Por Esparta, até a morte. escrita por Manu


Capítulo 23
Terrível amanhecer.




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Emma acordou sozinha em sua cama. Estava encolhida no canto, com o vestido em retalhos. A única coisa que conseguiu pensar foi em sua filha, já que a alimentava toda manhã, sempre a mesma hora. Não fazia idéia do tempo, então levantou de súbito da cama, apenas para cair no chão, sem sentir nada entre suas pernas. A dormência era angustiante, mas ainda precisava ver sua filha. Sendo assim,enrolou-se em um dos lençóis da cama, ajoelhou-se no chão e suspirou profundamente, sentindo dor em todos os lugares de seu corpo. Apoiou-se na parede e foi até o quarto onde o berço se encontrava. Ao chegar, observou Dilios ajoelhado ao lado do berço, onde brincava com uma pequena mão que tentava tocá-lo. Emma se impressionou, mas manteve o silêncio. Ele percebeu quando ela chegou.

—Emma, você está bem?

Ela quis sorrir em meio a raiva momentânea, quis mandá-lo para o inferno, xingá-lo. Mas apenas caminhou dolorosamente para o berço e tentou pegar seu bebê. Temendo deixá-la cair, a deixou permanecer onde estava.

—Ela ainda não chorou? -Perguntou deslizando os dedos pelo rostinho tão calmo. Dilios pensou um pouco.

—Não. Ela só estava brincando comigo. Emma fechou os olhos, ainda sentindo muita dor. Ainda era cedo, imaginou. Todas as cortinas da casa estavam fechadas como era de costume, mas em breve Doreah chegaria, Dilios não poderia continuar lá.

—Eu tenho que alimentar o bebê. Pode me dar licença?

—Quer eu vá embora?

—É o que lhe peço desde ontem.

—Não posso aceitar isto, você sabe que não.

—As coisas mudaram, Dilios. Precisa aceitar.

—Você aceitou?

Ele tinha o dom de destroçar cada pedaço de sua resistência.

—Você acha que foi fácil? Ouvir o que você me disse, deixar sua casa, e acima de tudo, olhar para ela todos os dias e lembrar do pai... Ela é exatamente como você, Dilios. Talvez seja a única razão do por quê a considera como filha.

—Não. Eu sei que ela é minha. Nunca duvidaria disto, mesmo que herdasse tudo de você, eu tenho esta certeza.

—Estou em dúvida do que fazer. Você não deveria ter vindo aqui, agora irá desejar visitá-la, isso implica também me ver, então...

—Emma,volte para casa.-Ele pediu.

—Eu estou em casa, querido.

—Não é meu desejo aborrecer você, por favor, venha comigo.

—Como você consegue ser tão miserável? Ignorar tudo como se nada tivesse importância?-Ela afastou-se do berço e o encarou de perto.

—Ignorar o quê?-Disse, sentindo-se confuso.

Ela sentiu que poderia morrer de tanta raiva.

—Você se comportou como um animal. Me machucou, te implorei que parasse, mas você não se importou, apenas pensou em você mesmo, como costuma fazer. Agora vem aqui, brinca com minha filha, como se isto apagasse os meses de ausência, e ainda me pede que volte para sua casa. O que tem de errado com você?

—Eu realmente sinto muito. Mas parece que não importa o que eu diga, você simplesmente não está disposta a me perdoar. Eu falo sério quando digo que a amo -aproximou-se dela para a abraçar, sua garota parecia tão perturbada, era de partir o coração, como se ambos já não houvessem sofrido o bastante.-

—Não toque em mim!-ela gritou.

Ele se afastou dois passos.

—Me desculpe.-Precisava ser calmo, sabia que a havia machucado e não sabia como fazê-la melhorar.

—Você precisa se deitar, vai ficar melhor.

—Por que você não me me deixa em paz? Já teve o que queria, vá embora!

O bebê começou a choramingar baixinho, em seguida gritava como se algo a incomodasse. Emma foi o mais rápido que pôde em direção a ela.

—Desculpa, querida.-Ela rapidamente puxou uma cadeira e sentou-se, a pegando no colo.-Ela precisa comer.-Emma jogou a frase para Dilios. Era sua deixa para ir embora. Ele entendeu, vestiu sua capa escarlate, que há muito já tinha recolhido do chão. Deu uma última olhada em sua garota. Uma vez na ruiva, outra vez na loira.

—Eu sinto muito.-Ele disse antes de fechar a porta por fora, retirando-se da casa.

Ele voltaria. Emma tinha certeza disto. Apenas não sabia se deveria ficar feliz ou triste. Ainda estava embalando o bebê, ela se acalmou um pouco. Tempo suficiente para que Emma retirasse seu seio de dentro da roupa e a alimentasse. Doreah abriu a porta de sua casa, e ao olhar para a rua, aquele mesmo homem se afastava. Ela bateu na porta, ouviu um "pode entrar" fraquinho e viu aquela moça tão jovem chorar enquanto amamentava sua criança. Atenas ardia enquanto outros derramavam lágrimas, os preciosos navios dos atenienses foram queimados, e largados à deriva, e o mar,por um momento, mostrou-se vermelho com o sangue dos mártires. A Pérsia conquistava a maioria do território grego, escravizando quem se rendia, e dobrando à força quem recusava-se a se ajoelhar. Artemísia estava à frente de todas as vitórias, ansiosa para que o dia de encontrar sua irmãzinha finalmente chegasse.


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