Foi uma longa viagem até estarem em casa. Precisaram parar em Nova York para trocar de voo e puderam ter uma amostra do que os esperavam. Ron deixou a sala de espera para ir até a cafeteria comprar um café e bolachas, pois estava faminto e farto de comida de avião, e fotos suas e de Hermione estavam estampadas em todos os jornais e revistas. Não demorou muito para as pessoas o reconhecerem e se aproximarem pedindo for fotos, autógrafos e curiosos pelo casamento. Os paparazzi de plantão também logo chegaram, formando uma grande aglomeração e Ron precisou da ajuda dos guardas do aeroporto para voltar à sala de espera, lugar de onde não deveria ter saído.

—Que demora, Ron. –Gui estava aflito com a demora do irmão.

—Fui cercado por fãs e paparazzi, precisei da ajuda da segurança do aeroporto para voltar. –ele contou cansado. –Só queria um café e alguma coisa para comer.

—Tenho certeza que em Londres será pior. –Hermione falou olhando o jornal que Ron trouxera com a foto deles na capa. –E iremos chegar pela manhã, todos estarão esperando.

—Vou ver o que posso fazer. –Gui tentou tranquiliza-los. –Nosso voo sai em quarenta minutos, é melhor irmos antes que outra confusão aconteça.

E como era esperado, a imprensa estava de prontidão a espera do casal na saída do aeroporto de Londres. Gui e Luna providenciaram para que a saída de Ron e Hermione fosse a mais rápida e tranquila possível. Eles teriam que sair da área de desembarque e ir para o estacionamento, onde um carro os esperava.

—Preparada? –perguntou Ron ao saírem da área de desembarque e algumas pessoas começaram a reconhecê-los.

—Não tem como fugir. –Hermione sorriu nervosa arrumando os óculos escuro, tentando se camuflar na multidão. –Acho melhor andarmos mais rápido.

Ron a pegou pela mão e a guiou até o estacionamento. O singelo gesto fez Hermione sentir-se protegida e segura para enfrentar as pessoas e os paparazzi que se aproximavam cada vez mais. Perguntas sobre o casamento, o relacionamento e até mesmo sobre o rumor que surgiu de que Hermione estava grávida foram feitas pelos paparazzi que não paravam de disparar o flash das máquinas. Hermione ficou com vontade de responder, principalmente, a pergunta sobre a sua suposta gravidez. No momento em que ela iria dizer algo, Ron se pronunciou dizendo apenas uma frase.

—Sem declarações, por favor, nos deem licença. –ele falava enquanto guiava Hermione até o carro. –Chegamos, entre. –ele abriu a porta para que ela entrasse e depois entrou.

O carro partiu deixando a multidão para trás. Hermione tirou os óculos e Ron o capuz do moletom, eles se olharam e começaram a rir da situação e da loucura que se meteram. O riso cessou após alguns minutos quando o celular de Hermione começou a tocar.

—Oi, mãe. –ela atendeu após achar o aparelho na bolsa. –Sim, acabamos de chegar. Estamos indo para a casa do Ron...

—Nossa casa. –Ron a corrigiu enquanto mexia no seu celular. –Diga que eu mandei oi.

—Ron está mandando oi. –Hermione riu e continuou a conversar com a mãe. –Eu sei, mas agora não, mãe... –ela colocou a mão no celular para que a mãe não escutasse. –Ron, minha mãe está nos convidando para ir a minha... A casa dos meus pais, tudo bem para você?

—Claro. –ele concordou, por mais que estivesse cansado e quisesse ir para casa, estava curioso para conhecer os sogros.

A casa dos Granger não ficava muito longe da casa de Ron, no bairro vizinho, não demorando assim muito para chegarem. Hermione estava ansiosa para voltar para casa e rever os pais, há meses não os via, porém desta vez não era apenas pela saudade, também estava levando Ron, seu marido para apresentar aos pais.

—Ei, Ron. –Hermione o chamou ao vê-lo nervoso remexendo em sua mochila. –O que foi?

—Estou procurando alguma camisa. –ele encontrou uma camisa azul um pouco amassada, teria que ser essa, era a única limpa que sobrou da viagem. –Não quero conhecer meus sogros com a roupa que eu passei horas dentro de um avião.

—Não se preocupe com isso, Ron. –ela riu com a agilidade dele de trocar de camisa e tentar arrumar o cabelo. –Além do mais, se meus pais não gostarem de você ou você não gostar deles, tudo isso não vai durar mais do que alguns meses.

—É, tem razão. –como um click Ron voltou à realidade de que esse casamento e tudo mais não passavam de um faz-de-conta.

O carro parou em frente a casa e logo a porta da residência abriu, Jane e David Granger foram em direção a filha e ao novo genro que desciam do carro. Os pais estavam felizes por rever a filha e animados para conhecer pessoalmente o famoso genro.

—Suas músicas são muito boas, Ron. –Jane elogiou o genro durante o almoço. –Pedi para David me levar no seu show, mas ele ficou se enrolando e ficamos sem ingresso.

—Obrigada, senhora Granger. O seu macarrão também é muito bom. –Ron ficou encabulado pelo elogio. –No próximo show vocês serão meus convidados.

—Vamos deixar de lado as formalidades, pode me chamar de Jane apenas. –ela pediu servindo Ron de mais macarrão. –Não é, David?

—Claro, querida. –o marido concordou não muito interessado na conversa. –Então, até quando essa mentira vai durar?

—David! –Jane repreendeu o marido.

—Pai, nós não conversamos ainda sobre isso. –Hermione começou a explicar ao ver como Ron ficou vermelho instantaneamente a pergunta. –Alguns meses, talvez.

—Senhor, gostaria de deixar bem claro que durante este período vou tratar com todo o respeito que a sua filha merece. –Ron se pronunciou. –Não quero que pense que estou me aproveitando ou algo do tipo de Hermione.

—Nós seremos apenas amigos morando na mesma casa, esse é o acordo que fizemos. –Hermione completou. –É o melhor que podemos fazer para não nos prejudicar.

—Eu só me preocupo com você, Hermione. –David justificou o seu tom severo. –Não quero que se machuque e o mesmo ao Ron.

—Nós vamos ficar bem, pai. –ela sorriu acompanhada por Ron que ficou surpreso pela preocupação do senhor Granger.

Hermione aproveitou a visita para buscar seus pertencesses. Precisava levar suas roupas, os roteiros e falas que precisava decorar para os próximos trabalhos e os livros que não vivia sem. Ao deixar seu quarto praticamente vazio, sentiu um aperto no coração por estar saindo de casa, já morara fora, mas desta vez estava saindo para morar com um homem, seu marido. Nunca sonhou em como seria o seu casamento, quando criança apenas tinha o sonho de se tornar atriz, mas mesmo em seus sonhos mais loucos, nunca imaginou que se casaria com alguém que pouco conhecia em uma noite completamente bêbada em Las Vegas.

A mudança foi rápida, semanas antes Hermione havia vendido seu apartamento em Nova York e mandado tudo em caixas para a casa dos seus pais, apenas colocou as mesmas caixas dentro do carro.

—De antemão peço desculpas pelo estado em que minha casa se encontra. –Ron disse ao ver o carro se aproximando de casa. –Faz um tempo que eu não venho aqui e pelo que me lembro da última vez estava bem bagunçada.

—Você tem uma casa, mas não mora na casa? –perguntou ela curiosa.

—Eu comprei essa casa há uns dois anos, mas ainda não estava pronta. –ele explicou buscando as chaves na mochila. –E nesses últimos anos eu vivi praticamente viajando, cada dia em um lugar diferente fazendo shows.

—Eu entendo. –Hermione saiu do carro segurando uma caixa enquanto o motorista descarregava o resto e Ron abria a porta da casa.

Por fora a casa era muito bonita, de cor branca com a porta azul, característica das casas do bairro de Notting Hill que é conhecido pelas portas coloridas das residências. Ao contrario do que Ron havia dito, a casa estava impecável, sem bagunça alguma e sem móveis também. Apenas um sofá e a televisão em cima da lareira faziam parte da sala. A sala de jantar parecia ser o único cômodo pronto, a enorme mesa deveria dar lugar há oito pessoas. Na cozinha os armários estavam instalados nas paredes, mas vazios, os outros eletrodomésticos ainda estavam embalados, apenas a geladeira estava em uso, pois Ron a abriu e para a sua surpresa estava completamente abastecida.

—Minha mãe mandou comida. –ele falou ao ler o bilhete em cima da bancada. –Ela não queria te assustar com a casa por isso veio arrumar antes de nós chegarmos.

—Me lembre de agradecê-la. –Hermione sorriu, a casa estava a surpreendendo positivamente.

—Você deve estar cansada. –Ron pegou a caixa que ela trazia. –Vou te mostrar o seu quarto.

Os quartos ficavam no segundo andar, pelo que Hermione conseguiu contar deveriam ser quarto quartos, todos vazios. Ron a levou para a maior suíte, a última porta no final do corredor, onde apenas uma enorme cama e um abajur faziam parte do quarto.

—Você pode ficar aqui. –ele colocou a caixa no chão.

—Mas esse não é o seu quarto? –questionou ela praticamente afirmando ao ver algumas coisas que só poderiam pertencer a ele como perfumes e roupas.

—Eu posso dormir no sofá, não se preocupe comigo. –Ron já se dirigia para o andar de baixo para buscar o restante das caixas quando Hermione o chamou.

—Não posso ficar no seu quarto, Ron. –ela falou se acostumando com o vazio do quarto. –Você já está fazendo demais ao me deixar morar aqui.

—Que tipo de marido eu seria se deixasse a minha mulher dormindo no sofá? –ele brincou. –Estou acostumado a dormir em sofás, não se preocupe.

As outras caixas foram levadas para o quarto no qual Hermione ficaria, Ron a indicou o closet vazio em que ela poderia guardar suas roupas e o armário do banheiro onde encontraria toalhas limpas para tomar banho.

—Se precisar de alguma coisa, estarei lá em baixo. –Ron caminhou para a porta se despedindo. –Boa noite, Hermione.

—Obrigada mais uma vez por me deixar ficar no seu quarto. –ela agradeceu com um longo abraço. –Boa noite, Ron.

Antes de descer as escadas e dormir no sofá, Ron tomou um rápido banho no banheiro do corredor, pois fora o banheiro do seu quarto, esse era o único com toalhas. Uma rápida passada na cozinha para comer um pedaço do bolo de chocolate que a sua mãe mandara e Ron deitou no sofá cansado demais para assistir televisão.

Por mais tentador que fosse a banheira, Hermione entrou em baixo do chuveiro para uma rápida ducha, estava cansada e só queria deitar na cama cedida por Ron e dormir. Antes de fechar os olhos, lembrou-se de anotar mentalmente que precisava comprar uma cama e mudar-se para um dos três quartos vazios da casa.