As Desventuras do Caos escrita por Reet


Capítulo 5
CAPÍTULO V — A CÓPIA ERRADA


Notas iniciais do capítulo

Agradecimento a D D Angelo (ID: 626364) por me ajudar a escrever a cena de luta.
Betagem feita por Ladybug (ID: 693356) e última revisão por The Stolen Girl (ID: 354553).

E um agradecimento muito especial para as meninas que recomendaram a fic: ✧ ApplePie, Reeanns, Dani California e CallaCalls ✧ muito obrigada a todas, eu fico sem chão quando recebo uma demonstração de carinho pela história tão grande como recebi de vocês. Suas palavras me deixaram emocionada. Esse capítulo é em homenagem a vocês.

(05/12/16) EDIT: Edição de rotina para corrigir erros achados ao longo do tempo.



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Eu não tinha um plano ou dinheiro. E nem comida no meu estômago, que não parava de roncar. A única coisa que eu tinha era a esperança de que a impressora da biblioteca estivesse funcionando e que a comida do bandejão dos bolsistas no refeitório não parecesse cérebro triturado.

Cheguei ao refeitório. Olhei para a gosma densa e amarelada que deveria corresponder à placa: mingau de aveia. Eu não sei que aveia é essa e nem os estudantes em volta pareciam saber, mas decidi arriscar, apesar de sentir meu estômago se revirando e pedindo para eu não colocar aquilo para dentro.

Após algumas colheradas e a certeza de que minha fome tinha sumido, segui para a biblioteca da universidade. Um dos computadores de 1998 parecia estar funcionando com um péssimo gráfico, então iniciei uma seção em um editor de documentos e comecei a preencher meu currículo.

Vejamos... O que eu sei fazer além de escrever artigos?

Jornalismo. Quatro anos para escrever colunas sobre pessoas que você não conhece, vestindo roupas que você não usa, desfilando em um tapete de uma cor que você não gosta. Ou virar a nova moça do tempo. Que também não era uma opção otimista.

De qualquer forma, eu não tinha tempo para procurar um estágio. Eu tinha que arranjar um bico em alguma lanchonete, restaurante ou bar, nem que fosse dançarina de pole dance ou animadora de fantoches. Qualquer coisa, estaria aceitando.

Meu currículo acabou se tornando um poço de mentiras: extrovertida, responsável, sociável e extremamente comunicativa. A única verdade, talvez, fosse o tópico onde eu dizia que estava humildemente em busca do primeiro emprego. Por último, inseri uma das melhores fotos que eu tinha, cortando-a pelo busto e cliquei em imprimir. 10 cópias. Deveria ser suficiente. Busquei as folhas e tomei coragem para começar a agir.

O campus da universidade ocupava quase um bairro inteiro. A faculdade em si era dividida em vários prédios, separados por áreas de estudo, laboratórios, secretarias e corredores que interligavam tudo isso em um refeitório. Mas fora da universidade, além do estacionamento, ainda tinha o hospital e bairro estudantil. Os apartamentos ficavam a algumas quadras de distância dos prédios principais e o supermercado, as lanchonetes e os bares, nesse meio-caminho. Aquele era o meu destino.

Eu não tinha nada a perder. Talvez tempo e peso, considerando que o mingau de aveia mutante não havia me dado sustento. Se na hora do almoço eu estiver com muita fome, vai que ele muda de aparência e eu deixo de sentir o gosto.

As lanchonetes no espaço universitário costumam ser abertas para todos os públicos, bem frequentadas e com preços acessíveis, geralmente se tornando ponto de encontro de estudo. Menos o Bruce’s. O nome era entalhado em madeira e toda a estrutura da fachada era feita do mesmo material. Mesmo a vitrine sendo de vidro, não era possível enxergar através do filme escurecido e não tinha uma cara nada amigável. Eu passei direto pelo bar após um grupo de meninos saírem de lá amparando outros em seus ombros e com cara de que passaram a noite inteira bebendo.

Minha primeira tentativa na entrega de currículos foi no supermercado do campus, mas eles me recusaram alegando ser lenta demais para resolver contas de subtração. É por esse exato motivo que eu sou de humanas.

Eu tentei a Blackwell, uma loja de roupas alternativas, mas eles disseram que eu não tinha modificações corporais suficientes para o estilo da loja. Também me recusaram na oficina dos estudantes de mecânica, porque eu não tinha cromossomos XY o bastante para aguentar o tranco.

Adentrei uma lanchonete em que o letreiro indicava Café Retrô, em letras garrafais e fluorescentes, adornado por pequenas lâmpadas que piscavam intermitentes. A porta esbarrou em um sino, anunciando minha chegada para uma lanchonete quase vazia. As propagandas de sanduíches de dois andares e batatas-fritas cortadas em formato de onda me chamaram atenção, embora não houvesse nenhum aviso de que estivessem contratando e eu não tivesse mais esperança nenhuma.

Fui em direção a uma bancada decorada com o estilo de um conversível azul. Atrás dela, o garçom estava apoiando o rosto em uma mão com o cotovelo em cima do balcão, desenhando alguns rabiscos em seu bloco de notas na outra. Eu não pude deixar de reparar nas suas tatuagens coloridas e a barba espessa que cobria o maxilar e bochecha, dando a ele um visual peculiar que eu tinha certeza de que já havia visto em algum lugar. Aliás, ele era atraente e forte. Demais.

— Já foi atendida? — indagou.

— Não — respondi, mesmo sabendo que eu não iria pedir nada para comer. — Queria saber se vocês têm alguma vaga de emprego. Eu trouxe meu currículo.

— Ah — murmurou o rapaz, expressando uma careta infeliz. — Preenchemos a última vaga para garçonete ontem.

— Droga. — Balancei a cabeça desanimada. O rapaz pareceu me olhar com pena. — Eu já vasculhei o campus inteiro e não tem vaga nenhuma.

— Você está tão desesperada assim? — perguntou.

— Bem — comecei, soltando um suspiro irônico —, numa escala de um a dez, eu diria que, provavelmente, sou a desabrigada que foi expulsa de casa pelo próprio progenitor e perdeu todo o dinheiro em uma ventania, impossibilitando assim, a chance de ter casa para morar e comida para se alimentar. — O garçom arqueou as sobrancelhas com uma cara assustada. Eu soltei uma risada fraca: — Dez.

— Que situação complicada — admitiu o garoto, cruzando os braços na frente do peito. E que peito. — Você lembra a mim, há alguns anos, quando eu comecei a trabalhar aqui. Qual o seu nome?

— Dawn — respondi. — É. Como o amanhecer.

— Eu sou Hans — ele disse, após uma breve risada por conta do meu nome. — Você está com fome?

— Para falar a verdade, sim. Você tem noção de como é o mingau de aveia do bandejão dos bolsitas?

— Tenho — confessou com uma careta. — Eu costumava comer lá.

De repente, um sino foi tocado e uma mão gorducha com um prato de hambúrguer — muito similar ao que estava na propaganda — apareceu de dentro de uma janelinha na parede de trás de Hans. O garçom se virou para pegar e o pedido e logo em seguida, gritou:

— Mais um Cadillac Burguer! — Hans entregou o prato na minha direção e eu arregalei os olhos, surpresa. — Pode ficar com esse.

— Eu acho que você não entendeu quando eu disse que perdi todo o dinheiro em uma ventania.

— É por conta da casa, vai? De desabrigado para desabrigado — implorou com um sorrisinho de vira-lata para adoção. Eu não pude resistir a aceitar o hambúrguer, pois o meu estômago estava falando mais alto. — Acredito que você, provavelmente, não tem um motivo coerente para ter sido expulsa de casa.

— Você está certo. Não tenho. — Meti as mãos no hambúrguer sem antes lavá-las. Eu sei, isso é o maior pecado que eu podia cometer, sendo uma maníaca por limpeza. Mas não pude evitar, estava com fome. Abocanhei o lanche como um neandertal.

— E o seu progenitor é um alcoólico machista que coloca as necessidades dele na frente das suas, por mais que você seja filho único e não tenha ninguém para te sustentar.

Subi o olhar até Hans que mantinha uma expressão sarcástica no rosto, metralhando algo em um passado distante, e ele não estivesse nem um pouco enganado sobre as afirmações.

— Exatamente — respondi de boca cheia. Senti-me uma mulher das cavernas. — A única diferença entre mim e você, é que você não está na rua procurando um emprego.

— Eu trabalho aqui há quase cinco anos, custeei minha faculdade com esse emprego.

— Na UB? — Universidade de Bournemouth. Hans acenou com a cabeça. — O que você cursa?

— Enfermagem. Tive que conseguir dinheiro para pagar o curso e um apartamento na Vila dos Estudantes, onde tem os blocos universitários. Eu moro lá.

Os blocos da Vila do Estudante eram custeados pelos alunos que pagavam a universidade, já que o sistema era tanto público quanto particular. Alguns blocos eram dos bolsitas — menores e com menos segurança, onde você tinha que passar por uma enorme burocracia para colocar o nome na lista de espera — e outros eram dos que pagavam mensalidade, como era o apartamento de Cold, eu imaginava, afinal, ele tinha uma BMW. Nessas horas, eu realmente odiava o fato de meu pai pagar a mensalidade da UB, pois isso me tirava o direito de tentar conseguir um apartamento no bloco dos bolsistas.

— Eu... — Estava prestes a dizer “também moro lá”, até me lembrar de que eu havia sido expulsa nessa manhã. Corrigi: — Eu estou procurando um quarto, para falar a verdade.

— Tenho o contato de um amigo que está procurando colegas. Posso te passar, se você quiser!

Se Hans conseguisse ser mais simpático que isso, eu diria que ele era um anjo que caiu do céu para me ajudar a trilhar essa jornada. Rapidamente, tirei meu celular do bolso e abri a agenda de contatos, sujando a tela com molho de Cadillac Burguer.

— Ah, cara — murmurou Hans com um pouco de desânimo, olhando o próprio celular. — Só estou com o número do irmão dele agora. Você dá uma ligada. Eu vou pegar o número certo quando meu turno acabar, se você não conseguir, passa aqui amanhã.

— Tudo bem — respondi, entregando meu celular a Hans para que ele anotasse o número. Ele me devolveu o aparelho após digitar e eu salvei o contato como “quarto disponível”.

O sino do hambúrguer tocou mais uma vez e Hans se prontificou a pegar o prato e levar até a única mesa ocupada no restaurante, onde um casal de adolescentes já estava irritado com a demora. Assim que eu terminei meu hambúrguer, Hans retirou meu prato e o próprio avental.

— É a minha hora de almoço — avisou, pegando uma bolsa grande debaixo do balcão e pendurando em um ombro. — A gente se vê amanhã?

— Se eu não for sequestrada e estuprada hoje, claro! Foi um prazer te conhecer!

— O prazer foi meu em te ajudar — disse. Ele estendeu a mão ao nos despedirmos e acenei para Hans, que saiu da lanchonete com pressa. Eu o acompanhei com os olhos enquanto ele se distanciava na direção de um Impala marrom, de onde saiu um cara alto, moreno, trajando casaco de couro e jeans, até que...

Os dois entraram no carro e se beijaram.

Tudo bem, eu supero.

Respirei fundo e decidi continuar minha jornada inesperada em busca de um emprego e uma forma de sobreviver. Ocorreu-me de discar o número da ingrata da minha melhor amiga e ela atendeu no segundo bipe.

— Fala, assanhada — disse Gail.

— Você sabe — comecei — se alguma casa de prostituição perto do campus está com vagas de emprego abertas?

— Por que você quer prostituir esse corpinho lindo que você tem? — perguntou através do telefone, soando um pouco curiosa e nada, nada aflita.

— Porque me deram um pé na bunda e eu estou na rua — admiti, gesticulando de uma forma raivosa, embora Gail não pudesse ver isso.

— Pelo menos me promete que não vai ser por menos de cem libras.

— O quê?

— A sua bunda.

— Eu não vou me prostituir, Gail — expliquei de uma forma calma e paciente, como se eu estivesse lidando com uma menina de cinco anos. — E mesmo se eu fosse, ninguém iria pagar cem libras pela minha bunda.

— Eu pagaria.

— Então me sustenta, porque não está sendo fácil essa vida de nômade. — Suspirei. O telefone ficou em silêncio por um tempo, pois Gail não fazia questão de interromper o grito de desespero dos meus créditos indo pelos ares. — Eu rodei o campus inteiro. Só o que me resta é tentar algum emprego no Bruce’s.

— Tente o Bruce’s.

— É sujo — murmurei, fazendo uma careta ao imaginar como seria o cheiro do local. Provavelmente, vômito e cerveja fora da validade.

— Você precisa de dinheiro, não de limpeza. — Pelo telefone, ouvi um barulho de campainha. — Tenho que atender, a gente se fala depois! Lembre-se: dinheiro, não limpeza.

O telefone foi desligado. Dinheiro, não limpeza. Dinheiro, não limpeza. Com esse pensamento em mente, fui até o bar que eu estava evitando com toda a minha força e entrei.

A primeira coisa que eu percebi é que eu estava certa quanto ao cheiro. Vômito e álcool. Eu evitei respirar fundo e segui em frente. O local era um pouco apertado por conta de uma mesa de sinuca que ocupava bastante espaço e atraía para lá a atenção da população composta em sua totalidade por homens. Eu e a mulher do balcão de bebidas éramos as únicas pessoas com peitos naturais naquele local. Fui a sua direção. Ela estava secando copos com um pano de prato encardido e notou minha presença rapidamente.

— Você está perdida? — perguntou com um sotaque russo, me encarando como se dissesse com o olhar “o que você está fazendo aqui? Fuja antes que não dê mais tempo”. — Ou procurando desesperadamente por um emprego?

— Parece que eu estou procurando desesperadamente por várias coisas, nesses dias — resmunguei mais para mim mesma que para a mulher. — Vocês têm alguma vaga?

— Tenho, mas eu não recomendo a não ser que você queira ouvir sua comissão traseira sendo assediada durante o dia inteiro.

— Eu acho que posso aguentar — disse. Soltei uma risada fúnebre e a mulher concordou com uma feição de tédio. — Eu sou Dawn.

— Anastassia. — Ela estendeu a mão e me cumprimentou. A mulher tinha longos cabelos ruivos e sua maquiagem era carregada, sem falar na roupa justa que usava para ressaltar as curvas. Logo entendi que isso era um pré-requisito. — Fale com Bruce, o dono. É o careca ali.

O dono era um cara baixinho, muito gordo e trajava couro, com tatuagens de motocicletas em seus braços. Ele os cruzou para mim e não se importou de recolher meu currículo, apenas me analisava por trás dos óculos escuros, dos pés à cabeça, sem disfarçar.

— O que te traz aqui? — indagou.

— Eu preciso de um emprego — admiti. Era a mais pura verdade, eu não iria tentar enganar dizendo que sempre foi meu sonho trabalhar em um bar sujo com cheiro de vômito e porcos bêbados assediando mulheres verbalmente.

— E o que te faz pensar que eu vou te contratar, menina? — resmungou.

— Bruce! — Anastassia gritou com seu sotaque russo. — Deixe a garota trabalhar!

Está bem — disse, revirando os olhos. — Você vai para o balcão com a Anastassia e não reclame! Nós pagamos £6.31 por hora e para você... não vou pagar mais do que meio-período. Você é nova demais.

Balancei a cabeça, tentando fazer uma conta mental de quanto eu receberia, mas desisti, pois eu era péssima com matemática. Desde que eu conseguisse alugar um quarto, estava bom. Corri para o balcão. Anastassia esboçou um sorriso simpático, embora eu soubesse que a intenção era que fosse caridoso. Ela me entregou um avental preto que eu amarrei na cintura e colocou alguns copos sujos na minha frente, indicando que eu os limparia enquanto ela servia as bebidas.

Não era nada complicado, mesmo que eu tivesse que entregar algumas bebidas aos clientes e, por consequência, desfilar no meio daquele chiqueiro de porcos e ouvir umas piadinhas idiotas de vez em quando.

Foi numa dessas que um cara estranho entrou na minha frente, impedindo-me de continuar o que estava fazendo, e com um sorriso malicioso, disse:

— Está com pressa, docinho? Vamos bater um papo.

Tive que respirar fundo para tentar não me importar com aquilo. Tentei me esquivar, mas o cara apoiou uma das mãos na parede atrás de mim, cercando-me. Naquele momento meu coração acelerou e eu senti minhas mãos começaram a suar.

— O que você quer? — Minha voz fraquejou.

— Não sei, o que você tem aí para mim?

— Eu não tenho nada, por favor, me deixe em paz.

— Tem certeza? — retrucou, o bafo de bebida chegando às minhas narinas e me deixando nauseada. — Eu acho que você tem algo muito interessante no meio das-

O cara foi interrompido por uma garrafa de vidro acertando sua cabeça. Eu encarei meus dedos vazios, jurando que ela estava entre eles no segundo anterior, me perguntando como aquilo aconteceu tão rápido, então o braço de uma terceira pessoa o agarrou e o debruçou sobre o balcão.

Afastei-me, assustada, quando um rapaz loiro se pôs entre o assediador e eu. Ele o puxou e socou seu queixo, e enquanto o homem mais velho recuava, deu um chute em seu joelho, fazendo-o se apoiar apenas em uma perna. O homem nojento tentou socá-lo, mas o garoto se agachou, e o soco passou rapidamente pelos seus cabelos grandes. Enquanto estava agachado, deu uma de direita, uma esquerda e finalizou com um chute, tudo na barriga. O homem já tonto se jogou no chão, pressionando o estômago.

Assim que o cara se levantou de cima do velho, eu reparei que ele parecia exatamente com uma pessoa que eu conhecia. Uma, não. Duas. E a não ser que a minha hipótese da biotecnologia utilizada em clonagens ilegais estivesse correta, aquele só podia ser Cold. Ou Shannon.

Então o loiro se virou para mim e eu tive certeza. Aquele era um dos gêmeos Lane. Eu não sabia qual. Ele trajava uma camisa preta.

— O que tem de errado com você? Ficou louca? Esse é um bar perigoso, não é seguro para você trabalhar aqui! Você nunca ouviu a história da Chapeuzinho Vermelho?

Com tudo acontecendo ao mesmo tempo — outros velhos socorrendo o homem que havia tentando me assediar, muito barulho e o fato de eu ter identificado exatamente quem estava na minha frente —, a única coisa que consegui responder foi:

— Eu li todos os contos de Charles Perrault.

Ouvi sirenes indicando a chegada de uma viatura policial. O gêmeo se enfiou no meio de alguns alcoólatras no momento exato que dois oficiais entraram no bar. Ele prendeu o cabelo em um ato e enfiou os pulsos em um balde de gelo de cervejas, limpando o sangue seco das mãos.

Os policiais foram até a vítima e o interrogaram. O cara, gordo e baixo, completamente lesado, estava tonto. Ele olhou em volta e apontou para o outro lado do bar, onde o outro gêmeo segurava um copo de bebida amarelada, similar a uísque. Aquele outro gêmeo também trajava uma camisa preta, mas por seu cabelo estar solto e despenteado, eu o reconheci. Era o Cold. Os guardas avançaram em sua direção, jogando o copo no chão e o virando de frente para uma parede.

Cold foi apalpado por todo o corpo, e seus pulsos, algemados. Os fregueses do bar gritavam, vaiavam e urravam enquanto tudo aquilo acontecia, de forma que dificultava que eu conseguisse ouvir alguma coisa, mas claramente, eu já havia entendido tudo. Cold estava sendo arrastado enquanto Shannon puxava uma lata de cerveja que não era dele, de uma mesa que também não era dele, e bebia um longo gole, ignorando a situação.

— EI! — gritei, mas a minha voz mal conseguia ser ouvida por mim mesma, de tanto barulho que estava. — ESPEREM! VOCÊS PEGARAM O CARA ERRADO!

Eu puxei o avental com tanta força que ele caiu no chão, rasgado. Busquei minha mochila e corri no meio de todas aquelas pessoas, tentando me desvencilhar dos cotovelos e punhos. Assim que cheguei ao lado de fora do bar, a viatura já estava saindo. Só consegui ver o rosto de Cold no banco traseiro se distanciando até dobrar a esquina.


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Notas finais do capítulo

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1) Você, seja leitora ou leitor, já sofreu algum tipo de assédio? Se sentir confortável, pode falar sobre.
2) Qual você acha que foi a motivação do Shannon em brigar com o dono do bar?
3) O que acharam do Hans? Aqui está uma galeria de imagens do personagem: http://pin.it/-J2UUHE
Obrigada por estarem acompanhando! Espero que estejam gostando. ♡