Nostro Impero escrita por Yas


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo ♥
Gente, deixa eu falar, é muito bom escrever, nossa.
To fazendo um mini tcc (acho que comentei antes, não sei), e to com a parte de escrever a maioria dos textos, ai como eu descanso de tanto escrever? Escrevendo. Sentido, para que? Haahahahah
Boa leitura, pessoal ♥

AAAHHHHHH, e ouçam essa musica do inicio porque ela é linda e merece ser ouvida, bjs. (sim, o caps lock foi só para chamar sua atenção, meu bem)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/671628/chapter/34

E se você deixar eu flutuarei até o sol
Eu sou forte porque você me preenche
Mas quando o medo vem e eu derivo para o chão

Helium – Sia

Enquanto eu via a paisagem de Itália ficar para trás enquanto o avião seguia seu rumo para os Estados Unidos, meus pensamentos voaram para a surpresa do dia anterior.

Foi quando eu terminava de arrumar minhas malas, o apartamento já quase praticamente vazio para receber os novos moradores, eu havia decidido aluga-lo e não o vender, era um desejo de Charlotte e assim eu permaneci, mesmo que ela já não estivesse mais aqui.

Meu celular tocou e em meio ao estresse, pensei em ignorar quem quer que estivesse me importunando, mas desisti da ideia assim que vi o nome da imobiliária que estava responsável pela venda do meu imóvel em Nova Iorque, o imóvel que um dia foi o meu querido e tão almejado restaurante.

A surpresa era que depois de dez anos sem nenhuma proposta sequer, alguém estava interessado em compra-lo. Eu fiquei completamente em choque. O lugar não era mais o mesmo, não estava bem cuidado, as poucas e recentes fotos que meu irmão me mandou, mostravam até raízes crescendo em volta da madeira antiga. Não passava pela minha cabeça quem seria o louco de comprar aquele espaço.

Mas a moça ao telefone me garantiu que o comprador estava interessado exclusivamente nesse imóvel – o que me fez pensar que até ela mesma estava surpresa com isso, provavelmente ela havia feito ofertas de outros lugares que ela poderia lucrar mais. Não me deu o nome da pessoa, nem outros dados, apenas comentou.

Mas eu também não estava interessado nisso. Decidi não pegar essa dor de cabeça para mim e informei a vendedora de que meu advogado cuidaria de todos os tramites. No mesmo instante, eu passei as informações para ele e ele já estava se comunicando com a imobiliária.

Dez anos haviam se passado desde que eu olhei para o antigo Nostro Impero. Fechá-lo foi a coisa mais difícil que eu já havia feito... não, a segunda mais difícil. Em primeiro lugar, estava o fato de eu ter colocado minhas dividas familiares em frente ao meu coração e ter escolhido ternos e jantares chiques à mulher que eu mais amava.

Voltar para Nova Iorque me lembrava ela. A cidade que nunca dorme com certeza era a cara de Elena, uma mulher doce, animada, de sorriso fácil... o Damon de dez anos atrás havia sido um completo idiota em tê-la deixado ir. Como eu havia conseguido essa proeza? Se eu tivesse ido atrás dela naquela noite, tenho certeza de que ela ficaria comigo.

De vez em quando, eu me pegava imaginando como estaria sua vida agora. Será que ela casou? Se formou? Teve filhos? Ela deveria estar linda. Elena sempre teve um brilho único.

Ah, se eu pudesse mudar o passado! Com certeza o faria, mas como era impossível, eu só ficava pensando nas possibilidades.

Em dez anos, eu me casei, ergui a agencia de publicidade da minha família, passei por altos e baixos como CEO de uma empresa enorme...

Falar de Charlotte era algo complicado. Não tivemos uma história romântica, fomos apresentados já com o noivado arranjado praticamente, e ela definitivamente não era uma pessoa fácil, mas com a convivência diária, eu aprendi a aturar e até gostar da garota mimada nascida em berço de ouro.

Ela tinha um jeito único, que na maioria das vezes me irritava, mas também sabia ser divertida e as vezes, muito as vezes, alguém simples.

Ninguém nunca imaginaria que uma pessoa como ela desenvolveria um tumor no cérebro. A doença chegou de repente, e a deteriorou na mesma velocidade. Em menos de seis meses do descobrimento da doença, Charlotte não aguentou e sucumbiu.

Eu me sentia a pior pessoa do mundo. Apesar de não amá-la, ela era minha esposa, e era meu dever protege-la. Não faz sentido se culpar por um câncer, mas quando acontece, você não consegue simplesmente pensar neste fato e seguir em frente.

Ninguém lida bem com a morte. Eu não lidei. Me afoguei no trabalho logo depois disso, passei a imagem de um marido apaixonado pela falecida esposa, mas ninguém entendia meu coração naquele momento.

Eu não era um marido apaixonado, mas sim um homem inútil!

Era assim que eu me senti durante muito tempo.

Chegar em casa, dia após dia, e ver todas as fotos de Charlotte, seus artigos inúteis de decoração, sua obsessão por louças de pratas... tudo me remetia a ela, e isso me irritava profundamente. Até mesmo seu perfume pela metade me estressava.

E era por isso que eu não podia continuar na Itália, seu país, sua casa.

Deixei a sede da Itália nas mãos dos diretores, após muitas reuniões, e mudei a presidência para a sede de Nova Iorque. Não havia nada de diferente dos dois lugares, mas em Nova Iorque eu seria alguém mais sossegado, além de estar longe do meu pai, e de quebra, perto do meu adorável irmão, Stefan.

Stefan havia se formado em enfermagem com mérito, e trabalhava em um dos melhores hospitais da cidade, já exercia a profissão há alguns anos. Por conta de seus horários de trabalho estranhos, ele nunca foi me visitar na Itália, e eu não exigia isso. A ultima coisa que eu queria era ver meu irmão mais novo passando pelos julgamentos e preconceitos ridículos de nosso pai.

Eu também não tinha trégua na empresa, e Charlotte odiava viajar, então faziam exatos dez anos que eu não via Stefan. Era triste! Stefan fazia muita falta no dia a dia, sua alegria e conselhos eram o que me mantinham de pé, sem ele ao meu lado, tudo parecia comum demais.

Eu não possuía muitas noticias dos caras que antes trabalhavam por mim. Stefan havia comentado comigo que Elijah havia finalmente conseguido reconquistar Katherine e eles haviam ido morar juntos. Ele acabou sendo convidado em um dos programas de culinária dos pais de Elena, fez tanto sucesso em apenas um episodio que foi convidado para liderar seu próprio programa. Fiquei feliz por ele!

Elijah foi um grande amigo quando estávamos na França, e quando abri o restaurante, ele foi uma peça essencial para o andamento do negocio. Mas aos poucos, nossa amizade foi perdendo força, Elijah não concordava com minhas atitudes. Em nossas conversas, logo depois de eu me casar e começar a construir a vida que tenho hoje, ele sempre deixava claro que eu estava sendo burro e que um dia me arrependeria de tudo isso.

O Mikaelson mais velho não poderia estar mais certo! Com o tempo, eu parei de ouvi-lo, e eu cansou de falar, foi assim que paramos de nos falarmos, deixando para trás anos de amizade e uma história inteira.

Klaus havia finalmente montado o próprio restaurante, e fazia sucesso em uma das principais avenidas de Nova Iorque. Seria bom ir prestigiar a conquista do meu antigo funcionário e amigo. Ele havia se casado com Caroline Forbes, uma das melhores amigas de Elena, depois da garota, aparentemente, jogar um ultimato sobre ele depois de algumas noites. Stefan não entrou em detalhes sobre isso, e eu não estava muito interessado também.

O único que Stefan nunca mencionava era Marcel. Eu não fazia ideia do que o moreno fazia hoje em dia. Ele realmente era apaixonado pela cozinha, então imaginava que hoje ele trabalhava como chefe, ou qualquer coisa relacionada.

Era engraçado como tudo em volta dos meus antigos amigos estava relacionado a Elena Gilbert. Ela chegou em minha vida como um carrapato que não desgrudava, e mesmo depois de anos, ela continuava ali.

Sai de meus pensamentos quando o avião pousou. Sentindo dores nas costas por causa da longa viagem, peguei minha mala e saí do portão de desembarque. A cabeleira loira do meu irmão mais novo foi a primeira coisa que eu vi. O abracei no mesmo instante. Deus, como eu sentia falta dele!

— Porra, cara! Você faz muita falta! – Ele murmurou, me abraçando na mesma intensidade.

Me afastei, segurando seu pescoço com ambas as mãos, meus olhos passando por cada traço de seu rosto. Sorri.

— Você continua ridículo! – Eu disse. Stefan riu, me dando um tapa fraco na nuca.

— Idiota!

— Você morreu de saudades de mim, pode dizer – Peguei minha mala e com um braço rodeando seu pescoço, começamos a sair do aeroporto.

— Mais ou menos – Ele deu de ombros, sorrindo em seguida.

— Como vão as coisas? – Perguntei assim que entramos no carro, após guardar a mala.

— Normais – Respondeu vagamente. Ele havia me contado em uma de nossas chamadas sobre seu recente relacionamento com Rebekah Mikaelson, irmã de Elijah. Como eles iniciaram isso, eu não fazia ideia.

— E Rebekah? – Perguntei, curioso, a paisagem nova iorquina passando rapidamente pelo vidro do carro. Já passava das nove da noite, então as ruas estavam cheias e as luzes chamavam a atenção.

— Eu não sei – Ele deu de ombros – Nós somos tão diferentes. Rebekah é uma pessoa única, tem um gênio forte, é mimada, quer tudo na hora e do jeito dela, mas ela também é atenciosa, amorosa e parece gostar de verdade de mim.

— Então qual é o problema? – Franzi o cenho para o meu irmão caçula.

Ele riu, negando com a cabeça, então eu soube que o assunto havia acabado. Se ele não se sentia bem em falar, eu não o incomodaria com isso.

Stefan parou o carro em frente a velha mansão. Tudo continuava igual, a não ser a cerca que antes era branca, mas agora, além de amarelada, estava quebrada. O jardim que eu bem me lembrava da minha infância continuava bem cuidado, com um caminho de pedrinhas até a pesada porta de madeira.

Tirei a mala do carro e a carregando nas mãos, entrei na casa, sentindo o mesmo cheiro que eu sentia em todas as férias de verão de quando eu era criança e ía ali: casa. Era essa a sensação.

Por dentro, a moradia continuava com a mesma aparência antiga de época, com uma decoração mórbida com as cores vinho e bege. As únicas diferenças que eu podia notar eram coisas simples, como o tapete da entrada e as almofadas do sofá da sala.

Stefan me deu um tapinha amigável no ombro, sorrindo como se entendesse meu sentimento. Deus! Como eu senti falta desse lugar! Uma casa nunca foi tão lar como aquela velha pensão!

— Seu quarto continua o mesmo, não se preocupe – Ele disse, indo para a cozinha.

Para arcar com algumas despesas extras, Stefan resolveu alugar alguns quartos, tornando aquela casa o que ela era originalmente: uma pensão. Eu não me opus, afinal meu irmão já ficava sozinho demais naquela casa imensa, não seria justo lhe negar aquilo.

— Quantas pessoas moram aqui? – Perguntei, interessado em quantas pessoas eu teria ter de aturar e suportar. Stefan riu enquanto pegava algumas coisas no armário, com uma expressão que entendia o porque da minha pergunta.

— Cinco. Eu sei que você vai odiar, mas eles são universitários.

Revirei os olhos. Claro que eu odiaria. Meus 35 anos de idade não suportavam universitários com hormônios a flor da pele.

— Não dão festinhas aqui não, né? – Perguntei apenas para garantir, afinal eu sabia que Stefan nunca aturaria bagunça na própria casa.

— Não, temos regras – Respondeu como se fosse obvio. Em minha defesa, não era, nunca se sabe o que esperar de universitários.

— OK, vou tomar um banho.

— Desça para comer depois.

Assenti e arrastei minha mala para o segundo andar, vendo todos os quartos de portas fechadas. Foi uma sensação estranha entrar no meu: era como se eu tivesse acabado de sair, Stefan realmente manteve tudo como eu deixei.

Joguei minha mala sobre o baú ao pé da cama, e após trancar a porta, comecei a tirar as roupas, indo para o banho. Demorei debaixo da água quante, me permitindo aproveitar aquele momento um pouco mais, já que eu sabia que demoraria um pouco até que eu tivesse tempo para alguma outra coisa que não fosse trabalhar.

Cai na cama ainda de toalha, sem coragem para colocar alguma roupa, e rapidamente dormi, mesmo sentindo fome. O cansaço da viagem não me permitiu pensar em mais nada.

Acordei no dia seguinte com uma barulheira incomoda do lado de fora. Logo entendi. Inquilinos! Contive minha vontade de revirar os olhos e levantei. Busquei na mala o terno menos amassado que eu possuía e o vesti, penteando os cabelos rebeldes e passando um pouco de geu para mantê-los no lugar.

Fiz uma careta para o espelho. Eu nunca me acostumaria com esse tipo de roupa.

Após calçar o incomodo sapato social, sai do quarto, indo em direção a cozinha. Do hall, eu já podia ouvir a falação exagerada. Meus olhos passearam brevemente pelas pessoas sentadas a mesa, três homens e duas mulheres, jovens demais para o meu gosto. Os ignorei e fui em direção a cafeteira, colocando um pouco de café amargo em uma xícara.

Stefan apareceu no comodo segundos depois, ele ofegava e tentava fazer mil coisas ao mesmo tempo, que denunciava seu atraso.

— Pessoal, este é o meu irmão, Damon. Eu avisei a vocês que eles viria – Stefan disse. Ele sorriu simpático por breves segundos, até se lembrar que estava atrasado e começar a correr novamente em busca de um café da manhã rápido. Fiz uma careta pela forma que ele engoliu o pão de forma e bebeu o café com leite em praticamente uma golada, se engasgando em seguida.

— Olá, Damon! – Uma das garotas sorriu para mim. Ela vestia uma roupa exageradamente curta para aquela hora da manhã.

Stefan apresentou todos para mim, correndo para a saída em seguida, mas logo quando ele terminou de dizer os normes, eu já havia esquecido. Não que eles se importaram muito, já que logo a falação voltou em uma altura desnecessária.

Eu definitivamente precisava achar um lugar para mim, dividir moradia não era algo que estava na minha lista de desejos ou opções, ainda mais com pessoas tão animadas logo de manhã cedo.

Se Stefan ouvisse isso de mim, ele com certeza riria sarcasticamente, afinal dez anos atrás eu fui aquele que trouxe alguém com essas mesmas características para morar conosco.

Peguei a chave do carro de Stefan do suporte ao lado da porta e sai. Felizmente, Stefan ia trabalhar de bicicleta já que o hospital não era longe, sendo assim eu poderia usar seu carro até comprar um para mim, já que o meu eu havia vendido.

Meu caminho até a empresa foi feito em uma velocidade lenta demais para aquela cidade, mas não me importei com as buzinas irritantes. Eu queria observar o que havia mudado na cidade enquanto eu estive fora.

Foi quando eu passei em frente ao meu antigo restaurante. Uma moça carregando uma caixa – grande demais para seu tamanho – passou de relance por mim, entrando no estabelecimento, seguida por duas crianças e outra mulher.

Minha vontade era dar meia volta e ir até o restaurante, mas me refreei.

Não! Eu tinha que deixar ir! Eu tinha uma promessa a cumprir!

Tentei tirar a imagem da moça que tanto parecia alguém que eu conhecia, e segui meu caminho para a empresa. Quem quer que ela fosse, eu logo ficaria sabendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ porque eu amei demais esse capítulo, sério, amei termos uma versãozinha do nosso Damon.
E se acalmem, que logo, logo eles se encontram.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nostro Impero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.