P.O.V Xaveco Lorota

Ah, tudo que quero agora é descansar. Limpei a casa inteira - pois minha mãe esta no trabalho - e ainda tive que regar as plantas do jardim. Minha vida é bastante corrida em casa, apesar de não parecer.

Depois de tomar um banho, coloco um pijama - mesmo ainda sendo 4 da Tarde - até que vejo uma mensagem do Whats. Abro, e vejo que não é nada mais nada menos que minha musa, Denise. Mas, quem disse que era pra conversar ou coisa do tipo?

"Olá docinho. Pode passar aqui em casa para fazer aquele trabalho em dupla? Também comprei umas fitas de dvd para assistirmos. Beijos me liga ♥ "

Não se enganem. De 10 casos, 20 são as vezes que faço o trabalho totalmente sozinho, e ela fica de bobeira se divertindo. Mas é o único jeito de eu ficar perto dela, sentir seu cheiro. Enfim, melhor não pirar.
Me troco mais rápido que um raio, e saio em direção a sua casa, e pego atalho numa direção contrária ao campinho, perto de uma rua completamente abandonada. Quando viro a esquina, tomo um susto, e me escondo sem pensar duas vezes, refletindo:

"Toni? O que ele está fazendo junto com Marcos Frederico?"

Marcos Frederico era um dos homens mais perigosos e procurados de toda a cidade. Suas crueldades, crimes de variados tipos e assassinatos são conhecidos por toda a região. Mas o que diabos ele faz aqui no Limoeiro? E ainda mais falando com o Toni? Daqui não dava pra ouvir a conversa, mas algo me chamou a atenção, que foi o veículo estacionado frente ao bar.

— Aquele carro... onde...

(Flashback)

Esse flashback se passa no hospital, onde Cascuda estava internada.

— Tudo que temos são algumas informações do carro capturada com o radar. - Diz Cascão, soluçando. - Era basicamente um carro vermelho, com algumas listras branca e preta nas portas.

— O carro não tinha placa? - Diz Cebola, com braços cruzados.

— Tinha, mas por incrível que se possa parecer, não conseguimos achar nenhum dado registado.

— Existe uma chance que esse acidente foi algo premeditado.

Todos param surpresos, e Rosalya é a primeira a falar.

— Não diga besteiras Cebola. Por que alguém ia querer fazer uma coisas dessas com a ex-namorada do Cascão?

— A Cascuda tinha seus problemas, mas nunca foi inimiga de ninguém. - Fala Cascão. - E agora, ela foi atropelada por minha causa...

(Fim do Flashback)

— Impossível, esse carro bate com a descrição feita pelo Cascão! Será que...

P.O.V Timóteo Santos (Titi)

— Até depois, amor. - Falo com o maior falso carinho do mundo. - Amanhã nos falamos.

— Tá bem Titi. Beijos. - Diz isso, logo após desligando o telefone.

— Aff, como a Aninha tá chata, nunca mais desgrudou do meu pé. - Reflito enquanto me jogo na cama. - Preciso relaxar, me divertir, mas como? O bairro inteiro está um tédio.

Ao abrir a janela, vejo a novata da turma sentada num banco em frente ao campinho. E eu nunca reparei o quanto ela era gata. Estralando os dedos, afirmo:

— É hora do velho Titi entrar em ação.

Tudo que sempre precisei pra pegar alguma mina na minha adolescência foi dar uma chegada bem sutil. E com essa aí, não seria nada diferente.

— Olá, boneca.

— Ah, o-oi. - Diz timidamente, enquanto desliga o celular. - Eu te conheço. Você é o Titi, não é?? Você é da minha sala.

— Sim, e você é a Rosalya não é?

— Huhum, prazer. - Diz estendendo a mão.

— O prazer é todo meu, cat. - Pego sua mão, a beijando. Isso nunca falha. - Vem sempre aqui?

— Não, só to aqui de passagem de mesmo.

— Ah, que pena. - Falo, logo sentando ao seu lado. - Que tal a gente ir beber alguma coisa?

— Desculpe, não bebo.

— Vamos, não faça essa desfeita. - Como sou rápido, já coloco minha mão em suas coxas. - Aposto que podemos nos diver...

Tudo que senti foi uma mão pesada dando dois socos seguidos em minha cara, tanto que acabei caindo do banco.

— Safado! Saiba que tenho um namorado, seu palhaço.

— Imagino que ele deve ser pau mandado em suas mãos. - Falo debochadamente colocando a mão em minha bochecha. - Mulheres fúteis são assim mesmo.

Ela veio e me deu um chute no Tórax. Doeu bastante, porém seria pior se ela estivesse de salto alto. Ainda bem que ela tava de tênis.

— Bem que me falaram sobre alguns garotos daqui. Realmente patético sua atitude machista. Adeus.

Tudo que vejo é ela se afastando. Que descarada. Como ela se atreve a desprezar um cara como eu? Todas garotas do bairro, não, da cidade iriam pagar para ao menos tocar meu corpo lindo e sarado, e essa aí faz desfeita?

P.O.V Denise Gomes

Não existe nada melhor que xeretar a vida dos meus amigos no face. Já causei tanta treta no meu perfil, isso pois noticio tudo o que acontece no Limoeiro. Também tenho câmeras instaladas em algumas partes da rua, então sei de tudo. Sou fashion, repórter, multimídia, diva, absoluta, e acima de tudo: busco a verdade.

Tudo que minhas câmaras registraram em suas espionagens é o Titi dando em cima de uma garota, mas isso é notícia velha. Eu mesmo fiquei com ele semana passada, então nem me surpreendo que ele já esteja corneando a Aninha de novo.

(Barulho de Campainha)

Deve ser o Xaveco. Bem, deixa eu ajeitar aqui pra receber meu querido amiguinho - e capacho nas horas vagas, como essa - com a hospitalidade que ele merece.

— Oi monamour, que bom te ver. Entra!

Ele entra cabisbaixo, e isso até me deixa levemente curiosa. Afinal o Xaveco não é nenhuma fonte de novidades.

— Aconteceu alguma coisa, querido?

— Denise, você me promete guardar segredo?

— Não é bem minha especialidade né, mas conta aí. Qual é a novidade?

— Eu vi o Toni com o Marcos Frederico.

Quem diria que oito palavras iam me fazer quase cair de bumbum no chão.

— O-oi? Fofético, essa afirmação aí é muito séria.

— Eu não estou louco, Denise, e...

(EU NÃO SOU LOUCO! - Licurgo)

— Ouviu alguma coisa?

— Não é nada, agora diz aí.

— Melhor sentar, que a história e grande.

Fico perplexa com o que o loiro ovelhinha me disse. É algo que fugiu de qualquer coisa que eu podia pensar, mesmo vindo do Toni.

— Então você acha que o acidente da Cascuda foi planejado?

— Certamente.

— Rapaz, isso é... - Falo me retraindo...

— Hm?

— FANTÁSTICO!! VAI SER A MATÉRIA BOMBA! DENISE GOMES IRÁ DENUNCIAR O PARADEIRO DE UM DOS MAIORES BANDIDOS DA CIDADE! JÁ ATÉ IMAGINO MEUS NOMES SAINDO NAS REVISTAS! MEUS NOMES ESTARÃO POR TODO O ESTADO!

— DENISE! VOCÊ NÃO VÊ QUE O ASSUNTO É SÉRIO?! NÃO É A HORA DE DAR SEUS FANIQUITOS!

— Foi mal... - Falo, abaixando a cabeça.

— Você realmente não tem jeito.

— Enfim, mas precisaremos de ajuda nesse caso. É algo muito sério. Só nós dois não daremos conta de tudo

— E o que você tem em mente?

— Acho que existe uma pessoa perfeita pra nos auxiliar a descobrir esse caso...