Naipe de Ouros escrita por Alice


Capítulo 1
Una


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, espero que aproveitem esse romance básico(:



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Seu irmão mais velho lhe avisara.

[– Não se meta com ela.

– Ela não aceita desaforo.

– Se você foder com ela não acorde no outro dia esperando que ela lhe faça a merda do seu café da manhã.

– Ela pode ser a única herdeira dos Meadowes, mas é mais competente do que eu e você juntos.

– Você vai levar um tiro na cara.]

E parecia que ele andava ao seu lado, cantarolando uma musica adolescente e tentando fazê-lo rir. Qual era a ultima que ele cantara mesmo? “I’ll steal your heart and you’ll like it!”, e, por Deus, como ele conseguia fazer aquilo soar malicioso? Talvez fosse o jeito que sua língua estalava nas duas ultimas palavras, talvez fosse a lábia impregnada em seu ser.

Talvez fosse a experiência em irrita-lo.

Não importava – a música estava na sua cabeça enquanto ele deixava um antigo prédio com detalhes vitorianos, depois de uma longa madrugada de negociações entre sua família e os Potter e Weasley, mediada pelos McKinnon e Meadowes.

Mais pelos McKinnon, na verdade.

Veja bem, a mafia francesa (ele) e a mafia inglesa (os ruivos sardentos e os morenos quatro-olhos), estavam disputando o controle da mafia portuguesa, pois os McDonalds haviam saído do poder.

Arrancados, na verdade.

De qualquer modo, lá estava ele, acendendo um charuto cubano [em 1985 eles estavam no auge] durante a caminhada até seu hotel pelas ruelas de Roma.E ele não procurava ninguém, ok? Ele estava na Itália apenas pela negociação, apenas por dinheiro e poder.

Eram sete e meia da manhã e as velhas mulheres já gritavam de velhas janelas, as padarias já estavam cheias e o calor já começava a aumentar – logo, ele já prendia o cabelo num curtíssimo rabo de cavalo, o charuto pendendo dos lábios tortos e finos e virados num sorriso dirigido ao loiro de bicicleta que passava [que notou a proposta deste e corou pra caralho].

Parou para comprar uma baguete numa padaria em frente a um parque lotado de crianças rindo e correndo e pensou como aquilo era bonito.

– Está tudo bem cheio para um sexta-feira. – foi o que comentou com o padeiro, que riu dele.

– É feriado, senhor. – e logo fez uma carranca, apontando para um banco do parque – Não sei como as pessoas tem coragem de fumar perto de crianças.

Ele virou-se para onde o padeiro indicou, vendo uma mulher de cabelos curtos loiros rodeada por uma nuvem de fumaça.

O jovem mafioso para e gargalha porque não pode ser. Ele se afasta da bancada e entra no parque e para atrás do banco. Tinha dezessete anos ao ver a jovem mafiosa pela primeira vez [ela tinha o cabelo longo que combinava com seu raro sorriso e ele expressões suaves que combinavam com seu rosto suave].

Ambos ainda eram jovens e mafiosos, mas ele não gargalhava a séculos e ela tosara sua cabeleira em um moicano seis meses antes.

O jovem mafioso sussurrou para a jovem mafiosa.

– Dorcas?

Ela reconhece-o. Ela olha-o. Ela fecha os olhos, ela nega-o.

Ela traga o máximo de fumaça que consegue – “Quem sabe eu não engasgo com a fumaça, morro de asfixia?”, pensou. Ela quer respondê-lo com algo inteligente, porém foi pega de surpresa.

Ele observou a foto em seu colo – Dorcas e Mary rindo, quatro anos antes, em uma festa aleatória. Era uma selfie, praticamente, tirada pela segunda moça citada com sua polaroid – e compreendeu o porquê dela ter sido pega de surpresa.

– Aquela câmera mostrava o melhor das pessoas.

– Não era a câmera, idiota, era ela. – a loira parecia furiosa – Mary conseguia ver o melhor nas pessoas. Ela conseguiria me achar bonita com esse cabelo, tiraria uma foto que eu colocaria nesse maldito álbum.

– Eu consigo te achar bonita com esse cabelo.

Ela soprou a fumaça para o céu e, quando virou-se para o lado, ele estava sentado no banco, seus ombros se tocando. Os olhos do jovem mafioso tinha a mesma tonalidade que o veneno que seu pulmão liberava.

Quentes.

Cor cinza morte.

– Eu estou apenas sendo hipócrita e dramática com lembranças da minha melhor amiga morta. Eu sei que sou bonita. Não preciso de mais um puxa saco. – ela suspirou – Ambos sabemos que tenho muitos deles, Arcturus.

Eles se conheceram em um jantar de gala, cheio de pessoas influentes, que acontecia anualmente em alguma capital poderosa. Milão havia sido a escolhida e, puta merda, foda-se Las Vegas, a Europa era muito melhor que a América.

Ele tinha dezoito recém feitos e ela faria dezenove no outro dia e seus pais se cumprimentavam com ameaça, respeito e orgulho – e eles não poderiam ligar menos para aquilo, para qualquer coisa.

Ela vestia azul, um vestido de frente única cheio de contas que pareciam escorrer por seu corpo, pesado e longo e lindo, se arrastando pelo chão como água, estilo anos ’40. Em suas costas nuas pendia um pingente com o brasão de sua família [tradicionalista] e seu cabelo, seu [ainda] longo e eterno e claroclaroclaro cabelo, foi controlado em um coque meio bagunçado, preso com a ajuda de uma tiara dupla.

Dorcas poderia estar encantadora, adorável ou simpática naquela noite, mas quando ela escolheu, ainda em casa, destacar seus imensos olhos turcos e verdes com um grosso lápis-de-olho branco na pele morena, ela matou qualquer possibilidade de ser fofa.

[E poderia matar Arcturus a qualquer momento, se desejasse.

Ela viria a desejar.

Mas então, seria tarde de mais – ela já não teria mais aquele lápis-de-olho branco.]

E quando ela cumprimentou seus pais, para logo em seguida cumprimentá-lo, tinha as mãos firmes, o olhar relaxado e um sorriso de deboche e vitória rasgando seu rosto, exatamente do jeito que deveria ser feito, do jeito que seus pais haviam lhe ensinado e que nunca aprendera.

Ela era melhor que ele.

E ele teria de ser acostumar com isso.

Arcturus vestia terno e gravata negros, mas sua camisa era um tom mais claro, cinza escuro, com listras prateadas que combinavam com seus anéis [o de ouro branco com o brasão da sua família no anelar direito, um de prata com uma pedra de obdisiana no dedão da mesma mão, presente de seu irmão, que tinha uma obdisiana irmã numa corrente ao redor do pescoço, e outro de ouro branco, com uma inscrição por dentro, no dedo médio da mão esquerda – presente de si mesmo] e seus olhos ainda transparentes.

[Daemones iustus caderneta habuisse angelos peccatores.]

Quando o verde e o água se encontraram eles souberam que aquilo era sinal de tempestade, que algo iria acontecer.

O mar não costuma ficar verde-água para sempre.

Sempre vem uma tempestade.

Eles voltaram a ver-se em Paris, no Sweet 30’s de Bellatrix Lestrange – lou-cu-ra-da.

Arcturus tinha vinte anos e muitos meses, e havia acabado de terminar um relacionamento com [tan-tan-taaaaan] Edmundo Avery. Três semanas de caipirinhas e caipiroscas nas Bahamas e muito sexo bom, agora ele queria curtir com os amigos.

Ele disse isso em cinco segundos.

– Vou curtir com vocês, meu.

Foram dezesseis minutos até ele estar prensando o Zabini mais novo numa parede qualquer, apertando sua bunda e chupando o pescoço moreno. Não que fizesse diferença para seus amigos, que estavam se divertindo com [heroína, LCD, MD, doce, bala, bolo, cigarro, charuto, maconha, cocaína – mas sem pedra, por favor!] a balada, as pessoas e a música frenética de uma banda que ele não sabia, conseguia, dizer.

Estava perdido no tanquinho dele, Anubis, e ele podia definitivamente ser um deus, pelos céus. Aquele corpo, aquela vida e animação. Aquela vontade.

Arcturus iria mata-lo.

– Bien bien, moreno… – ele subiu as mãos, massageando seu pescoço e couro cabeludo – Que achas de sairmos daqui? Meu carro está bem aqui na frent-

Espera! Oioi, tudo bem com vocês? – Dorcas interrompia vestida de hippie e com óculos estilo John Lennon e com uma aura diferente. Parecia que tinha comido papel. Parecia animada e com fome e com vontade de rir e falar ao mesmo tempo. E foi o que ela fez: – Então, Amunis, eu sei que você está ocupado quase sendo comido por ele aqui, mas – e ela alongou bem –, mas eu preciso de um favor! – um sorriso fofo e amável que nunca surgiria espontaneamente – Você pode transar com a Amélia?

Pausa para recomposição mental.

Que?

Ela levantou o olhar, deixando apenas a parte branca do olho amostra.

Puta que pariu: a Amélia Longbottom, irmã do Frank, que ‘tá fazendo a negociação com o ministro da Espanha, sabe, para ele deixar passar aquela mercadoria no porto de Málaga, tem dezesseis e é virgem e ela acha você bonitinho e, – ela fez um beicinho – acho que seria legal ser cupido por meia hora.

– Ah, desculpa mas ele e eu estamos de saída sabe-

– Nãonão, cadê ela? – Anubis se virou para Arcturus – Sinto muito, lindo, mas eu sempre quis comer a Longbottom, mais do que eu quero ser comido por você.

Ele saiu e seguiu para o lugar que Dorcas apontava.

– Um dia nós vamos rir disso.

– Duvido.

– Por que?

– Porque nosso tipo de humor é diferente.

– Ele vai mudar.

– Por que?

Ela sorriu para ele, risonha.

– Porque nós vamos mudar.

– Duvido.

– Eu não. Por Deus, você não pode ser assim para sempre.

– Assim como?

– Criança.

Ela tinha vinte um e meio e saiu dando estrelinhas.

Seis meses depois, aos vinte e dois anos, Dorcas tinha um grupo novo extremamente poderoso a sua volta, e começava a ganhar respeito.

A Meadowes cuidava das pessoas, dos contatos, Lily Evans – ruiva, vinda de Praga com parada em Amsterdã, passara dois anos da adolescência na Red Light, dando e sendo dada, até começar a lucrar e não se foder com a prostituição, virou cafetina, fez bons amigos e começou a subir na vida, principalmente com seu atual romance com o herdeiro Potter, pelo que as más línguas dizem. Mas os que a conhecem, sabem que Fleamont devia agradecer a sei la quem, ela vai cuidar bem do império, – cuidava das negociações financeiras, Mary McDonald, uma manipuladora de primeira, filha da mafia portuguesa e amiga de infância de Dorcas, cuidava da influência, manipulação de imprensa e dribladas na Interpol era seu cotidiano, já a parisiense Emmeline Vance, a rainha de preto, cuidava da parte suja e vermelha, caso Mary tivesse problemas, claro, que alguém hiperativa e esperta como ela não conseguiria ficar parada [e transformou a loja de armas do pai em Clignancourt em um negocio de contrabando internacional].

As quatro agora se encontravam com Marlene, a filha doente dos McKinnon, com aids de nascença, que bolara o plano perfeito para deletar Riddle, o melhor agente do MI6, e sua equipe, que estavam quase descobrindo a lavagem de dinheiro que havia no governo grego, ao mesmo tempo que ameaçavam invadir alguns depósitos de drogas e armas em Lisboa.

Elas estavam finalizando alguns detalhes sobre a emboscada e as pistas falsas que fariam eles se auto-incriminarem se não fossem mortos na noite seguinte, como os Malfoy haviam planejado.

Quando todas sorriram, o projeto terminado, a McKinnon tirou três garrafas de Jack Daniels, seu vicio particular, da bolsa e tudo ficou preto.

Dorcas tinha apenas a memória de risos e de que não era mais criança. Depois, ela acordou ao lado dele, nú, numa cama em – ela saberia mais tarde – Rodes. Ela não sabia como tinha parado ali, nem porque acordara no meio da noite e voltou a dormir.

De manhã eles acordaram ao mesmo tempo e fizeram panquecas e descobriram que ninguém sabia onde eles estavam. E então eles se olharam, se beijaram e transaram, e aí decidiram que não voltariam tão cedo.

Arcturus disse que se viciou no perfume dela.

Dorcas ainda não sabe porque ficou.

Mas foram 182 dias, maconha, viagens de barco e um bronzeado maravilhoso. Ela descobriu o que diziam o entalhe no anel dele e ele descobriu a culinária como paixão – os dois engordaram.

Foram felizes e apaixonados e desconexos, sendo quem queriam ser e não quem tinham que ser.

E acabou.

Porque tinha que acabar.

Por que ficou?

“Porque eu precisava viver uma ilusão antes de ser real.

Viver numa vida real com responsabilidades reais.

Não significa que não vou sentir saudades.

E o perfume é de manga.”

Ele encontrou o bilhete junto com o jornal.

A manchete dizia que Alice havia morrido de ataque cardíaco.

Até hoje uma parte dele a odeia por fazê-lo voltar a realidade.

Mas era a irmã dela e ele entende – não sabe o que iria fazer se fosse o seu irmão.

No primeiro enterro ela estava horrorizada.

Sua irmã mais velha morta num acidente de carro com Frank Longbottom.

Como? Por que?

Por que, por que, por que, por que?

Ela chorou tanto, seus pais não conseguiram levar ela para casa e ela dormiu ao lado da cova, completamente surtada.

Mas ela chegou a conclusão que era a vida fazendo-a mais forte, tinha um motivo para ter acontecido. Claro. Eles estavam bêbados no carro.

E então mataram ela.

A irmã que ela escolheu ter.

Quando Mary morreu [junto com seus pais], Dorcas não foi ao enterro, só apareceu na reunião sobre o que fariam com Portugal, de cabeça raspada e olhos verdes vibrantes, trazendo uma pasta com provas de que fora Riddle quem organizara aquilo, que eles não estavam lidando com alguém careta do Serviço Secreto, que Tom era a porra de um assassino que chegaria no núcleo dos negócios e que iria matar todo mundo.

Ela abriu as portas para uma guerra por baixo dos lençóis e impediu que as famílias fossem destruídas. Não foi de uma hora para a outra, obvio, mas agora a Inglaterra conversaria com a Itália e eles iriam poder se defender, ao menos.

Porque ela estava petrificada, porque haviam matado suas irmãs e queriam destruir sua família e ela não permitiria.

Ele não viu nada disso, estava saindo de uma clinica de reabilitação depois de três meses na coca na Rússia.

Ele saiu e ela não procurou e ele a ignorou porque ela não foi atrás dele quando ele caiu. Mal sabia ele que ela havia despencado.

Quando Marlene, a noiva de seu irmão lhe contou sobre as mortes na vida da loira ele não se apreendeu de nada.

Arcturus sabia que só faria a vida dela pior.

O incrível é que ainda assim ele acreditava que o destino lhe dera aquele momento, e ele era egoísta o suficiente para aproveitá-lo.

Ela estava tão linda, tão mordida com ele.

– Fiz uma tatuagem em sua homenagem.

Ela soltou a fumaça do novo cigarro na cara dele.

– Não quero saber aonde é.

– Não quer saber o que é?

– E você vai me dizer assim, de cara?

Ela conhecia ele muito bem.

Cento e oitenta e dois dias juntos.

– Não. – ela sorriu, os olhos verdes brilhando com comédia a muito em falta – Só se você me chamar pelo primeiro nome.

– Mas isso iria acabar com o mistério. Eu te chamar de Arcturus faz parecer isso um jogo e esse é um jogo que eu sei que vou vencer. Não vou abrir mão desse jogo.

Ele ficou observando-a.

– Vou assumir os negócios de Orion.

– Walburga já chorou?

– De mais.

– Ela também chorou quando viu minha tatuagem.

Ela ficou em silêncio, observando as nuvens se moverem, deixando o sol aparecer.

– Você não quer saber o que é?

– O que?

– A minha tatuagem, Dorcas.

– Queroquero, claro.

– É o naipe de ouros. Atrás do pescoço.

– Mas ele é o meu naipe de sorte.

– Acho que eu quero te dar sorte.

Ela gargalhou, os caninos salientes a mostra.

– Que clichê.

– Mas agora vai, fala.

– E lá se vai o mistério.

Ela se levantou, bagunçou o cabelo e aproximou seu rosto do dele, colocando o cigarro em seu lábios.

Ele sorriu:

– Temos que ser indiferentes um com o outro agora.

– Nossa, meu Deus, que dificuldade isso vai ser.

“Resta-nos tentar, Regulos Black”.


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Notas finais do capítulo

Regulus e Dorcas, meus amados!
Fiquei fixada com essa idéia dos dois e escrevi correndo, então foi dificil passar por computador – eu sempre faço os rascunho em papel, é uma merda...
Bem, espero que tenham gostado!

Beijosssss,
Alice!!



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