Eu acordei no quarto de Luke.

Já era de manhã, e ainda faltava uma hora para a primeira aula do dia. Alguns raios de sol invadiam o quarto entre a persiana, e eu resolvi levantar. Olhei para a cama de Luke, que ficava praticamente ao lado da que eu estava, e encontrei um amontoado de cobertas. Ele provavelmente não estava dormindo, pois o barulho do chuveiro ecoava no quarto. Um sorriso malicioso se formou em meus lábios enquanto eu pensava em uma ideia maravilhosa para começar bem o meu dia.

Arrumei desajeitadamente a cama, e me despi, ficando apenas de calcinha e sutiã. Lembrei–me da noite passada com Luke, uma experiência sexual que eu estava necessitando há tempos, e sorri. Depois de termos transado, eu e ele ficamos conversando sobre muitas coisas. Ficamos na cama, juntos, e obviamente tivemos um segundo round, mas depois colocamos nossas roupas e vimos um filme, para depois conversar até dormir. Ele era uma ótima pessoa, e realmente queria manter uma amizade com ele.

Dobrei minhas roupas, as coloquei em cima da escrivaninha, e fui até o banheiro silenciosamente. Quando entrei e fechei a porta, nem fazer nenhum tipo de barulho, tirei o resto da roupa. Iria surpreender o loiro e arranjar uma transa matinal dos deuses. Luke cantarolava uma música desconhecida enquanto tomava seu banho, e eu imaginei que fosse o momento perfeito para interrompê–lo. Os banheiros masculinos são diferentes do feminino, ao invés de ter porta de vidro, têm apenas uma cortina estampada.

Abri a cortina com calma, vendo o loiro com shampoo no cabelo, virado de costas para mim. Estranhei a imagem. Não lembrava de Luke por esse ângulo. Puxei definitivamente a cortina e entrei, sem roupa alguma, e tive uma surpresa: Luke não estava no chuveiro. Ele não estava lá, mas em compensação, um garoto de cabelos escuros estava no lugar dele, sem roupas. Quando ele virou, pensei em me cobrir com a cortina ou algo do tipo, mas fiquei congelada em minha posição. A expressão do garoto era de surpresa, e eu não o culpava: uma garota como eu entrou no chuveiro, sem mais nem menos, enquanto ele tomava banho.

—Isso é um ótimo jeito de começar o dia! –ele disse, com um sotaque australiano enferrujado.

Por que todo mundo nessa escola tem sotaque?  

—Eu pensei que fosse Luke... –falei, e finalmente olhei para baixo. Jesus, era enorme. Tentei me focar e desviar o olhar do membro do garoto, porém cada lugar que eu olhava era irresistível, seu abdômen era magnífico e seus braços....

—Bom, eu não sou ele. –o garoto disse, dando uma risada nervosa e tirando–me de meus devaneios. –Eu sou Nick. –ele disse, e estendeu a mão para mim.

—Eu estou pelada. –eu disse, finalmente saindo do transe.

Nick olhou para baixo, para o meu corpo, e deu um sorriso malicioso de canto.

—Eu sei.

Tapei–me com a cortina, desajeitadamente, peguei minha calcinha e a vesti apressadamente, e saí do banheiro, batendo a porta. Corri para a escrivaninha e peguei minhas roupas.

—Wow! –Luke disse saindo de baixo de uma montanha de cobertas. Ele estava ali dormindo o tempo todo. –O que houve?

—Por quê você não me disse que seu colega de quarto está de volta? –perguntei incrédula enquanto colocava desajeitadamente minha camiseta e minha calça de moletom.

—Ele está de volta?! –ele perguntou, confuso. Ótimo, mais um babaca na minha vida.

Coloquei meus tênis sem amarrar e abri a porta, sem sutiã, sem casaco e com minha dignidade um pouco afetada.

♥

Antes de chegar até o meu dormitório, que era a coisa que eu mais queria fazer no momento, fui interrompida por Thalia. Ela estava encostada na parede entre nossos dormitórios, que eram um ao lado do outro, e me olhava com uma expressão de deboche.

—O que você quer agora? –rosnei. Eu estava cansada e com um peso na consciência.

—Nada de mais, Anns. –Ela disse, mas seu rosto demonstrava outra coisa. –Mas já vou avisando: Você se meteu com o cara mais mulherengo dessa escola inteira.

Eu ri em ironia.

—Quem? Luke? –falei. –Luke não é mulherengo, ele é...

—Luke?! –ela perguntou, incrédula. –Eu estava falando de Percy. O que você fez com Luke?

A expressão dela passou de surpresa para tremendamente irritada. Não imaginava o que eu teria feito para ela sentir–se daquele jeito. Mas foi ai que me lembrei de um pequeno detalhe que eu ocultara da minha memória. A foto. Luke tinha uma foto em sua escrivaninha, que eu observei da primeira vez que fui lá, na qual ele estava abraçado em Thalia. A foto havia sido tirada por outra pessoa, pois os dois não estavam nem prestando atenção, parecia que estavam presos em seu próprio mundo.

—Eu... –tentei responder, mas o rosto de Thalia estava me assustando. –O que...

—Você transou com ele? –ela perguntou, com os olhos vermelhos.

Fiquei surpresa e nervosa demais para mentir para Thalia. Eu, estranhamente, não conseguia mentir para a mesma. Nunca consegui.

—Sim, mas... –eu disse, tentando me explicar, mas ela não escutou.

—Todos esses anos, Annabeth. –ela aumentou o tom de voz, com lágrimas nos olhos. –Todos os anos que nós fomos amigas e eu nunca fiz algo parecido com você. Nunca sequer olhei com um olhar diferente para um dos seus namorados ou até mesmo ficantes. Eu pensei que você ainda guardasse um pouco de dignidade dentro desse corpo, mas parece que não. No que você se tornou?

—Eu não sabia! –gritei. –Eu não sabia que vocês tinham algo.

—Todo mundo sabe, Annabeth! –ela continuava a gritar. –Todo mundo nessa merda de escola sabe que eu e Luke namoramos. Todo mundo. E só por que nós resolvemos dar um tempo, não significa que você possa simplesmente transar com ele.

—Thalia, me desculpa, eu... –diminui o tom de voz, mas ela me interrompeu.

—Você sabe por que eu estava aqui? –ela disse, e eu fiz que não com a cabeça. –Eu vim aqui para fazer uma trégua. Porque eu não suporto te ver assim. –ela foi andando em direção à porta do dormitório dela.

—Como eu deveria saber? –gritei. –Tudo o que você fez, desde o momento em que eu cheguei aqui, foi fazer de minha vida um inferno. Como eu iria saber que você veia com a guarda abaixada?

—Você não tem como saber, Annabeth. –ela disse, diminuindo o tom de voz. –Mas o fato de eu estar de mal com você por ter sumido durante um ano não te dá o direito de dar para o meu namorado! –ela disse, e abriu o porta de seu quarto. –Você quer guerra? Você vai ter. É melhor você se cuidar, Chase.

Depois disso, ela bateu a porta de seu quarto com força, e eu estava abatida com as palavras da morena. Procurei lesadamente pelas chaves do meu dormitório, e abri a porta desajeitadamente, procurando sinais de Rachel pelo quarto.

Mas ela não estava lá. Fechei a porta com força, e me joguei em minha cama, finalmente deixando as lágrimas rolarem soltas pelo meu rosto. Eu me sentia péssima, suja e traíra. Ainda não havia refletido sobre o acontecido no quarto de Luke, muito menos da briga com Thalia, mas tudo o que eu conseguia fazer era chorar.