percebia as coisas antes da esposa, então por que aquele sentimento?

Rose estava na sala ao lado e provavelmente nunca contaria, mas ouviu toda a conversa enquanto estava na sala ao lado. Queria saber o que estavam pensando dela e tinha certeza que eles conversariam sobre isso quando ela saísse. Ela voltou à sala de jantar, pediu desculpas por ter que ir embora e agradeceu por tudo, dizendo que havia adorado o sorvete.

— Tenha uma amiga em crise. Daqui a pouco ela me liga de novo.

— Alguma coisa séria? – perguntou Scorpius, afinal Alice era do time dele, precisavam treinar muito agora.

Rose bufou.

— Não sei onde briga de namorado é coisa séria, mas eu vou ter que encontrar com ela do mesmo jeito.

A Weasley agradeceu novamente. E se despediu.

Astoria mandou Scorpius levá-la até os jardins dos fundos para aparatar porque, infelizmente, ainda havia alguns repórteres na frente da casa.

Os dois foram andando em silêncio, mas acabaram dizendo juntos:

— Eu...

— Você primeiro – Rose disse.

— Obrigado por vir. Amanhã eu vou negar que disse isso, mas agradeço pela bandeira branca que veio oferecer.

A Weasley olhou para ele como se estivesse ouvindo-o pela primeira vez. Ela sentiu no tom de voz do loiro a mesma ansiedade que ela sentia quando era capitã do time da Grifinória. Ele estava nervoso com as novas responsabilidades, mas Rose fingiu que não era nada demais.

— De nada.

— O que você ia dizer, Wealsey?

— Ah, eu só ia comentar que gosto da sua tatuagem.

Scorpius olhou para o próprio antebraço esquerdo. O loiro tinha “Malfoy” tatuado em letras cursivas e garrafais.

— Bom, eu também gosto – falou ele – É para ninguém esquecer quem eu sou. É quase um cartão de visitas.

A morena revirou os olhos.

— Mas eu achei que você fosse toda certinha, Weasley, a princesinha do papai, e que não gostasse dessas coisas.

— Algumas tatuagens são legais.

— É verdade – falou ele.

E um silêncio constrangedor se instalou.

— Até amanhã, Malfoy – falou Rose antes de aparatar ainda se perguntando por que raios havia dito que gostava da merda da tatuagem dele. Ela tinha gostado mesmo, mas ser legal com o chato Malfoy estava fora de da sua lista de coisas a fazer.

Scorpius piscou duas vezes tentando se convencer de que aquilo havia mesmo acontecido. Será que ele e a Weasley implicante começaram a se tratar melhor porque haviam quase perdido a porcaria do jogo? Até que eles não eram assim tão... E, ai meu Merlin, balançou a cabeça, ele odiava a Weasley. Eles não eram parecidos, não tinham nada a ver.

O próximo amistoso seria contra os EUA, contra seu antigo time, era nisso que ele precisava pensar. Nada de Weasley.

Ele tinha que vencer.

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Notas finais do capítulo

Eu sei que estou enrolando, mas não resisti e tive que apresentar a família Malfoy para vocês. No próximo capítulo: o primeiro treino depois da trégua. Deixem reviews e não desistam da minha historinha.
Andie.
Ah, eu imagino a tatuagem do Scorpius como a do ator Rômulo Arantes Neto, que tatuou o sobrenome no antebraço. Enfim, é só para o caso de alguém se interessar.



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