Nostro Impero escrita por Yas


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Já disse o quanto amo vocês?
A história ainda não tem nem um mês e já tem muita gente acompanhando, favoritando e comentando. Amo quando vocês comentam, me animam muito.
E sobre a demora, me desculpe, mas o capítulo está bom, apesar de não ter o Damon nele :(
Boa leituraaa!



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 Nós somos bons o suficiente
Diga que é assim
Tudo o que precisamos fazer é ser forte o suficiente
Para levar o seu amor
E fazê-lo crescer

Family Of The Year - We Need Love

Logo quando eu estava entrando em casa, senti meu celular vibrar no bolso e o peguei. Era um convite online oficial do Restaurante Gilbert. É, meus pais não tinham uma boa imaginação e colocaram o sobrenome como nome do restaurante. Era um convite para comemorar os trinta anos do restaurante. Aconteceria em um grande salão e todas as comidas seriam preparadas pelos próprios John e Isobel Gilbert.

Eu suspirei ao ver aquele convite, me sentando no sofá. Fazia algum tempo que eu não via meus pais, e na verdade, preferia adiar esse encontro. Eu amava eles, mas era difícil ser a decepção da família. Coloquei o celular de lado e encostei minha cabeça no sofá, vendo Archie vir até mim e colocar a cabeça sobre meu colo.

— Está vendo isso? – Ergui a mão machucada – Resultado de uma discussão com uma cliente ousada – Eu ri desdenhosa – Mas Damon foi realmente gentil, isso me surpreendeu – Acariciei a cabeça de Archie em um carinho que o satisfez – O que eu estou fazendo, Archie?

A resposta do meu cachorro foi um latido, provavelmente ele também me achava louca.

Não demorou para novamente meu celular vibrar, o peguei, vendo que era uma mensagem da minha vó, sim, Dona Elizabete era bem moderna, e em seus setenta anos, amava uma tecnologia.

Garota, quando você vai vir para casa? Esqueceu da família? — Eu podia imagina-la com uma expressão desdenhosa e se eu estivesse com ela, ela me daria um tapinha na nuca. Mas antes que eu pudesse responder, recebi uma chamada de vídeo dela e não demorei para atender.

— Até parece que é ocupada, essa garota... – Ela desdenhou, fazendo um barulho estranho.

— Eu estou muito ocupada esses dias, sabe? – Eu disse, sorrindo. Morria de saudades da minha avó, ela sempre morou com a gente, então eu cresci com ela, éramos mais próximas do que meus pais eram comigo – Até consegui um emprego.

— Minha filha, conseguir um emprego é fácil, o difícil é se manter nele – Ela disse – Onde é? Telefonista de novo?

— Claro que não – Eu sorri – Não diga para os meus pais, ok?

— Sou um tumulo fechado – Elizabete fez um movimento como se fechasse um zíper sobre a boca e me olhou cheia de expectativas – Conte logo.

— Em um restaurante. Nostro Impero.

— Nostro Impero? – Minha avó pareceu pensar – Ah, sim! O chef é um homem bonito de olhos azuis, certo?

— Ah, vó, realmente você tem bom gosto – Eu ri – Ele é lindo, não é?

— Seria ótimo se você arrumasse um namorado bonito como ele, eu o faria vir aqui todos os dias para eu poder apreciar a paisagem.

— Vó! – Senti minhas bochechas corarem. Dona Elizabete não tinha papas na língua, e poderia ser bem pior que eu.

— O que? Coisas bonitas devem ser apreciadas, Elena, sempre te disse isso – Ela disse como se fosse a pessoa mais inocente do mundo – Seus pais ficariam felizes de saberem que você está trabalhando em um restaurante.

— Não conte a eles. Não quero que eles criem expectativas. Eu nunca me mantenho em um emprego, Damon provavelmente vai cansar de mim logo – Suspirei.

— Então dê o seu melhor, garota – Disse minha vó com os olhos arregalados para mim – Você é ou não é uma Gilbert? Minha filha, se esforce, tenha vontade que você consegue. Você cresceu e não fez nada da vida, eu vi cada pequena frustração sua e te consolei todas as vezes que você chorou porque se achava uma inútil. Deixe de ser aquela criança que fazia as coisas por capricho e seja uma mulher que faz as coisas com prazer e força de vontade.

— Vó... – Senti meus olhos marejarem e fiz um beicinho – Por que você sempre vai isso comigo? Você sempre me faz chorar!

— Ihh! – Ela fez uma careta – Pare de chorar, menina, levante essa cabeça e vá lavar esse rosto. O que é isso na sua cara? São rugas?

— Rugas? – Eu toquei meu rosto preocupada, Klaus havia dito a mesma coisa – Eu tenho rugas?

— Terá se não melhorar essa cara, seja como eu, estou em uma idade em que outras já estariam lamentando, mas aqui estou eu, de pé e com o rosto maravilhoso – Ela sorriu orgulhosa, passando as mãos nos cabelos curtos e brancos – Vou desligar agora, tenho uma massagem marcada. Adivinha com quem?

— Carol Lockwood – Eu disse. Minha vó não ia com a cara da mulher do prefeito, mas não recusava os encontros dela.

— Sim, ahhh... aquela mulher ainda vai me deixar louca, minha filha – Dona Elizabete suspirou – Vá fazer suas coisas, vá!

E simplesmente desligou, deixando-me rindo. Elizabete Gilbert era a pessoa mais cômica do universo, todos na família diziam que eu havia puxado sua personalidade difícil e um pouco louca, o que eu não duvido nada. Adorava ser comparada com ela, ela era a pessoa que eu mais amava e admirava nesse mundo, e por sinal, ela também tinha uma irmã gêmea, mas ela acabou morrendo algumas horas depois de nascer.

Eu resolvi ir tomar um banho. Minha mão doía em uma ardência e a pele estava vermelha, mas eu sabia que em pouco tempo passaria. O tempo estava incrivelmente quente, muito mais que de manhã. Vesti um short jeans folgado e uma regata, meus cabelos molhados pingavam na roupa, mas eu não estava me importando muito. Sentei-me no sofá, e abri meu notebook, fazia algum tempo desde a última vez que eu havia visto meu Facebook, mas logo quando eu entrei, o chat piscou. Katherine.

“Vamos para um café” – ela digitou.

“Café? Estou ocupada, me desculpe” – respondi. Eu não estava no clima de sair de casa.

“Eu sei que você está em casa” – o que ela era? Uma vidente?

“Ok, ok, estou descendo. No de sempre, né?”

“No de sempre”.

O de sempre era um café que íamos desde... bom, realmente desde sempre, a primeira vez que pisamos ali foi com a nossa avó, quando tínhamos dez anos de idade. Havia alguns garçons bonitinhos, que ela não perdeu a chance de comentar e dar sorrisos maliciosos. Agora eu penso que deve ter sido difícil para eles, coitados!

Peguei minha bolsa e calcei minhas botas baixinhas, e coloquei um chapéu sobre minha cabeça. Archie e Astrid dormiam juntos na varanda, por isso nem viram quando eu sai.

Eu tive que pegar um ônibus para ir para o café, mas não foi nenhum problema, eu esperava que Katherine me trouxesse para casa na volta, afinal pegar ônibus naquele calor era literalmente um inferno, minha sorte era que haviam poucas pessoas e eu consegui um lugar, o banco ao meu lado estava vago também, aproveitei e coloquei minha bolsa ali.

Seis pontos depois eu desci, e depois de uma caminhada de cinco minutos cheguei ao café. Ele estava igual a alguns anos atrás, mas a fachada havia sido repintada, o que o deixou ainda mais bonito, mas mesmo assim não perdia a aparência “antiga”.

Entrei e cumprimentei os garçons que eu bem conhecia. Katherine estava no lugar de sempre, a última mesa ao lado da janela, eu caminhei até lá e me sentei em sua frente, colocando minha bolsa ao meu lado. Katherine sorriu, se ajeitando na cadeira.

— Eu estava me perguntando qual seria a sua desculpa dessa vez para me evitar – Ela disse, bebendo um gole da água. Ela inclinou a cabeça para o lado, uma mania que ela possuía quando estava curiosa, e cruzou as pernas elegantemente – John, por favor! – Katherine ergueu a mão, chamando o garçom. Como eu disse, conhecíamos bem as pessoas ali.

— O que vão querer hoje, Gilbert’s? – Ele perguntou educadamente.

— Um café – Katherine respondeu.

— Você vai pagar, certo? – Indaguei com um sorriso, ela revirou os olhos e assentiu.

— Peça o que quiser!

— Oh... Não se arrependa disso depois! – Eu ri, voltando-me ao garçom – Eu vou querer um suco de maçã e quatro muffins de banana com chocolate. Está muito quente para beber café.

— Ok, anotado, esperem um pouco – Ele respondeu e no mesmo minuto se virou, voltando para o balcão.

— Que combinação estranha seu pedido – Ela disse.

— Eu não sou normal, como meus pedidos poderiam ser? – Eu sorri, roubando seu copo de água e bebendo o que restava – Ah que calor, por que você me faz sair de casa quando está tão quente assim?

— Tire seus bichos e eu entrarei na sua casa – Ela deu de ombros.

— Bichos? Já falei que eles são meus bebês – Retruquei.

— Ainda assim, eu tenho alergia, esqueceu?

— Tanto faz – No mesmo instante John chegou com nossos pedidos e se foi para atender outros clientes – Mas por que me chamou tão de repente assim?

— Não posso sentir falta da minha irmãzinha? – Ela perguntou.

— Pode, mas é estranho – Respondi – Já que estamos aqui, deixe-me te perguntar uma coisa – Eu disse após beber um longo gole do meu suco.

— Diga – Ela me encarou.

— Quando você foi para França... – Comecei, não sabendo como lhe perguntar aquilo – Você disse que conheceu um homem lá, certo?

— Sim. Por que?

— Vocês tiveram algo?

Katherine me encarou, seu olhar estava diferente, distante como se uma lembrança de um tempo bom a houvesse invadido. Ela bebeu um gole do café, rolou os olhos pelo ambiente e tornou a me encarar.

— Sim, tivemos algo – Ela suspirou – Mas não durou, éramos muito diferentes, tínhamos planos muito diferentes.

— Você... gostava dele? – Aquilo era uma confirmação do relacionamento que ela havia tido com Damon? Eu não sei se queria saber a resposta.

— Acho que sim, passamos um bom tempo juntos, mas no fim, sentimentos não mantem um relacionamento – Ela suspirou novamente – Por que?

— É que... – Seria estranho dizer que eu estava trabalhando com Damon, o homem que ela foi apaixonada e talvez fosse ainda? – Nada.

— Você não está tendo pensamentos estranhos, está? – Ela me olhou desconfiada, apoiando os cotovelos na mesa.

— Eu? Não... – Murmurei, colocando o cabelo que já estava quase seco atrás da orelha.

— Você quer saber quem ele é, estou certo? – Katherine me olhou vitoriosa, cruzando os braços e sorrindo – Você ficará chocada. Está mesmo curiosa?

— Ok, quero saber sim. Quem é?

— Eu realmente acho que você está se enganando, mas a pessoa que eu me “interessei” na França, é Elijah Mikaelson.

— Elijah? – Eu a encarei surpresa, meu cenho franzido e a boca aberta – Eu pensei que...

— Que fosse Damon? – Novamente ela me lançou aquele olhar vitorioso – Eles eram amigos, Damon era quem me dava conselhos sobre Elijah, ficamos muito amigos. Na época, os dois estudavam culinária e tinham o sonho de montar um restaurante juntos. Elijah não conseguiu, ele teve que voltar para os Estados Unidos antes mesmo que acabar os estudos na França.

— Por isso vocês terminaram? – Perguntei.

— Eu não sei. Brigávamos muito, grande parte era minha culpa, acredito que eu dei um tempo difícil para ele – Ela suspirou, pousando a xicara vazia sobre o pires – Ele foi embora sem me dar satisfações, Damon tentou fazer com que eu ligasse para ele, mas meu orgulho não deixou.

— Sinto muito – Eu a olhei tristemente.

Não fazia ideia dessa parte da vida da minha irmã, o que me deixava um pouco chateada, sempre pensei que contávamos tudo uma para outra, mas agora eu sabia que não era bem assim.

— Não há o que sentir muito, estávamos fadados ao fracasso antes mesmo de começar – Ela respondeu – Por isso, se ele acabar te tratando mal no restaurante, não ligue, ok? Elijah sabe ser um idiota quando quer.

— Restaurante...? Como você sabe que eu estou trabalhando lá? – Perguntei.

— Eu ouvi da vovó – Ela riu.

— Mas eu contei quase agora – Respondi indignada – Ela já abriu o bico para todo mundo?

— Todo mundo não, mas não acho que demorará muito para nossos pais saberem disso. Não fique nervosa, eles gostarão disso.

— Essa não é a questão, provavelmente não me manterei lá por muito tempo – Suspirei.

— Tenha confiança em você, Elena. Uma de suas qualidades é ser destemida e persistente, por mais que no fim não resulte em nada, use isso.

— Você sabe que isso não ajudou nem um pouco, né?

— Bom, eu tentei – Nós rimos.

— Ah, é mesmo. Você irá para o aniversário do restaurante, não é?

— É claro. Você vai também, ou então ai sim vocês terão um motivo para discutir – Ela disse.

— Eu sei, só estava curiosa.

— Vá visita-los, faz tempo que você não os vê – Katherine sorriu, pegando minha mão sobre a mesa – Eu tenho que ir agora, nos vemos depois!

— Não vai me dar carona para casa? – Eu a olhei com um bico, tentando a convencer de ser minha motorista por meia hora.

— Não tenho tempo. Até mais!

Ela foi até o balcão pagar a conta e saiu do café. Eu suspirei, encostando minha cabeça na mesa. Enquanto conversava com ela, não havia comido quase nada, mas como não era eu que estava pagando, aproveitei e comi, saindo do café logo em seguida.

Mas eu me sentia diferente quando saí, pois agora eu sabia que não havia acontecido nada entre Damon e Katherine. Se houvesse tido, eu não saberia o que fazer, não sabia se desistiria de Damon e seguiria minha vida como sempre... acho que nessa altura do campeonato, eu já não era mais capaz de tomar a atitude de me afastar dele.

Eu acabei chamando um táxi, e dei o endereço da emissora onde meus pais costumavam filmar o programa culinário deles.

Era um prédio grande, que toda vez que eu o olhava, tinha a sensação de que não era meu lugar, assim como eu me sentia toda vez que voltava para casa. Havia algo errado em mim, e eu não sabia como consertar.

— Ah, Elena! – Bonnie correu até mim. Ela trabalhava ali, estava linda, como sempre, usava um vestido florido e rodado com salto alto – Que raro você vir até aqui.

— Eu sei – Eu sorri – Mas acho que estava devendo aos meus pais. Eles ainda estão filmando?

— Sim, quer esperar?

— Não, eu vou lá. Estúdio 5, certo?

— Isso – Ela sorriu, eu assenti e me virei para ir ao elevador, mas antes que eu pudesse dar três passos, Bonnie me chamou de volta.

— O que? – Eu a olhei curiosa.

— Obrigada por vir – Ela sorriu abertamente.

— Até parece que são seus pais – Eu disse sorrindo.

— Você sabe que eles são quase isso. Eles sentem a sua falta, vai ser bom te ver – Ela respondeu – Agora vá, a gravação está quase acabando.

Eu assenti e novamente comecei a andar. Mesmo que eu não fosse muito ali, todos me conheciam, e me deram passagem para entrar no elevador, havia uma fila enorme. É, até que ser filha de John e Isobel havia suas vantagens... Bom, pelo menos ali.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não se esqueçam de comentar ^^
Bjs S2