Nostro Impero escrita por Yas


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Me desculpeeem pela demora, mas aqui estou eu ♥
Boa leituraaa



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Não desistirei de nós
Mesmo que os céus fiquem violentos
Estou lhe dando todo meu amor
Ainda olho para cima 

Jason Mraz - I Wont Give Up

As nuvens escondiam o sol, eu poderia pensar que aquilo era sacanagem de Deus com os meus planos, pois todos os dias do mês inteiro fizeram um calor terrível de derreter a alma, e agora, quando meus planos precisavam de um tempo bom, uma chuva ameaçava cair, mas eu preferi não me importar com isso e segui em frente.

— A sua ideia é ir a praia com esse tempo? – Damon me perguntou.

Sim, estávamos na praia. A areia branca e fofinha estava bem a nossa frente, a alguns passos de distância, e o mar estava agitado, a maré começava a subir.

— Espero que não se importe em sujar os pés, chefe – Eu sorri, peguei sua mão e antes que ele pudesse reclamar, o puxei em direção a areia.

Meu sapato afundou naquela maciez, e eu até pude sentir a areia dentro dele. Meu sorriso era enorme, e aumentou quando Damon não se afastou, ou me afastou.

Eu me sentia em um filme, parecia um pouco louco ou estranho falar isso, mas ao segurar a mão de Damon e sentir sua pele extremamente quente sobre a minha, era como estar em um sonho, um sonho que eu não queria acordar.

Antes que chegássemos ao mar, eu parei, sorrindo com o coração acelerado no peito. A água começava a chegar nos meus pés, molhando o bico dos meus sapatos.

— Por que aqui? – Damon me perguntou depois de alguns segundos em silencio.

— Eu sempre vinha aqui quando eu era criança – Eu sorri, minha mente sendo invadida com memorias do passado – Meu pai, Katherine, e eu. Naquela época, a única preocupação do meu pai era eu não me afogar enquanto eu brincava na agua. Eu sempre amei ir para o fundo, e muitas vezes eles não viam, enquanto Katherine gostava de ficar brincando de montar castelos com a areia molhada, no raso. Katherine sempre foi quieta, retraída, preferia ficar no seu canto a ir fazer amizades, eu não era assim. Eu gostava de desafios, gostava de arriscar, gostava de ver sorrisos nas pessoas com simples gestos. Eu queria alcançar o mundo, Damon – Eu o encarei, nossas mãos ainda dadas e o sorriso ainda em meus lábios –, mas invés disso, o mundo me alcançou.

— O que isso significa? – Ele indagou, olhando-me sem demonstrar nenhum sentimento.

— Você sabe – Dei de ombros, chutando a areia, que com o vento, voltou para os meus jeans – Eu tinha planos, muitos planos, mas nunca fui capaz de... bem, conclui-los. Mas desde que cheguei no seu restaurante, eu me sinto... diferente, como se aquele fosse o meu lugar. Eu sei que eu não sou boa em nada, e geralmente te dou muito trabalho, mas mesmo assim, gosto de pensar que eu finalmente achei algo que eu possa me esforçar de verdade e conquistar.

— E por que está falando isso? – Ele piscou os olhos, observando o horizonte.

— Para chegar aqui: você não precisa se preocupar tanto, você não é Deus e não tem o controle de todas as coisas, está tudo bem as coisas saírem erradas de vez em quando, o que você não pode é se dar por vencido, acredite, eu sei do que estou falando.

— Eu não sou assim – Ele revirou os olhos.

— É sim! – Protestei – Você é assim e muito mais, só não quer admitir. O seu restaurante está indo bem, Damon, você está indo bem, o seu irmão é um cara incrível que faz a faculdade que ele ama com a oportunidade que você deu a ele. Você está repleto de muitas pessoas boas que te amam...

— E quanto a você? – Ele me interrompeu, me encarando de volta.

— O que tem eu?

— O que você é ao meu redor? – Seus olhos azuis encararam os meus, buscando algo, talvez respostas na minha imensidão castanha. Eu deveria responder sinceramente? Ou deixar para depois? Eu deveria abrir meu coração naquele instante?

No fim, eu sorri, desviando o olhar, ajeitei a franja que mostrava meu desconforto com a pergunta que havia me colocado em quatro paredes.

— Damon Salvatore, eu sou Elena Gilbert. Para você, eu posso ser uma amiga, uma amante, uma confidente, posso até ser apenas seu “parceiro” – Eu ri, finalmente levantando meu olhar para o dele – Não importa quem eu quero ser, mas o que você quer que eu seja. Só saiba que eu sempre estarei com você, porque você não é apenas meu chefe ou o cara que me salvou de morar debaixo da ponte... além de me tirar de lá, você me mostrou um caminho para seguir, por mais que não quisesse. E por isso, eu serei eternamente grata, Damon.

Eu o encarei por um longo tempo, talvez minutos. Damon possuía o cenho franzido, e mordia o lábio inferior. Aquilo era uma expressão de confusão? Havia sido complicado o que eu disse? Talvez aquela não fosse a melhor resposta...

Mas antes que eu continuasse com meus pensamentos loucos e refletivos sobre o que se passava em sua mente naquele instante, Damon me interrompeu, me puxando pela mão. Foi algo depressa, tão depressa que eu não vi, apenas senti seus lábios nos meus, me levando mais uma vez para as nuvens com o seu beijo. Era incrível como ele sempre tinha esse efeito sobre mim.

Infelizmente, ele se afastou cedo demais. Damon colou a testa na minha, segurando meu rosto entre suas mãos ásperas da cozinha. Os olhos fechados, e a respiração acelerada como se... ele estivesse escolhendo algo muito difícil. O que ele disse em seguida... eu nunca esperei, não era a resposta que eu queria depois do beijo incrível que trocamos:

— Elena, eu sinto muito – Sua voz era baixa, ele falava com sinceridade.

Eu não sabia o que aquele “sinto muito” significava, nem sobre o que ele estava falando, mas a forma como ele disse me trouxe lágrimas aos olhos. Naquele momento, eu senti que estava perdendo Damon, e dessa vez, era definitivo.

— Por que? – Igualmente, minha voz foi baixa. Fechei meus olhos, impedindo que as lágrimas caíssem.

— Você me mudou, Elena, você me fez sentir muitas coisas novas, e eu sempre me lembrarei disso. Obrigado – Ele beijou minha testa, demorando com os lábios ali. E lentamente, Damon Salvatore se afastou de mim, suas mãos soltaram meu rosto e seu corpo se afastou do meu. Eu via tudo em câmera lenta, mas antes que eu percebesse, ele já havia voltado para o carro.

Aquilo era uma despedida? O que significava aquilo? E enquanto eu pensava nos motivos, as lágrimas caíram, a dor em meu coração tão repentina me fez perder a força das pernas. Me sentei na areia, abraçando meus joelhos, imaginando se aquele era o fim que eu tanto temi.

Se eu me virasse, eu ia conseguir ver Damon encostado no carro e observando o horizonte com a expressão indecifrável, mas eu não quis, não quis ver seu rosto, porque aquela expressão me dizia que nunca teria um nós nessa história.

Meus planos para o dia foram por água a baixo, a minha animação acompanhou. Eu não sei quanto tempo passei olhando para o mar que aos poucos ficava ainda mais agitado até começar a molhar minha calça. Isso não me fez levantar, mas minutos depois eu desejei ter levantado quando a água me alcançou.

— Levanta dai, vamos embora – Damon colocou sua jaqueta sobre meus ombros e me ajudou a levantar. De pé, eu me afastei dele e recusei a jaqueta, jogando-a de volta para ele.

— Eu não preciso disso, não estou com frio – Era uma mentira, claro. As nuvens que escondiam o sol naquela tarde haviam trazido um vento forte que arrepiavam todos os pelos do meu corpo. Damon me ignorou e tornou a colocar a jaqueta em mim.

— Amanhã você trabalha, não quero que você pegue uma gripe – Ele disse.

— É, acho que é aceitável se preocupar com a sua funcionária – Eu o encarei, passando os dedos sobre os lábios, limpando o veneno que escorria, ele notou meu gesto, revirando os olhos.

— Sério isso?

— Você estragou meu dia quando eu tentava melhorar o seu. Sério isso! – Respondi. Vesti a jaqueta direito e passei em sua frente, passando as mãos pela calça para tirar a areia impregnada.

Eu cheguei no carro primeiro que ele, ouvindo os pingos de chuvas caírem na jaqueta de couro dele e fazer barulho. Damon parecia sentir frio, mas ignorou isso e entrou no carro que estava quente. Eu entrei logo depois, me virando para a janela.

— Elena... – Ele tentou iniciar uma conversa depois de alguns minutos – Me desculpe por arruinar seus planos, mas eu não posso continuar com isso.

— Com isso o que, exatamente? Você nunca me fala as coisa diretamente e sempre as deixa no ar, me fazendo imaginar mil coisas – Eu retruquei, o encarando chateada, ele não me olhou.

— Me desculpe... – Foi a única coisa que ele disse, e tornou a prestar atenção na estrada.

Naquele momento eu soube, não importava o que já tínhamos passado juntos, não importava o quão parecidos ou diferentes éramos, não importava o quanto precisássemos um do outro... havia acabado, tudo o que tínhamos havia acabado naquele “sinto muito” cheio de sentimentos. O significado? Eu descobriria logo, logo, e desejaria ter me mantido no escuro.


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Notas finais do capítulo

Eu estava em dúvida de qual rumo tomar para fic, mas acho que esse é momento certo pra aquela "queda" na relação dos dois que eu tinha falado antes.
Vem muitas emoções por ai e espero que vocês gostem S2
Bjs!