Dangerous escrita por americafanfiction


Capítulo 2
Jane Doe


Notas iniciais do capítulo

VAI TER FLASHBACK SIM
beijos



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O avião estava pousando. De fato, era bom estar de volta à Nova York, o clima mudou, o país mudou, e o melhor de tudo, eu mudei.

Eu espero que eu tenha mudado, pelo menos.

Daelly, a assistente da minha mãe, estava se levantando na minha frente, com sua bagagem de mão. Não sei o quanto de roupa que ela levou a Vancouver ou quantos dias planejou ficar lá para me convencer a voltar. Normalmente, me convencer a alguma coisa é algo extremamente difícil, mas eu faria qualquer coisa para sair daquela vida. E, de fato eu saí, mas não acho que aquela vida um dia sairá de mim.

Levantei do banco do avião e fui atrás de Daelly até a saída do avião. Chegamos ao terminal, e como eu não precisava pegar nenhuma mala na esteira do aeroporto, fui até uma cafeteria mais próxima. Era obviamente um absurdo pagar 15 dólares em um copo de café mal feito, mas eu estava precisando. Faltava uma semana para as férias de inverno das escolas de Nova York acabar, então eu teria uma semana para relaxar e me reacostumar a viver a vida com tudo o que eu quiser na palma da mão.

Obviamente eu nunca gostei muito da vida que eu levava, tanto que não gostar da vida antiga me levou a sair de casa e ir para Vancouver.

Enquanto tomava meu café, observei um grupo de jovens, provavelmente da mesma idade do que eu, sair do terminal aos festejos enquanto os outros jovens que os esperavam gritavam de volta, os recebendo.

Observei-os, tentando lembrar-me se as amizades que eu tinha antes eram do mesmo tipo do que as que eles demonstravam ter naquele aeroporto.

Enquanto observava, duas garotas saíram correndo para se abraçar. Achei um pouco exagerado, mas não tive tempo de julgá-las mais do que isso, porque as duas caíram no chão e continuaram a rir e se abraçar. Não pude deixar de sorrir, pois eu realmente esperava ter amigos como esses na escola interna que minha mãe me inscreveu.

Um garoto de cabelos escuros ajudou uma das garotas a se levantar, e ela pulou em seu ombro, o dando um abraço, ele a levantou e a girou no ar, para depois a largar no chão e continuar abraçado nela.

Eles ficaram mais um tempo abraçados, até um garoto um pouco mais baixo do que ele o dar um tapa na cabeça, e a garota sair correndo atrás dele. Então ele olhou na minha direção. Fiquei tão surpresa que não consegui desviar o olhar. Ficamos nos encarando por alguns segundos, seus olhos verdes pareciam estar em busca de uma âncora, até Deally aparecer na minha frente, tapando totalmente minha visão.

—Vamos, o carro que nos levará ao hotel que você passará a semana já está nos esperando, e não vejo a hora de uma massagem depois dessa viagem. –Ela disse.

Sorri, levantei-me e a segui.

A viagem até o hotel foi curta, ficamos menos de meia hora no carro, e pelo visto o quarto de hotel já estava pronto à minha espera.

A mulher que estava no balcão principal me deu um cartão-chave e me indicou o elevador, dizendo que meu quarto era o 1156 no décimo primeiro andar. Ouvi-a dizer também a Daelly que os pacotes que foram encomendados para mim já estavam à espera na suíte.

Não acreditei quando vi. Aquilo não podia, de fato, ser uma suíte de hotel. Tinha mais coisas que agora pertenciam a mim do que no meu antigo apartamento. Demorei a crer que minha vida tinha realmente voltado ao que era antes, mas depois daquela cena, minha ficha caiu: eu não estava mais em Vancouver, sozinha, buscando qualquer tipo de apoio e dinheiro em homens desconhecidos toda a noite. Eu era a Annabeth com dinheiro, com tudo o que quer na mão, disposta a ter uma vida feliz e razoável a qualquer momento.

Respirei fundo e entrei no quarto rápido, me jogando na cama que ficava no meio do ambiente.

—Annabeth! –Gritou Daelly –Você está deitada encima de roupas que sua mãe gastou uma fortuna para te dar.

Olhei para ela e ri.

—Oh, eu não me importo! –Respirei e soltei o ar com um sorriso, me sentindo aliviada. –Ah, essa cama é maravilhosa! Você sabe como é poder se deitar em uma cama tão boa depois de tanto tempo? Claro que eu deitei em camas confortáveis de hotéis, mas era pra fazer outras... –Daelly me lançou um olhar materno, do tipo ‘não fale isso, Annabeth’. –Deixa pra lá, não importa mais o que eu fiz.

E isso era verdade. O que eu fiz para chegar até aqui não importava mais, e não iria mais fazer parte da minha vida.

 

 

Quatro dias depois

Eu estava nervosa. O carro já estava chegando à escola, e eu já podia ver os prédios de longe. Pensei que demoraria mais alguns bons minutos para chegar lá, mas antes mesmo de terminar esse pensamento, o carro chegou ao enorme portão do internato.

O lugar era enorme, mais ou menos do tamanho de um campus de uma faculdade. Só de passar com o carro, já vi mais de trezentos alunos, do primeiro ao terceiro ano do ensino médio, com suas malas e em seus respectivos grupos sociais. Já imaginava que eu seria a garota que não se encaixaria, e eu até que preferia isso, devido a quem eu era antes. Eu era má, deixava as pessoas para baixo e sabia que isso era ruim, mas mesmo assim continuava fazendo todas aquelas coisas como um meio de me sentir melhor. Esse ano eu estava esperando algum tipo de mudança, mas não confiava a mim mesma para ter amigos, então decidi que realmente não teria. Argos parou o carro em frente ao que parecia ser a casa principal, porque todos os jovens estavam se dirigindo para lá. Parecia grande demais para ser uma secretaria, ou grande demais para ser qualquer coisa, pois a casa mais parecia uma mansão. Argos desceu do carro e deu a volta para abrir o porta malas, retirou minha mala de rodinhas e outras duas malas de mão, e eu desci do carro antes que ele viesse para abrir a porta para mim.

Nunca gostei de ser rica, de ter todo esse dinheiro que minha mãe tem de sobra, e muito menos das mordomias que ela me oferecia, então eu sempre as recusava. Argos me olhou surpreso, e fez um sinal para que eu fosse até a casa principal, afirmando que iria me esperar ali com as malas para me levar até meu dormitório. Caminhei até a porta, que era duas vezes maior do que eu, e entrei no local.

Aquilo estava cheio. Eu mal consegui abrir espaço entre a multidão para chegar até a secretária, mas depois de muitas tentativas, finalmente cheguei.

A moça tinha olhos cor de mel e os fios castanhos enrolados em um coque. Usava um suéter com as inicias “MWHS” no lado esquerdo, com o brasão da escola acima. O crachá mostrou que seu nome era Elena.

—Oi –ela disse, com um sorriso radiante. –Em que posso ajudar?

Observei-a, enquanto pensava o que eu tinha de fato ido fazer ali.

A chave do dormitório, pensei, e falei:

—Eu quero saber o dormitório que fiquei, e se fiquei com algum colega de quarto.

—Todo mundo tem um colega de quarto. –Ela disse, dando um sorriso que me deu a impressão de que ela estava debochando de mim. –Então, qual é o seu nome? Preciso achar sua ficha.

Suspirei cansada, prevendo a reação que ela teria quando soubesse meu sobrenome.

—Annabeth Chase. –Eu disse, e ela arregalou seus olhos, ficando pálida.

—Não me surpreenderia se você não tivesse um colega de quarto. –foi tudo o que ela conseguiu falar, e começou a digitar no computador, provavelmente a procura de minha ficha.

Ela ficou alguns segundos digitando, e às vezes me olhava de canto. Senti que não deveria ter dito meu sobrenome como Chase, e sim como Grey, o nome de solteira de minha mãe. Como eu não queria ter certo poder sobre as pessoas esse ano, seria melhor se não soubessem quem é a minha mãe.

—Aqui, Srta. Chase. –Ela disse, e me entregou uma pequena pasta com papéis dentro. –Seu quarto é o 232, na Mansão feminina, segundo andar. Sua colega de quarto se chama Rachel Dare, e é o segundo ano dela aqui na escola.

—Por favor, não me chame de Srta. Chase. Eu prefiro que me chame de Grey, meu outro sobrenome. –eu falei. –E eu espero que você anote isso na minha ficha, para os professores saberem que eles não devem me chamar de Chase.

—Como você quiser, senhorita. –ela falou rapidamente. –A mansão feminina fica no primeiro caminho à esquerda, caso queira saber. Boa sorte.

Enquanto ela dizia a ultima frase, eu já havia ido em direção à porta, uma vez que a multidão tinha cessado. Fui até o carro e avisei Argos onde era, para ele me levar até lá, mas ele negou com a cabeça.

—Sua mãe disse que eu teria que te levar até a portaria, te dar suas malas e depois você trilharia seu próprio destino. –Ele disse sério. –Do mesmo modo que fazia em... Vancouver.

Estremeci. Finalmente entendi o que minha mãe queria: ela apenas queria que eu estudasse, fosse bem à faculdade, mas não queria uma filha perto dela. Só queria alguém inteligente o suficiente para carregar o sobrenome dela por mais uma geração.

Então, algumas lembranças vieram a minha cabeça.

—Você não irá sair dessa casa enquanto não aprender a fazer esse cálculo, Annabeth. –Ela disse.

—Mas mãe! Eu nunca aprendi nada disso na escola! –Gritava, enquanto lágrimas desciam pelo meu rosto.

—Eu não me importo! –ela gritou, e eu senti que ela ria de mim por dentro. Atena balançava as chaves no ar, como ameaça. –Você tem que ser alguém na vida, Annabeth, eu não permitirei que você se torne uma vagabunda. E não sairá daqui enquanto não terminar tudo isso.

Ela saiu, fechando a porta com força, me deixando na escuridão daquele quarto, com apenas a luz da janela me iluminando. Pude ouvir o barulho da porta sendo chaveada, e eu sabia que, por bem ou por mal, eu teria que fazer tudo o que ela me mandasse fazer, para sempre. Observei a janela, que mostrava um dia chuvoso lá fora, e comecei a chorar junto com o céu.

Engoli em seco. Peguei minhas malas da mão de Argos, dando um aceno de tchau com a cabeça, e fui em direção mansão feminina, como Elena disse.

O lugar era imenso, cheio de garotas segurando malas e portas para todos os lados. Dois elevadores de vidro marcavam o centro da mansão, que não paravam de subir e descer com a agitação do primeiro dia de aula. Uma garota de cabelos pintados de verde apareceu ao meu lado. Ela usava uma camiseta tie-die e um short, meias pretas que subiam até metade das coxas. Sua maquiagem era bastante exagerada, o que me assustou.

—Oi! –Ela disse. –Eu sou a Juniper. Eu sou veterana! Isso significa que eu estou aqui a mais de um ano. Incrível né?! –ela falava, sem nem mesmo respirar. Seus olhos arregalados me encaravam. –Então eu conheço todo mundo dessa escola, é claro que não os alunos novos, mas os veteranos como eu! Eles são muito legais, e me chamam Crazyper. Não sei por quê! Não sou louca! Qual o seu nome?

—Annab... –comecei a falar, mas fui interrompida.

—Que nome bonito! Fui chamada esse ano para ajudar os novatos a se adaptarem, e adivinhe a quem eles me encaminharam? –responder, mas fui cortada novamente. –A você! Não é louco? Eu sou louca. Pelo menos é o que me falam. Qual é o seu quarto?

—É o 232. Escute, eu realmente tenho que ir...

—É do lado do meu! Eu fiquei no 231, com a única pessoa que eu não gosto aqui, mas eu não me importo! Ela acha que só porque o pai dela tem mais poder do que todos daqui ela pode simplesmente nos fazer de rato e sapato! Não pode, não. –ela disse, sem nenhuma pausa.

Olhei para ela, tentando entender a garota. Ela apareceu do nada, falando coisas sem sentido, seus olhos tinham um toque meio louco e seu cabelo não ajudava na aparência, e o fato de ela ser magra como um palito piorava a situação. Não era a toa que a chamavam de crazyper. Encarei-a, e lembrei-me da fala dela sobre ter ficado em um quarto com a única pessoa que não gostava, e que achava que só porque o pai tinha dinheiro, ela podia mandar em tudo.

—Quem é a sua colega de quarto? –Perguntei. Eu não tinha percebido que enquanto falava com ela, estava indo em direção ao elevador. Agora já estávamos na porta, esperando ele descer.

Thalia Grace. —Ela falou com nojo.

Sorri. Esse ano não poderia ser pior.

Dispensei Juniper assim que cheguei ao quarto. Ele não era grande, tinha apenas uma cama encostada em cada canto do quarto, entre elas uma grande janela que ia até o teto, tapada por uma corotina branca. Na janela tinha um banquinho almofadado, que abria, virando um baú. No outro canto do quarto havia duas escrivaninhas lado a lado, provavelmente uma para cada aluna, e um sofá no meio de quarto, acompanhado de uma mesa de centro. Os móveis eram bons, eram todos da linha do ano anterior. Não me surpreendi. Aquela escola não era para qualquer um, realmente. Em cada canto do quarto havia uma porta branca pequena, adivinhei que uma iria para o banheiro e outra para o closet, o que me surpreendeu. Nas ultimas escolas em que estive os banheiros eram compartilhados por andar, e o closet era uma arara e um gaveteiro. Claro, aquelas escolas que eu fui anteriormente eram por castigo, e não por falta de recurso. Mas minha mãe sempre me fazia ficar durante a semana, e ir embora no fim de semana para casa, apenas para ficar trancada naquele quartinho estúpido o tempo todo. Ouvi uma batida na porta, e uma garota de cabelos ruivos cacheados até as costas sorria para mim, e analisava o quarto.

—É melhor do que meu quarto do ano passado. –ela falou, e não pude dizer se foi para mim ou uma anotação mental dita em voz alta. –Eu sou Rachel, prazer.

A garota estendeu a mão para mim, e eu não respondi. Ela recolheu a mão devagar.

—Você será minha colega de quarto? –perguntei mais arrogante do que pretendia.

—Sim! –Rachel disse.

—Ugh. –Bufei. Uma colega de quarto era tudo o que eu menos queria, ainda mais uma garota como Rachel, ou pelo menos o que a imagem dela me transmitiu.

Caminhei até a janela e abri a cortina, e o céu escurecido da manhã chuvosa de Nova York invadiu meus olhos. Não quis ser tão arrogante com a garota, mas como eu já tinha sido, resolvi continuar assim.

—Qual é o seu nome? –ela perguntou, com sua voz ingênua que já estava me irritando.

—Fico com a cama da direita, aquela que estão com minhas malas encima. –Falei, peguei minha mala e fui até uma das portas secundárias, procurando o Closet.

A porta que eu abri dava direto ao banheiro, então abri a outra, achando o closet. Comecei a colocar minhas roupas nas prateleiras, e ouvi os saltos de Rachel batendo no chão, indicando que ela estava vindo em minha direção.

—Você não me respondeu qual é o seu nome. –Ela disse, e me analisava enquanto eu terminava de pendurar meus casacos.

—Eu sei.

Voltei para o quarto, passando reto por ela na porta. Peguei o celular que estava no meu bolso e resolvi mandar uma mensagem a Zoe, já que fazia quase um ano que eu não falava com ela. Esperei que ela não tivesse trocado seu numero, pois eu o sabia de cor de tantas ligações desesperadas que tinha feito a ela nos últimos anos.

Oi, ainda lembra de mim? Espero que sim. Desculpe por tudo, espero que responda isso. –A.

Bloqueei o celular e resolvi andar pelo colégio antes de ir para o auditório ouvir as normas da escola, saber as turmas, saber o nome dos professores e escutar todas as baboseiras sobre respeito e convivência que os diretores faziam todos os anos em todas as escolas. Peguei o casaco que tinha jogado em cima da cama e caminhei em direção à porta. Quando já estava fora do dormitório, virei para a ruiva dentro dele.

—Eu sou Annabeth... Grey. –Disse. –Não espere que eu seja sua amiga.

Virei-me, voltando a fazer meu caminho até o elevador. Desci junto com algumas garotas, mas não reparei em nenhuma delas. Quando finalmente sai da mansão, percebi que estava sem fôlego.

Então um garoto me chamou atenção. Ele estava encostado em uma mureta, atrás de um carro, com um cigarro na mão. Ele provavelmente estava escondido, pois na escola era proibido cigarro, bebida e qualquer tipo de droga.

O olhar dele se encontrou com o meu, e eu ainda não tinha esquecido seus olhos verdes.

Um sentimento me invadiu. O sentimento de que era pra ser. E até o momento, seus olhos verdes e seu cabelo escuro foram as únicas coisas que eu gostei nessa escola.

 

 


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Notas finais do capítulo

hey pessoal, cá estou eu com o primeiro capítulo oficial. Eu não fiz quase nenhuma mudança, coisa que fiz bastante no prólogo, mas espero que vocês tenham gostado do capítulo mesmo assim
E O PERCYYYYYYYY
no gif não é o ator que eu vou usar pra fazer ele, MAS MSM ASSIM
(kian



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