Nostro Impero escrita por Yas


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, se é que eu ainda tenho.
Depois de um ano e três dias, cá estou eu de novo, na maior cara de pau, atualizando Nostro Impero.
Eu não tenho muitas desculpas, mas esse ano foi realmente dificil para mim, aconteceram muitas coisas pessoais que me abalaram muito e Nostro Impero não foi a unica história que eu deixei de lado, não sei se voltarei a postar como antes, mas estou tentando voltar a escrever, o que eu não faço já faz um bom tempo. Eu sinto muito falta disso e de vocês, por isso estou aqui postando novamente.
Espero que vocês possam me perdoar.
Boa leitura!



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Não me lembro da última vez que eu abri meus olhos para ver o mundo tão bonito
E eu construí uma gaiola para me esconder
Eu estou escondendo, eu estou tentando combater a noite

Aurora - Warrior

No dia seguinte, eu pedi demissão do restaurante. Damon não estava lá, então não falei com ele. Todos tentaram me convencer a ficar, mas nenhum deles sabia por que eu saia, além de Marcel. Me despedi com lágrimas nos olhos.  

Tudo começou com um interesse para com Damon, mas quando vi, aquele restaurante e as pessoas nele se tornaram minha família, a família que eu sabia que podia contar. Saí com a promessa de que não perderia contato. 

Marcel me acompanhou até a porta e me abraçou em despedida, dizendo para marcarmos algo para o final de semana. Eu concordei e fui até o ponto de ônibus.  

Ok, eu havia acabado de me despedir do meu emprego, ou seja, eu estava prestes a ficar sem dinheiro, e dinheiro era algo que eu precisava urgentemente.  

Meu telefone tocou logo em seguida, pelo visor vi que era Katherine. 

— HEY, VOCÊ ESTÁ LOUCA? – Ela gritou no meu ouvido. 

— Qual é o seu problema? Por que sempre grita comigo ou me dá bronca antes de falar comigo? – Perguntei indignada. 

— Elena... – Ela suspirou – Como você pôde se demitir? Como irá se sustentar? E os seus bichos? 

— Como você sabe disso? – Franzi o cenho, fazia menos de uma hora que eu havia me demitido e isso já tinha chegado nela... imagine nos meus pais. 

— Não importa. O que vai fazer agora? 

— O de sempre – Dei de ombros – Vou procurar um emprego, ganhar dinheiro, seguir com a vida. 

— Elena... você não deveria ter saído de lá, deveria ter aguentado – E mesmo sem dizer, eu sabia que ela sabia meus motivos. 

— Desculpe, não sou tão forte quanto você – Sorri triste – Eu quero reconstruir meu coração, Katherine, apenas isso. 

— Eu sei. 

Ficamos mudas por um tempo, mas mesmo o silencio dela me reconfortava. Éramos assim, e eu esperava que isso nunca mudasse. Depois de algumas palavras a mais, desligamos a chamada e eu peguei o ônibus, mas não para meu apartamento, e sim para o estúdio onde meus pais gravavam o programa. 

Eu admito, sempre fui uma pessoa muito orgulhosa, queria ser melhor, e quando não conseguia, me frustrava, culpava as pessoas erradas. Eu fui uma adolescente difícil, de personalidade forte e única, e mesmo quando adulta, isso me seguiu, mesmo agora, eu não conseguia abrir meus sentimentos para ninguém. Meus pais viram isso como uma rejeição, não sabiam nem entendiam o porquê de eu me sentir tão pequena quando meus irmãos eram tão bem sucedidos. 

Eu me sentia pequena, e me afastava. Eu me sentia pequena e não falava nada. O sentimento de inferioridade sempre esteve acima de qualquer outro. Eu nunca aceitei ajuda, nunca conversei sobre minha situação, talvez por isso minha relação com meu pai fosse tão ruim.  

Desci no ponto de ônibus em frente ao estúdio e parei, o mesmo sentimento de que aquele não era o meu lugar, mas tentei afastar isso e entrei. Cumprimentei todos que eu conhecia e não demorou para eu encontrar Bonnie. Ela sorriu quando me viu, vindo me abraçar. 

— Elena! Está melhor? – Claro, como minha amiga ela tinha percebido minha situação no outro dia. 

— Vou ficar – Eu sorri, acariciando seus braços cobertos pela blusa de manga longa – Não quero atrapalhar a gravação, pode arranjar um tempo com o meu pai depois que eles terminarem? 

— Ainda temos duas horas de gravação – Ela disse após olhar o relógio no pulso. 

— Tudo bem, eu espero. 

A acompanhei até onde a gravação acontecia e me sentei em um banquinho afastado que uma assistente gentilmente me entregou. Meus pais trabalhavam com sintonia, mostrando o amor entre eles mesmo nos intervalos. Era engraçado vê-los trabalhando juntos e mesmo sem querer, a imagem de Damon veio na minha cabeça, quando ele tentava me ensinar a cozinhar. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu logo tratei de afastar estes sentimentos e ele. 

Depois de um tempo, a gravação finalmente acabou e eu ainda tive que esperar um pouco. Cerca de uma hora depois, acompanhei meu pai até uma salinha onde nós teríamos privacidade. 

— O que quer, Elena? – Ele me perguntou assim que nos sentamos. Era compreensível que ele estivesse sendo frio assim, afinal eu sempre fui. Eu sorri, me ajeitando na cadeira. 

— Podemos conversar normalmente, sem essa frieza toda de sempre? 

— Foi você que colocou essa frieza entre nós – Ele respondeu. 

— Eu sei, e agora estou tentando tirá-la. 

— Bom, podemos tentar – Mas ele não estava conformado com isso. 

— Eu perdi o emprego – Acho que se eu dissesse que tinha me demitido, seria pior. O olhar dele mostrava o quão decepcionado e frustrado ele estava, como sempre. Fazia tempo que vindo do meu pai, eu tinha recebido outro tipo de olhar. 

— Veio aqui para ouvir algum sermão? Porque eu já cansei de dá-los, Elena. Você já tem vinte e cinco anos, não é mais uma criança. 

— Eu sei. Por muito tempo eu agi como uma, pai, eu admito, mas agora estou tentando crescer, e isso pode parecer irônico já que eu acabei de sair de um emprego, mas é sério. E não, não estou aqui para ouvir um sermão, estou aqui porque eu quero a ajuda de vocês. 

Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu nem sei bem dizer o porquê. Talvez fosse o meu orgulho sendo deixado de lado, ou talvez eu estar tendo uma conversa séria com o meu pai sem que envolvesse gritos de ambas as partes, ou até mesmo o olhar surpreso e satisfeito que ele me deu, se ajeitando na cadeira em seguida. Ele estava sem palavras. 

— Você... quer a nossa ajuda? 

— Eu quero aprender algo com vocês, pai, me coloquem em qualquer lugar que vocês acharem melhor. 

Quando eu era adolescente e procurava alguma carreira que combinasse comigo, minha mãe sempre comentou como esperava que eu trabalhasse com eles um dia. Na época, eles não tinham o programa ainda e dedicavam seu tempo totalmente ao restaurante. Mas eu sempre neguei veemente, dizendo que aquilo não combinava comigo. Talvez eu estivesse errada, e a cozinha fosse mais a minha cara do que eu pensei. 

— Elena! – Meu pai estava realmente surpreso, e até... feliz. Ele se levantou com um sorriso e veio até mim, me abraçando – Claro que vamos te ajudar, minha filha. Vamos te ajudar com todo o prazer do mundo, você sabe. 

Eu sorri em seu abraço, retribuindo-o. Fazia muito tempo também que eu havia abraçado meu pai com tanta sinceridade assim, e o alivio que eu senti em seus braços não tinha preço algum. 

A felicidade da minha mãe também valeu a pena, claro, e naquele dia mesmo eles me levaram para casa e conversamos sobre isso. Eu disse a eles que meu desejo naquele momento era me aperfeiçoar na cozinha, independentemente do tempo que levaria ou do quanto seria difícil. O orgulho estava estampado no sorriso da minha mãe, que já quis logo marcar as primeiras aulas. 

— Mas querida, com uma rotina tão bagunçada quanto a que você terá agora, não é melhor voltar a morar aqui? – Minha mãe perguntou, sua expressão mostrava sua ansiedade e esperança. 

Eu ponderei. O que havia me tirado de casa foi meu orgulho, que mal teria em voltar? Sorri para ela e segurei suas mãos entre as minhas. 

— Só se você estiver disposta a ter muitos pelos de animais pela casa. 

Seu sorriso foi a confirmação que ela pouco se importava com pelo de animal se sua filha estivesse em casa. Não resisti e abracei, me sentindo, realmente e finalmente, em casa. 


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Notas finais do capítulo

Nos vemos nos comentários!
Beeeeeijos



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