DeBrassio escrita por Lola Baudelaire


Capítulo 14
Capítulo 13 - Agora


Notas iniciais do capítulo

Olha, esse capítulo está sendo bem curto, porque eu vi que não vou conseguir concluir o que quer porque estou sem ideia. E se eu não postar logo isso vai se estender até o fim do século.
Beijos e espero que goste



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/672824/chapter/14

Tenho a impressão de que a qualquer hora vou despencar para frente. Posso até ver sob uma perspectiva alheia. Seria ridículo e me deixaria vulnerável. Mais e mais vulnerável; invadiram-me, levando tudo de mim. Pelo menos o que tenha sobrado em algum lugar da espinha. Sentada em um divã confortável observo a cena ridícula de dois homens adultos rindo feito adolescentes idiotas. Eu mesma era uma adolescente idiota até pouco tempo. Hoje sou... bem, hoje só sou um amontoado de carne que caminha por aí. Há alguns minutos meu cérebro cadavérico questionou se Reddignton e seu amigo já teria ouvido falar dos serviços de streaming; eu tenho total certeza que ele teria o suficiente para pagar para ouvir música pelo resto do milênio. Não haveria necessidade de permanecer ao telefone durante a última meia hora. Puta merda, não aguento mais ouvir que o cara não a faz ter um orgasmo. E por que isso é tão engraçado? Outra coisa que não consigo entender é por quê eu tenho que acompanhar os dois a aproveitarem a vista de sei lá quantos andares.

 Acomodo o cobertor nas minhas pernas, tentando não deixar o tecido enrugado. Solto um suspiro grosseiro. Já tem ficado ridículo andar por aí agarrado a um pedaço de pano velho. É acolhedor, mas só intensifica ainda mais a minha aura mórbida. Não é assim que tem que ser. Deus sabe o quanto eu quero poder levantar e correr. Voltar para casa, talvez. E me conformar em não encontrar respostas. Mas não posso voltar para casa por um motivo simples: não tenho casa. De fato, eu pareço bem ridícula desse jeito; apenas assistindo a minha companhia beber demonstrando o fascínio pela rua lá em baixo. Não tem problema em ser grosseira aqui.

Ele me trata com respeito. Ele diz me amar o tempo todo. Ele me liga 15 vezes por dia. Ele gosta de ter certeza que estou bem.

 E então começa, mais uma vez. Sr. Reddington disca um numero no celular em suas mãos e espera ser atendido. Ele lança para Dembe um olhar travesso, bem ridículo na verdade. Não acredito que vão ligar para mais uma rádio. Mas ele pede para o locutor e eu me arrependo por ter dito quem cantava. Mas também não tinha como eu saber que iria ter que ouvir a Lily Allen cantar a mesma musica mais três vezes seguidas.

Não posso também demonstrar o meu descontentamento. É necessário ser um pouco simpática, aliás estou com dois criminosos trancada na suíte presidencial de um hotel. Mas exige muito de mim não revirar os olhos. E então começa o show e ela começa a cantar. Mas ela não canta mal, mas eu prefiro a que ela faz o cara sofrer. Eu deveria ter escutado Tom Keen dizer que o cara que eu estava procurando não tinha o menor bom senso. Mas ele pode muito bem ser meu pai de verdade, e eu não tenho bom senso. Talvez seja um sinal.

Mas tem uma coisa que está atrapalhando. Quando vamos pra cama você não é bom. É vergonhoso. Eu olho em seus olhos querendo te conhecer e então você faz este barulho mostrando que já terminou.

— O senso de humor é adorável — repetiu Reddington como da primeira vez. Fora a terceira música que tocou após Dembe estacionar o carro em frente ao hotel. Não faço ideia de onde seja, mas não é um lugar que eu poderia pagar com o cartão de crédito esquecido pela minha mãe. Só tenho certeza de eu pude pedir iogurte de blueberry com granola para comer pelo serviço de quarto. Não deve ter sido há menos de duas horas, mas ainda sinto fome e preciso de um banho. Não tive coragem de ir ao banheiro. Acho que meu corpo já não funciona do jeito certo. Sob o olhar curioso que flutuava pelo saguão fizemos o check-in. Se um olho roxo em uma garota com cara de doente já chama atenção, imagina acompanhada por um velho esquisito de terno e gravata e por outro cara que poderia ter um guerrilheiro perigoso. Mary-Kate se esgueirou até o elevador; como um gato ferido que acaba de ganhar uma briga intimidando qualquer interrogatório silencioso. Embora a situação também me deixasse desconfortável não tinha muito o que eu pudesse fazer. Na verdade, talvez eu deva parar de me esconder por detrás de uma identidade roubada. Pareço maluca. Mas é um sentimento com o que não posso lutar.

Não é justo. E eu acho você malvado. Oh você deveria ligar. Você nunca me faz gritar.

— Eu te disse uma vez, Dembe, ela é britânica com certeza. — Reddignton declara como se o sotaque não estivesse escancarado; enche os dois copos com algo que pode ser whisky e continua — conheci uma vez em um pub londrino. Uma mulher espetacular; uma professora de música para crianças. Ela poderia ser a própria Afrodite vagueando pelas ruas escuras de Londres.

Uma pausa é feita enquanto o locutor saboreia um gole da bebida misteriosa. Ele inclina a cabeça para trás e inspira esboçando um sorriso. Ambos estão em poltronas confortáveis combinantes; sou capaz apenas de ver parte dos seus rostos. Nos primeiros dez minutos senti como se a minha presença tivesse sido esquecida. Mas eu sei que, mesmo com vislumbrados com o movimento na rua de baixo, ainda tinham um centésimo de atenção na minha presença.

— Mais tarde descobri que faze-la gemer era como ouvir de perto a melodia celestial pelas próprias musas do olimpo.

Posso estar fazendo uma careta agora; Reddington descreve as mulheres cada vez pior. Ainda dá para piorar? Sinceramente, já chega; não tem necessidade de ficar aqui sendo feita de idiota. Sei que há um coldre preso a cintura de alguém com uma arma carregada, que pode muito bem atirar na minha cabeça. Não quero correr mais riscos. Já não é mais a ponte que levaria à minha mãe. Ela acaba de cair, me deixando sem acesso.

“E alguma vez ela existiu”, Mary-Kate sussurra.

Já chega! Vou voltar para o hospital pegar minhas coisas e ir embora. Levanto, embolando o cobertor para o lado. Percebo que acabei chamando atenção dos dois homens. Dou de ombros e visto o moletom. Reddington me encara com uma interrogação estampada no rosto.

— Não está gostando, querida? Você pode pedir mais iogurte se quiser — ele questiona aparentando boa intenção, mas só sinto vontade de vomitar.

— Raymond... — Dembe acena para a janela francesa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

vivam com isso



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "DeBrassio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.