Por Esparta, até a morte. escrita por Manu


Capítulo 6
Não vá


Notas iniciais do capítulo

Deixe a sua opinião nos comentários para que eu possa dar um rumo mais concreto aos acontecimentos. Obrigada pela atenção desde já.



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Eu só... Não aguentava mais ficar dentro de casa.

—Parece angustiada. Dilios se sentou ao seu lado.

—Estava pensando na minha irmã.

—Ela sabe onde você está?

—Não. Ela não estava na Pérsia quando eu fugi. Se estivesse eu também não contaria. Ela iria me impedir. E agora, está enlouquecendo porque eu não estou lá.

—Talvez a reação dela não tenha sido..

—Eu sinto. Emma o interrompeu. -Eu posso senti-la, sua angústia e preocupação neste momento.
Uma pequena mão tocou o cabelo de Emma, o deslizando como se fosse um fio de seda.Ela se virou para ver quem a tocava, e contemplou um garotinho com os olhos vidrados no seu cabelo.

—Gostou do meu cabelo? Ela perguntou sorrindo amavelmente.
O menino balançou a cabeça positivamente.

—É vermelho. Ele falou. -Por quê?
Emma não teve resposta.
Dilios interviu.

—É impressionante não é? Ele perguntou ao menino.
O rei se aproximou.

—Vejo que conheceu meu filho, Emma.

—Parece muito com o senhor.
O garotinho puxou o manto da cabeça de Emma.

—Por que você usa isso? Ele perguntou soltando o manto admirando novamente seu cabelo.

—Por causa do sol. Ele queima minha pele.

—Já chega de importunar a moça, vá ver onde sua mãe está.
O menino obedeceu e saiu correndo.

—Até logo. Emma se despediu dele.

—Perdoe se a criança foi inconveniente. Disse o rei.

—Ele é adorável.

—Olha quem está aqui. Fandral se aproximou dos três. -Emma, não é?

—Sim, ela respondeu.

— Vejo que já chegaram ao ponto de visitas no meio do dia. Não acham que estão indo muito rápido? Ele falou gargalhando.
Sua face era ríspida, com a pele queimada pelo sol, num tom de bronzeado comum para muitos em Esparta, seu cabelo era preto e descia pelos ombros. Era um homem vistoso, que internamente se orgulhava disto.

—Ela pode vir quando quiser, Fandral,a arena é pública.

—Para soldados. Ela está interrompendo o treinamento.

—Me desculpem eu não queria incomodar. É melhor eu ir embora. Emma falou já se levantando.
Dilios levantou-se juntamente com ela.

—Não vá, Emma. Não dê ouvidos a esse cretino.

—Aliás Emma, no pouco tempo que esteve aqui, já teve oportunidade de conhecer Aurora?
Dilios o fuzilou com os olhos enquanto Fandral sorria.

—Ainda não tive o prazer, de quem se trata?

—Dilios a conhece muito bem, talvez a apresente qualquer dia.
Emma olhou para Dilios como se fosse chorar.

—Bom, não quero incomodar mais ninguém. Até logo, meu rei. Fandral. Ela se despediu dos dois. E caminhou para fora da arena, escondendo seu rosto dentro da escuridão do manto, antes que alguém reparasse nas lágrimas que caiam.

—Está desolada. O rei comentou. -Dilios, ela não veio para Esparta em busca de mais decepções.
Dilios avançou para cima de Fandral para o esmurrar, mas o rei o impediu.

—Ah, vamos. Ela precisava saber.

—Desgraçado!

—Parem com isso. O que está feito, está feito.
Dilios colocou as mãos entre a cabeça e virou de costas.

—Preocupado? Fandral perguntou.

—Saia daqui, soldado! O rei o ordenou.

—Sim,meu rei. Ele saiu com uma expressão vitoriosa.

—Meu amigo. O rei o chamou

—E agora? Dilios perguntou.

—Vá para casa. E não deixe que isto se repita, lembre-se de sua obrigação com Esparta.-Obrigado meu rei. Ele suspirou e foi em direção ao caminho de casa.Quando Emma chegou, ao fechar a porta ela enxugou as lágrimas. Ele não pertence a mim. Ela afirmou em pensamento. Pode se relacionar com quem bem entender, mas de onde ele a conhece? Como ela é ? As dúvidas lhe atormentavam. Emma lavou o rosto para apagar o aspecto vermelho.

—Emma! Dilios gritou ao chegar em casa.

—Olá Dilios. Ela respondeu vindo do corredor no meio da casa.As palavras desapareceram quando os olhares se encontraram.Ele andou rápido para chegar até ela.

—Está tudo bem com você?

—Sim, tudo bem. Ela o encarou com o que lhe restava de forças.

—Sobre o que o Fandral disse...

—Não há problema. Você vive sua vida como quiser. Com quem quiser. Não há motivos para eu me sentir magoada se é o que pensa.

—Claro.

Emma deu o sorriso mais forçado de sua vida. -Vamos jantar? ela perguntou. O sol deu lugar para que a lua brilhasse. Quando já se alimentavam, Emma perguntou ignorando qual seria sua reação ou o que ele iria pensar.

—Posso saber como ela é?

—Ela é... Bom.. Então ela  entendeu tudo. Ele queria a poupar da ilusão.

—Como você a conheceu? -É difícil explicar. Talvez não compreenda. Emma tentou não se ofender.

—Posso tentar.

—Aqui em Esparta existe um lugar chamado bordel. Onde mulheres vendem o corpo.

—Você a conheceu lá? As mãos dela se apertaram devagar.

—Sim.

—Então é como se fosse um harém. Dilios assentiu positivamente. O olhar de Emma ficou perdido, assim como ela. Não sabia o que fazer nem como reagir.

—Ela é bonita? A pergunta soou ridícula ao menos para ela mesma.

—Não se compara a você.Emma deixou o prato na mesa.

—Com licença. Já vou me recolher.

—Ainda é muito cedo,você mal tocou na comida.

—Não tenho apetite. Até amanhã. Ela disse quando se retirou para o quarto. Dilios terminou a refeição mesmo não estando com fome. Depois de um tempo sem conseguir dormir, caminhou a passos lentos em direção ao quarto dela. Observando por meio das finas cortinas, Emma deitada de lado, trajando um fino vestido de seda que ia até a altura de suas coxas, além de deixar suas costas nuas. A respiração dela era calma, e o impulso de ir até lá se tornava irresistível. -Tenho que a deixar em paz. Seu pensamento se firmou, e ele obrigou seu corpo a ir de volta para seu quarto.Dilios levantou cedo como todos os dias, e foi se encontrar com o rei para treinar. Algum tempo depois, Emma levantou-se de sua cama inspirando lentamente, procurando encontrar alguma coragem para enfrentar o dia que viria. Não adiantou, seus pensamentos continuavam focados em Dilios, e a possibilidade de pensar que ele poderia estar com outro alguém a fazia tremer.Como estava cedo, provavelmente ainda não tinha ninguém no mar. Pareceu atrativo a idéia de ir para lá naquele momento. Ao chegar lá, entrou devagar na água fria, desamarrou seu vestido e o largou em cima de uma pedra. -Meu rei. Dilios o cumprimentou apertando sua mão.

—Meu amigo. O rei lhe deu sorriso rápido. -Como estão as coisas? O treinamento ainda não havia começado, isso lhes deu tempo para conversar.

—O desejo que eu sinto por ela está insuportável.

—Você precisa se decidir.

—Em relação a que?

—Se você a quer, diga a ela.

—Eu contei sobre Aurora quando cheguei em casa.

—O que ela disse?

—Que eu vivo minha vida do jeito que eu quiser.

—Está claro que ela gosta de você, mas os dois se negam a demonstrar. Se me permite a pergunta, o sentimento é mútuo? Ou você acha que é só desejo?

—Não quero que ela se decepcione mais. Leônidas sorriu novamente

— Então não a decepcione. Algum dia isto aconteceria, você encontraria alguém que mudaria sua vida, e o seu jeito de pensar. Este dia chegou meu amigo, seja feliz. O treinamento começou. Enquanto Dilios lutava contra Fandral, pensava sobre o que faria.Ao se distrair, a espada do seu oponente quase fez um grande corte em seu braço.

—Cuidado para não se machucar. Fandral disse sorrindo.Dilios o golpeou jogando sua espada contra a dele. A de Fandral caiu no chão, assim como ele. Dilios colocou a espada em seu pescoço. Fandral o xingou enquanto Dilios sorria.

Os cavalos galopavam à toda velocidade. Artemísia se sentia mal como não havia a muito tempo, e sabia que se tratava de sua irmã.A escuridão já havia tomado conta do caminho que levava às cidades fora da Pérsia.

—Temos que encontrá-la, logo. Ela disse ao homem que levava suas outras armas e armazenamento.Em suas costas ela carregava o arco com as fechas dentro da aljava,e levava sua espada envolvida perto de sua cintura.

—A noite já caiu por completo. Artemísia olhou para o céu.-Vamos acampar aqui. Após se instalarem, antes que os homens tivessem oportunidade de descansar ou mesmo se alimentar, um ruído de uma trombeta ecoou. Pôde-se observar a multidão de bárbaros que se aproximavam com as espadas e tochas na direção dos que estavam acampados.Artemísia desembainhou sua espada, a erguendo em direção a eles.


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