Por Esparta, até a morte. escrita por Manu


Capítulo 1
Lutar e morrer.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Os guerreiros treinavam na arena principal, de frente aos portões de Esparta. Faltavam alguns meses para o agogê, o denominado treinamento que transformava meninos em soldados. O rei Leônidas estava sentado entre os degraus das colunas onde o Conselho fazia suas reuniões, ele ensinava os valores morais a seu filho, e como é importante lutar por Esparta. Lutar e morrer. Embora Esparta sempre estivesse atribulada com conflitos, experimentava no momento um tempo de paz. Mas mesmo que o dia esteja muito claro, um dia a tempestade há de chegar. Em frente aos portões um cavalo negro jazia parado, e uma presença supostamente humana o montava. O cavalo foi guiado para seguir em frente, e correu para dentro da cidade. Todos pararam o que estavam fazendo, estranhos não eram bem recebidos. O rei Leônidas levantou-se e contemplou a figura que estava coberta da cabeça aos pés por um manto preto.

Um círculo de soldados se formou ao redor do estrangeiro. O fizeram descer do cavalo, e o arrastando pelo braço para ser levado até o rei. Uma voz doce gritava reagindo ao toque bruto.

—Não! Por favor! Não me machuquem...

Era uma moça. Jogaram-na aos pés do rei, o rosto molhado pelas lágrimas, medo e desespero unidos num só sentimento. A moça aparentava estar sem forças. No cavalo trazia amarrado um embornal que já estava seco, algumas roupas e um saco cheio de moedas de ouro. Caracterizadas por conter cravado a face de Xerxes nas moedas. Não restavam dúvidas, era uma persa.

—Rei Leônidas-Ela chamou com o pouco de fôlego que lhe restava. -Eu imploro que me escute.

Ao lado do rei se encontrava Dilios, um de seus melhores soldados, mas também seu melhor amigo.

—Quem é você? O rei perguntou com a expressão fria usual.

—Meu nome é Emma. Eu vim de muito longe, e...

—Da Pérsia.- foi interrompida pelo soldado de nome Fandral que ergueu o saco de moedas que trazia e jogou no chão. O rei verificou, a face do rei da Pérsia estava presente. A informação era verídica.

—Sim, meu rei, não tive tempo de terminar de falar.-Ela ainda estava aos seus pés. O rei lhe estendeu a mão para que ela se levantasse. Por baixo do manto ela observou temerosa, e alguns segundos depois se levantou.

—Retire o manto. Disse o rei. -Não consigo ver seu rosto. Ela jogou o manto para trás e todos se esquivaram.

Seu cabelo vermelho era diferente de tudo que todos haviam visto. E cada um sabia o que significava.

—Uma beijada pelo fogo! Alguém gritou.

As espadas dos soldados completavam um perfeito círculo ao redor de  seu pescoço.

—Eu não sou uma bruxa.-Disse Emma.

O soldado a puxou contra si e colocou a espada contra a garganta dela.

—Solte a moça! O rei não ordenou. Disse Dilios visivelmente irritado.

—Dê a ordem meu rei. Pediu Fandral. A espada de Dilios foi apontada para ele.

—Solte-a, agora.

—Vai defender uma bruxa, espartano?

—Eu não sou uma bruxa, por favor não me matem! -Implorou Emma.

—Já chega Fandral. Solte-a. O rei ordenou ao soldado. Ele a empurrou para frente, em direção ao rei, e Dilios abaixou a espada. Seus olhos se encontraram de relance com os da moça.

—Eu estava fugindo... dele.

A moça desfaleceu em seus braços. O rei a carregou no colo,puxando seu manto de volta e cobrindo-lhe a cabeça. Ele a levou a um lugar onde pudesse se deitar. A rainha Margo se aproximou junto á Dilios e Fandral.

—O que está acontecendo? A rainha perguntou.

—A moça... está morrendo.

—Ela está desidratada! Tragam água, rápido!A rainha gritou. Uma jarra de água fria foi trazida. Foi derramado um pouco em sua pele impecavelmente pálida, e depois a levantaram um pouco e a fizeram ingerir o líquido. O tempo passou. Sua mente ainda estava turva quando escutava frases perturbadoras.

"Devíamos matá-la agora"

"Matar uma inocente? "

"Uma beijada pelo fogo, olhe a cor de sua pele, olhe seus cabelos. Não está claro o que ela é? "

"Não vai tocar nela"

"Quem vai me impedir? Você?"

"Tente e descobrirá"

"Parem com essa briga ridícula. Margo, vamos dar-lhe licença para que examine o corpo da moça, se tiver marcas suspeitas, será executada"

"Eu posso fazer isso meu rei.'' O tom de malícia era explícito em sua desprezível voz.

—Não ordenei á você, Fandral. Ela é uma estrangeira, não uma prostituta, agora desapareça da minha vista.

—Por favor...-Ela gemeu baixinho, já despertando. A rainha estava ao seu lado.

—Acalme-se jovem, qual o seu nome? A rainha a questionou.

—Emma. Ela olhou as vestes soberanas. -Minha senhora. Disse curvando a cabeça. -A senhora me ajudou?

—Sim. A rainha assentiu. -Você não é uma bruxa, já tive minha confirmação. 

—Obrigada-disse, segurando as mãos da rainha, buscando conforto.-Eu não sou o que dizem.

—Irei comunicar ao meu marido,tudo ficará bem.-falou,afastando-se gentilmente da moça ruiva.

Porém, algo em seus olhos não convenceu Emma. Não havia calma, muito menos serenidade, mas esperança. Era evidente que a decisão não partiria apenas da monarca.

Quando a rainha se distanciou, Emma direcionou sua atenção ao homem a quem chamavam de Dilios, que coincidentemente também estava perto dela.

—Eles...vão me matar. Não vão?- perguntou, ainda com medo da resposta que receberia.


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