Nostro Impero escrita por Yas


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Pessooooooal ♥
Me desculpem pela demora, mas minha vida anda uma loucura só, eu não estava tendo tempo para escrever, mas agora que as coisas se acalmaram, eu vou tentar voltar com as postagens regulares.
E o que me deixou muito feliz: mais uma recomendação. Obrigadaaaa, Cinder ♥ eu amei
Boa leituraaa!



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Quando todos seus defeitos e todos os meus defeitos
São colocados um por um
Uma parte maravilhosa da bagunça que fizemos
Nós nos escolhemos nos desfeitos

Bastille - Flaws 

Eu nunca imaginei alguma situação que me deixaria constrangida com Damon... até aquele momento! Eu estava no banco do carona, olhando pela janela, Damon dirigia passivo como sempre, Archie no banco de trás estava se sentindo quase em casa, com a língua para fora e respirando alto, o que pela careta de Damon, não parecia agrada-lo, já que um pouco de baba de cachorro caia no banco de seu precioso carro. Eu não podia ver Astrid por causa de sua mala, mas eu tinha certeza que ela estava dormindo.

Eu não sabia de fato o que me constrangia. Definitivamente não era a minha briga com o velho Jack, talvez fosse porque, quando aceitei ir com Damon, eu estava aceitando a minha derrota. Aquele apartamento era uma das únicas coisas que eu tinha orgulho em dizer ser meu, mas agora nem isso eu possuía. Em contrapartida, eu estava no carro de Damon, indo morar em sua casa, temporariamente, claro, eu não conseguiria ficar muito tempo sob o mesmo teto que ele sem ter os... bem, como ele gostava de dizer, pensamentos impróprios com ele. E também havia Stefan, eu não poderia atrapalhar a vida dos dois irmãos assim, certo? Certo! E sim, ao dizer isso, estou tentando me convencer.

Depois de longos e silenciosos minutos – o único som era a respiração alta e animada de Archie –, Damon finalmente parou o carro em frente a sua mansão, que a um século atrás foi uma pensão. Ele saiu primeiro se dirigindo ao porta-malas, eu respirei fundo e tirei o cinto de segurança, abrindo a porta. Antes que fosse acompanhar Damon a tirar minhas malas, abri a porta de trás, dando a tão sonhada liberdade de Archie, que não demorou para começar a correr pelo jardim extenso. Eu tornei a fechar a torna após pegar a bolsa de viagem de Astrid, onde ela estava, e me virei para Damon, reunindo coragem.

— Temos que conversar sobre isso – Eu disse. Eu me sentia minha mãe dizendo aquilo, mas continuei sem abaixar a cabeça.

— Sobre o que? Eu te convidei, não foi? – Damon deu de ombros – Além do mais, somos colegas de trabalho, é quase minha obrigação te ajudar.

— Não somos apenas colegas de trabalho, e você sabe disso – Eu disse como se fosse óbvio – Eu definitivamente não vou poder ficar por muito tempo.

— Faça como quiser.

Ele pegou minhas malas e entrou na casa, me ignorando completamente. Havíamos nos beijado três vezes apenas em um dia, e olha que foi o primeiro dia, e agora ele age como se nada houvesse acontecido. Como ele conseguia? Ok, quem começou fui eu, mas ele aceitou, poxa, por que ele sempre me deixava tão confusa?

Suspirei, querendo parar de pensar naquelas coisas e o segui para dentro de casa, Archie viu e me seguiu, feliz da vida, Damon não parecia contente com ele.

— O seu quarto é o último do segundo andar, o meu é o primeiro e o Stefan é o segundo – Damon explicou, apontando para as portas – E eu adoraria se você não deixasse seu cachorro por ai!

— Archie é o meu filho, não deixo meu filho por ai – Revirei os olhos – Mas não se preocupe, ele é limpinho, ou você se esqueceu que eu morava em um apartamento?

— Tanto faz – Ele deu de ombros novamente, essa indiferença toda estava me irritando – Eu vou descer, pode arrumar suas coisas, já coloquei suas malas no quarto.

— Obrigada!

Eu vi ele sumir no corredor e depois de alguns segundos, entrei no meu mais novo quarto. Era exatamente igual ao que eu havia passado a noite, se não fosse o mesmo, eu não saberia dizer. Ignorei a decoração antiga e fui para o guarda-roupa, começar a arrumar minhas coisas.

Jack era um filho da puta, e me desculpe o palavreado, mas era realmente isso que ele era. Minhas coisas estavam simplesmente jogadas dentro da mala. Ele invadiu meu apartamento, pegou minhas coisas e as levou para o saguão. Eu estava ultrajada com tanta petulância desse homem. E eu achava que ele não poderia piorar!

Eu coloquei a bolsa de viagem de Astrid no chão e abri a portinhola, a tirando de lá. Com ela em meu colo, me sentei na cama fofinha, acariciando seu pelo, Archie também se aproximou, colocando a cabeça sobre minha coxa.

— É, Archie, moraremos aqui por algum tempo – Ele fez um som como se entendesse.

Astrid se aconchegou mais em meus braços, começando a ronronar feliz, ela sabia ser fofa também, apesar de preferir o carinho de Archie do que o meu.

Depois de quase uma hora consegui arrumar tudo, mas ainda faltava muitas coisas, eu teria que voltar ao apartamento alguma hora para buscar o resto, imaginar ver a cara de Jack não me agradava em nada.

Eu tirei a roupa de festa, a maquiagem, desfiz o peteado e fui tomar um banho, lavando os cabelos e querendo que a água levasse todas minhas frustrações. Como era esperado, ela não levou. Vesti uma roupa comum, shorts e uma blusa soltinha de mangas longas, com uma sapatilha, deixei meus cabelos soltos, já que agora eles estavam molhados.

Desci as escadas e encontrei Damon na cozinha, fazendo café. Ele também havia tomado banho e usava uma calça de tecido fino com uma camisa branca, os cabelos pingavam e uma toalha estava enrolada em seu pescoço.

— Obrigada – Eu disse, me encostando no batente da porta. Ele me encarou enquanto coava o café, sim, como as avós costumavam fazer, segurando a jarra com água quente.

— Por nada – Ele sorriu, voltando sua atenção ao café – O café fica mais gostoso quando é feito assim, se está se perguntando isso.

— Por que você está preocupado? – Eu perguntei de repente, ignorando a informação sobre o café.

Damon me encarou surpreso, quase se queimando, mas sua atenção logo voltou para o café, felizmente. Ele se perguntava como eu sabia, mas a resposta era simples, Damon possuía o cenho franzido e estava concentrado em algo que não precisava de tanta concentração assim, o que denunciava que aquela concentração toda não era para o café, mas sobre outra coisa que o deixava assim, avoado. Damon era o tipo de pessoa que parecia carregar o mundo das costas, e não gostava de transparecer isso, mas eu conseguia ver através dele, era natural, simples, eu não precisava pensar muito para decifra-lo, pelo menos não naquele momento.

— Você me pegou – Ele sorriu, acabando de coar o café, colocou açúcar e o despejou na garrafa, a deixando sobre a mesa – Eu recebi uma ligação dos meus pais.

— É algo grave?

— Eu não sei! – Ele suspirou, se sentando. Damon não parecia o mesmo homem forte de sempre naquele momento, na verdade ele parecia uma criança acuada – Meus pais moram na Italia, eu nasci e cresci lá também, com vinte anos eu fui para a França e quando terminei a faculdade, vim para os Estados Unidos, morar e montar o restaurante aqui. Meus pais são empresários, os dois comandam uma empresa de marketing e sempre quiseram que eu assumisse, mas eu me recusei e fui para a França estudar culinária. Eles nunca me apoiaram nessa decisão, mas eu nunca guardei rancor.

— O que houve, então? – Eu me sentei ao seu lado, compadecida com sua fragilidade, e comecei a acariciar seus cabelos enquanto ele olhava para o nada e me contava coisas sobre sua vida que eu nunca imaginei ouvir.

— Eles me ligaram dizendo que precisam que eu volte, é um assunto urgente. Eu não quero ir, mas acho que depois do péssimo filho que eu fui, devo isso a eles.

— Você não foi um péssimo filho, Damon, você apenas fez o que queria da vida, seguiu seus sonhos. Eu não acho que há algo de errado nisso, na verdade, é algo lindo, eu nunca vi alguém cozinhar com tanto amor quanto você, nem meus pais. Você é incrível, e merece tudo que já conquistou, o restaurante, as amizades... você tem pessoas incríveis ao seu lado que sempre que você precisar, estarão lá por você, então não guarde tudo para você. Você não precisa carregar a cruz do mundo, há muitas pessoas querendo lhe ajudar a ergue-la.

Damon finalmente me encarou, parecendo entender tudo que eu havia dito, coisas que não passavam da verdade nua e crua. Ele era incrível, e eu nunca me cansaria de dizer isso a ele e ao mundo.

— Eu sei que, mesmo que você não tenha seguido o caminho que seus pais planejaram para você, eles tem orgulho do homem que se tornou. Então tenha orgulho de si mesmo, por favor.

— Como você consegue? – Ele me perguntou depois de alguns minutos me encarando em silencio.

— Consigo o que? – Indaguei confusa.

— Ser tão natural, espontânea. Você tenta fazer muitas coisas, é persistente mesmo que saiba que não irá conseguir, você luta por seus ideais e seu orgulho... Eu te admiro!

— Esse foi o elogio mais estranho que eu já ouvi, mas obrigada – Eu ri – Eu nunca consegui fazer nada direito, como você mesmo disse – Revirei os olhos – e acho que por esse motivo, eu tento fazer tantas coisas, quero mostrar as pessoas que eu não sou tão inútil quanto todos pensam. Por mais que não demonstrem, meus pais e meus irmãos já perderam as esperanças em mim, meus pais tentaram de tudo quando eu era mais nova, mas Katherine sempre foi mais independente, mais esperta, mais madura. Ela era tudo mais, e eu tudo menos. Com o tempo, me acostumei com isso, infelizmente, mas isso me fez persistente, eu nunca me abalei por ela ser melhor, também não a odiei como muitos pensam, pelo contrário, Katherine é o meu apoio, eu a amo e ela me ama, somos como uma só, apesar das diferenças. Sabia que ela aprendeu a andar com onze meses, eu apenas com um ano e quatro meses. Muito atrasada, né?

— E você está bem com isso?

— Eu não estou bem – Respondi, sentindo meus olhos marejarem – Eu me sinto uma inútil que é o que todos acham que eu sou, eu sou a vergonha dos meus pais. Eles sempre mentem sobre mim para os amigos, dizem que eu estou trabalhando em alguma super empresa, que o chefe me adora e quer me promover, eles tem vergonha de falar que a filha deles nunca conseguiu completar uma faculdade e que vai de emprego em emprego e passa os finais de semana em ONG’s para animais como voluntária. Eu não estou bem com isso, mas por mais que eu tente, não consigo mudar.

Sem que eu quisesse, as lágrimas caíram. Eu me sentia bem por chorar, era como se eu tirasse um peso do meu coração, um peso que estava o despedaçando aos poucos. Foi incrível desabafar com Damon, diferente de muita gente, ele não me olhou com pena, apenas... compadecido, como se me entendesse. Éramos errados, diferentes, considerados loucos por nossas escolhas, e ali, enquanto eu chorava, descobri que tínhamos algo mais em comum: éramos duas pessoas em busca de si mesmo.


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Notas finais do capítulo

Eu ameeeei esse capítulo S2
Vimos um pouco mais sobre nossos dois protagonistas, e parece que eles estão cada vez mais próximos, né? Mas eu pretendo mudar essa felicidade do casal logo, logo. Algum palpite? Tem sim a ver com a familia dele.
E no próximo também saberemos mais sobre o Stefan que anda tão apagado na história.
Bjs S2