Speak Now escrita por souasoof


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Revisei a one apenas uma vez, espero que não tenha muitos erros! Espero que gostem da história tanto quanto eu gostei de escreve-la ♥

Boa leitura!



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I am not the kind of girl
Who should be rudely bargin' in on a white veil occasion
But you are not the kind of boy
Who should be marrying the wrong girl

 

Eu não sou o tipo de garota
Que interrompe rudemente uma ocasião de véu branco
Mas você não é o tipo de garoto
Que se casaria com a garota errada



I.



— Hinata, você salvou minha vida! – Ino disse enquanto entrava rapidamente no carro da amiga, jogando uma bolsa cheia de coisas no banco de trás.

— Sem problemas. – disse a morena, partindo com o carro – Não é como se eu fosse fazer algo hoje mesmo...

— Ai, Hina, mil desculpas! Eu tentei ligar para um dos meninos para avisar que meu carro estava zerado de gasolina e nenhum deles me atendeu! – respondeu e apenas viu a amiga dar de ombros com um sorriso pequeno no rosto – Eu sei como isso deve ser difícil para você. Desculpas.

— Ino, – disse olhando para o rosto pidão da amiga – eu já disse que está tudo bem, não se preocupe. O que eu quero saber realmente é por que você está com uma luva no seu colo...

— Ugh! – reclamou a loira jogando seu corpo contra o banco de couro, apertando com força os olhos e proferindo a próxima palavra com desdém – Isso é o que a Shion resolveu que era uma peça essencial para todas as madrinhas. Ridículo.

Hinata apenas riu baixinho, tentando imaginar como aquele vestido pastel ficaria ainda pior com aquelas luvas apagadas.

— Por que está tão bem vestida? – perguntou a Yamanaka, tentando mudar o assunto.

— Bem, se eu estou indo ao casamento dele, mesmo que não convidada, eu não vou de qualquer jeito. – e a amiga apenas soltou gemido questionando aquela fala – Se eu estou correndo o risco de ser vista por alguém que conheço, pelo menos que eu esteja arrumada. – a Hyuuga deu uma piscadela para Ino, que apenas riu e concordou lentamente com a cabeça.

— Eu ainda não acredito que ela não te convidou para o casamento...

— Honestamente? Eu entendo. – a morena disse e viu a amiga fazer uma de suas famosas caras dramáticas. – Qual é, Ino... Você realmente gostaria que a ex do seu futuro-marido estivesse presente no seu casamento?

— Sim, mas só para que ela pudesse ver que eu ganhei. – Hinata riu do comentário e balançou a cabeça negativamente para Ino, que apenas deu de ombros – Mesmo assim, você é uma das amigas mais antigas daquele baka, ela deveria ter pelo menos te chamado.

Naquele momento, Hinata nada disse; apenas lançou um curto olhar para a loira, mas isso foi mais do que o suficiente para que esta entendesse o que realmente se passava dentro da cabeça da amiga. Era óbvio para aqueles que conheciam a morena, principalmente para sua melhor amiga, que ela não estava bem com o casamento do cara que todos consideravam ser o amor da vida dela. Porém, o problema com os Hyuugas sempre foi a habilidade que eles tinham de esconder seus verdadeiros sentimentos, revelando-os apenas quando conveniente; não era diferente com Hinata. Ela sabia muito bem fingir que tudo estava ótimo, quando na verdade todo seu mundo estava desabando bem a sua frente e ela não podia fazer nada para que aquilo parasse.

Ino bufou baixinho ao perceber o olhar distante da amiga e, mentalmente, se odiou por ter pedido uma carona a ela. Sabia o quanto aquele casamento estava a destruindo e, mesmo assim, ela fazia questão de passar a ideia de que tudo estava bem.

— Então... – começou a Yamanaka depois de um período de silêncio, numa tentativa falha de mudar o assunto – O que vai fazer depois que me deixar no salão?

— Eu provavelmente vá para casa, colocar algumas séries em dia. – respondeu já diminuindo a velocidade do carro – Normalmente, num dia desses, eu sairia com Hanabi, mas ela está no casamento acompanhando Konohamaru.

— Eles ainda estão juntos? – a loira questionou um tanto quanto confusa, recebendo apenas um aceno positivo da amiga – Eu ainda acho que sua irmã consegue algo bem melhor que este menino, mas quem sou eu para questionar algo?

— Exatamente... – respondeu divertida, fazendo Ino rir consigo em seguida. – Chegamos. – estacionou o carro na próximo a calçada e olhou os convidados chegando, todos usando roupas em tons pastel; provavelmente a família de Shion, pensou a morena.

— Hinata, você é realmente a melhor! – exclamou em alegria enquanto abraçava fortemente a amiga.

— Você fica me devendo, e muito! – disse de forma cômica, porém a loira sabia que realmente ficaria devendo.

Ino terminou de pegar todas as coisas que havia jogado no banco de trás e, após depositar um beijo na bochecha da amiga e pedir desculpas mais algumas vezes, desceu do carro e correu até a entrada do local.

Assim que a loira estava longe o suficiente, a Hyuuga soltou o ar pesadamente e depositou uma mão em cima do próprio peito, tentando controlar a respiração descompassada. Respirou fundo mais algumas vezes, com os olhos fechados para evitar um choro iminente, e ao soltar o freio de mão para poder ir embora, viu que Ino havia deixado cair as tão preciosas luvas que a noiva fazia questão de ter no casamento.

Nervosa e irritada com a situação, a morena passou a mão pelo rosto diversas vezes antes de decidir o que fazer. Procurou pelo carro por um sapato qualquer para calçar e, ao achar um par de salto alto preto, saiu rapidamente do carro com as luvas em uma mão e as chaves do carro na outra.

Hinata se destacava facilmente das outras pessoas que estavam entrando no enorme salão, não só por sua visível beleza, mas também pelo vestido que usava; enquanto todos usavam cores monótonas e chatas, a morena chamava a atenção por seu vestido cor de rosa rendado, que morria na metade das coxas, com as alças finas caindo delicadamente sobre os ombros, e o decote discreto e a cintura bem marcada destacando ainda mais suas belíssimas curvas.

Cumprimentando todos que a olhavam e sorrindo, a Hyuuga finalmente achou o homem que, claramente, estava responsável pela organização do casamento. Como ela sabia disso? Bem, bastou ela procurar pela pessoa que estava dando ordem e sendo exageradamente exagerado.

— Com licença... – pediu com a voz baixa, fazendo com que o homem de cabelos negros se assustasse com tal delicadeza – Será que poderia me dizer qual o quarto que as damas de honra estão, por favor?

— E por que eu faria isso? – questionou enquanto passava os olhos pelo vestido dela – Você está muito bonita para ser uma das madrinhas e, com este vestido, nunca que é da família da noiva.

— Não, eu não sou nenhuma das duas opções, mas eu dei carona para uma das madrinhas e ela esqueceu essa luva no meu carro. – respondeu mostrando a luva ao homem, que apenas fez uma cara de nojo para aquela peça. – Eu não quero causar nenhum problema, mas eu também não quero que a Shion fique irritada.

— Unf... – bufou em desdém – Como se ela pudesse ficar mais neurótica do que já está...

— Eu a conheço há algum tempo, então confie em mim quando digo que: sim, pode ficar muito pior. – a morena disse e torceu o rosto, deixando o moço boquiaberto.

— Querida, então corre! É só subir dois lances de escadas e virar para a esquerda, é o único quarto deste lado. – enquanto dizia, enxotava ela daquele local com as mãos, recebendo apenas um aceno de agradecimento da garota.

Rapidamente, e tentando fazer o mínimo de barulho possível, Hinata subiu os degraus, dando graças a Deus por não ter encontrado com ninguém até o momento. Ao chegar no terceiro andar daquele salão, viu o quarto a esquerda com a porta fechada e questionou se realmente deveria estar ali. Sabia que Shion preferiria que todas as madrinhas não usassem as malditas luvas à ter que encontrar a Hyuuga em seu dia especial. Porém, a morena não teve tanto tempo assim para decidir o que fazer, pois quando alguém abriu a porta para qual olhava, ela conseguiu ver a noiva de costas, o que fez com que ela corresse para o lado contrário e entrasse no primeiro quarto que encontrou destrancado.

Entrou sem ao menos notar o que tinha naquele quarto, apenas fechou a porta a sua frente e soltou seu corpo sobre a mesma, apoiando desde o cotovelo até as mãos na bela madeira branca. Sua respiração estava rápida mais uma vez, seu queixo entre as mãos e apoiado na porta e seus olhos fechados. Agradecia imensamente o fato de Shion estar gritando com alguém dentro do quarto, não chamando a atenção para si.

— Hinata...?

Aquela voz grossa e rouca ecoando pelo quarto fez com que a morena abrisse os olhos rapidamente, tendo agora sua respiração, além de rápida, descompassada. Arrepiou-se da cabeça aos pés quando, após virar-se lentamente de costas para a porta, viu o garoto que ela sabia que era dono daquela voz.

— Naruto... – disse num tom baixo, mais para ela mesma do que para ele.

Ele apenas sorriu para ela. Como aquele desgraçado tinha coragem de sorrir daquele jeito para ela, de canto, como se aquilo não fosse nada de mais? Como se não bastasse ele ter aqueles maravilhosos olhos azuis cravados tão intensamente nos seus, ele ainda tinha que sorrir?

A Hyuuga apenas retribuiu o gesto, porém com um sorriso mais tímido do que o dele. E agora era ele que não sabia como ela tinha coragem de fazer aquilo com ele. Era apaixonado por aquele sorriso, ainda mais quando ela tinha um rubor de leve nas bochechas como naquele momento; usava aquele vestido ridiculamente bonito que acentuava ainda mais as curvas que ele mais gostava nela e ainda o encarava com aquelas lindas pérolas... Se não estivesse com sua calça e sua blusa, ela com certeza conseguiria notar seu arrepio do mesmo jeito que ele notava o dela.

Sim, Hinata era, como todo bom Hyuuga, ótima em esconder seus verdadeiros sentimentos, mas não dele, não depois de tudo que passaram juntos.

— Eu só estou aqui para devolver a luva que Ino esqueceu no meu carro. – disse ela finalmente, falando a primeira coisa que veio em sua mente para que pudesse quebrar aquele silêncio que parecia eterno. Ele apenas acenou lentamente com a cabeça sem nem ao menos se preocupar em tirar as mãos do bolso. Como ela odiava aquilo... – E eu a trouxe aqui porque o carro dela estava sem gasolina e nenhum dos meninos atendia o celular. – continuou como se estivesse se justificando, mesmo ele não tendo perguntado nada.

— Isso explica o vestido... – disse com uma sobrancelha arqueada, tentando ser cômico.

A Hyuuga apenas entreabriu os lábios e soltou um baforada baixa, deixando transparecer um sorriso lateral mínimo.

— Ah, sim! – soltou um riso baixo – Isso é só algo que eu faço agora: me arrumo e apareço no casamento dos meus ex-namorados, mesmo sem ser convidada. – Agora, ela quem tinha as sobrancelhas arqueadas e um sorriso sarcástico de canto.

Naruto sorriu animado com a brincadeira, mesmo percebendo a indireta nada sutil que ela havia direcionado a ele. Odiava quando Hinata tentava se manter distante daquele jeito, através de comentários sarcásticos, porém gostava do fato dela ter entrado na brincadeira.

— Sério? – perguntou após bagunçar ainda mais seus fios loiros – É um ótimo hobby... – continuou de forma cômica, vendo a morena apenas dar os ombros como se fosse culpada.

— Não é?!

— É... E – continuou depois de um breve silêncio – me desculpe por você não ter sido convidada. – deu alguns passos para frente, ficando mais próximo dela – A verdade é que eu não sei nada sobre o que vai acontecer hoje... Tudo que Shion me disse foi “me espere no altar, tenha as alianças e diga sim”.

Hinata tentou segurar o riso, porém a diversão dela com toda aquela situação era evidente. Quando ela finalmente riu, o loiro arrepiou-se, não só pelo fato da risada dela ser uma das coisas mais puras que ele já ouviu, mas também pelas covinhas que enfeitavam seu rosto quando ela fazia aquilo. Ele finalmente percebia o quanto ele sentia sua falta.

— Isso realmente parece com algo que ela diria... – ela deu de ombros, ainda rindo baixinho, e torceu os lábios de leve.

Ele desviou o olhar e apertou o punho direito com força, e ela finalmente lembrou o que aquela torcida de lábio fazia com ele. Sorriu discretamente ao saber que ainda mexia com ele daquela forma.

E como ela mexia com ele...! Agora ele entendia porque Shion tinha feito com que eles parassem de se encontrar com Hinata frequentemente, pois sua futura esposa sabia que, a qualquer momento, ele voltaria para ela, tudo que a morena precisava fazer era pedir.

— Enfim... – cortou, mais uma vez, o silêncio entre os dois – Eu deveria devolver estas luvas para Ino. – ele apenas concordou lentamente com a cabeça – Mas eu queria aproveitar esse momento para dizer que, apesar de tudo, eu estou feliz por você.

— Você não precisa fazer isso, Hinata...

— Eu estou falando sério, Naruto. Eu realmente estou feliz por você.

— Então você quer dizer que está feliz por eu estar me casando com a Shion?

— Não distorça minhas palavras. – disse de forma cômica – O que eu disse é que estou feliz por você estar feliz... feliz o suficiente para se casar com ela, então eu acho que eu devo aceitar que ela faz você se sentir assim. – mais uma vez, ela deu de ombros.

— Obrigado então... – disse em um tom baixo e um sorriso acolhedor.

— Eu te vejo por aí, eu acho... – já com a mão na maçaneta, ela se despediu dele com um sorriso triste no rosto, sabendo, obviamente, que se dependesse de Shion, ela e o loiro jamais se encontrariam de novo.

E Naruto notou aquele triste sorriso que enfeitava o belo rosto da morena, lembrando-se exatamente do dia que ela foi embora de sua vida, o dia que ele fez com que ela fosse embora... Arrepiou-se da cabeça aos pés ao perceber que todos aqueles sentimentos voltavam a si agora. Não queria que ela fosse embora e, desta vez, não deixaria que isso acontecesse.

Olhando rapidamente as coisas que estavam a seu redor, finalmente teve uma ideia.

— Hinata! – chamou-a de forma gentil, porém urgente, e ao ver que ela parou de mexer a maçaneta, poderia jurar que havia sentido seu coração pular uma batida. – Será que você poderia me ajudar a colocar minha gravata?

Lentamente, ela tirou sua mão da porta e virou-se de frente para ele, questionando-o com um sobrancelha arqueada.

Ao ver a expressão confusa da Hyuuga, ele continuou:

— Nenhum dos meus padrinhos está por aqui e você sabe como sempre fui horrível em dar nó nesse negócio...

A garota de olhos perolados estranhou aquele pedido – mesmo sabendo que ele sempre fora péssimo quando o assunto era gravata –, porém não ligou para isso por muito tempo, respondendo-lhe com seu sorriso mais gentil; a verdade é que ela realmente não queria sair de perto dele tão rapidamente e usaria qualquer desculpa para não ter que faze-lo.

À passos curtos e relativamente lentos, Hinata foi se aproximando dele, contrastando com sua respiração rápida e coração acelerado.

— Esta é a gravata que vai usar? – já próxima o suficiente dele, a morena pegou uma gravata completamente preta – e linda, diga-se de passagem – em cima de uma mesa que estava ao lado do espelho para o qual ele estava de costas.

Ele apenas acenou positivamente com a cabeça, engolindo seco devido a proximidade dos corpos.

Com a delicadeza que somente a Hyuuga possuía, ela levantou a gola da camisa perfeitamente passada do loiro, deslizando sutilmente seu dedo polegar pelo pescoço dele, e desta vez ele podia jurar que seu coração havia pulado não uma, mas duas batidas; de repente, uma onda de calor tomou conta do corpo do Uzumaki, fazendo-o arrepiar-se mais uma vez. Estava visível em seus belíssimos olhos azuis o desejo que ele sentia naquele momento, o que fez com que ele agradecesse internamente o fato de Hinata estar concentrada em ajeitar sua gravata perfeitamente.

Enquanto arrumava as duas pontas daquele tecido de acordo com que tinha que ficar, ela sentiu as duas mãos do loiro pousarem em sua cintura muito bem marcada pelo vestido que usava, tendo que pressionar os lábios um contra o outro para que impedisse que se arrepiasse.

— Não que eu esteja reclamando, – disse após controlar a própria respiração – mas por que suas mãos estão em minha cintura?

Ele, que olhava para cima e tentava distrair seus pensamentos do que estava acontecendo naquele momento, finalmente percebeu do que ela estava falando, fazendo com que ele abrisse um enorme sorriso sem graça, porém sem mover suas mãos de lugar.

— Desculpe...! – continuava exibindo aquele sorriso enorme em seu rosto, fazendo a morena corar levemente – Foi só uma questão de...

Naquele exato momento, ele olhou diretamente – e por diretamente eu quero dizer profunda e intensamente – nos olhos pérolas que ele tanto amava e simplesmente perdeu as palavras. Lembrou-se da primeira vez que viu aquele olhar no rosto delicado dela, um pouco amedrontado, mas ainda sim animado e feliz, com as bochechas levemente coradas... O momento do qual lembrava era totalmente o oposto do que viviam agora, porém suas lembranças o traíram e o levaram para um dos momentos preferidos que já havia vivenciado com a Hyuuga.

Mesmo Hinata aproveitando aquele momento para apreciar o lindo rosto que o loiro tinha e seus tão invejados olhos azuis, ela não pôde deixar de estreitar os olhos um pouco devido ao silêncio repentino, trazendo-o de volta para realidade mais uma vez.

— ... hábito. – completou finalmente, com um sorriso bobo estampado no rosto.

A morena apenas sorriu para ele como resposta, mordendo discretamente o lábio inferior enquanto se apaixonava por ele mais uma vez. De todos os sorrisos que o Uzumaki possuía – e eram muitos –, aquele era o preferido dela; tão honesto, tão sincero e transparente...

— Você pode deixar suas mãos ai... – ela disse com a voz baixa e suave ao sentir ele deslizar seus dedos de seu corpo.

Ao terminar de dar o nó na gravata do loiro, Hinata fez questão de espalmar sua mão direita, a que estava próxima ao pescoço, no peitoral dele, atraindo novamente seus belíssimos olhos azuis a seus pérolas.

— Prontinho! – exclamou com um sorriso no rosto – Você está lindo, acho que ainda não mencionei isto...

— E você está mais bonita do que qualquer um aqui. – respondeu no mesmo tom que ela, sorrindo.

Dito isto, quase que inconscientemente e esquecendo-se o porque de estar ali, Naruto aproximou-se ainda mais da morena, e foi capaz de ver em seus olhos que aquela curta distância não a incomodava.

Com as respirações já se misturando, o Uzumaki subiu as duas mãos pelo corpo de Hinata, deixando uma em seu pescoço e outra em seu rosto. Ao sentir o toque suave do loiro em seu rosto, ela apenas fechou os olhos e se sentiu acomodada naquele carinho, mesmo sabendo que era errado.

Como se os dois tivessem combinado, Naruto abaixou o corpo ao mesmo tempo que ela ficou na ponta dos pés e, com delicadeza, permitiram que os lábios se chocassem em um beijo simples, calmo e, apesar dos apesares, inocente.

A realidade é que eles não precisavam de todo um momento para se beijarem, não tinham a necessidade de criarem toda uma cena para que tal carícia acontecesse; tudo que o que precisavam eram estar perto o suficiente um do outro e ter a vontade de que aquilo, de fato, se tornasse real.

O beijo em si não teve nada de mais e teve curta duração, porém isso não impedia que Hinata apertasse a gravata em sua mão enquanto sua respiração ia levemente se descompassando, da mesma forma que não proibia Naruto de acariciar o rosto pálido que ela tinha enquanto sentia uma natural de vontade de aprofundar as coisas.

Lentamente, assim como se aproximaram, se afastaram. O batimento dos dois estava levemente mais agitado e as encaradas intercalavam-se entre os olhos e os lábios; a boca pouca coisa entreaberta da morena se mostrava mais convidativa do que nunca, porém antes que pudessem ir mais longe com aquilo, diversas pessoas entraram pela porta.

— Naruto, você j---

Quem disse aquilo realmente não importa, não com o que todos presenciavam naquele momento.

Hinata rapidamente se afastou do loiro, virando-se de frente para os garotos completamente corada. Já o Uzumaki tinha uma mão sobre os lábios e a outra socada no bolso, tentando a qualquer custo desviar dos olhares incriminadores de seus amigos.

Após um longo silêncio desagradável, Kiba finalmente teve a coragem de dizer algo:

— Hinata! – exclamou de forma exagerada para o momento – O que está fazendo aqui?

— Hm... – começou ainda desnorteada com o que estava acontecendo – Eu, hm, eu dei uma carona para Ino até o casamento. – “casamento”, aquela palavra finalmente ressoou na mente da morena e ela lembrou-se do que tinha ido fazer ali – Ela esqueceu a luva dela no meu carro e, quando vim entregar a ela, entrei no quarto errado.

Todos os garotos ergueram a sobrancelha como se estivessem surpresos com o que ela havia dito, mesmo sem acreditar muito em suas palavras.

— Se você quiser – continuou o Inuzuka – eu posso entregar as luvas a ela.

— S-Sim, claro. É até melhor... – ela sorriu amarelo enquanto apontava para as luvas em cima de uma mesinha próxima a porta.

A morena deu uma rápida olhada nas pessoas naquele quarto e teve certeza de que todos ali estavam julgando ela e o loiro por terem sido pegos daquela maneira.

— Eu acho que eu já vou... – disse ainda com a voz baixa, tímida.

— Eu te acompanho. – respondeu Kiba, sorrindo gentilmente para a amiga.

— Tchau para todos. – ela falou enquanto andava em direção a porta, ainda com vergonha na voz. Um pouco antes de sair, olhou para trás e viu que Naruto a encarava de forma doce, porém triste – Um ótimo casamento para você, Naruto-kun...

E aquele sufixo “kun” fez com que o coração do loiro se estraçalhasse de uma vez por todas.


II.



— Ok! – exclamou alto o moreno, despertando todos que estavam naquele cômodo – Todos para fora.

Mesmo assim, nenhum dos padrinhos se mexeu. O Uchiha bufou e lançou um olhar frio em direção ao resto dos garotos que ainda estavam ali.

— Vocês por acaso são surdos? Eu mandei sair!

Assim que todos fizeram como o moreno mandara, o mesmo se virou de frente para o amigo e o viu de cabeça baixa, olhos fechados e mãos enfiadas nos bolsos. Apesar de sentir pena do amigo, se irritou com a cena que estava vendo.

— O que aconteceu entre você e Hinata?

— Hm...? – murmurou genuinamente confuso.

— Não se faça de idiota, Naruto. – seu tom era ainda mais sério do que antes.

Entretanto, o loiro nada disse. Apenas desviou o olhar e apertou os lábios um contra o outro.

— Então vocês se beijaram...

— O que? Como você sabe disso? – o loiro finalmente olhou para cima, encarando o amigo nos olhos.

— Bom, para começar você acabou de admitir... – e ao dizer isto, pôde ver o olhar de desdém que o Uzumaki lançava a ele – E também porque você e ela estavam sozinhos em um quarto, por vai saber lá quanto tempo... Vocês são Hinata e Naruto, isso já era esperado.

Naruto suspirou alto após um minuto de silêncio, dando a impressão de que iria falar algo, mas tudo que ele fez foi abaixar a cabeça e bagunçar os fios loiros com umas das mãos.

Com a voz embargada em choro, finalmente disse:

— Eu a amo...

Aquela voz baixa, quase sussurrada, com um tom melancólico fez com o que o Uchiha se sentisse verdadeiramente mal com a situação do amigo. O próprio passou uma das mãos na testa e se aproximou lentamente do loiro.

— Se você a ama, então por que vai se casar com Shion?

— É mais complicado do que isso, e você sabe. – respondeu de forma mais grosseira, erguendo o rosto e virando-se de frente para o espelho.

— Exceto que não é. – coçou a nuca nervosamente e pensou duas vezes antes de continuar após ver o olhar do amigo sobre si – Olha, Naruto, se você ama Hinata então você tem que dizer isso a ela. Não a mim e certamente não a Shion.

Arrumando a gravata e a blusa branca social no espelho, o Uzumaki apenas soltou uma baforada em desdém.

— Você sabe que eu estou certo, Dobe... – ousou continuar.

Bruscamente, Naruto virou de frente para o amigo e, pegando-o de surpresa pela jaqueta do terno preto que usava, exaltou-se:

— Você sabe muito bem que eu já disse que a amo milhares de vezes desde que terminamos e ela nunca, nunca disse nada! – o azul de seus olhos estava mais escuro do que nunca, assustando o Uchiha pela primeira vez – Se ela quisesse falar comigo, ela teria dito!

— Ela te beijou no dia do teu casamento! – elevou o tom de voz após empurra-lo para trás e faze-lo soltar seu terno – Você precisa mais do que isso?!

— Sim! – praticamente gritou o loiro.

O Uzumaki afastou-se um pouco mais do amigo e socou a mesa que ficava ao lado do espelho e, após ver o olhar aterrorizado de Sasuke, passou desesperadamente as mãos pelo rosto e cabelo enquanto tentava estabilizar sua respiração completamente exaltada.

— Desta vez eu preciso... – completou finalmente com uma falsa calma em sua voz.

Sasuke nada disse. Há muitos anos não via o amigo se comportar daquela forma. Reconhecia que o relacionamento de Naruto e Hinata não terminou nos melhores termos, mas isso já era passado e ela tinha acabado de comprovar aquilo para ele. Se ele ao menos não fosse tão cego para essas coisas...

— Se você não se importar, eu gostaria de ficar sozinho agora. – disse de costas para o amigo, ajeitando os fios de frente para o espelho.

— Ok, sem problemas, Dobe... – respondeu ainda desnorteado com o que tinha acabado de acontecer. Infelizmente, ele sabia que não poderia fazer mais nada para ajudar seu amigo. – O casamento é em dez minutos.

— Desço em cinco. – terminou aquela conversa com um tom grosseiro, atípico do loiro.


III.



Acompanhando Hinata para fora do quarto, Kiba não deixou de notar que a amiga estava mais triste do que antes. Abraçou-a pela cintura e decidiu leva-la para o saguão antes de devolver as luvas à Ino.

— Você está bem, Hina? – perguntou tentando ser simpático, pois já sabia a resposta.

— Por que ele está se casando com ela? – respondeu com uma pergunta, num tom triste e ressentido.

— Honestamente? – riu discretamente antes de responder – Essa é a pergunta que todos estamos fazendo.

A Hyuuga parou de andar e finalmente encarou o amigo nos olhos. Pela primeira vez ele pôde ver a dor nos olhos dela e não conseguiu conter a vontade de abraça-la o mais forte que seu corpo permitia. A morena apenas afogou seu rosto no peitoral do amigo, sentindo-se acolhida por aquele ato tão simples.

Ao se afastarem, Kiba esperava ve-la chorando ou algo do tipo, porém a Hyuuga, tão orgulhosa quanto o nome pressupõe, não permitiu-se derramar uma lágrima sequer. O moreno entregou as luvas a um dos staffs do lugar e resolveu sentar-se com a morena em um lugar mais reservado.

Ao se aconchegarem, o Inuzuka esperava que a morena se soltasse mais, se abrisse mais, mas ela não deixava transparecer nada além da evidente tristeza em seus olhos.

— Você acha que ele a ama? – perguntou de surpresa e encarou seus olhos negros intensamente enquanto esperava uma resposta.

E Kiba pensou muito antes de responder, o máximo que poderia naquela situação.

— Eu não acho que ele se casaria se não gostasse dela... – resolveu ser sincero, mesmo sabendo que aquilo devastaria sua amiga – Mas eu também acho que uma parte dele sempre vai te amar. E eu não digo no sentido platônico ou como apenas amigos, principalmente porque isso jamais será possível entre vocês... Eu realmente acho que ele sempre será apaixonado por você e isso é algo que nenhum casamento vai mudar nele.

Hinata sorriu gentilmente para ele, agradecendo suas palavras. Seus olhos ganharam um brilho inexplicável e Kiba sentiu-se orgulhoso do que havia feito.

Antes que a morena pudesse agradece-lo própriamente, o organizador da festa passou gritando por eles e, logo em seguida, uma música calma começou a tocar no ambiente, avisando que o casamento estava a poucos minutos de começar.

O garoto se levantou com um sorriso pequeno no rosto, no entanto, antes de ir em direção ao local no qual seria realizada a cerimônia, resolveu perguntar mais uma coisa a amiga:

— Você o ama?

Ela acenou positivamente com a cabeça:

— Como nunca antes...

— Então você deveria dizer isto a ele.

Hinata soltou uma baforada comicamente, esperando que o amigo a acompanhasse na risada, porém a expressão do moreno continuou a mesma.

— Você está falando sério? – ele apenas concordou com um sorriso – Ele está, literalmente, a dois minutos de se casar.

— E...? Ele ainda não casou. – respondeu com naturalidade, como se aquilo não fosse problema algum.

— E se ele disser que não?

— Pelo menos ele vai saber como você se sente. – seu sorriso ainda continuava estampado no rosto, o que irritava levemente a morena.

— Você está brincando, certo?

— Nem um pouco. – respondeu num tom mais sério, mas ao ver a expressão confusa da amiga, resolveu sentar-se novamente e elaborar melhor seu pensamento. – Você se lembra de quando eu te disse que te amava?

— Kiba... – ela abaixou um pouco o olhar e usou um tom mais suave ao chamar sua atenção.

— Você se lembra o que você me disse? – continuou, ignorando a forma doce com a qual ela chamou sua atenção. Hinata apenas acenou positivamente com a cabeça, morrendo de vergonha – Você disse que não sentia o mesmo por mim, não da mesma forma. E aquilo doeu, mas doeu muito... no momento. – a cabeça baixa da morena ergueu-se de repente, curiosa com aquela afirmação. – Depois daquilo, eu consegui seguir em frente e acabei encontrando alguém que se sentia da mesma forma que eu. Então se o baka do Naruto te rejeitar, pelo menos você pode seguir em frente sabendo que fez tudo o que podia ser feito. Mas você tem que contar para ele, Hina, você tem que deixar que ele faça esta decisão por ele mesmo, e não você. Você entende o que estou te dizendo?

O Inuzuka, neste momento, segurava as mãos da morena entre as suas e olhava profundamente em seus olhos com uma expressão que acalmava todos os sentidos dela de forma sobrenatural. A Hyuuga apenas sorriu em agradecimento.

— Eu entendo... – respondeu baixinho e com o tom ainda mais suave do que antes.

Num pulo, Kiba se levantou e sorriu para a amiga. A música estava quase no final, e se demorasse mais para ir até o altar, Ino lhe mataria mais tarde.

Sairia correndo em direção a pequena capela do lugar apenas após dirigir a palavra a morena mais uma vez:

— Ele não vai dizer não.


IV.


A marcha nupcial começou a tocar. Todos se levantaram e encararam a porta. Naruto fez o mesmo, porém seu coração estava mais acelerado do que nunca, preso e perdido em pensamentos de minutos atrás. Finalmente a noiva apareceu.

Shion desfilava pelo caminho até o altar, olhando para todos com superioridade. Seu vestido era enorme, espalhafatoso e chamava a atenção até daqueles que não queriam prestar devida atenção. Entretanto, na opinião de Hinata, aquele vestido lembrava um cupcake e seu andar poderia ser colocado nas passarelas de Milão.

Oh sim, nossa querida Hyuuga estava presente no casamento. Havia levado a sério o conselho de Kiba, então escondeu-se mais pro final da capela para que ninguém importante a reconhecesse.

Naruto olhava para o centro da igreja e forçava um sorriso em seu rosto para sua futura noiva. Sem querer, passou discretamente a ponta da língua por seus lábios e pôde sentir o gosto da morena ali, fazendo-o cerrar o punho que ficava visível apenas para o padre e para os padrinhos.

E Hinata conhecia muito bem aquele sorriso forçado em seu rosto, do mesmo jeito que conhecia todas as expressões do loiro. “Isso certamente não é o que você pensava que seria”, pensou tristemente enquanto esboçava um mínimo sorriso no rosto.

Contudo, o casamento seguiu as mesmas normas chatas de sempre, começando por um discurso semi-romântico do padre, citando algumas passagens da bíblia para comprovar seus argumentos. Depois disto, vieram mais e mais textos da bíblia. Naruto não era realmente religioso, mas sua noiva e sua família sim, o que fez com que ele cedesse ao longo casamento cheio de anedotas e histórias sobre Jesus e seus discípulos.

Finalmente chegou a parte mais polêmica de todo casório. O padre, já cansado de tantas histórias, finalmente disse: “Se alguém tem algo contra este casamento, fale agora ou cale-se para sempre”.

Silêncio absoluto. Era possível ouvir o ar que circulava do ar condicionado de tão quieto que estava o lugar.

Shion olhava para o noivo com um grande sorriso no rosto, afinal ela realmente era apaixonada por ele. Já o loiro sorria minimamente, ainda pensando no beijo que há poucos minutos havia trocado com a morena...

O silêncio continuava.

Ao fundo da igreja, porém, havia uma pessoa que tremia da cabeça aos pés, pois sabia que aquela era sua última chance de falar algo, de fazer com que ele a ouvisse. Hinata realmente não gostava de fazer uma cena, entretanto não tinha outra escolha.

Lentamente, com as mãos trêmulas e as pernas bambas, a morena se levantou, atraindo o olhar do padre e de todos, que fizeram o mesmo que o velho senhor de poucos fios grisalhos e roupas impecavelmente brancas. Todos a olhavam, e os que não a conheciam tinham olhares aterrorizados em suas faces.

A Hyuuga conseguia muito bem sentir os olhares julgadores em cima de si, principalmente o ódio de Shion, porém nada daquilo importava; ela tinha os lindíssimos olhos cinzas cravados em apenas uma pessoa, a única que a encarava com um sorriso de canto.

Com a voz tão trêmula quanto o resto de seu corpo, ela começou em um tom baixo:

— E-Eu não sou o tipo de pessoa que interromperia um casamento como este, a não ser que eu tivesse um ótimo motivo para fazê-lo. Mas até ai, você, Naruto, não é o tipo de garoto que deveria estar se casando com a garota errada.

Suspiros altos tomaram conta da pequena capela completamente. Shion queria gritar alguma coisa para ela, para que ela ficasse quieta e parasse de falar, porém, ao ver o sorriso discreto que seu futuro marido não tentava esconder, ela perdeu as palavras.

Um pouco mais calma do que antes, a morena continuou:

— Então não diga “sim”, não espere, não pense, não diga nenhum de seus votos... Apenas me encontre no lugar onde as folhas nunca cessam de cair, que eu estarei te esperando lá.

O sorriso do Uzumaki ia se alargando conforme Hinata ia continuando, o que apenas dava a ela mais razões para continuar, pois mesmo estando longe dele, podia interpretar seu sorriso, o azul de seus olhos e o brilho em seu olhar.

Finalizou ainda mais certa do que estava fazendo:

— Ele disse “fale agora ou cale-se para sempre” e você precisava me escutar... Porque eu, Naruto-kun, te amo.

Com o sorriso discreto maior do que nunca, a morena deu levemente de ombros para o amado, que agora tinha um divertimento em sua expressão, pediu licença a algumas pessoas e saiu da igreja sem ao menos olhar para trás.


V.


O furdunço na igreja era fora do comum. Nem o padre conseguia compreender o que estava acontecendo. Shion chorava desesperadamente enquanto Ino afagava suas lágrimas; pobre Yamanaka, torcia pela morena, mas ainda sim tinha que acalmar a noiva.

Já Kiba discutia o discurso de Hinata com Sasuke, que contava a ele que eles haviam se beijado há alguns minutos atrás ao mesmo tempo que o Inuzuka falava sobre o que havia conversado com a morena antes da noiva aparecer.

Os outros padrinhos, Sai, Gaara, Lee e Konohamaru dialogavam com as madrinhas, Sakura, Tenten e Temari, buscando entender se alguma delas tinha noção de que Hinata estava ali e se sabiam o que ela fazer.

Hanabi, que estava sentada na primeira fileira por acompanhar o namorado, ainda estava imóvel com o que tinha acontecido. Não sabia o que tinha dado em sua irmã para ela se comportar daquela maneira, ela só sabia que tinha gostado muito daquela atitude e deveria parabeniza-la depois.

Mas e Naruto... Onde estava?

Bem, o Uzumaki não é tão tapado quanto ele deixava transparecer... Aproveitou toda a desordem que havia tomado conta da pequena igreja para escapar dali. Entretanto, não estava tão longe quanto se possa imaginar.

Ao chegar no lugar marcado por Hinata, a viu de longe, sentada no balanço que ele costumava brincar sozinho quando era mais novo. Sorriu ao vê-la mexer-se lentamente, com seus longos fios azulados brincando com o vento leve que soprava naquele momento. Aproximou-se devagar, buscando aproveitar o máximo da visão que estava tendo.

— De todas as coisas que eu achei que poderiam acontecer no meu casamento, – começou subitamente e chamou a atenção da morena para si – aquilo certamente não estava na lista.

Os dois riram, percebendo a ironia da situação.

— Você me julgaria se eu dissesse que não me arrependo nem um pouco? – perguntou enquanto levantava e se aproximava dele lentamente.

— De jeito algum. – aproximou-se dela também, com um sorriso gentil no rosto.

Ainda com um braço de distância entre os dois, eles pararam de se aproximar. Naruto admirava as lindas feições daquela mulher a sua frente; a forma com a qual ela mordia o próprio lábio inferior discretamente, marcando suas bochechas levemente rosadas com suas covinhas, o brilho em seus maravilhosos olhos perolados, os seus braços escondidos timidamente atrás de seu corpo e a pequena inclinação de cabeça que tinha. Amava tudo que ela tinha e que ela fazia, não iria nunca mais negar isto.

A Hyuuga apreciava o sorriso do loiro, era um pouco mais tímido que o de costume, mas ainda sim mostrava que ele estava mais do que contente com a situação. Suas mãos enfiadas nos bolsos o deixava ainda mais atraente, na visão dela, ainda mais com a gravata afrouxada no pescoço e o primeiro botão da camisa social aberto; nada, porém, ganhava de seu olhar naquele momento: seus olhos azuis estavam tão límpidos e puros que ela conseguia ver facilmente através deles. Simplesmente maravilhoso.

— Então... – ele cortou o silêncio finalmente e voltou a se aproximar dela. – Você realmente me ama?

— Nah... – ela respondeu em tom de brincadeira, surpresa com aquela pergunta estúpida – Isso é só mais uma coisa que eu gosto de fazer no meu novo hobby: depois de aparecer nas cerimônias sem ser convidada, eu faço meus ex’s desistirem de casar e depois dispenso eles. – deu de ombros com uma expressão cômica em seu rosto, vendo o loiro estreitar os olhos com a mesma feição.

Rindo da brincadeira, ele deu um passo a frente e ficou com o corpo praticamente colado ao dela. Tirou as mãos do bolso e colocou uma na cintura dela e outra em seu pescoço, acariciando aquele local.

— Eu estou falando sério, Hinata... – com isso, seu rosto mudou para uma expressão mais suave e ela começou a prestar mais atenção no que ele dizia – Eu te amo, muito, mas eu sei que já passamos por muitas coisas---

— Você disse certo. Passamos. – ela o interrompeu com um sorriso gentil no rosto, colocando as duas mãos de leve no rosto do loiro – Eu te amo, Naruto e, apesar de ter escondido isso de você e não demonstrado muito nos últimos meses, eu sempre te amei. Isso é algo que eu nunca vou conseguir mudar em mim. É com você que eu quero passar todos os meus dias. Eu te amo. Eu te amo, te amo, te am---

Extasiado com aquelas palavras, o Uzumaki não conseguiu conter, e também não queria conter, seus impulsos. Puxou-a para si e beijou-a de forma muito mais intensa e bem menos inocente do que havia beijado anteriormente naquele dia.

Seus corpos pegavam fogo com os toques, não importando como eles eram. Ambos estavam arrepiados da cabeça aos pés, imersos completamente naquela troca de carinho que esqueceram o mundo ao redor. Não perceberam quando um vento forte tomou conta do lugar e derrubou inumeras flores de cerejeira. Não ouviam as buzinas dos carros lá perto, as pessoas conversando ou os pássaros cantando. Naquele momento, naquele tão esperado momento, nada além deles existia e, naquele instante, era assim que deveria ser.

Ao buscarem por fôlego, fizeram questão de manter as testas encostadas e os olhos fechados. Não precisavam abrir para saberem que estavam ambos sorrindo.

Com o tom de voz mais doce e mais suave que conseguia, Naruto sussurrou somente para que Hinata escutasse:

— Que bom que estava por perto quando ele disse “fale agora”.


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Notas finais do capítulo

Dois avisos rápidos, hehe:

1 - Essa one-shot era pra ter sido postada numa fanfic que já existe e eu escrevo com outra autora, Songs of the Heart, mas por algum motivo tava dando erro :/ Se virem postada lá depois não é plágio, afinal é minha também hehe.

2 - Eu ia escrever toda uma história baseada completamente no cd Speak Now da TSwift, mas não sabia se iam gostar. Dependendo de como essa one for, eu escrevo ela inteira, hehe.

Comentários não são obrigatórios, obviamente, mas eu adoraria qualquer feedback por mais simples que seja, pois esta é a primeira coisa que escrevo em mais de dois anos e adoraria saber a opinião de quem lesse.

É isso, espero que tenham gostado ♥
Beijos!